tag:blogger.com,1999:blog-72461304895260422582024-03-05T14:39:26.627-08:00MAKAVELI : teorizandojonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.comBlogger15125tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-34391140854204843352018-12-22T19:44:00.000-08:002018-12-22T19:44:58.566-08:00O financiamento da ClA para promover a cultura apolítica e anticomunista<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk2UjSZfJlxmXU4jaBd3VREPFs6vjJVSXbXy6FUpSmTaK-b_f9S5o0e_d5fzBiTK8jE4ASZqp3iHjV0lYJVf5NayruMM9hF374HrUGRWWxQ6CM8o8kfCzMIKeQqkND0sv7f4fgI-RnYfc/s1600/inside-the-cia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="432" data-original-width="768" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk2UjSZfJlxmXU4jaBd3VREPFs6vjJVSXbXy6FUpSmTaK-b_f9S5o0e_d5fzBiTK8jE4ASZqp3iHjV0lYJVf5NayruMM9hF374HrUGRWWxQ6CM8o8kfCzMIKeQqkND0sv7f4fgI-RnYfc/s320/inside-the-cia.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">símbolo da CIA</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Hannah Arendt, George Orwell, Isaiah Berlin,
Sidney Hook, Daniel Bell e muitos outros, e suas revistas, foram financiados
pela CIA para se oporem aos artistas e escritores engajados na luta contra o
capitalismo. Foi publicado recentemente, em Londres, o livro Who Paid the Piper: The ClA and
the Cultural Cold War (Quem pagou a conta? - a ClA e a guerra fria cultural),
de Frances Stonor Saunders, que faz uma detalhada estimativa das formas pelas
quais a CIA atuou e influenciou em um grande número de organizações culturais,
através de seus agentes ou por meio de organizações filantrópicas, como as
fundações Ford e Rockefeller. A autora dá detalhes de como e porque a CIA
organizou congressos culturais, montou exibições de arte e organizou concertos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A CIA também publicou e traduziu autores
conhecidos que seguiam a linha de Washington, financiou a arte abstrata contra
arte com conteúdo social e, pelo mundo, subsidiou jornais que criticavam o
marxismo, o comunismo e políticas revolucionárias. Justificou também, ou ignorou,
as políticas imperialistas violentas e destrutivas dos EUA. A CIA criou um
biombo para alguns dos principais expoentes da liberdade intelectual no
Ocidente, colocando-os a seu serviço, a ponto de incluir alguns desses
intelectuais em sua folha de pagamentos. Muitos eram conhecidamente envolvidos
em "projetos" da CIA, e outros circulavam em sua órbita, alegando
desconhecer a ligação com a CIA depois que esses financiamentos foram
denunciados no final da década de 1960 e durante a guerra do Vietnã, quando a
onda política virou-se para a esquerda. Publicações anticomunistas americanas e
europeias receberam fundos diretos e indiretos, incluindo Partisan Review,
Kenyon Review, New Leader, Encounter e muitas outras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Entre os intelectuais financiados e promovidos
pela CIA estavam Irving Kristol, Melvin Lasky, Isaiah Berlin, Stephen Spender,
Sidney Hook, Daniel Bell, Dwight MacDonald, Roberto Lowell, Hannah Harendt,
Mary McCarthy e numerosos outros, nos EUA e na Europa. Na Europa, a CIA estava
particularmente interessada em promover a "esquerda democrática" e
ex-esquerdistas, como Ignacio Silone, Stephen Spender, Arthur Koestler, Ràymond
Aron, Anthony Crosland, Michael Josselson e George Orwell.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Sob o estímulo de Sidney Hook e Melvin Lasky,
a CIA teve importante papel no financiamento e promoção do Congresso Para a
Liberdade Cultural, uma espécie de OTAN da cultura, que reuniu toda a sorte de
"anti-stalinistas" de direita e de esquerda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Eles tinham toda a liberdade para defender
valores políticos e culturais do Ocidente, atacar o "totalitarismo
stalinista" e tagarelar suavemente sobre o racismo e o imperialismo
americanos. Ocasionalmente, críticas marginais contra a sociedade de massa
americana apareciam nos jornais subsidiados pela CIA.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O que era particularmente bizarro nesse
conjunto de intelectuais financiados pela CIA não era só seu sectarismo
político, mas a pretensão de que serem pesquisadores desinteressados da
verdade, humanistas iconoclastas, intelectuais de espírito livre ou artistas
adeptos da arte pela arte, que se contrapunham aos artistas corrompidos,
comprometidos e prostituídos pelo aparato stalinista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">É impossível acreditar quando eles juravam
ignorar as ligações com a CIA. Como poderiam ignorar a ausência, em seus
jornais, de qualquer crítica mesmo elementar aos numerosos linchamentos que
ocorriam em todo o sul dos EUA nessa época? Como poderiam ignorar a ausência,
em seus congressos culturais, de críticas à intervenção imperialista na
Guatemala, Irã, Grécia e Coréia, que deixaram milhões de mortes? Como poderiam
ignorar as grosseiras desculpas, nos jornais onde escreviam, para os crimes
imperialistas? Eles eram soldados: alguns lisonjeiros, cáusticos, rudes e
polêmicos, como Hook e Lasky; outros, ensaístas elegantes, como Stephen
Spender, ou informantes donos-da-verdade, como George Orwell.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Saunders retrata como a elite wasp (sigla de
White, Anglo-Saxon, Protestant, expressão que designa a elite americana,
branca, protestante e anglo-saxã) manipula os cordéis da CIA; descreve também o
rosnar de antigos esquerdistas contra aqueles que permanecem atuando nos
movimentos de esquerda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Quando a verdade sobre esses financiamentos
da CIA veio à tona, no final da década de 1960, alguns "intelectuais"
de Nova York, Paris e Londres fingiram indignação, alegando terem sido
manipulados. Foram desmentidos por Tom Braden, ex-dirigente da Seção das
Organizações Internacionais da CIA, que os desmascarou dando detalhes de como
eles, na verdade, sabiam quem pagava seus salários e bolsas. De acordo com
Braden, a CIA financiou sua "conversa fiada literária", frase usada
pelo dirigente linha dura da CIA, Cord Meyer, para descrever os exercícios
intelectuais antistalinistas de Hook, Kristol e Lasky. Ele revelou que as mais
prestigiosas e co-nhecidas publicações da chamada "esquerda
democrática" (Encounter, New Leader, Partisan Review) foram financiadas
pela CIA, e que "um agente se tomou diretor da Encounter". Em 1953,
escreveu, "estávamos operando ou influenciando organizações internacionais
em todos os campos".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O livro de Saunders dá informações úteis
sobre as formas como esses trabalhadores intelectuais da CIA defendiam os
interesses imperialistas dos EUA nas frentes culturais, e abre uma importante
discussão sobre as consequências a longo prazo das posições ideológicas e
artísticas defendidas por esses agentes intelectuais do imperialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Saunders refuta as afirmações de Hook,
Kristol e Lasky de que a CIA e as fundações a ela ligadas promoviam ajuda sem
exigir contrapartida. Demonstra que, ao contrário, "esperava-se que os
indivíduos e instituições subsidiados pela CIA fossem ( ... ) parte de uma
propaganda de guerra". A propaganda mais eficiente era definida pela CIA
como aquela em que "o sujeito se move na direção em que você deseja, por
razões que ele acredita serem as suas próprias". A CIA dava dinheiro para
a tagarelice da esquerda democrática sobre reforma social, mas o que lhe
interessava mesmo eram as polêmicas "anti-stalinistas" e as diatribes
literárias contra os marxistas ocidentais e os escritores e artistas soviéticos.
Os autores dessas diatribes recebiam financiamentos mais generosos e eram
promovidos com maior visibilidade. Para Braden, elas refletiam a
"convergência" entre a CIA e a esquerda democrática na luta contra o
comunismo. A colaboração entre a esquerda democrática e a CIA incluía ações
anti-greves na França, deduragem contra stalinistas (Orwell e Hook), e
campanhas difamatórias disfarçadas para evitar que artistas de esquerda
tivessem reconhecimento (como ocorreu quando Pablo Neruda foi indicado para o
prêmio Nobel de literatura, em 1964).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Para combater a atração do comunismo e o
crescimento dos partidos comunistas na Europa (especialmente na França e
Itália), a CIA criou um programa de mão dupla. Por um lado, diz Saunders, certos
autores europeus foram promovidos como parte de um "programa
anticomunista" explícito. O critério cultural adotado pela CIA para
"textos adequados" incluía "críticas contra a política externa
soviética e contra o comunismo como forma de governo, desde que considerados
objetivos e escritos de maneira convincente e oportuna". A CIA gostava
especialmente de publicar textos de autoria de ex-comunistas desiludidos, como
Silone, Koestler e Gide. A CIA promoveu escritores anticomunistas, financiando
generosamente conferências em Paris, Berlim ou Bellagio, às margens do Lago
Como, na Itália, onde cientistas sociais e filósofos como Isaiah Berlin, Daniel
Bell e Czeslow Milosz pregavam seus valores (e as virtudes da 'liberdade e
independência intelectual do Ocidente', dentro dos parâmetros anticomunista e
pró-Washington definidos pelos seus patrões da CIA). Nenhum desses intelectuais
de prestígio teve coragem de levantar a menor dúvida ou questionamento sobre o
apoio dos EUA aos assassinatos em massa na Indonésia e na Argélia, a caça às
bruxas contra intelectuais norte-americanos ou os linchamentos paramilitares
promovidos pela Ku Klux Klan no sul dos EUA, assuntos "banais" que
deviam ser deixados aos comunistas, segundo Sidney Hook, Melvin Lasky e o grupo
do Partisan Review, que procurou avidamente recursos financeiros para evitar a
falência da revista. Aliás, muitas dessas famosas revistas anticomunistas
teriam falido sem o dinheiro da CIA, que comprou milhares de exemplares e, mais
tarde, distribuiu-os gratuitamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O outro caminho usado pela CIA para a
intervenção cultural foi muito mais sutil. Ele envolvia a promoção de
sinfonias, exibições de artes plásticas, balé, grupos de teatro, e a
apresentação de músicos de jazz famosos e cantores de ópera, com o objetivo
explícito de neutralizar o sentimento antiimperialista na Europa e criar um
ambiente favorável à cultura e ao governo norte-americanos. A ideia que
orientava essa política era difundir a cultura norte-americana, para alcançar a
hegemonia cultural em apoio ao império militar e econômico dos EUA. A CIA
gostava especialmente de enviar artistas negros para a Europa particularmente
cantores (como Marion Anderson), escritores e músicos (como Louis Armstrong),
para neutralizar a hostilidade europeia contra a política interna racista dos
EUA. Se os intelectuais negros não aderiam ao script artístico e faziam
críticas explícitas, eram banidos da lista, como foi o caso do escritor Richard
Wright.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O nível de controle político da CIA sobre a
agenda intelectual dessas atividades artísticas aparentemente apolíticas foi
demonstrado claramente na reação dos editores de Encounter (Lasky e Kristol,
entre outros) contra um artigo proposto por Dwight MacDonald. Ele era um
dissidente anarquista e antigo colaborador do Congresso Para a Liberdade
Cultural e de Encounter para a qual escreveu, em 1958, um artigo intitulado
"America America", criticando a cultura de massa americana, seu
materialismo rude e falta de civilidade. Era uma negação dos valores
americanos, a matéria-prima da qual era feita a propaganda da CIA e da
Encounter na guerra cultural contra o comunismo. O ataque de MacDonald ao
"decadente império americano" foi demais para a CIA e seus
intelectuais empregados na Encounter. Embora Braden tenha escrito, nas instruções
para os intelectuais, "que não se pode exigir, das organizações financiadas
pela CIA, o apoio a todos os aspectos da política dos EUA", esse era
geralmente o quesito mais importante quando estava em jogo a política externa
dos EUA. Apesar de MacDonald ser um ex-editor de Encounter, seu artigo foi
recusado, mostrando que as queixas piedosas contra a guerra fria feitas por
escritores como Nicola Chiaromonte, publicadas na segunda edição de Encounter,
segundo as quais "nenhum intelectual pode deixar de aceitar, sem
degradar-se, o dever de desmascarar ficções, não aceitando 'mentiras úteis'
apresentadas como verdades", certamente não se aplicava a Encounter e sua
famosa lista de colaboradores quando se tratava de lidar com as "mentiras
úteis" do Ocidente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Uma discussão importante e fascinante no
livro de Saunders revela a ação da CIA e seus aliados no Museu de Arte Moderna
de Nova York (MoMA), que aplicaram muito dinheiro para promover as pinturas e
os pintores do expressionismo abstrato como antídoto contra a arte de conteúdo
social. Nessa ação, a CIA chocou-se com a direita no Congresso dos EUA. Ela viu
nessa arte uma "ideologia anticomunista, a ideologia da liberdade e da
livre empresa. Não figurativa e politicamente silenciosa, era a perfeita antítese
do realismo socialista" . A CIA e o MoMA viram essa arte como a verdadeira
expressão da vontade nacional americana. Para enfrentar a crítica da direita
parlamentar, a CIA voltou-se para a iniciativa privada (isto é, o MoMA e seu
co-fundador, Nelson Rockefeller, que se referia ao expressionismo abstrato como
"a pintura da livre empresa"). Muitos diretores do MoMA tinham
ligações antigas com a CIA, e apoiavam a promoção do expressionismo abstrato
como arma da guerra fria cultural. Mostras dessa arte foram organizadas em toda
a Europa, sendo gasto muito dinheiro para isso. Críticos de arte foram
mobilizados, e revistas de arte publicaram artigos com generosos elogios. A
combinação dos recursos econômicos do MoMA com a ajuda da Fundação Fairfield,
ligada à CIA, assegurou a colaboração das galerias europeias de maior prestígio
que, por sua vez, puderam influenciar a estética em toda a Europa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O expressionismo abstrato, como ideologia de
uma "arte livre" (como disse George Kenan), foi usada para atacar
politicamente os artistas engajados na Europa. O Congresso Para a Liberdade
Cultural (ponta de lança da CIA) deu grande apoio à pintura abstrata, contra a
estética figurativa e realista, numa atitude explicitamente política.
Comentando o papel político do expressionismo abstrato, Saunders diz que
"um dos papéis extraordinários que a pintura americana teve na guerra fria
cultural não foi o fato de participar daquela jogada, mas sim o de um movimento
tão deliberadamente apolítico ter se tomado tão intensamente politizado." A
CIA associou artistas apolíticos e arte com liberdade para neutralizar os
artistas da esquerda europeia. A ironia aqui, é claro, era que a postura
apolítica só valia para o consumo da esquerda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A CIA e suas organizações culturais puderam,
com isso, moldar profundamente a visão da arte no pós-guerra. Muitos escritores
de prestígio, poetas, artistas e músicos proclamaram sua independência
política, declarando sua crença na arte pela arte. O dogma do artista ou
intelectual livres, isto é, sem engajamento político, ganhou força, e ainda
hoje é muito difundido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Saunders apresenta um balanço muito detalhado
das ligações entre a CIA e os artistas e intelectuais do Ocidente, mas não
explorou as razões estruturais pelas quais a espionagem dos EUA tinha de
controlar os dissidentes. Sua discussão é amplamente emoldurada pela competição
política e do conflito com o comunismo soviético, sem nenhuma tentativa séria
de colocar a guerra fria cultural no contexto da luta de classes, das
revoluções do Terceiro Mundo e dos desafios dos marxistas independentes à
dominação do imperialismo econômico dos EUA. Isso leva Saunders a privilegiar
algumas aventuras e operações da CIA em detrimento de outras. Ao invés de ver a
guerra cultural da CIA como parte de um sistema imperialista, Saunders tende a
criticar sua natureza reativa desigual e enganadora. A conquista cultural do
Leste europeu e da ex-URSS pela OTAN deveria dissipar rapidamente a noção de
que a guerra cultural foi uma ação defensiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">As raízes da guerra fria cultural estão
fincadas na luta de classes. Muito antes, a CIA e seus agentes na central
sindical americana AFL-CIO, Irving Brown e Jay Lovestone (ambos ex-comunistas),
usaram milhões de dólares para corromper sindicatos militantes e acabar com
greves comprando sindicatos social-democratas. O Congresso para a Liberdade
Cultural e seus intelectuais eruditos eram financiados pelos mesmos
funcionários da CIA que em 1948 contrataram gangsters de Marselha, na França,
para acabar com uma greve de estivadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Depois da II Guerra Mundial, com o descrédito
da velha direita na Europa Ocidental (comprometida por suas ligações com o
fascismo e com um sistema capitalista enfraquecido), a CIA percebeu que, para
submeter os sindicatos e intelectuais contrários à política dos EUA e à OTAN
era preciso encontrar (ou inventar) uma esquerda democrática disposta a se
engajar na luta ideológica. Foi criada então uma seção especial da CIA para
neutralizar a resistência dos políticos de direita no Congresso dos EUA. A
esquerda democrática foi usada essencialmente para combater a esquerda radical
e dar um verniz ideológico à hegemonia norte-americana na Europa. Mas não cabia
a esses pugilistas ideológicos moldar as estratégias políticas e os interesses
dos EUA. Sua tarefa não era questionar ou exigir, mas servir ao império em nome
dos "valores democráticos ocidentais". Somente quando a oposição em
massa à guerra do Vietnã tomou conta dos EUA e da Europa, e suas ligações com a
CIA foram reveladas, muitos dos intelectuais financiados e promovidos por ela
abandonaram o barco e começaram a criticar a política externa dos EUA, como
Stephen Spender que, depois de passar a maior parte de sua carreira na folha de
pagamentos da CIA, tomou-se um crítico da política norte-americana no Vietnã;
alguns editores da Partisan Review fizeram o mesmo. Alegavam inocência, mas
poucos críticos acreditaram que um namoro com tantas publicações e
conferências, antigo e com um envolvimento tão profundo, pudesse ter acontecido
sem um grau mínimo de conhecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O envolvimento da CIA na vida cultural dos
EUA, Europa e outros lugares teve importantes consequências em longo prazo.
Muitos intelectuais foram recompensados com prestígio, reconhecimento público e
dinheiro para pesquisas precisamente por trabalhar dentro do cabresto
ideológico imposto pela agência. Alguns dos grandes nomes da filosofia, ética
política, sociologia e arte, que ganharam visibilidade com as publicações e
seminários financiados pela CIA, foram quem definiram as normas e padrões para
a formação das novas gerações, seguindo os parâmetros políticos criados pela
CIA. Não foi o mérito ou o talento, mas a política - a linha definida por
Washington como "verdade" ou "excelência" - que abriu
caminho para postos em universidades, fundações e museus de maior prestígio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A retórica anti-stalinista dos EUA e da
esquerda democrática europeia e suas proclamações de fé nos valores
democráticos e libertários foram uma cobertura ideológica útil para os
horríveis crimes cometidos em nome do Ocidente. Isso repetiu-se na recente
guerra da OTAN contra a Iugoslávia, quando muitos intelectuais da esquerda
democrática puseram-se ao lado do Ocidente e do ELK (Exército de Libertação de
Kosovo), apoiando o sangrento expurgo de milhares de sérvios e o assassinato em
massa de civis inocentes. Se o anti-stalinismo foi o ópio da esquerda
democrática durante a guerra fria, o intervencionismo a pretexto de defesa dos
direitos humanos tem hoje o mesmo efeito narcotizante e ilude membros da
esquerda democrática contemporânea.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">As campanhas culturais da CIA criaram o
protótipo de intelectuais, acadêmicos e artistas que, hoje, se dizem
apolíticos, divorciados das lutas populares, e cujo valor aumenta na medida em
que se distanciam das classes trabalhadoras e se aproximam das fundações de
prestígio. O modelo que a CIA fixou, de profissional de sucesso, é o do leão de
chácara ideológico, e exclui intelectuais críticos que escrevem sobre a luta de
classes, a exploração dos trabalhadores, e o imperialismo norte-americano
categorias consideradas "ideológicas" e não "objetivas",
como eles dizem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A pior e mais duradoura influência do pessoal
do Congresso para a Liberdade Cultural não foi a defesa das políticas
imperialistas dos EUA, mas o êxito em impor, para as gerações seguintes de
intelectuais a ideia de excluir toda discussão sobre o imperialismo
norte-americano, sua influência cultural e sua ação através dos meios de
comunicação de massas. A questão não é se os intelectuais ou artistas podem ou
não tomar partido ou assumir uma posição progressista numa ou outra questão. O
problema é a crença difundida, entre escritores e artistas, de que expressões
sociais e políticas antiimperialistas não devem aparecer em suas canções,
pinturas e escritos, se querem ter sua obra valorizada como trabalho de
substancial mérito artístico. A vitória política duradoura da CIA foi a de
convencer intelectuais e artistas de que um engajamento sério e firme à
esquerda é incompatível com arte e conhecimentos sérios. Hoje, na ópera,
teatro, galerias de arte, nas reuniões profissionais nas universidades, aqueles
valores culturais que a CIA promoveu na guerra fria cultural são visíveis: quem
ousará dizer que o rei está nu?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">James Petras é sociólogo norte-americano. Esta resenha foi publicada
originalmente em Monlhly Review, vaI. 51, n° 6, novembro de 1999. Tradução de
Luciana Cristina Ruy.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-54596105686937367422018-12-19T10:53:00.001-08:002018-12-19T10:53:36.148-08:00Consenso sobre a economia ‘socialista de mercado’ do Vietnã<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">por Chu Van Cap* | Tạp chí Cộng Sản - Tradução
de Gabriel Deslandes</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><i>Nota do blog: <b>publicamos esse texto mesmo discordando integralmente do seu conteúdo. Consideramos a perspectiva do autor muito ruim, contudo, como temos poucos documentos e pesquisas sobre a experiência atual do Vietnã, essa publicação de um acadêmico de prestígio do país, é uma útil fonte de pesquisa.</b> </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>______________________________________________________________________________</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7Pt5F2opYAr37oTVNFq4PxHAKE5DLlonphd8tJB__lrg7TvXsR0nnE5m6CDfaWXx1ZbaShaffdNh03p9UnTk9Iu8Cd1MKxaMaONhp5agbTJJmuHYPXYv3N7DCtqQnLS_02fDshfqc1ps/s1600/hanoi_vietnam_bandeira.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="662" data-original-width="1000" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7Pt5F2opYAr37oTVNFq4PxHAKE5DLlonphd8tJB__lrg7TvXsR0nnE5m6CDfaWXx1ZbaShaffdNh03p9UnTk9Iu8Cd1MKxaMaONhp5agbTJJmuHYPXYv3N7DCtqQnLS_02fDshfqc1ps/s320/hanoi_vietnam_bandeira.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vietnã</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O
Partido, o Estado e o povo vietnamita construíram e desenvolveram
persistentemente a economia de mercado orientada pelo socialismo nos últimos
anos. Contudo, tem havido preocupação acerca do caminho escolhido, especialmente
nos períodos difíceis da economia nacional. Assim, é necessário buscar um
consenso e conscientização a respeito do modelo econômico vietnamita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Construir
e desenvolver uma economia de mercado orientada para o socialismo é imperativo
tanto na teoria quanto na prática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">1. Desenvolver a
economia de mercado orientada para o socialismo é um imperativo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A
presença (ou reconhecimento) da economia de mercado nos países demonstra que esse
modelo tem uma forte vitalidade e segue um desenvolvimento natural de acordo
com as normas históricas da humanidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Antes
das reformas e a abertura chinesas e a renovação vietnamita, a economia de
mercado estava associada ao desenvolvimento do capitalismo e, segundo alguns, seria
produto único do capitalismo. Economia de mercado significaria economia
capitalista. Na realidade, a economia de mercado é o produto da história do
desenvolvimento social humano e da conquista da civilização humana. Karl Marx
afirmou que a economia de mercado era um estágio essencial do desenvolvimento
histórico que qualquer economia atravessaria para alcançar um estágio de
desenvolvimento superior, e que o socialismo e o comunismo são os estágios
superiores ao capitalismo nesse processo humano. O socialismo e o comunismo só
chegarão quando as forças produtivas se desenvolverem. Para alcançar esse
nível, a economia de mercado deve crescer e se tornar popular na vida
socioeconômica. Somente desenvolvendo a economia de mercado será possível criar
as premissas e condições para alcançar o socialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Notavelmente,
há vários modelos de economia de mercado no mundo, a saber, “economia social de
mercado” na República Federal da Alemanha, a “economia aliada de mercado” no
Japão, a “economia de mercado do Estado de bem-estar” nos países do norte da
Europa e “economia socialista de mercado” na China. A realidade mostra que a
economia de mercado pode ser construída em países de diferentes instituições
socioeconômicas, com módulos específicos relevantes para as condições objetivas
concretas de cada país. Entretanto, esses modelos foram construídos e operados segundo
regras fundamentais de integração internacional com características típicas de
uma economia de mercado (reconhecimento da propriedade privada, liberdade de
negócios e competitividade, promoção da eficácia do mercado e mecanismo de
mercado com Estado regulando a macroeconomia).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">2. A seleção do
modelo de economia de mercado no Vietnã está sob forte pressão mundial e
doméstica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A
revolução científico-tecnológica vem ocorrendo em escala sem precedentes no
mundo, promovendo grandes conquistas. Sob os impactos da revolução
científico-tecnológica, muitos países do mundo se reestruturaram, abriram suas
economias e desenvolveram a economia de mercado sob a administração do Estado.
Além disso, o colapso do sistema econômico socialista na antiga União Soviética
e na Europa Oriental, bem como a reforma orientada para o mercado na China,
puseram fim a um modelo econômico burocrático, que quase cobria o mapa
econômico mundial, e a diferenciação dos níveis de desenvolvimento só podem ser
encontrados em diferentes tons de cor. A sombra mais escura no mapa implica a
economia de mercado da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">No
Vietnã, a economia sem mercado e o modelo econômico de setor único se mostraram
ineficazes. A economia do Vietnã antes do processo de renovação – no Norte desde
1958 e, em todo o país, desde 1976 – seguia o modelo soviético de economia
socialista, caracterizado pela dominação da propriedade dos meios de produção pelo
Estado socialista sob duas formas – pessoal e coletiva. Todas as atividades de
produção e negócios de unidades econômicas do Estado e setores coletivos
estavam sujeitas à orientação unificada a nível central. Isso significa que as
unidades de produção devem seguir um plano desenvolvido central, que atribui o
que e como produzir, a quantidade, os preços e onde vender os produtos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">No
final da década de 1970, o país caiu em grave crise socioeconômica; produção
diminuída; as transações estavam estagnadas; a vida das pessoas era
extremamente difícil. Durante o período de 1976-1980, a taxa de crescimento
anual do PIB foi de 1,4%; a produção industrial e agrícola ficou parada. A
produção de arroz em 1980 atingiu 11,647 milhões de toneladas, enquanto a meta
era de 21 milhões de toneladas, inferior a de 1976, resultando em uma
importação de 1,57 milhões de toneladas de alimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Nessa
situação, para tirar o país da crise socioeconômica, o Vietnã promoveu
pesquisas e realizou um piloto de interação entre seus decisores políticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O
primeiro avanço surgiu com o 6º Plenário do Comitê Central do Partido, em
agosto de 1979, a fim de “fazer explodir a produção”. Esse foi considerado o “primeiro
avanço” na mudança de políticas e linhas econômicas para retificar
constrangimentos e erros na gestão, ajustar diretrizes econômicas, remover gargalos
para o desenvolvimento das forças produtivas, criar impulso para a produção e atender
aos essenciais dos trabalhadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O
segundo avanço foi marcado pelo 8º Plenário do Comitê Central do Partido, 5º
Mandato, em junho de 1985, com a linha “Erradicar resolutamente o mecanismo
subsidiado pelo Estado de planejamento central burocrático, implementar um
sistema de preços, remover o regime de oferta de tipo e preço baixo, mudar a
produção e os negócios para transações comerciais socialistas e transações
bancárias para empresas”. O significado deste plenário foi o reconhecimento da
produção de mercadorias e regras de produção de mercadorias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O
terceiro avanço foi marcado pelo Projeto de Relatório Político para o 6º
Congresso do Partido em agosto de 1986 e o 11º Plenário do Comitê Central do
Partido, 5º Mandato em novembro de 1986, que formaram e afirmaram três
perspectivas econômicas básicas: primeiro, na reestruturação econômica, a
agricultura ser considerada a frente dianteira; segundo, a estrutura econômica
multissetorial na reforma socialista como característica especial do período de
transição; terceiro, embora tomando como plano o foco necessário para lidar
corretamente com as relações entre mercadorias e dinheiro, erradicar
resolutamente o mecanismo de subsídios pelo Estado centralmente planejado, fazendo
a Lei do valor ser aplicada na política de preços para realizar o mecanismo de
um preço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Consequentemente,
a demanda urgente da realidade e avanços no pensamento ajudaram a formar uma
nova consciência sobre a regra do desenvolvimento no período de transição para
o socialismo no Vietnã. O projeto-piloto na década de 1970, embora tenham
passado por altos e baixos, lançou as bases para uma renovação abrangente
iniciada pelo 6º Congresso do Partido que marcou um ponto de virada na causa da
construção socialista, levando o país a um novo estágio de desenvolvimento e
deslocando a economia estatalmente subsidiada, burocrática e centralmente
planejada para a economia de mercado orientada para o socialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Em
suma, a consciência e a seleção da economia de mercado orientada pelo
socialismo no Vietnã não eram uma combinação subjetiva do mercado e da economia
socialista, mas a tendência objetiva de agarrar e aplicar a economia de
mercado. O Partido Vietnamita aprendeu lições de desenvolvimento sobre a
economia de mercado no mundo, particularmente da construção socialista no
Vietnã e na China para avançar na política de desenvolvimento da economia de
mercado orientada pelo socialismo. Essa linha demonstra o pensamento e a
percepção do Partido acerca da conformidade das relações de produção com o
nível das forças produtivas no período de transição para o socialismo no
Vietnã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Consciência sobre
a unanimidade da economia de mercado e orientação socialista<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O
9º Congresso do Partido em 2001 identificou formalmente o modelo econômico
geral do período de transição para o socialismo vietnamita como “economia de
mercado orientada para o socialismo”, o que significa uma clara confirmação da
mudança para a economia de mercado. É essencial seguir esse modelo, já que não
há alternativa enquanto a economia de mercado “cobrir” o mapa econômico mundial,
e é impossível retornar à economia burocrática, centralmente planejada e
subsidiada pelo Estado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A
confirmação do modelo econômico do Vietnã como a economia de mercado socialista
fez a identificação das relações entre “economia de mercado” e a orientação
socialista o conteúdo-chave na renovação de consciência no Vietnã nos últimos
30 anos e nos anos vindouros. Contudo, há opiniões de que a economia de mercado
não combina com o socialismo, e os princípios básicos do socialismo científico,
iniciados por Karl Marx e Friedrich Engels, não “contêm” a economia de mercado.
Essa é uma das questões a serem esclarecidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">De
acordo com o 11º Congresso do Partido, “a economia de mercado orientada pelo
socialismo do Vietnã é a economia multissetorial de mercadorias, operando sob a
liderança do Partido Comunista do Vietnã e seguindo as regras da economia de
mercado, enquanto liderada e regulada por princípios e a natureza do
socialismo.[1] Essa explicação fez com que muitas pessoas entendessem que a
atual economia de mercado orientada pelo socialismo é a “combinação física”
entre a economia de mercado e a orientação socialista, e a “orientação
socialista” é apenas “o sobretudo” da economia de mercado. Além disso, uma
economia que é regulada por dois conjuntos de regras contrárias dificilmente
poderia criar uma força motriz para o desenvolvimento socioeconômico, mas poderia
impedir o desenvolvimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">É
necessário entender que a economia de mercado orientada pelo socialismo não é
uma combinação das duas partes. “A orientação socialista não é o ‘sobretudo’ da
economia de mercado, mas está dentro dos objetivos e capacidades da economia de
mercado. Esse é o modelo de economia de mercado de novo tipo que supera
restrições e impactos negativos, ao mesmo tempo em que obtém sucesso e promove
características positivas e relevantes da economia de mercado capitalista.
Elementos de orientação socialista se desenvolvem “internamente” no processo de
desenvolvimento da economia de mercado moderna e sua integração internacional,
manifestando-se nos seguintes pontos: 1. A economia orientada para o socialismo
do Vietnã deve ter relações de produção progressivas que se ajustem ao nível de
desenvolvimento das forças produtivas. Conta com várias formas de propriedade e
setores econômicos nos quais o Estado desempenha o papel principal; 2. O papel da
população como mestra da economia deve ser promovido no desenvolvimento
socioeconômico; 3. Assegurar o progresso social e a igualdade, bem como a
unanimidade do desenvolvimento econômico, do progresso social e da equidade em
cada etapa e política de desenvolvimento; 4. Exercer a gestão do Estado de Direito
no Vietnã socialista; 5. O Partido Comunista do Vietnã lidera a economia de
mercado para alcançar como objetivo: “pessoas ricas, país forte, democracia, equidade
e civilização”[2]. A liderança do Partido Comunista do Vietnã é pré-requisito
para a orientação socialista da economia de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Assim,
é possível dizer que o conteúdo mais importante na orientação socialista da economia
de mercado no Vietnã é o desenvolvimento sustentável. Obviamente, na política
de desenvolvimento vietnamita, o conceito de orientação socialista só pode ser
realista quando “contém” o desenvolvimento sustentável para o progresso social
e o desenvolvimento livre e abrangente de cada indivíduo. Assim, a economia de
mercado e a orientação socialista não se contradizem, mas são unificadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Chegando a um
consenso sobre a economia de mercado socialista em um novo contexto<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Uma
nova consciência sobre a economia de mercado orientada para o socialismo é
identificada nos documentos do 12º Congresso do Partido. É a economia que opera
plena e sincronicamente, seguindo a lei da economia de mercado, ao mesmo tempo
em que assegura uma orientação socialista apropriada a cada estágio do
desenvolvimento nacional. É a moderna economia de mercado na integração
internacional sob a administração do Estado de Direito socialista, liderado
pelo Partido Comunista do Vietnã, para alcançar os objetivos de “pessoas ricas,
país forte, democracia, equidade e civilização”.[3]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Desse
modo, a economia de mercado deve se ajustar ao contexto e ao nível de
desenvolvimento da economia vietnamita e abordar os padrões fundamentais da
economia de mercado moderna e da integração internacional. Provocada por
práticas de países com economia de mercado desenvolvida, algumas
características básicas e típicas da economia de mercado moderna e da
integração internacional podem ser identificadas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Primeiramente,
ter formas mistas de propriedade das quais a propriedade de ações prevalece. As
empresas de média e pequena dimensão têm maiores vantagens do que outros tipos
de empresas e empresas, uma vez que os seus interesses e estatuto legal
regulados por lei representam uma proporção elevada no total de outras formas
de empresas e empresas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Em
segundo lugar, a moderna economia de mercado é a economia altamente “mercantilizada”.
Isso não significa apenas que o mecanismo de mercado é mais eficaz do que
outros mecanismos econômicos que existiram, mas uma economia de mercado
realmente completa permite um ambiente competitivo saudável, igual e favorável
a todos os tipos de empresas, facilita as vantagens e atenua as prioridades e
incentivos para um ambiente de investimento e negócios igualitário. Além disso,
para preservar a eficácia econômica, a intervenção estatal na economia de
mercado deve respeitar os princípios do mercado e respeitar a lei do mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Terceiro,
a economia moderna se desenvolve com base em ciências e tecnologias modernas,
economia do conhecimento e recursos humanos de alta qualidade. Adequadamente:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">-
Na economia de mercado moderna, a alta tecnologia em produtos representa uma
grande proporção. Por exemplo, na Alemanha, Japão, Grã-Bretanha e França, as
agências de alta tecnologia contribuem com 30% do seu PIB. Na economia de
mercado dos EUA, é de 50% do PIB, em que a tecnologia da informação é
responsável por 30%.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">-
A economia do conhecimento forma-se em uma economia desenvolvida, que considera
o conhecimento como sua mais importante base para a produção, distribuição,
troca e consumo. As principais características da economia do conhecimento são
a ciência da computação e serviços relacionados. Atualmente, nas economias da
OCDE, mais de 50% do valor total é proveniente de ramos baseados no conhecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">-
As economias de mercado modernas europeias e americanas têm recursos humanos
altamente qualificados, bem treinados e capazes, tipicamente “trabalhadores
intelectuais”. Os EUA são um dos países com economia de mercado altamente
desenvolvida e 70% dos trabalhadores são intelectuais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Quarto,
a estrutura econômica moderna: as proporções agrícolas e industriais diminuem e
a dos serviços aumenta. Nos países da OCDE, o setor de serviços contribui com
70% do PIB, os EUA, 89%, e o Japão, 74%.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Serviços
bancários financeiros (incluindo seguros) e serviços comerciais se tornaram dois
ramos importantes, gerando a maior parte do valor agregado do setor de serviços
e a força motriz do crescimento do setor econômico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Quinto,
a função do Estado na moderna economia de mercado. A história mostra que o
Estado de Direito na economia de mercado existe para lidar com falhas de
mercado e melhorar a equidade. Assim, o Estado na moderna economia de mercado tem
a função principal de lidar com as falhas do mercado e melhorar a equidade
social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A
intervenção do Estado deve obedecer a princípios relevantes para o mecanismo de
mercado; o Estado regula o mercado, respeitando o papel e as funções do
mercado. O mercado é uma entidade objetiva. Ele opera e se desenvolve seguindo
suas próprias regras, dependendo da vontade de ninguém ou da organização
social, até mesmo da vontade do governo. Nas economias de mercado
desenvolvidas, os Estados intervêm, em certa medida e sob diferentes formas,
dependendo da aplicação de teorias econômicas – “o máximo do Estado, o mínimo
do mercado”, segundo a teoria econômica de Keynes; “o Estado menos, o mercado
mais” do neoliberalismo ou a estreita combinação da “mão invisível” (mecanismo
de mercado) e a “mão visível” (o Estado) para regular a economia. Adotando
qualquer ponto de vista, o Estado ainda deve aplicar e observar a lei de
economia de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Em
sexto lugar, a moderna economia de mercado é uma economia “aberta” com
instituições de economia de mercado se desenvolvendo em direção à globalização,
regionalização, acordos bilaterais e multilaterais de livre comércio com
propósito de fortalecer a regulação do Estado na economia dentro e fora dos
limites de seu país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A
abordagem da moderna economia de mercado e a integração internacional do modelo
de economia de mercado do Vietnã deveriam adotar padrões e capacidades modernos
e garantir elementos distintos e únicos orientados para o socialismo vietnamita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">* Chu Van Cap é
ex-diretor do Instituto de Economia Política da Academia Nacional de Política
Ho Chi Minh.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Fontes:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">[1]
Documentos do 11º Congresso Nacional do Partido, a Casa-Verdade Nacional de
Publicações Políticas, Hanói, 2011, p.34.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">[2]
Documentos do 12º Congresso Nacional do Partido, Gabinete do Comitê Central do
Partido, Hanói, 2016, p.102.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">[3]
Documentos do 12º Congresso Nacional do Partido, Gabinete do Comitê Central do
Partido, Hanói, 2016, p.102.<o:p></o:p></span></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-16121576143179707112018-11-30T14:01:00.003-08:002018-11-30T14:01:50.111-08:00O colapso da União Soviética reconsiderado<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><b>Trabalho apresentado ao Segundo
Congresso Internacional, "Marx em Maio"<br />
<br />
Roger Keeran e Thomas Kenny</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Link original da matéria: <a href="http://choldraboldra.blogspot.com/2014/05/o-colapso-da-uniao-sovietica-revisitado.html?fbclid=IwAR1t-m1TflhgaRbVbnrNS-YFFTdsuiCrjqJl6IAv0ZPw2G_rLo9MVJSCu7w">http://choldraboldra.blogspot.com/2014/05/o-colapso-da-uniao-sovietica-revisitado.html?fbclid=IwAR1t-m1TflhgaRbVbnrNS-YFFTdsuiCrjqJl6IAv0ZPw2G_rLo9MVJSCu7w</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_n7faYkyDx0FV1W6jUUepsI3ezUnzevf0rGF6hDTLQ9-qNXdKQQlAYehJiizjqcqMaMZlvxXYI6J7y8dUhvOXOy12YL5Z8WlzxwbSt7tOvwBZvdFW1q7MqMDRmXNtaEKII6k1_1LUfM/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_n7faYkyDx0FV1W6jUUepsI3ezUnzevf0rGF6hDTLQ9-qNXdKQQlAYehJiizjqcqMaMZlvxXYI6J7y8dUhvOXOy12YL5Z8WlzxwbSt7tOvwBZvdFW1q7MqMDRmXNtaEKII6k1_1LUfM/s1600/images.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Símbolo clássico da URSS</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em 2004, Thomas Kenny e eu
escrevemos o livro </span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.editorial-avante.pcp.pt/index.php?page=shop.product_details&flypage=flypage.tpl&product_id=173&category_id=18&option=com_virtuemart&Itemid=42&vmcchk=1&Itemid=42" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; widows: 2; word-spacing: 0px;" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1; text-decoration: none; text-underline: none;">O Socialismo Traído: Por trás
do colapso da União Soviética</span></a><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">. Desde esse ano, o
livro foi publicado e resenhado na Bulgária, Rússia, Irã, Turquia, Grécia,
Portugal, França, Cuba e Espanha. Juntos ou separadamente, os autores
participaram em debates sobre o livro na Grécia, Portugal, França e Cuba, e
foram publicadas várias críticas em jornais de esquerda. Nesta exposição, Kenny
e eu queremos responder a dois tipos de críticas e a uma questão suscitadas
pelo livro. Nele desenvolvemos uma explicação do colapso da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Usamos as palavras "colapso"
e "traído" no título, apesar das possíveis conotações equívocas de
ambas as palavras.</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">No entanto não se levantaram
dúvidas sobre o que tentamos explicar, ou seja, a transformação radical que
arredou do poder político o Partido Comunista da União Soviética (PCUS), aboliu
a maioria da propriedade estatal, o planejamento centralizado e o sistema de
serviços sociais, e fragmentou o Estado multinacional. Argumentamos que a União
Soviética não colapsou porque o socialismo fracassou. Ao invés, o sistema
socialista baseado na propriedade coletiva ou estatal e no planejamento central
teve um assinalável êxito, em particular do ponto de vista do povo trabalhador.
O sistema provou ser capaz de assegurar um crescimento econômico sustentado
durante seis décadas, produziu notáveis inovações técnicas e científicas e
proporcionou benefícios econômicos e sociais sem precedentes a todos os
cidadãos. Ao mesmo tempo defendeu-se permanentemente da invasão externa, da
sabotagem e ameaças, e prestou ajuda econômica, auxílio técnico e proteção
militar a outras nações em luta pela independência e o socialismo.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A União Soviética, no
entanto, teve problemas - alguns relacionados com a ossificação política e
ideológica, outros ligados à quantidade e qualidade da produção da economia,
outros ainda derivados da confrontação com o imperialismo. No entanto, não
foram estes problemas que causaram o colapso do sistema. O que derrubou o
socialismo soviético foram as políticas prosseguidas por Mikhail Gorbatchov.
Essas políticas baseadas na crença de que os problemas do socialismo poderiam
ser resolvidos através de concessões unilaterais ao imperialismo e da
incorporação no socialismo de certas ideias e políticas do capitalismo. Estas
ideias tinham raízes no discurso político soviético, mas nunca haviam triunfado
de forma tão completa como com Gorbatchov.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">O que permitiu que essas
ideias ganhassem ascendência foi o fato de nas três décadas anteriores se ter
desenvolvido dentro da União Soviética um setor pequeno-burguês, que se
enraizou sobretudo na economia privada ilegal. Esta chamada "segunda
economia", causou danos à primeira economia, desmoralizou uma parte da
população, corrompeu segmentos do partido comunista e do governo, e forneceu
uma base social para as políticas prosseguidas por Gorbatchov. Em vez de sarar
os problemas do socialismo, as políticas de Gorbatchov provocaram num curto
prazo o caos completo na economia e acabaram por derrubar o socialismo.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br />
<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Crítica número 1.</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br />
<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Algumas
críticas alegam que a nossa explicação ignora a causa profunda do colapso, isto
é, que a tentativa de construir o socialismo na União Soviética estava
condenada desde o início, devido ao insuficiente desenvolvimento das forças
produtivas.<br />
<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é uma tese nova. Em
1918, Karl Kautski afirmou que a Rússia não estava preparada para o socialismo.
A ideia provém de Karl Marx e Friedrich Engels, que acreditavam que só o
desenvolvimento completo das forças produtivas no capitalismo criaria as
pré-condições para a abolição das classes, e baseia-se numa descrição do atraso
da Rússia feita por Engels em 1875. De acordo com este ponto de vista, a União
Soviética só poderia avançar para o socialismo permitindo primeiro o
florescimento da iniciativa privada e o desenvolvimento das forças produtivas
através de empresas mistas com capitais estrangeiros. Ambas as coisas teriam
acontecido se a União Soviética tivesse continuado a chamada Nova Política
Econômica (NEP), introduzida por Lênin em 1921. O corolário desta tese é a
alegação de que a União Soviética só poderia ter evitado o colapso se
enveredasse pelo caminho atual da China ou do Vietnam, o caminho da
"economia de mercado com orientação socialista".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Esta explicação levanta problemas maiores.
Não é nada claro que o pensamento de Marx e Engels fosse, neste caso, a linha
adequada a seguir pelos comunistas soviéticos nos anos 20. Mesmo que as
condições soviéticas pudessem não ser as ideais para construir o socialismo,
Marx tinha bem a consciência de que, como disse em 1853, "os homens fazem
a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a
fazem sob circunstâncias da sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Além disso, em 1917, a Rússia
não era um país tão atrasado como o descreveu Engels em 1875. Possuía algumas
das maiores fábricas do mundo, e dez por cento da sua população trabalhava na
indústria. Reconhecidamente, a nova União Soviética continuava a ser
essencialmente um país rural. Os líderes soviéticos, como Viatcheslav Mólotov,
reconheceram mais tarde que o atraso "afetou negativamente o
socialismo". Não obstante, aqueles que pensam que o atraso não só afetou
negativamente o socialismo como o condenou, defrontam-se com três objeções. A
primeira é a de que, por muito atrasada que estivesse no início dos anos 20, a
União Soviética não se manteve nessa situação. Tendo como vantagens recursos
naturais ricos, uma liderança talentosa e uma população motivada, a União
Soviética tornou-se na segunda potência econômica, apenas superada pelos EUA.
Em 1984, o economista Harry Shaffer escreveu: "Os Estados Unidos continuam
à frente da União Soviética em termos de produção bruta e per capita, de
consumo e nível de vida. Mas a União Soviética tem vindo a aproximar-se
gradualmente dos Estados</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">Unidos."</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Assim, mesmo que no início
as forças produtivas estivessem num estado de atraso, tal não era certamente a
situação em 1985. Apesar de o desenvolvimento industrial da União Soviética ser
indiscutível, alguns acreditam, todavia, que o atraso original enfraqueceu
fatalmente o sistema. Erwin Marquit afirma que o atraso original levou os
soviéticos a recorrerem ao "modelo utópico da economia planejada", e
que essa economia planejada "provou ser incapaz de acertar o passo com
desenvolvimento tecnológico orientado pelo mercado no Ocidente". Isto não
é convincente. Com efeito é precisamente o oposto que é verdadeiro. Foi através
da propriedade estatal e do planejamento que a economia soviética fez progressos
notáveis, não só economicamente mas também tecnologicamente. Nos anos 80, o
desenvolvimento tecnológico soviético não igualava o dos EUA, mas não estava
longe, e aproximava-se gradualmente. Num livro sobre ciência e tecnologia
socialista, publicado em 1989, John W. Kiser III afirmou que a ideia do
"fosso tecnológico" era um exagero criado pela "crença
norte-americana na inferioridade inerente ao sistema soviético". Devido ao
fato de a União Soviética não incentivar a comercialização das suas realizações
tecnológicas, o Ocidente manteve "uma tendência persistente para as
subestimar". Kiser assinala, entre outros, os avanços tecnológicos nos
setores da metalurgia, química, indústria alimentar, biomedicina, alcançados
pelos soviéticos e países socialistas do Leste europeu.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Quanto à tecnologia
informática, em 1986, a CIA concluiu que existia um fosso entre a União
Soviética e o Ocidente em matéria de software e hardware, mas ressalvava que
"os soviéticos continuarão a fazer rápidos progressos em termos absolutos",
e em dez ou 15 anos "as instituições científicas de topo terão
provavelmente equipamentos comparáveis aos melhores que hoje dispõem os
laboratórios nacionais dos EUA". Por outras palavras, o fosso tecnológico
era pequeno e diminuía. Assim, o atraso tecnológico dificilmente pode explicar
de forma convincente o colapso. Um segundo problema da explicação baseada no
atraso tecnológico é a presunção de que a Nova Política Econômica (NEP), isto
é, a promoção do desenvolvimento através da iniciativa privada e do
investimento externo, seria uma opção real. É como afirmar que a Guerra Civil
norte-americana poderia ter sido evitada se o Norte permitisse que a
escravatura desaparecesse de modo natural. Apesar de esta ideia poder ser
apelativa para aqueles que culpam os abolicionistas pela carnificina da Guerra
Civil, poucos historiadores (caso haja algum) pensarão que tal era uma opção
real em 1860. De igual modo, continuar com a NEP não era uma opção real para os
soviéticos nos anos 20. Em 1921, os soviéticos viraram-se para a NEP para
resolver problemas criados pelas políticas do «comunismo de guerra», em
particular o desinteresse dos camponeses, provocado pelo confisco dos cereais.
No entanto, em pouco tempo, a NEP gerou os seus próprios problemas.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Explicando porque é que os
soviéticos abandonaram a NEP, o historiador E.H. Carr apontou três graves
problemas. O primeiro é a ocorrência da chamada "crise das tesouras"
em 1922-23, na qual a forte queda dos preços do trigo provocou penúria de
alimentos, desemprego e sofrimento para os camponeses pobres e médios. O
segundo foi a constatação por parte da maioria dos líderes soviéticos de que a
NEP condenava a União Soviética a um longo período de atraso industrial,
perspectiva aterradora e intolerável face à ameaça crescente de inimigos
externos. O terceiro foi o açambarcamento da produção pelos camponeses, devido
à queda dos preços agrícolas, provocando fome nas cidades. Por estas razões, a
dependência do mercado e da iniciativa privada tornou-se insustentável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Assim, foram problemas
econômicos reais, bem como opções ideológicas, que levaram os líderes
soviéticos a adotar novas políticas e aderir à propriedade estatal e à
planificação centralizada. Nestas circunstâncias, chamar "utópica" à
passagem para a propriedade estatal e planificação central é absurdo. Esta
transição permitiu que a União Soviética se industrializasse num curto espaço
de tempo, derrotasse a invasão nazista e reconstruísse rapidamente o país
depois da guerra.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Além disso conseguiu ao
mesmo tempo aumentar progressivamente o nível de vida dos trabalhadores
soviéticos. Imaginar que a URSS poderia alcançar tais resultados, prosseguindo
as problemáticas políticas da NEP, é simplesmente tomar os desejos por
realidade. A explicação do colapso da URSS pelo atraso comporta um terceiro
ponto fraco, que se revela quando examinamos as lições que se podem tirar desta
explicação. É inteiramente apropriado avaliar a explicação através das lições
que dela decorrem. Por exemplo, se um pastor morre ao cair de um penhasco na
montanha, só um louco concluiria que se deve evitar o pastoreio e as montanhas.
No entanto, se no momento do acidente, o pastor estivesse bêbado, uma pessoa
razoável diria que se deve evitar beber quando se guardam ovelhas em encostas
montanhosas. Alguns dos que subscrevem a tese do colapso da URSS devido ao
atraso, concluem que a URSS deveria ter evitado a planificação central e
seguido o caminho da China atual. Mas esta conclusão é tão sensata como evitar
o pastoreio e as encostas montanhosas. No mínimo é irrefletida. Nem mesmo os
próprios chineses tiram esta conclusão do colapso da União Soviética. Segundo
afirma Arthur Waldron, "hoje, oficialmente, a China considera que nada de
profundo ou fundamental estava errado na União Soviética, mesmo na segunda
metade dos anos 80. De acordo com o discurso oficial, a falência da União
Soviética continua a não ser atribuível a um amplo fenômeno sistêmico mas, pelo
contrário, à falência muito específica do Partido Comunista da União Soviética."</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Além disso, saber para onde
conduziria em última instância a via chinesa e o que tal significaria para a
classe operária, são questões que permanecem em aberto. A curto prazo, a via
chinesa produziu crescimento econômico e aumentou os rendimentos da população
urbana. No entanto, desde 2008, o declínio das taxas de crescimento econômico e
as dificuldades causadas à economia chinesa pela estagnação do mercado mundial
levantam dúvidas sobre a viabilidade futura deste modelo. Segundo o </span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.nytimes.com/2014/03/19/business/international/developers-collapse-adds-to-china-concerns.html?_r=0" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; widows: 2; word-spacing: 0px;" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1; text-decoration: none; text-underline: none;">The New York Times</span></a><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">, em março deste ano, o crescimento da China
"desacelerou para o nível mais baixo em mais de uma década".</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em simultâneo, a classe
operária chinesa está a pagar um preço elevado por uma via que se afasta
progressivamente dos objetivos do socialismo. Durante a última década o
desemprego não oficial nas cidades esteve sempre acima dos oito por cento. A
parte do capital e investimento estrangeiros no total das vendas da China
passou de 2,3 por cento em 1990 para 31,3 por cento em 2000. Como o
investimento direto na China (124 bilhões de dólares em 2011) tem vindo a
crescer anualmente, e apenas é superado pelo investimento estrangeiro nos
Estados Unidos, a percentagem do capital estrangeiro é hoje inquestionavelmente
maior do que em 2000. De resto, como constata um estudo recente, entre "os
resultados inevitáveis do desenvolvimento capitalista da China",
assinala-se o "aumento do desemprego, da desigualdade e da insegurança;
cortes nos cuidados de saúde e educação pública; agravamento da opressão das
mulheres; marginalização da agricultura; multiplicação das crises
ambientais". Na medida em que a economia de mercado com orientação
socialista é questionável enquanto via para o socialismo, também é questionável
a conclusão que se retirou do colapso da URSS.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em suma, a tese do atraso
deve ser rejeitada por três razões. Primeiro, porque as forças produtivas da
União Soviética não estavam subdesenvolvidas em 1985, por maior que fosse o seu
atraso em 1917. Segundo, porque esta tese implica que a União Soviética deveria
e poderia ter continuado a NEP. Esta ideia era insustentável à época e
completamente fantasiosa em retrospectiva. Terceiro, se o caminho chinês ao
socialismo é mais confiável do que o soviético ainda está por
ser visto.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Crítica nº 2</span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; mso-special-character: line-break; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br />
<span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um segundo
tipo de críticas ao nosso livro surge a propósito da abordagem a Josef
Stálin. Para alguns críticos, o fato de não se ter denunciado Stálin como
um paranoico, um criminoso, um anti-semita, um demônio, um ditador e um
assassino de massas, constitui uma falha fatal. Alguns críticos só ficaram
satisfeitos se subscrevêssemos o que Domenico Losurdo chama de "uma lenda
negra". Para eles, o fato de não termos condenado a crueldade de Stálin
constitui uma omissão imperdoável. A estes gostaríamos de responder como Lenin
respondeu a Maxim Gorky, quando este manifestou preocupação sobre "a
crueldade das táticas revolucionárias". Lenin respondeu: "Que quer
você? (...) Será possível agir humanamente num combate com tal ferocidade sem
precedentes? Haverá aqui lugar à brandura e à generosidade? Estamos sob
bloqueio da Europa, privados da esperada ajuda do proletariado europeu, vemos
por todos os lados a contra-revolução rastejar contra nós como um urso. Que
devemos fazer? Não devemos, não temos o direito de lutar e resistir? Desculpe,
mas não somos tolos. (...) Com que critério avalia a quantidade de golpes
necessários e excessivos no combate?"</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A verdade é que não fazemos
uma avaliação global de Stálin, porque consideramos que era um assunto
demasiado importante para ser tratado de forma superficial num estudo dedicado
a um tema diferente. Como qualquer historiador, levantamos uma questão
específica – neste caso, as causas do colapso da União Soviética – e
limitamo-nos a tentar responder a esta questão. Tratamos as ideias de Stálin e
as suas políticas apenas na medida em que se relacionavam com a nossa exposição.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Mas porquanto a crítica à
nossa abordagem de Stálin está ligada à nossa explicação do colapso, merece uma
resposta. Aqui temos de fazer uma distinção. Como é sabido, existe uma corrente
de pensamento, que remonta aos anos 20 e se estende até ao presente, segundo a
qual a União Soviética entrou em declínio inexorável desde que rejeitou as
ideias de Leon Trótski, sobre a necessidade de prosseguir a revolução
permanente ao nível mundial e a inutilidade de construir o socialismo num só
país. Deste ponto de vista, a União Soviética não construiu o socialismo, e o
seu colapso representou apenas uma nota de rodapé ao exílio de Trótski. Só
aqueles que aceitam estas premissas sobre a importância de Trótski e a ausência
de socialismo na União Soviética podem ficar satisfeitos com a explicação
trotskista da história soviética.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Todavia há outras visões
sobre Stálin e o seu papel no colapso da União Soviética. Uma dessas visões
sustenta que o colapso da URSS resultou das "deformações
stalinistas", uma espécie de efeito retardado das políticas de Stálin.
Esta tese reconhece que a União Soviética construiu o socialismo, baseado na
propriedade pública e na planificação, que funcionou bem proporcionando
crescimento econômico, defesa militar, emprego, segurança econômica, cuidados
de saúde, educação e um nível cultural elevado para os trabalhadores. Não
obstante, a luta contra o seu próprio atraso e contra as ameaças internas e
externas, bem como outros desafios, conduziram a deformações antidemocráticas.
Estas deformações manifestaram-se no «culto da personalidade, na sujeição
autoritária de toda a atividade social à disciplina e controle do PCUS, e na
subordinação de todo o pensamento e práticas científicas e culturais à
ideologia política".</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">De acordo com esta visão, a
economia planificada não constituiu um problema. O problema residia antes no
legado do autoritarismo stalinista. O autoritarismo de Stálin teria minado as
tentativas de descentralizar o controle e a responsabilidade, coartado a
iniciativa e impedido a realização do potencial da economia socialista.
Qualquer pessoa minimamente familiarizada com a historiografia ocidental
dificilmente estranhará que alguns autores culpem Stálin pelo colapso da União
Soviética, uma vez que toda uma série de outros lhe atribuem a responsabilidade
por praticamente todas as calamidades do século XX. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Uma figura tão complexa como
Stálin, líder de um vasto país que atravessou numerosas crises durante um
prolongado espaço de tempo, estava destinada a deixar um legado complicado.
Assim, pode-se facilmente admitir a existência dos problemas referidos por
aqueles que sustentam a teoria das deformações de Stálin. Por exemplo, na
economia planificada, onde a natureza e a dimensão da produção são definidas a
partir de cima, existe o problema endêmico da asfixia da iniciativa e da
responsabilidade em baixo. A União Soviética debateu-se com este problema
durante anos, e Cuba debate-se hoje com ele. Este problema não resulta apenas
de Stálin. Por seu turno, sem lhe chamarmos "deformações
stalinistas", reconhecemos que a dimensão e os métodos da repressão
"deixaram inquestionavelmente uma herança de ressentimento, timidez,
servilismo, remorso, e sabe-se lá que mais".</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">No entanto a história não
acaba aqui. Ao avaliar-se o legado de Stálin deve-se distinguir as apreciações
morais e políticas – ou seja, se determinadas atitudes e políticas foram boas
ou más, justificadas ou injustificadas, positivas ou negativas – das
apreciações históricas sobre os seus efeitos e consequências. Ambas são
legítimas, mas a questão que temos perante nós é matéria de apreciação histórica.
Ou seja: podem efetivamente as políticas de Stálin ser relacionadas com o
colapso da URSS? Honestamente, aqueles que defendem a tese das deformações de
Stálin pouco fizeram para levar a discussão do campo moral para o da explicação
histórica. Stálin deixou uma herança contraditória no que respeita ao
autoritarismo e democracia. Aqueles que subscrevem a tese das deformações de
Stálin apenas vêem um lado, afirmando que Stálin minou a democracia socialista,
desmoralizou e desmobilizou o povo soviético, e que isso, em última instância,
socavou a eficiência e a produtividade do sistema socialista, conduzindo-o, a
partir daí, ao colapso. Mas onde está a prova desta desmoralização e
desmobilização? As grandiosas realizações do povo soviético, entre os anos 30 e
os anos 50, a coletivização da agricultura, a rápida industrialização, o
aumento do nível educacional e cultural do povo, a derrota da invasão de
Hitler, a reconstrução do país em quatro anos, depois da devastação da guerra,
dificilmente traduzem o trabalho de uma população desmoralizada e
desmobilizada. Bem pelo contrário. Estas realizações exigem uma participação
popular ativa. Aliás, um olhar sóbrio sobre o legado de Stálin tem de
reconhecer que existem nele elementos de democracia e de participação popular,
bem como de autocracia e repressão. A Constituição Soviética de 1936 simboliza
esta herança ambígua.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Por um lado, apesar das
promessas democráticas da Constituição, a União Soviética permaneceu um Estado
em que o poder se concentrava no partido comunista e, de uma forma crescente,
no seu líder, onde as nomeações para cargos oficiais e outras se faziam a
partir de cima, e onde outras instituições, incluindo os sovietes e os
sindicatos, tinham, no melhor dos casos, uma função consultiva. Por outro lado,
a Constituição representou uma tentativa, pela primeira vez na história, sob
condições favoráveis, de dar um significado à ideia da democracia socialista. A
Constituição foi o resultado de dois anos discussão, em que largos segmentos
dos trabalhadores, camponeses e outras camadas foram envolvidos num amplo
debate nacional do projeto de documento, que foi seguido de um referendo
nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A Constituição alargou os
direitos democráticos dos cidadãos soviéticos, levantando as restrições
eleitorais aos indivíduos associados ao regime tsarista e, ao mesmo tempo que
consagrou o papel exclusivo do partido comunista, também introduziu as
candidaturas múltiplas, o sufrágio secreto e as eleições diretas. Partindo das
constituições burguesas com uma perspectiva revolucionária, a Constituição
soviética instituiu direitos econômicos, onde se incluíram: o direito ao
emprego, férias pagas anuais, assistência médica gratuita, ensino gratuito até
ao sétimo ano inclusive, assistência estatal às mulheres com muitos filhos e mães
solteiras, licença de maternidade totalmente paga e acesso às maternidades,
enfermarias e jardins-de-infância.[1]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A Constituição de 1936
refletiu ainda um outro legado democrático, designadamente a política soviética
para as minorias nacionais. O historiador Terry Martin caracterizou a União
Soviética como "o primeiro império do mundo com ação afirmativa". O
que Martin quis dizer com isto foi que a União Soviética «criou não só dezena e
meia de grandes repúblicas nacionais, mas também dezenas de milhares de
territórios nacionais espalhados por toda a vastidão do país. Novas elites
nacionais foram instruídas e promovidas para cargos de liderança no governo,
escolas e empresas industriais desses novos territórios. Em cada território, a
língua nacional adquiriu estatuto de língua oficial do governo. Em dezenas de
casos isso implicou a criação de uma língua escrita, que não existia. O Estado
soviético financiou a produção em massa de livros, revistas, jornais, filmes,
óperas, museus, música tradicional e outras produções culturais em línguas não
russas. Nada de comparável tinha sido tentado anteriormente (...) e nenhum
Estado multiétnico igualou ulteriormente a escala da Ação Afirmativa
Soviética."[2] Segundo um estudo de opinião, realizado em 1950-51 pelo Harvard
Interview Project, que abrangeu centenas de cidadãos soviéticos, "a
maioria esmagadora" dos inquiridos sobre a Constituição de 1936 concordou
que as garantias estabelecidas sobre a igualdade das nacionalidades
correspondiam de fato à realidade.[3]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A ambiguidade do legado
autocrático e democrático de Stálin até se manifesta nas repressões dos anos
30. A campanha contra os trotskistas e sabotadores em 1937, que conduziu
milhões à prisão e milhares à morte, correspondeu a um movimento de massas
lançado nos sindicatos e nos locais de trabalho pelo alargamento da democracia.
O líder dos sindicatos, Nikolai M. Chvérnik, lançou este movimento no sentido
de aplicar nos sindicatos os direitos consagrados na Constituição de 1936, ou
seja, eleições secretas com múltiplos candidatos, um maior envolvimento das
bases e uma maior prestação de contas por parte das direções sindicais. Este
movimento estava de mãos dadas com a campanha contra o culto dos líderes, pela
erradicação dos dirigentes corruptos, dos oposicionistas dissimulados e outros
"inimigos do povo", que desviavam fundos dos sindicatos, violavam as
normas de segurança, sabotavam habitações, serviços sociais e a produção. Como
resultado deste levantamento a partir de baixo, no final de 1937, "mais de
um milhão e 230 mil pessoas foram eleitas em 146 sindicatos e em centenas de
milhares de organizações sindicais e comités de empresa (...) O resultado final
das eleições traduziu-se numa mudança radical de quadros. Mais de 70 por cento
dos antigos comités de fábrica, 66 por cento dos 94 mil presidentes de comités
de fábrica e 92 por cento dos 30.723 membros dos comitês plenários regionais
foram substituídos".[4] O que aconteceu nos sindicatos e locais de
trabalho em 1937 foi literalmente um movimento democrático a partir de baixo
para afastar e punir determinados líderes sindicais. O historiador Wendy
Goldman chamou-lhe uma "repressão democrática", e notou que esta
"repressão não constituiu um ato contra o povo </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: start; text-indent: 42.55pt;">soviético realizado por uma 'entidade' maléfica, mas foi
ativamente apoiada e difundida pelo próprio povo em todas as
instituições".[5]</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: start; text-indent: 42.55pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em suma, se olharmos
objetivamente para o legado de Stálin, não vemos ligações diretas entre Stálin,
o autoritarismo, a desmobilização popular e o colapso da URSS. Tanto no
enunciado da Constituição de 1936 como na política das nacionalidades e no
movimento de democratização dos sindicatos de 1937, pelo menos, ao contrário de
desmobilizar, Stálin mobilizou as massas. Aliás, se as políticas de Stálin
tivessem tido o efeito de desmobilizar e desmoralizar o povo soviético,
dificilmente a sua morte seria motivo de tão grande consternação, nem se
esperaria que passados 50 anos a sua personalidade continuasse a ser venerada.
No entanto, é precisamente isso que as sondagens mostram.[6]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em suma, pode admitir-se com
facilidade que o legado democrático de Stálin é ambíguo. No entanto, só uma
visão muito unilateral e distorcida de Stálin poderá concluir que as
"deformações" de Stálin desmobilizaram politicamente as massas
trabalhadoras a tal ponto que foram a causa principal do colapso da URSS.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br />
<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<b style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="background: white;">Uma
terceira reação<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br />
<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A terceira
reação ao nosso livro não é propriamente uma crítica, mas antes uma pergunta,
colocada nos seguintes termos: por que razão o partido comunista e a classe
operária soviética não se opuseram às políticas de Gorbatchov, sublevando-se em
defesa do socialismo? No livro abordamos esta questão (pp. 267-273). É certo
que o fato de a resistência das bases não ter sido grande, nem maior o seu
êxito, constitui o aspecto mais perturbador em todo o processo da dissolução da
União Soviética. Mas por muito perturbador que seja, este fato em si e por si
não permite saltar para a conclusão de que havia alguma coisa errada no
socialismo soviético ou que o socialismo soviético frustrou as expectativas dos
trabalhadores de uma forma fundamental.</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Gorbatchov pretendia que se
podia resolver os problemas do socialismo fazendo concessões aos imperialistas
e incorporando ideias do capitalismo no socialismo. Parte disto passava pela
introdução de aspectos da democracia burguesa, ao mesmo tempo que as
instituições tradicionais da democracia socialista eram minadas e
marginalizadas. Para se compreender a ineficácia da resistência da classe
operária não precisamos de ir muito além disto. Os comunistas e trabalhadores
soviéticos viram-se privados das vias tradicionais de expressão, ao mesmo tempo
que o seu líder formal introduzia gradualmente ideias capitalistas, embrulhadas
na noção de aperfeiçoamento do socialismo. Na nossa opinião, as coisas não tinham
de se passar desta forma. Reformas diferentes e um processo diferente de
reformas, que mobilizassem o partido comunista e a classe operária, poderiam
produzir resultados diferentes. Isto havia sido tentado por Iúri Andrópov, mas
o esforço foi de curta duração, devido à sua doença e morte.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Duas recentes visitas a Cuba
e um estudo sobre as presentes reformas em curso, chamadas «atualização»,
reforçaram a nossa conclusão sobre o destino do socialismo soviético.
Obviamente que a União Soviética e Cuba são dois países completamente
diferentes, com histórias e situações muito diferentes. Uma diferença
significativa foi o embargo econômico e comercial imposto pelos EUA a Cuba.
Apesar de a União Soviética também ter passado por um bloqueio econômico durante
duas décadas, o embargo a Cuba dura há mais tempo e o seu custo é relativamente
mais elevado. Hoje, passados 50 anos, segundo estimativas moderadas, o embargo
custou aos cubanos mais de 104 bilhões de dólares a preços correntes, e se
considerarmos a desvalorização do dólar em relação ao ouro, esse valor sobe
para 975 bilhões de dólares.[7] Sem o boicote, hoje, o nível de vida em Cuba
poderia ser semelhante ao da Europa Ocidental.[8]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Não obstante as diferenças
óbvias, Cuba e a União Soviética têm algumas características comuns. Ambas as
economias se baseiam na propriedade pública e na planificação centralizada,
dirigidas pelo partido comunista, e tanto a sociedade soviética em 1985 como a
cubana em 2011 enfrentavam problemas similares, embora em graus diferentes. Por
exemplo, ambas tinham duas moedas, uma convertível em divisas internacionais e
outra interna. A divisa soviética, interdita à maioria dos cidadãos, estava
limitada aos turistas, diplomatas e alguns outros representantes, e era usada
apenas nas lojas em divisas. Em Cuba, no entanto, a moeda convertível não é
ilegal, e muitos cubanos auferem legalmente rendimentos em pesos convertíveis,
por trabalharem na indústria do turismo, sob a forma de prêmios em certas
outras entidades, ou ainda provenientes de remessas de familiares emigrantes.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A existência de duas moedas
gera mais problemas em Cuba do que no caso da União Soviética. A grande
disparidade entre o valor do peso (CUP) e do peso convertível (CUC), na ordem
de 25 para 1, criou uma série de problemas, incluindo uma crescente
desigualdade entre aqueles que têm acesso à moeda convertível e os que não têm,
e uma fuga de cérebros de profissões sem salários em divisas para aquelas que
permitem esse acesso, como é o caso do turismo. Conduzir um táxi pode
proporcionar gorjetas em divisas de valor superior aos rendimentos de um
professor. Isto é claramente desmoralizador e ineficiente. Um outro exemplo de
um fenômeno presente nas duas sociedades é a segunda economia, ou mercado
negro. Na União Soviética a segunda economia constituía um problema maior do
que em Cuba. Na União Soviética a segunda economia existiu durante um período
mais longo, estava mais espalhada e desenvolvida, e ligada com frequência a
minorias nacionais e à "máfia" organizada.[9]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Em certos aspectos, os
problemas de Cuba e da União Soviética [nos anos 80] são semelhantes:
deficiências na produtividade e eficiência, qualidade insuficiente dos bens de
consumo, falta de iniciativa e de sentido de propriedade e responsabilidade no
local de trabalho, difusão insuficiente das tecnologias computacionais, etc.
Além disso pode-se encontrar facilmente semelhanças entre as soluções propostas
por Iúri Andrópov, em 1983 (e mesmo entre as políticas iniciais de Gorbatchov),
e o programa cubano de reformas de "atualização", proposto em 2011.
Por exemplo, nos dois casos as reformas visavam aumentar a eficiência, a
produtividade, a motivação e a qualidade através da recompensa do esforço, da
descentralização do controle e da responsabilidade, do desenvolvimento de
empresas mistas com capitais estrangeiros, de incentivos às cooperativas e da
concessão de maior latitude à iniciativa privada.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Mas os processos na União
Soviética e em Cuba diferem de forma flagrante. Em Cuba o processo de reformas
envolveu os comunistas de base e os trabalhadores de uma forma muito mais ampla
do que na União Soviética. Em Cuba, entre o desenvolvimento das orientações da
reforma em 2010 até à sua implementação em 2014, houve todo um processo que
implicou o envolvimento das massas e a construção de um consenso de massas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">O processo começou entre
dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, com debates com o povo em geral,
seguiram-se debates no partido em todas as províncias, e por fim debates no VI
Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC) em abril. No total realizaram-se
163.079 reuniões, em que estiveram 8.913.828 participantes. Destes debates
resultou um importante conjunto de alterações: "O documento original continha
291 linhas de orientação, das quais 16 foram incorporadas noutras, 94
mantiveram a sua redação, o conteúdo de 181 delas foi modificado e foram
incorporadas 36 novas linhas de orientação, para um total de 311 no atual
projeto. (...) Aproximadamente mais de dois terços das linhas de orientação,
exatamente 68 por cento, foram reformulados." [10] O debate das linhas de
orientação decorreu ainda através de cartas publicadas no jornal Granma, em
programas de rádio, em blogs na Internet e nos sindicatos.[11] Um observador
anotou: "O elemento-chave aqui é que o projeto da nova lei laboral implica
um processo de consulta com a Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC) tão
detalhado e extensivo que os sindicatos têm de fato o poder de veto".[12]</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Na União Soviética, Iúri
Andrópov iniciou as reformas econômicas com debates nos locais de trabalho.
Todavia, para Gorbatchov, os debates com as bases sobre as mudanças foram
sobretudo uma oportunidade para promover a sua imagem pública. Os amplos
debates, o estímulo à crítica e a construção de consensos estiveram
praticamente ausentes no processo de reformas de Gorbatchov. Se tivesse sido de
outro modo, será que hoje nos interrogaríamos sobre onde estavam os comunistas
soviéticos e os trabalhadores?</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Mas se os dois tipos de
críticas ("o atraso soviético" e "as deformações de
Stálin") não são convincentes, por que razão continuam a ser tão
populares? Na nossa opinião a razão da popularidade destas explicações é que
elas decorrem e dependem da omnipresente ideologia do anti-stalinismo e do
anticomunismo. O anticomunismo e o anti-stalinismo não são meras discordâncias
com o sistema socialista ou com as políticas de Stálin, antes consistem na
apresentação deste sistema e deste homem como o pior mal do mundo. Para a
maioria dos intelectuais ocidentais o dogma de que "Stálin é um
monstro" não é susceptível de discussão. É um axioma. Pior, é um tabu. É a
chave-mestra que dá acesso à família de autores admitidos pela ideologia
dominante. Os acadêmicos dos EUA, mesmo aqueles com pontos de vista não
ortodoxos, inscrevem rotineiramente referências hostis a Stálin nos seus
trabalhos, mesmo quando não incidem sobre a história da União Soviética, para
assim garantirem a sua aceitação política.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A razão de o anti-stalinismo
continuar a ser a pedra-de-toque merece mais atenção do que tem tido.
Recentemente, acadêmicos como Domenico Losurdo e Grover Furr[13] lançaram luz
sobre esta questão. A circunstância de a demonização de Stálin ter o apoio de
toda a esquerda, graças a Trótski e a Khruchov, é seguramente um dos fatores.
Uma outra razão é o facto de Stálin ser o símbolo personificado da URSS entre
1924 e 1953, o período do êxito da construção do socialismo, e também o período
em que o Estado soviético era o maior inimigo do imperialismo. Seja qual for a
razão, para os marxistas, como são alguns dos nossos críticos, condescender com
estereótipos anti-Stálin e polemizar na sua base, deve ser entendido como uma
concessão oportunista à pressão da ideologia da classe dominante. Evidentemente
que a rejeição do anti-stalinismo não equivale à beatificação de Stálin, a um
amontoado de elogios à sua pessoa, ou ainda menos ao escamoteamento dos
problemas associados à sua liderança. Significará antes, um trabalho acadêmico
paciente, que use os mesmos critérios que são requeridos para avaliar qualquer
líder do século XX.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<b style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="background: white;"><br />
Conclusão</span></b><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
principais críticas levantadas contra os argumentos do Socialismo Traído não
resistem a um escrutínio rigoroso. A ideia de que a União Soviética estava
condenada por um defeito congênito, a saber, o atraso das forças produtivas,
agrada sobretudo àqueles que sonham com um avanço gradual para o socialismo, e
àqueles que pensam que os chineses descobriram a estrada de ouro para o futuro.
No entanto, tal ideia implica que se ignore os problemas gerados pela NEP nos
anos 20 e na China hoje, e significa subestimar as difíceis opções que os
soviéticos tiveram de fazer nos anos 20 e 30, bem como os tremendos progressos
que fizeram para superar o atraso.</span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><span style="background: white;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">A ideia de que o colapso da
URSS em 1991 se deveu ao autoritarismo de Stálin nos anos 30 assenta numa
montanha de preconceitos contra Stálin e numa leitura unilateral do seu legado
que ignora os seus marcados elementos democráticos. Finalmente, a ineficácia da
resistência dos comunistas de base e dos operários à destruição do socialismo
não prova a existência de problemas profundamente enraizados do socialismo
soviético. Mostra no entanto que a destruição da propriedade socialista, da
planificação, dos benefícios sociais e do internacionalismo exigiram a erosão
simultânea da autoridade do partido comunista e das instituições da democracia
socialista. Se alguma coisa boa adveio do colapso da URSS foi o fato de Cuba
parecer ter aprendido a lição.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; mso-special-character: line-break; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--></span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 10.0pt;"><br />
</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Notas<br />
<br />
[1] Leonard Schapiro, The Communist Party of the Soviet Union (New York:
Vintage Books, 1971), 409; Kenneth Neill Cameron, Stalin: Man of Contradiction
(Toronto, NC Press Limited, 1987), 80-81.<br />
<br />
[2] Terry Martin, The Affirmative Action Empire: Nations and Nationalism in the
Soviet Union, 1923-1939 (Ithaca and London: Cornell University Press, 2001),
1-2.<br />
<br />
[3] Martin, 387-389.<br />
<br />
[4] Goldman, 14.<br />
<br />
[5] Goldman, 19.<br />
<br />
[6] Richard Pipes, “Flight from Freedom: What Russians Think and Want,” Foreign
Affairs (May/June, 2004), 14.<br />
<br />
[7] Cuba vs Bloqueo: Relatório de Cuba sobre a Resolution 65/6 da Assembleia
Geral das Nações Unidas intitulado “Necesidad de poner fin al bloqueo
económico, comercial y financiero impuestopor los Estados Unidos de América
contra Cuba” (July 2011), 54.<br />
<br />
[8] Interview of Manual Yepe, Havana, Cuba, February 18, 2014.<br />
<br />
[9] Interview of Marta Nunez, Havana, Cuba, February 18, 2014.<br />
<br />
[10] “<a href="http://cubasocialistrenewal.blogspot.com.br/2011/05/translation-guidelines-debate-summary-1.html" target="_blank">Information on the results of the debate on the Economic and
Social Policy Guidelines for the Party and the Revolution</a>”, traduzido por
Marce Cameron, 2.<br />
<br />
[11] Steve Ludlam, “Cuba’s Socialist Development Strategy,” Science &
Society 76, no. 1 (January 2012), 47.<br />
<br />
[12] Ludlam, 51.<br />
<br />
[13] Domenico Losurdo, Staline: Histoire et Critique D’Une Légende Noire and
Grover Furr, Khrushchev Lied (Kettering, Ohio: Erythros Press and Media, 2011).</span><o:p></o:p></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-23241293431566472652018-11-28T11:05:00.002-08:002018-11-28T11:05:44.732-08:00O fim da União Soviética na perspectiva de um cubano<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por José Luis
Rodríguez</span></i><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;"> - </span><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: text1;">foi o
Ministro da Economia e Planejamento de Cuba. Foi também vice-presidente do
Conselho de Ministros de Cuba e membro eleito da Assembleia Nacional de Cuba</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;"> | Tradução do <span style="mso-bidi-font-style: italic;">Diário Liberdade</span><o:p></o:p></span></i></div>
<br /><br />
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: center;">
<span style="color: #575757; font-family: "Cambria",serif; font-size: 12.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">I<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Este ano
completam-se 25 anos do desaparecimento da União Soviética, ocorrido em 25 de
dezembro de 1991, após um processo de decomposição que fez naufragar a maior
experiência de transformação social na história da humanidade.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrAG8T7XYBOiXIXq2dyvGBoP2ScVtyrZ6j_rGNWDhfE4TaTvZy9GlJ9sHueg54BeZSF9d3t5YgCf4kCMHdlGhftSfMUG2902RFbLYF_W8qETRwmZLkQtg29DA-UUoplVSXy3UdHa6Ybkc/s1600/Queda+do+muro+de+Berlim.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="980" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrAG8T7XYBOiXIXq2dyvGBoP2ScVtyrZ6j_rGNWDhfE4TaTvZy9GlJ9sHueg54BeZSF9d3t5YgCf4kCMHdlGhftSfMUG2902RFbLYF_W8qETRwmZLkQtg29DA-UUoplVSXy3UdHa6Ybkc/s320/Queda+do+muro+de+Berlim.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem da derrubada do Muro de Berlim</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Perderam-se assim
o esforço e o sacrifício dos povos que, em meio a uma luta heroica, entregaram
as vidas de muitos de seus filhos para construir uma sociedade melhor. Apenas
na Segunda Guerra Mundial morreram cerca de 27 milhões de soviéticos enfrentando
o fascismo, que conseguiram derrotar a sangue e fogo, abrindo o caminho também
para a libertação dos povos do Leste Europeu e dando um impulso decisivo às
revoluções anticoloniais no Terceiro Mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No pós-guerra o
imperialismo não disfrutou de um poder hegemônico indiscutível. A existência da
URSS e dos países socialistas europeus, unida à Revolução socialista na China e
depois em Cuba, mudou a correlação das forças políticas no mundo, obrigando a
uma afrouxada – não sem resistência – das forças mais reacionárias em todo o
planeta, processo que duraria até a década de 70 do século passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Contudo, a
ofensiva do capitalismo, tanto interna – para liquidar as conquistas dos
trabalhadores – como externa – para frear o avanço das políticas mais
revolucionárias e progressistas – começou a impor suas condições nos anos 80
sob os governos de Ronald Reagan nos EUA e Margaret Thatcher na Inglaterra. E
isso ocorre – não por casualidade – em meio a um enfraquecimento do campo
socialista europeu, tanto na política doméstica, como na arena internacional,
significando o antecedente imediato da crise terminal que se desata na segunda
metade dos anos 80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Muito se escreveu
nos últimos anos sobre as causas da queda do socialismo na Europa, mas em
grande parte dos casos os autores só buscam confirmar – como fez o politólogo
norte-americano Francis Fukuyama – a prevalência do capitalismo como único
regime possível para a existência da humanidade, em cujo enfoque a experiência
socialista só é avaliada como um acidente em uma trajetória que termina com o
“fim da história” concebido como o fim das ideologias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na verdade, não se
esgotou a análise sobre a multiplicidade de causas da derrocada do socialismo
europeu, ainda que à luz do tempo transcorrido desde então seja sim possível
identificar um grupo de elementos que permitem ilustrar a complexidade da
construção socialista e o peso dos erros cometidos nesse processo, que
conduziram finalmente à sua frustração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Este exercício
analítico não só tem utilidade desde o ponto de vista do conhecimento
histórico, como deve nos permitir assimilar as lições pertinentes àqueles que
persistem na construção do socialismo como a melhor alternativa para o
desenvolvimento de nossos povos. Não foi com prazer que nosso Comandante em
chefe nos advertia em 17 de novembro de 2005:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“Uma
conclusão que tirei ao final de muitos anos: entre os muitos erros que todos
nós cometemos, o mais importante foi acreditar que alguém entendia de
socialismo, ou que alguém entendia como construir o socialismo.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">E mais adiante
acrescentava:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“Este
país pode se autodestruir; esta Revolução pode se destruir, os que não podem
destruí-la atualmente são eles; nós sim, nós podemos destruí-la, e seria culpa
nossa.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nessa linha de
análise, já há algum tempo concedi à destacada jornalista Rosa Miriam Elizalde
uma entrevista de trabalho – inédita – onde abordei diversos aspectos deste
tema que hoje puderam servir de base para uma reflexão um pouco mais ampla
acerca das causas da queda da URSS e qual foi o papel da mídia ali. Igualmente
seria útil levar em conta o que foi recentemente publicado no site Catalejo da
revista Temas em torno das complexidades da construção do socialismo, intitulado
“Se o socialismo não é assimilado conscientemente, ele não decola”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">II<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não se pode
negligenciar que o socialismo tem sido até hoje uma sociedade em construção,
não totalmente consolidada em nenhuma parte, nem no caso do socialismo real,
nem no dos processos atualmente existentes, com os modelos de China, Vietnã,
Cuba e da RPD da Coreia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Examinando as
experiências na Europa Oriental e sobretudo na antiga União Soviética, se
observa que os processos que derivaram na queda do socialismo tiveram muitos aspectos
em comum e – embora houvesse algumas particularidades – os erros também foram
os mesmos. Houve um ponto de partida similar, porque em todos os casos existiu
a expectativa de superar rapidamente as enormes inequidades, injustiças,
desigualdades que o capitalismo havia provocado ao longo de sua história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Isso levou sempre
a tratar de queimar etapas, mas a experiência indica que uma transformação da
profundidade que requer o desenho de um modelo socialista, sobretudo em seu
elemento fundamental, que é a transformação das pessoas, da mente das pessoas,
o que em Cuba tem-se chamado mais recentemente de “mudança de mentalidade”, é
um processo muito complicado e de longo prazo. As pessoas não mudam de opinião,
não transformam suas ideias por que unicamente se produz uma mudança nas
relações de propriedade; é necessário uma mudança cultural muito profunda para
transitar do individualismo capitalista a uma mentalidade coletiva, à
solidariedade social e gestão econômica consensuada e em todo esse processo desempenha
um papel fundamental a política própria do socialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa diferença –
ao menos conceitualmente – foi advertida desde muito cedo. Lenin afirmou que
havia uma grande diferença entre nacionalizar e socializar a produção.
Nacionalizar é um ato jurídico que se executa em um momento determinado e
provoca a mudança nas relações de propriedade a partir daí. <b>Mas fazer
com que as pessoas se sintam donas e que pensem de maneira diferente de como
vinham atuando no capitalismo – que leva séculos de funcionamento em todo o
planeta – isso não se produz rapidamente</b>. Provavelmente uma parte da
sociedade consegue isso, a vanguarda faz isso, mas a grande massa das pessoas
não muda assim. E isso foi comprovado por Lenin na prática desde os primeiros
anos de existência da URSS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Então, no meio do
fragor revolucionário e após a guerra civil, chegou-se a conclusões que hoje
parecem extraordinariamente erradas. De fato, na altura de 1919 se propôs
eliminar o dinheiro porque a guerra praticamente havia desmonetizado a sociedade.
O dinheiro deixou de cumprir suas funções e começaram a comercializar em forma
de troca de uns bens por outros. Parecia que esse era o caminho, porque, por
outro lado, Lenin havia retomado de Marx e Engels a ideia de que no socialismo
não existiriam as relações mercantis, a partir do nível de desenvolvimento que
a sociedade podia alcançar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No a<i>nti-Dühring</i> está
apresentado o tema desta maneira. Certamente, Marx e Engels falavam de uma
transição em seu contexto, no mundo mais desenvolvido então sob o capitalismo.
Uma transição simultânea ao socialismo em tanto que possibilidade real se
apresentava então como uma meta alcançável e é isso o que dá lugar à
Internacional e aos movimentos que avançam em paralelo nos países europeus do
mundo desenvolvido após uma sociedade superior. Existia a ideia de que se
poderia, efetivamente, transitar simultaneamente ao socialismo em todo o
sistema, e que dado o alto nível de desenvolvimento alcançado se poderia
prescindir do mercado em um prazo relativamente breve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa ideia é
retomada no contexto da guerra civil que estala em março de 1918 na Rússia e
aparecem notáveis expressões de idealismo como aquela que proclamava o
desaparecimento do dinheiro. Inclusive essa tese foi conceitualizada no
livro <i>O ABC do comunismo</i>, de Nikolay Bukharin e Evgeny
Preobrazhensky, publicado em 1920.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Quando termina a
guerra civil, no final de 1920, desaparecem essas condições extraordinárias de
sobrevivência, se desmobiliza uma enorme massa de camponeses do Exército
Vermelho e é preciso começar a produzir em condições normais. Lenin se dá conta
de que não é possível seguir utilizando os fatores de mobilização próprios de
situações extraordinárias e há que levar em conta as condições muito complexas
da reconstrução de um país devastado pela guerra na vida real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A realidade
indicava claramente que com 80% de camponeses essa população não podia mudar
sua forma de agir de um dia para o outro, portanto havia que utilizar outros
mecanismos para que essas pessoas se sentissem estimuladas a produzir. Não
valia dizer apenas que as terras pertenciam a todos, e – em meio a um país
ameaçado pela fome – em março de 1921 houve que implantar a Nova Política
Econômica, conhecida como NEP.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A NEP, na época,
criou quase um cisma teórico, porque um ano antes se havia dito que
praticamente estavam criadas as condições para transitar a uma sociedade
superior; e logo, em março de 1921, há que voltar ao imposto em espécie, ao
pagamento em dinheiro, há que estimular mercantilmente o camponês e há que ir a
um processo de reconhecimento da realidade de que a Rússia – como país de
desenvolvimento muito baixo – não podia ignorar a necessidade de desenvolver a
produção mercantil para sobreviver. Para além de que essa experiência traria
outras consequências, <b>Lenin sempre concebeu a NEP como um processo
temporário, de transição, até que se criassem as condições para ir à
cooperação, primeira fase de socialização da produção, entendendo como esse
processo de socialização a produção diretamente vinculada às necessidades da
sociedade.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">As ideias dessa
necessidade de avançar nesse processo foram expostas por Lenin em um artigo
intitulado “Sobre a cooperação”, escrito em março de 1923, onde pede que se
leve em conta que a NEP não é o caminho definitivo e que é preciso ir estimulando
a união das forças produtivas para que a população entenda que trabalhando
juntos se tem mais produtividade mediante um processo gradual de cooperação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Todo esse período
inicial de construção do socialismo na União Soviética se dá em circunstâncias
extraordinárias: a guerra civil o foi na ordem militar, na ordem da
sobrevivência; e também a NEP foi uma circunstância extraordinária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A partir dos
resultados indubitavelmente positivos da NEP quando se recuperam em 1926 os
níveis produtivos de 1913, as coisas pareciam marchar a um novo ritmo e já se
começa a discutir como abordar a industrialização, ou seja, uma etapa superior
de crescimento para chegar ao desenvolvimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Lamentavelmente, a
extensão temporal das circunstâncias extraordinárias começou a gerar outro
fenômeno e isso ocorre em uma conjuntura na qual se incrementa a hostilidade
dos países capitalistas contra o socialismo nascente. <b>Desse modo, entre
1920 e meados dos anos trinta, as agressões eram de todo tipo, provavelmente da
mesma intensidade das que Cuba padeceu nos primeiros anos do triunfo da
Revolução: agressões militares, sabotagens, espionagem, isolamento
internacional, fenômenos exacerbados também por erros que inevitavelmente eram
cometidos em um processo inédito na criação de uma sociedade de novo
tipo. </b>E isso logicamente fez com que o que era uma tática para
enfrentar condições extraordinárias se convertesse pouco a pouco em algo
aparentemente permanente e que começava a se interpretar o extraordinário como
um processo normal de construção socialista. Daí que muitos anos depois o Che –
que compreendeu esses perigos – advertia que à NEP não se podia dar caráter de
regularidade universal para a construção do socialismo, mas que obedecia às
circunstâncias concretas que a URSS enfrentou naqueles anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Pode se dizer que
a partir da morte de Lenin em janeiro de 1924 começaram a se desenvolver
medidas extraordinárias em um cenário que – em muitos aspectos – já não
correspondia com as necessidades do momento. Se começam a aplicar normas que –
à luz do que ocorreu posteriormente – estão na base do fracasso do socialismo
na União Soviética, por exemplo, a cooperativização forçada, que alcança seu
clímax entre 1929 e 1934. Daquele chamado de Lenin em 1923 pela cooperação
mediante a persuasão, o convencimento, se passa a um processo mediante o qual
simplesmente a cooperação é imposta. Foi-se à repressão, supostamente ante
circunstâncias extraordinárias, mas já não eram as da guerra ou as da NEP, mas
se começa a estender a noção do extraordinário no tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado,
Lenin, enfermo e incapacitado de exercer a direção do país em circunstâncias
muito complexas, foi consciente dos perigos que espreitavam a Revolução de
Outubro. Em seu testamento político – documento conhecido como a “Carta ao
Congresso” – advertia sobre o perigo da divisão do partido como resultado das
divergências entre Josef Stalin – sobre o qual recomendara sua saída do cargo
que ocupava por seus defeitos de caráter e métodos arbitrários de direção – e
Leon Trotski. Esse perigo se materializaria rapidamente depois de sua morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Começa assim a se
transitar um caminho que conduziria à desnaturalização do consenso político
indispensável no socialismo. Lenin já que havia visto forçado a limitar a
participação democrática em 1921 quando da insurreição de Kronstadt, etapa na
qual se eliminam as facções dentro do Partido e a possibilidade de fazer
oposição a linhas de direção dentro da organização, mas tudo isso ocorre em
meio ao perigo de um racha dentro do Partido que foi preciso frear.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, já em
1923 as divergências internas sobre como avançar para a industrialização levam
a que as posições dos trotskistas fossem reprimidas em meio a um debate que
podia ser considerado legítimo. Posteriormente, na polêmica entre Bukharin e
Preobrazhensky de 1926 sobre como conduzir a industrialização, também ocorre
esse fenômeno e o grande debate termina abruptamente em 1927 e desaparecem da
cena política os dois oponentes. Preobrazhensky passa a ser uma figura suspensa
e Bukharin é separado dos cargos que tem em 1929 e terminaria como diretor do
jornal <i>Pravda</i>, uma posição inferior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essas graves
violações da democracia socialista alcançariam seu ponto crítico nos fenômenos
de repressão que ocorrem a partir de 1936. Os quatro processos que houve naqueles
anos conduziram praticamente à eliminação física da direção do Exército
Vermelho e da direção tradicional do Partido Bolchevique sob acusações de
traição que nunca puderam ser realmente demonstrados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Esses fatos
causariam um dano enorme às ideias do socialismo em todo o mundo e são também
um outro antecedente da derrubada do socialismo na Europa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não obstante, no
imediato a causa do socialismo resistiu e em seu nome os povos da URSS venceram
na II Guerra Mundial, mesmo que a custa de enormes sacrifícios e se conseguiu
reconstruir o país em muito poucos anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, depois
do pós-guerra os problemas econômicos começaram a demandar soluções efetivas a
contradições que até esse momento não haviam chegado a um ponto crítico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um tema não
resolvido na prática desde que se iniciou no ano de 1917 a construção efetiva
do socialismo na Rússia foi o das relações marcado-planificação, ou poderíamos
dizer livre concorrência das forças de desenvolvimento na sociedade e
desenvolvimento controlado, previsto, planificado; primeiro porque houve uma
grande incompreensão durante muitos anos sobre a essência das relações
monetário-mercantis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Assim como não se
podia mudar a mentalidade de quem havia vivido séculos sob a influência do
egoísmo capitalista, na economia as estruturas não mudam de um dia para outro e
para alcançar essa socialização efetiva faz falta um nível de desenvolvimento
elevado. Esse é um processo complicado, de longo prazo, que requer um nível de
crescimento das forças produtivas que não se conseguiu até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na mesma medida em
que não existe socialização suficiente, ou o que dá na mesma, a não
correspondência entre o que toda a sociedade faz e o que requer, que espaço
resta para concordar esses interesses que às vezes são contrapostos? O mercado.
O mercado existe assim objetivamente, dado um determinado nível de
desenvolvimento da sociedade, que não se transforma de imediato pelo fato de
nacionalizar os meios de produção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A explicação do
porquê subsistia o mercado no socialismo não foi um processo simples e ainda
hoje subsistem muitas interpretações erradas a esse respeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Uma das primeiras
explicações foi dada por Preobrazhensky nos anos vinte, pelo menos é um dos
autores que falou mais profundamente sobre o tema. Segundo ele, existiam
relações de mercado porque existiam distintas formas de propriedade: estatal,
privada, cooperativa e essas relações de propriedade não têm um ponto de
contato comum, por isso é necessário o mercado para uni-las com sua
interrelação. Argumento relativamente razoável, mas deixava de fora um grande
problema: por que o mercado subsiste no seio da propriedade estatal? Ou seja,
por que é necessário o dinheiro, o cálculo econômico, a contabilidade, os
créditos sob uma mesma forma de propriedade social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No funcionamento
da economia estatal isso não se conseguia compreender, porque durante muitos
anos nas análises não se ia à raiz do problema, que consistia em que o mercado
existia ainda antes da propriedade privada, ou seja, que podia existir o
mercado e não haver propriedade privada propriamente dita: tal é o caso da
produção mercantil simples, onde o proprietário é o mesmo produtor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No transcorrer dos
anos se acrescentou maior complexidade à análise, fruto das tentativas de
justificar – sem uma base logicamente fundamentada – a presença das relações de
mercado no seio da propriedade estatal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Assim, em 1935, se
institucionaliza o cálculo econômico como uma fórmula para dar raciocínio à
conduta de direção econômica da sociedade, mas se cometeu um grande erro já que
se disse que o cálculo econômico era formal e que nada disso tinha conteúdo.
Uma categoria não existe sem conteúdo e o cálculo econômico tem uma base que é
a existência do mercado a partir de determinadas condições, mas isso nunca foi
então explicado corretamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Já em 1951 – ante
os problemas que a URSS confrontava para avançar no crescimento extensivo da
economia – se abriu novamente a discussão. Stalin – em seu artigo “Os problemas
econômicos do socialismo na URSS” – volta a sugerir que a presença das relações
monetário-mercantis se devia a distintas formas de propriedade, tese muito
similar à apresentada por Preobrazhensky muitos anos antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa explicação
permaneceu sem uma solução científica, até os anos sessenta. É nos debates em
torno da reforma econômica na URSS, que duraram de 1958 a 1965, que se começa a
se aprofundar na questão de como é possível que o mercado exista se a
propriedade privada desapareceu como algo preponderante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Surgiu então uma
explicação – baseada em uma releitura do tomo I de <i>O Capital</i> –
que os produtores isolados entre si não encontram formas de conectar seus
interesses de modo comum, diríamos, socializando-os. Tem que haver um mecanismo
de vínculo entre eles, e o mercado fornece esse mecanismo. Portanto, é o
isolamento econômico relativo ainda no seio da propriedade social – que
persiste unido a um baixo nível de desenvolvimento relativo na construção do
socialismo – o que provoca a existência ou a permanência de relações mercantis
no socialismo ainda que não exista propriedade privada, mas essa explicação
demorou sessenta anos para chegar, o que provocou um dano terrível à teoria
econômica e a todo o funcionamento do socialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">III<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Para compreender
as causas que levaram ao desaparecimento da União Soviética em 1991 é
imprescindível remontar à história e, nesse sentido, a etapa inicial do chamado
pós-stalinismo é de singular importância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Com a morte de J.
Stalin, em março de 1953, culminou uma etapa muito complexa da história
soviética onde as circunstâncias extraordinárias que estiveram presentes na
guerra civil, na implementação da NEP, ou durante a coletivização forçada e a
primeira etapa da industrialização dos anos 30 se converteram – aparentemente –
em fases normais da construção socialista marcadas pela ausência de uma
democracia socialista real e violações à legalidade que se manteriam por muitos
anos, fenômenos que se replicariam também nas democracias populares europeias
que emergiram depois da Segunda Guerra Mundial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Acerca da
controversa personalidade de Stalin, nosso Comandante em Chefe expressaria:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“Sobre
ele recai a responsabilidade, ao meu ver, de que esse país tivesse sido
invadido em 1941 pela poderosa maquinaria bélica de Hitler, sem que as forças
soviéticas tivessem recebido a ordem de alarme de combate. Stalin cometeu,
também, graves erros. É conhecido seu abuso do poder e outras arbitrariedades.
Mas também teve méritos. A industrialização da URSS e a passagem e
desenvolvimento da indústria militar na Sibéria foram fatores decisivos naquela
luta do mundo contra o nazismo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Eu, quando o
analiso, avalio seus méritos e também seus grandes erros, e um deles foi quando
expurgou o Exército Vermelho em virtude de uma intriga dos nazistas, o que
enfraqueceu militarmente a URSS, nas vésperas da investida fascista.” [1]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse sentido, se
pode afirmar que a assinalada ausência de uma autêntica democracia interna nos
processos de gestão social, o culto à personalidade, os abusos de poder e a
repressão injustificada que estiveram presentes durante boa parte do mandato de
Stalin à frente do governo soviético foram, sem dúvida, fatores que incidiram
negativamente na causa do socialismo dentro e fora da URSS e constituíram
elementos que deixaram uma marca muito negativa na memória histórica desse
povo, alimentando tendências negativas no comportamento dos soviéticos que
contribuíram também para a queda da URSS ocorrida anos depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Após diversos
ajustes e demissões na equipe de direção que substituiu Stalin em 1953, ela
ficou basicamente integrada por Georgi Malenkov, que ocuparia o cargo de
presidente do Conselho de Ministros entre março de 1953 e fevereiro de 1955 e
Nikita Krushchov, que ocuparia o cargo de primeiro secratário do PCUS de
setembro de 1953 a outubro de 1964 e de presidente do Conselho de Ministros de
março de 1958 a outubro de 1964. Em geral, houve um processo de mudanças – não
isento de luta entre distintas facções – entre 1953 e 1958 até que se renovou completamente
o grupo de colaboradores mais próximos a Stalin, os quais foram enviados a
cumprir outras tarefas, mas nenhum foi julgado ou reprimido [2], vivendo uma
existência normal até o final de suas vidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Os novos
governantes soviéticos se enfrentaram então com uma série de obstáculos no
desenvolvimento econômico e social que punham de manifesto a necessidade de
profundas transformações na política econômica que se vinha aplicando, levando
em conta que o país não podia continuar crescendo extensivamente considerando
os limites demográficos impostos pela guerra, pelo que era necessário
incrementar a produtividade do trabalho, inclusive para brindar maior atenção
ao consumo e tudo isso em meio a um confronto crescente com o Ocidente no
âmbito político e militar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No terreno
econômico, um dos problemas mais importantes dessa etapa se encontrava na
agricultura, que arrastava dificuldades não resolvidas desde os anos da
coletivização forçada, ao que se acrescentavam os efeitos do conflito bélico.
De tal modo, em 1952 se alcançava uma colheita de cereais de 92,2 milhões de
toneladas, o que representava entretanto 3,6% abaixo de 1940. Sobre isso
observaria o historiador Alec Nove:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A situação da agricultura nos últimos anos de
Stalin esteve, pois, exacerbada pelas intervenções equivocadas da autoridade,
pela excessiva centralização das decisões, pelos preços extremamente baixos,
pelo insuficiente investimento e pela falta de incentivos adequados.”</span> [3]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Krushchov tentaria
solucionar esses problemas com diversas medidas – incluindo um tratamento mais
estimulante ao setor privado e cooperativo – mas sobretudo estendendo as áreas
agrícolas exportáveis na chamada “Campanha das Terras Virgens” que levou a
cultivar 46 milhões de hectares adicionais por mais de 300 mil jovens que se
mobilizaram entre 1954 e 1960 em territórios da Sibéria e do Cazaquistão e que
– embora não tenha sido a solução permanente para todos os problemas – produziu
um aumento notável da produção agrícola do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Igualmente começou
a ser redesenhada a política de industrialização, dirigindo-a com uma maior
prioridade para a produção de artigos de consumo frente ao até então
crescimento prioritário da indústria básica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse contexto e
apesar dos ajustes na política monetária que houve que realizar a partir das
distorções provocadas pela guerra – incluindo a reforma monetária de 1947, que
introduziu um câmbio de moeda com desvalorização – estima-se que os salários
reais dos trabalhadores mostraram um notável crescimento entre 1947 e 1952,
melhorando seu nível de vida. Essa tendência à melhoria nos níveis de vida da
população continuaria durante os anos 60, ainda quando nem todas as medidas que
se introduziram produziram os resultados esperados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Precisamente no
esforço para melhorar as condições de vida do povo, <b>Krushchov
fomentaria a ideia da coexistência pacífica</b> e – nesse contexto –
proporia superar em diferentes aspectos um grupo de indicadores da economia
norte-americana, objetivo que não contava com as condições indispensáveis para
ser alcançado em tão curto prazo. Não obstante, a taxa de crescimento da
produção industrial foi notavelmente elevada na economia soviética nesses anos.
Desse modo, <b>entre 1951 e 1955 a indústria cresceu 13,1% na média anual
contra 6,2% nos EUA; enquanto que entre 1956 e 1960 o crescimento foi 10,4% em
comparação com 2,4% nos EUA. No entanto, o Produto Nacional Bruto da URSS em
1955 representava apenas 40% do dos EUA, proporção que chegaria a 50% dez anos
mais tarde, o que denotava a magnitude do enorme esforço produtivo a se
desenvolver para igualar ou superar a América do Norte.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado,
não é possível ignorar que a Guerra Fria aumentaria as tensões entre a URSS e
seus antigos aliados da Segunda Guerra Mundial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">De fato, o Plano
Marshall, implementado pelos Estados Unidos, terminou sendo um programa de
ajuda à Europa ocidental para enfrentar o comunismo. A contrapartida soviética
apareceu em janeiro de 1949 quando se cria o CAME, ao tempo que surge a OTAN em
abril de 1949 e o Pacto de Varsóvia em 1955 como estruturas militares de
confrontação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Consequentemente,
a URSS – que havia se convertido em potência nuclear – elevaria notavelmente
seus gastos militares já nesses anos, duplicando o mesmo entre 1948 e 1952.
Conforme estimados, esses gastos representavam 17% do PIB em 1950 e em 1960
chegavam a 11,1%, proporções muito superiores às dessas despesas na economia
norte-americana, o que supunha um obstáculo maior para o crescimento da
economia nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não obstante, o rápido
desenvolvimento defensivo do país permitiu avançar na equiparação do potencial
militar com o Ocidente. Desse modo, especificamente na esfera de foguetes, se
pôs de manifesto o alcançado quando em 1957 se lançou o primeiro satélite
artificial da Terra e quatro anos mais tarde se enviou o primeiro homem ao
espaço, conquistas indiscutíveis do complexo científico-militar soviético
naqueles anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Outra das
transformações de maior importância desse período se dirigiria a modificar a
situação política interna vigente até 1953.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse sentido, já
desde 1955 se produziu uma diminuição das pessoas detidas pelos delitos
considerados como políticos e muitas foram reabilitadas ao se comprovar que
haviam sido condenadas injustamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um momento chave
nessas transformações foi constituído pelo XX Congresso do PCUS celebrado em
fevereiro de 1956 e no qual Nikita Krushchov apresentou um relatório a portas
fechadas denunciando as violações à legalidade incorridas pelo governo de
Stalin desde os anos 30. Esse processo continuaria com as análises do XXII
Congresso do PCUS celebrado em 1961, onde se produziu um enfrentamento com o
Partido Comunista da China por discrepâncias sobre a forma em que se criticou o
stalinismo, o que conduziu a um enfrentamento entre os dois maiores partidos
comunistas do mundo que duraria até 1989. Essa discrepância provocou uma
divisão dos partidos comunistas de muitos países, fenômeno de consequências
muito negativas para o movimento revolucionário da época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O processo de
superação dos erros políticos cometidos apresentou desafios importantes e se
pode afirmar que Krushchov assumiu uma grande responsabilidade, ao realizar a
análise crítica de uma etapa fundamental na história do país. A partir dessa
análise, embora as medidas adotadas fossem positivas, as mesmas resultaram
incompletas, já que não se aprofundou nas causas últimas desses fenômenos, não
houve um enfrentamento consequente da gestão burocrática predominante na
sociedade soviética e tampouco se criaram os mecanismos para assegurar uma participação
efetiva da população no governo dessa sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ainda, e apesar
das limitações de análise, foram eliminadas práticas repressivas e aberto um
espaço maior à discussão desses problemas no seio da sociedade soviética, que –
até certo ponto – conseguiu se reencontrar com sua própria história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Assim, durante
esses anos se produziram manifestações artísticas de alto valor que refletiram
criticamente esses complexos processos, tais como os filmes <i>Chistoye
nebo</i>ou <i>Quando voam as cegonhas</i> e também se publicaram
livros de testemunho como <i>Um dia com Ivan Denisovich</i>, do escritor
Alexander Solzhenitsyn [4], processos que contrastaram com a visão restritiva
da arte que predominou na etapa anterior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um fator
determinante no trabalho dos dirigentes soviéticos naqueles anos foi o esforço
para redesenhar a política e o sistema de direção da economia, com vistas a
garantir uma gestão econômica mais eficiente. Nesse sentido, as decisões
adotadas por Krushchov em 1957 trataram se avançar a uma planificação
descentralizada, para a qual se aboliu a estrutura de direção centralizada de
mais de 30 ministérios, os que se constituíram por cerca de 100 conselhos
econômicos locais, conhecidos como <i>sovnarkhos</i>, que se reagruparam
em 17 regiões em 1961. Essa mudança – sem que previamente se criassem condições
para uma transformação de semelhante complexidade – não resolveu tampouco os
problemas da direção econômica do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado, de
1958 até 1965 foram realizados debates sistemáticos dirigidos a superar os
problemas do modelo centralizado de gestão, transitando para uma
descentralização das decisões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Realmente a
história demonstrou que as decisões centralizadas desempenhavam um papel
fundamental quando na economia deviam se enfrentar um conjunto limitado de
medidas com vistas a alcançar mudanças estruturais básicos. Em efeito, na
evolução econômica da URSS essas decisões permitiram assegurar essas
transformações alcançando – por sua vez – altas taxas de crescimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, na
medida em que os objetivos de desenvolvimento social começaram a se
diversificar, as decisões absolutamente centralizadas deixaram de ser efetivas
– embora a eliminação dos seus defeitos mais evidentes tenha permitido avançar
rapidamente a curto prazo, tal como ocorreu com as transformações que se
implementaram na URSS entre 1953 e 1956 em relação à agricultura e à produção
de artigos de consumo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Chegado um ponto
entre o final dos anos 50 e a primeira metade dos anos 60, se pôs de manifesto
uma clara desaceleração nos ritmos de crescimento acompanhada do menor aumento
da produtividade do trabalho, o que evidenciou a necessidade urgente de uma
reforma econômica integral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O debate se
centrou então em quais decisões deviam continuar centralizadas –
fundamentalmente as que se referem ao balanço entre os grandes agregados
macroeconômicos – e quais deviam ser deixadas para serem adotadas a nível
empresarial, utilizando para isso os instrumentos do mercado. Em 1962 esse
debate alcançou um ponto de maior intensidade a partir das ideias do economista
soviético Evsei Liberman [5] que – essencialmente – propôs concentrar os
indicadores das empresas nos ganhos e controlar indiretamente sua gestão
mediante mecanismos de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como se comentou
na primeira parte deste trabalho, emergiu a discussão de como combinar plano e
mercado em uma economia socialista, mas sem que estivesse totalmente
esclarecido conceitualmente o tema das relações monetário-mercantis no
socialismo. Nesse sentido, as opiniões se dividiram: um grupo de países decidiu
utilizar os mecanismos de mercado mantendo uma planificação forte (foi o caso
da URSS, RDA, Romênia e em menor grau a Polônia), enquanto outros colocaram o
mercado como regulador principal da economia (foi o caso de Hungria,
Tchecoslováquia e Bulgária) dando lugar aos conceitos que formariam as teses do
chamado socialismo de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado,
surgiram ideias muito interessantes, algumas das quais não foram levadas em
consideração adequadamente. Esse foi o caso dos modelos econômico-matemáticos
que se elaboraram em meio a esse debate por destacados acadêmicos como Leonid
Kantorovich – um dos criadores da programação linear –, V. Nemchinov e Victor
Novozhilov. Tal foi o caso do modelo de gastos de relação inversa elaborado
pelo acadêmico soviético Novozhilov que permitia manter um marco de decisões
centralizadas e – ao mesmo tempo – possibilitava às empresas achar a variante
mais adequada do plano central mediante a chamada centralização indireta [6].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">As discussões foram
muito intensas e evidentemente – se bem a aplicação das reformas tenha levado a
melhores ritmos de crescimento entre 1966 e 1970 na URSS e a maioria dos países
socialistas europeus – essa tendência não se sustentou ao longo do tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em outubro de
1964, Nikita Krushchov foi substituído em seu cargo a partir de erros em que
tiveram muito peso a não solução efetiva dos problemas da agricultura e a queda
nos ritmos de crescimento da economia soviética naqueles anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">V<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A saída de Nikita
Khrushchov do governo soviético em outubro de 1964 marcou o fim do
enfrentamento oficial com o fenômeno do stalinismo e também o final de uma
conduta que sem dúvida teve méritos, mas do mesmo modo mereceu a crítica de
seus contemporâneos pela falta de sistematicidade nas transformações econômicas
e políticas que tratou de introduzir; os métodos de direção marcados por uma
alta centralização de funções em sua pessoa; a oscilante política agrária, onde
os êxitos foram apenas temporários; a insensata competição para igualar a economia
dos Estados Unidos em um curto prazo; e os descalabros em política
internacional que conduziram à ruptura com a China, ao levantamento do Muro de
Berlim, em 1961, e à Crise dos Mísseis, em 1962.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A avaliação
histórica da figura de Khrushchov tem sido controversa, pois alguns autores
como Roger Keeran e Thomas Kenny – autores do livro <i>O socialismo traído</i>,
que foi publicado em Cuba –, avaliam essa personalidade como continuadora de
tendências social-democratas no PCUS, estabelecendo uma avaliação claramente
tendenciosa e enviesada de seu desempenho. Por outro lado, Hans Modrow – último
secratário-geral do Partido Socialista Unificado da RDA, em seu livro <i>A
perestroika: impressões e confissões</i>, aponta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“O fato de que
Khrushchov tenha tido o valor de apontar com toda clareza os delitos cometidos
em nome de Stalin, e por conseguinte em nome do socialismo, lhe assegura um
importante posto. Somente dogmáticos incorrigíveis defendem o critério de que a
decadência do socialismo começou com ele.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A equipe de
direção que o sucedeu se iniciou com uma divisão de poderes entre Leonid
Brezhnev como secretário-geral do PCUS e máximo dirigente do país, Alexei
Kosyguin como presidente do Conselho de Ministros e Anastas Mikoyan como
presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS, o qual foi substituído por
Nikolay Podgorny em 1965. A partir de 1977 Brezhnev ocuparia também a
presidência do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Brezhnev, assim
como Khrushchov, havia nascido na Ucrânia e ambos tiveram muitos pontos de
contato em suas carreiras políticas a ponto de que Khrushchov o considerasse
como segundo no comando do Partido na altura de 1964. No entanto,
diferentemente de Khrushchov, Brezhnev sempre foi muito conservador em sua
atuação e decisões, fator que incidiria em seu exercício como máximo dirigente
soviético durante 18 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">De tal modo, a
equipe de direção do PCUS que se instala em 1964 tratou de buscar uma
estabilidade que contrastava com as reformas que havia impulsionado o sucessor
de Stalin – muitas delas controversas – durante 11 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Contudo, a
situação nesses momentos indicava claramente que eram indispensáveis mudanças
no sistema de direção da economia e nessa circunstância os debates que haviam
começado em 1958 apontavam também nessa direção, levando em conta que os
resultados econômicos mostravam uma queda no ritmo de crescimento da produção
industrial, que alcançou 8,6% entre 1961 e 1965 de 10,4% entre 1956 e 1960, ao
que se acrescentavam desastrosos resultados das colheitas agrícolas na primeira
metade dos anos 60.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa tarefa foi
assumida por Alexei Kosyguin, cuja trajetória era a de um magnífico dirigente
empresarial que havia transitado por cargos de alta responsabilidade estatal
desde antes da Segunda Guerra Mundial até o governo de Khrushchov. Em tal sentido,
ainda hoje se reconhecem seus méritos como membro do Conselho de Defesa da URSS
nos anos do conflito bélico ao organizar a mudança exitosa para o leste das
indústrias que, se não fosse isso, ficariam na zona ocupada pela Alemanha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Após intensos debates,
em setembro de 1965, foi aprovada a reforma econômica soviética que tratava de
combinar uma maior presença de mecanismos de mercado com uma planificação
centralizada, onde esta última mantinha a preponderância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Novamente desde
sua aprovação a adequada combinação entre a gestão macroeconômica e a direção
empresarial, traduzida na relação entre a planificação centralizada e a
descentralização de um grupo de decisões, não encontrou um canal adequado ao
abordar conceitualmente a vinculação entre plano e mercado. Por outro lado,
eram evidentes as deficiências de uma economia onde se planificava centralmente
até o detalhe todas as operações da empresa. Mas – por outro lado – pretender
que o mercado regulasse a atuação da empresa estatal, tomando como princípio
orientador básico a rentabilidade, não assegurava que se cumprissem os
objetivos a alcançar em uma sociedade socialista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Se acordou então
incluir algumas medidas próprias de uma economia de mercado a nível empresarial
com o objetivo de flexibilizar e descentralizar sua gestão – limitando o
alcance das transformações propostas por Evsei Liberman em 1962 –,
acrescentando-lhe incentivos para administradores e trabalhadores, mas mantendo
praticamente sem mudanças o sistema central de planificação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse último
aspecto não se trabalhou com igual intensidade e uma planificação mais flexível
na microeconomia, especialmente para a formação dos preços a partir do uso de
modelos econômico-matemáticos foi totalmente subestimada. Nos meios acadêmicos
se estendeu o critério de que a única solução aos problemas transitava por uma
ampliação do mercado ao qual teria que se adaptar à planificação, critério
tecnocrático de fatais consequências que se abriria caminho definitivamente na
crise do final dos anos 80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Logicamente, as
contradições não demoraram a aparecer levando em conta – também – de que a
visão burocrática dos fenômenos econômicos estava presente tanto a nível dos
ministérios como das empresas e isso se apreciou claramente pela ausência total
de modificações no referido a conquistar uma maior participação dos
trabalhadores no processo de tomada de decisões, elemento central para o êxito
de qualquer política econômica socialista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado, o
esforço de Kosyguin por impulsionar as mudanças encontrou resistência nos
níveis superiores de direção e, embora não se possa dizer que Brezhnev se opôs
às reformas, tampouco as apoiou visivelmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não obstante, os
resultados econômicos – ainda quando não alcançaram os objetivos previstos –
tiveram um impacto positivo por quanto cresceu a renda nacional na economia
soviética de 1966 a 1970 em 7,8% e manteve uma média anual de crescimento de
5,7% entre 1971 e 1975, cifras que mostraram um desempenho inclusive superior
ao crescimento dos Estados Unidos naqueles anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A situação começou
a mostrar maiores dificuldades quando de 1976 a 1980 a renda cresceu 4,3%, o
que motivou novamente a reversão de diferentes aspectos do sistema de direção a
uma maior centralização em 1979 e entrou definitivamente em um processo de
estancamento de 1981 a 1985, quando só aumentou 3,6%. Além dessas cifras, os
fatores intensivos no crescimento da economia – que medem a qualidade desse
crescimento – baixaram de 28,4% dos aumentos em 1966-70 a 21,3% em 1976-80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse último
aspecto destaca-se que, sendo a URSS um país com alto potencial científico – o
país chegou a concentrar 25% dos cientistas de todo o mundo –, foi difícil o
desenvolvimento da inovação e a introdução dos crescimentos científicos
técnicos na economia, salvo no complexo militar-industrial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Adicionalmente,
não deve ser deixado de lado que tudo isso ocorre em meio a um processo de
crescimento da economia informal, também chamada segundo economia cujo peso –
segundo estimados pelos próprios soviéticos – passou de um nível equivalente a 3,4%
do PIB em 1960 para 20% em 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado, as
transformações políticas internas e externas entre 1965 e 1985 tiveram também
um muitos aspectos um impacto desfavorável no desempenho econômico, político e
social da URSS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em primeiro lugar,
a limitada abertura à discussão dos problemas da sociedade soviética que se
expressou sobretudo na literatura e no cinema, assim como nos debates
acadêmicos na época de Khrushchov, praticamente acabou a partir de 1965. Nesse
sentido, tudo indica que primou o critério de que o fundamental era a elevação
do nível de vida material dos cidadãos soviéticos – fenômeno que efetivamente
ocorre entre 1965 e 1975 –, mas não foram atendidos os aspectos que redundariam
em uma existência espiritualmente mais plena do homem e no desenvolvimento de
uma cultura socialista no mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como foi apontado
pelos analistas Ariel Dacal e Francisco Brown:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“Tudo isso trouxe
como resultado uma lacuna na opinião pública que foi relativamente fácil de
ocupar com a propaganda capitalista, que incentivava o descrédito do
socialismo, baseada fundamentalmente na incitação ao consumo e à liberdade, o
que logicamente surtia efeito em uma população necessitada de consumo e
liberdades básicas.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa situação se
viu – ademais – agravada pela ausência de vínculos entre a população e a
chamada nomenklatura da direção política do país que envelheceu em seus cargos,
gozando de privilégios que mancharam a exemplaridade social que deviam ter.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Igualmente o
manejo da política exterior soviética durante esses anos que impunha uma linha
de ação incondicional a Moscou lavou à invasão da Tchecoslováquia em 1968 para
frear as posições social-democratas que se observavam em seus dirigentes, mas
em uma ação violatória da soberania nacional desse estado socialista e que
daria lugar à chamada Doutrina Brezhnev da soberania limitada na Europa
Oriental. Essa decisão que se argumentou como inevitável para evitar a
transição ao capitalismo em um país socialista teve um alto custo político que
– em última análise – não propiciou a retificação necessária do conservadorismo
na direção do PCCh nem conduziu à análise das verdadeiras causas desses
acontecimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Uma intervenção
similar se produziria com a invasão do Afeganistão em 1979 para apoiar uma das
facções em conflito no governo desse país, que se estendeu durante dez anos,
onde as tropas soviéticas não conseguiram dominar a situação e que teve
nefastas repercussões para o prestígio da URSS no Terceiro Mundo e em
particular para o Movimento dos Não-alinhados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Finalmente, o
poderio militar da URSS aumentou de forma notável durante esses anos no
contexto de uma política de coexistência pacífica como premissa para preservar
a paz entre as duas superpotências, alcançando a paridade estratégica entre
elas a custa de um enorme esforço, o que sem dúvida foi uma conquista
significativa da parte soviética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Entretanto, a
extrapolação dessa coexistência pacífica às relações com os países que lutavam
contra a dominação colonial e neocolonial colocou a direção soviética em uma
posição de incompreensão da luta anti-imperialista e anticolonial no Terceiro
Mundo. Não obstante isso, e em honra à verdade, deve ser dito que muitos países
receberiam para sua luta o apoio militar da pátria de Lenin nos anos 70 e 80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Quando ocorre a morte
de Leonid Brezhnev em 1982 eram ainda mais evidentes a necessidade de reformas
econômicas e políticas para sair do estancamento em que se encontrava o país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Chega então ao
poder como secratário-geral do PCUS Yuri Andropov, considerado um homem de firmes
convicções e experiência, que havia dirigido os serviços de segurança (KGB)
desde 1967. Sua trajetória abarcava desde a luta guerrilheira contra o exército
alemão na Segunda Guerra Mundial, passando por diferentes cargos no aparato do
PCUS, incluindo seu trabalho como embaixador na Hungria nos anos 50, chefe do
departamento do Comitê Central que atendia as relações com outros países
comunistas e membro do Burô Político desde 1973.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Era considerado um
dirigente culto e consciente da necessidade de mudanças na sociedade soviética,
embora não tenha proposto um programa amplo de reformas, mas implementou – a
partir de julho de 1983 – uma série de medidas que retomavam aspectos da
reforma econômica de 1965 ante o fracasso das decisões adotadas em 1979, as quais
foram denominadas de “experimento econômico”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Andropov enfrentou
também a indisciplina laboral, o alcoolismo e a corrupção. Especialmente neste
último aspecto se centrou nos cargos de direção mais elevados na sociedade e em
15 meses substituiu 18 ministros e numerosos quadros na nomenklatura do PCUS,
ao mesmo tempo em que introduzia pessoas mais jovens nos postos de direção mais
importantes, incluindo entre eles Mikhail Gorbatchov.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Apesar de seus
esforços – que enfrentaram também forte oposição da burocracia partidária – sua
maior limitação foi seu próprio estado de saúde, já que no momento em que foi
nomeado máximo dirigente da sociedade soviética com 67 anos sofria de uma
insuficiência renal, o que o obrigava a se submeter a diálises de forma
regular, situação que foi reduzindo sua capacidade de trabalho até que faleceu
em fevereiro de 1984.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A implementação de
uma chamada política de estabilidade nos quadros durante a administração de
Brezhnev levou a um imobilismo e à não promoção de dirigentes mais jovens,
fenômeno que entrou em crise com a morte de Andropov. Daí que se elegesse um
candidato de transição – supostamente para ganhar tempo – que acabou sendo
Konstantin Chernenko, de 73 anos, quem se encontrava também gravemente doente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O novo
secretário-geral havia desenvolvido sua carreira política essencialmente no
aparato do PCUS, onde foi chefe do Departamento Geral do Comitê Central de 1965
– ocupando-se principalmente como chefe de despacho do secretariado geral –,
sendo promovido ulteriormente ao secretariado em 1976 e finalmente ao burô
político em 1978.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Se reconheceu que
Chernenko não era uma pessoa com a preparação necessária para o cargo que
ocuparia, levando em conta a complexidade da situação interna prevalecente na
URSS em 1984 e a situação internacional, marcada por tensões crescentes nas
relações com os Estados Unidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Terminava assim
uma etapa onde na altura de 1980 só 7% dos membros permanentes do Burô Político
e 17% dos ministros tinham 60 anos ou menos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Konstantin
Chernenko faleceu em março de 1985, 13 meses depois de ter assumido o cargo.
Nesse ano foi eleito secretário-geral do PCUS Mikhail Gorbatchov, que
permaneceria no mesmo posto até 1991, quando desaparece a União Soviética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">VI<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ao morrer
[Konstantin Chernenko], em março de 1985, foi promovido como secretário-geral
do PCUS Mikhail Gorbatchov. Com 54 anos de idade, era o secretário-geral mais
jovem eleito após a Segunda Guerra Mundial e também o primeiro que não havia
participado dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Gorbatchov havia
se graduado como jurista e desenvolvido sua carreira trabalhando em diferentes
estruturas do Partido, onde ocupou cargos de direção na região russa de
Stavropol desde 1962 e como secretário-geral entre 1970 e 1978. Ingressou no
Comitê Central do PCUS em 1971 e em 1978 foi promovido a membro do Secretariado
do Comitê Central a cargo da agricultura – anteriormente havia obtido o título
de agrônomo em estudos por correspondência – sendo promovido a membro do Burô
Político em 1980.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Já sob a direção
de Andropov, Gorbatchov havia vindo se destacando como um quadro em ascensão.
Tratava-se sem dúvidas de uma pessoa inteligente, com capacidade de direção e
facilidade de comunicação, a qual contrastava com a personalidade de seus
antecessores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não obstante, sua
experiência prática na direção do Estado e sua formação em temas de política
econômica e relações internacionais resultariam muito limitadas para o cargo
que ocuparia em 1985.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O panorama que o
novo dirigente enfrentaria era complexo. A URSS sofria um significativo
desgaste sociopolítico como resultado do estancamento econômico, a deterioração
de indicadores sociais básicos e também como consequência das sequelas – apenas
parcialmente superadas – de um sistema político que havia falhado em dar uma
resposta estável para superar adequadamente o capitalismo. Esse último aspecto
era evidente pela burocratização dos processos de direção, a falta de renovação
de dirigentes e a consequente carência de mobilidade social, assim como a falta
de uma cultura socialista plenamente desenvolvida e a ausência de participação
efetiva dos trabalhadores na gestão democrática da sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Precisamente no
referido a esses últimos aspectos, chamava a atenção a passividade da sociedade
soviética diante dos problemas da vida cotidiana, fenômeno que se manifestaria
também nos últimos anos de existência da URSS. No que se refere à necessidade
de uma nova forma de vida, o politicólogo russo Serguei Kara-Murza forneceria
uma interpretação interessante sobre o tema, ao apontar:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“... a vida do
povo soviético com seu bem-estar garantido (inclusive se este tivesse sido
grande!) se converte em uma existência sem objetivos (…) Para um cidadão médio
era enfadonho viver no socialismo soviético desenvolvido. E nosso projeto não
propôs saída alguma para esse tédio (…) O socialismo que os bolcheviques
construíram era efetivo como projeto para pessoas que haviam sofrido desgraças
(…) Mas o projeto não respondia às exigências de uma sociedade próspera que já
havia sofrido e esquecido a desgraça.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado,
estava presente o crescimento de uma economia privada ilegal, também chamada de
segunda economia que, – segundo estimativas já mencionadas anteriormente –
alcançava um nível equivalente a 20% do PIB em 1988. A presença dessas
ilegalidades se vinculava à extensão da corrupção no aparato estatal soviético
durante o mandato de Brezhnev, fenômeno que foi inicialmente objeto de atenção
prioritária por Yuri Andropov em seu breve período de mandato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No âmbito da
política econômica e do sistema de direção da economia, a ziguezagueante
evolução das reformas dos últimos 20 anos não haviam trazido os resultados
esperados. Não obstante, é preciso esclarecer que – apesar das dificuldades
apontadas – a economia soviética não se encontrava então em meio a uma crise
irreversível e mesmo que seja possível falar de um estancamento naqueles anos,
há que se referir também à necessidade – não satisfeita – de consolidar um
crescimento intensivo por meio do incremento da produtividade do trabalho.
Apesar das dificuldades, deve se apontar que o nível de existência material do
cidadão soviético médio havia aumentado notavelmente entre 1965 e 1985.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Tampouco deve ser
deixado de lado o fato de que desde o final da década de 1970 a URSS enfrentava
um reforço na ofensiva política e militar do Ocidente, encabeçada por Ronald
Reagan nos Estados Unidos e Margareth Thatcher na Grã-Bretanha. Buscava-se –
por diferentes vias – exacerbar as dificuldades econômicas do país por meio de
uma política de sanções; romper o equilíbrio militar, especialmente no teatro
de operações europeu, através da instalação de novas armas estratégicas –
particularmente o Sistema de Defesa Antimísseis – no que se conheceria
popularmente como “guerra das estrelas” e elevar as contradições internas nos países
da Europa Oriental, assim como suas diferenças com a União Soviética. Um
impacto evidente dessas pressões se manifestaria no gasto estimado entre 3 e 4
bilhões de dólares anuais para sustentar a presença de tropas soviéticas no
Afeganistão – de onde só se retirariam em 1989 – e a transferência de 1 a 2
bilhões de dólares anualmente para apoiar o governo polonês frente à ofensiva
antissocialista do Sindicato Solidariedade a partir de 1981.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como é lógico, os
temas econômicos despertaram a imediata atenção de Gorbatchov e sua equipe. De
fato, as primeiras medidas adotadas em 1985 apresentaram uma reconsideração das
metas de crescimento para o quinquênio 1986-1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Curiosamente,
somente dois meses após ocupar o cargo o secretário-geral mostraria um critério
que contrastava com os que predominavam desde as reformas econômicas
anteriores: <b>“Muitos de vocês veem a solução de seus problemas acorrendo
a mecanismos de mercado no lugar da planificação direta. Alguns de vocês veem o
mercado como o salva-vidas para os problemas econômicos, mas, camaradas, vocês
não devem ver o salva-vidas mas sim o barco e o barco é o socialismo”</b>. Mas
esses critérios – assim como muitos outros – mudariam rapidamente na visão do
máximo dirigente soviético.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na evolução da
política interna da URSS durante os últimos anos de sua existência, podem ser
delimitadas claramente três etapas: 1985-1987, 1988-1989 e 1990-1991.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Durante os dois
primeiros anos do mandato de Gorbatchov, se deu continuidade à maioria das
linhas traçadas por seu antecessor, mediante uma política na qual pretendia-se
aperfeiçoar a gestão econômica nos marcos do socialismo. Muitas das ideias
acerca da necessidade de profundas mudanças já haviam sido formuladas por
Gorbatchov no Pleno do CC do PCUS de dezembro de 1984 – onde já se falava da
perestroika – e no Pleno correspondente a abril de 1985. A ênfase seria posta
no desenvolvimento mediante a utilização do potencial científico técnico do
país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A apresentação de
um programa econômico mais amplo se fez no XXVII Congresso do PCUS em fevereiro
de 1986, que – em síntese – contemplava tornar mais eficiente a direção
centralizada da economia, estender resolutamente a autonomia às empresas,
passar a métodos econômicos de direção, utilizar para a administração as
estruturas orgânicas modernas e democratizar todos os aspectos da
administração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um aspecto que
incidiria nos resultados da direção da sociedade soviética foi a decisão
imediata de substituir dirigentes em todos os níveis, o que – embora pudesse
ser justificado a partir de diferentes pontos de vista – na prática
contribuiria para a instabilidade que se observou nos processos de direção
durante esses anos. De tal modo, no prazo de um ano se substituiu 50% dos
membros do Burô Político, cinco dos 14 secretários do partido a nível
republicano, foi dado baixa a 50 dos 157 secretários do partido a nível
regional e distrital e no total se substituíram cerca de 15.000
administradores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Simultaneamente,
foram promovidos ao Burô Político sucessivamente três dirigentes que exerceriam
uma grande influência em Gorbatchov e no futuro da sociedade soviética nos anos
seguintes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essas pessoas
foram <b>Alexandr Yakovlev, que havia ocupado cargos de importância na
esfera da propaganda e da mídia no Comitê Central, e que também fora embaixador
no Canadá durante 10 anos e que se tornaria secretário do Comitê Central e um
dos assessores políticos mais importantes de Gorbatchov; Eduard Shevardnadze,
que havia dirigido o partido na Geórgia e que passaria a ocupar o cargo de
Ministro de Relações Exteriores; e Boris Yeltsin, dirigente do partido na
cidade de Sverdlovsk, que foi designado para o importante cargo de secretário
do PCUS na cidade de Moscou. </b>Os três eram conhecidos – com diferentes
matizes – por suas posições críticas e reformistas de corte social-democrata,
que derivariam para expressões claramente anticomunistas e antissoviéticas no
decorrer desses anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Durante esse
período inicial, se sucederam rapidamente um conjunto de medidas de caráter
socioeconômico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em primeiro lugar
e para impulsionar o desenvolvimento, em junho de 1985 foram criados 23 novos
complexos científicos e modificado o plano quinquenal em outubro para priorizar
a produção de equipamentos tecnológicos avançados. Para se ter uma ideia da
mudança que se implementava, deve ser levado em consideração que naquela época
mais de 70% do potencial científico da URSS estava vinculado diretamente ao
complexo industrial-militar, portanto uma transformação a curto prazo no
emprego desse potencial era uma tarefa de enorme complexidade para intensificar
a produção e ao mesmo tempo assegurar a defesa do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em uma decisão de
elevado impacto social, Gorbatchov lançou uma campanha contra o consumo de
álcool em maio de 1985, um problema que – efetivamente – durante muitos anos
havia incidido negativamente na saúde e na disciplina laboral soviética. Para
isso, diminuiu a produção de vodka e limitou os horários de venda da bebida,
medidas que – no entanto – não atacaram as complexas e profundas raízes do
fenômeno na história do povo russo, não contaram com o necessário apoio social
e a longo prazo resultaram ineficazes, já que se produziu um notável incremento
da produção da aguardente caseira em alambiques clandestinos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Igualmente, em
maio de 1986, se implementou uma nova legislação para controlar os rendimentos
não provenientes do trabalho, em um processo que tampouco aprofundou as causas
da existência, desenvolveu a economia informal e não produziu resultados
socialmente favoráveis. Por outro lado, em novembro desse ano se aprovou uma
nova legislação sobre o trabalho individual que contribuiria para formalizar um
conjunto de atividades que se desenvolviam a margem da lei. Curiosamente, nessa
legislação não se autorizava o trabalho assalariado, princípio que se
abandonaria posteriormente. Finalmente em novembro de 1987 aprova-se uma
legislação que permite a entrega em arrendamento de bens estatais, preâmbulo da
privatização de bens públicos que se abriria caminho pouco tempo depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Também como
exemplo das mudanças institucionais que, com um enorme alcance, foram
empreendidas a toda a velocidade na estrutura do governo, no final de 1985 se
criou uma espécie de superministério para gerenciar a produção agroindustrial
sob a denominação de Gosagroprom, que flexibilizou a produção agrícola com uma
orientação mercantil, mas que tampouco produziu os impactos esperados e se
dissolveu com a mesma rapidez com que foi criado, em abril de 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No âmbito da
transformação nas relações de propriedade, foi aprovada a criação das
cooperativas não agropecuárias em outubro de 1986, que – segundo o critério de
vários analistas – serviu mais para cobrir atividades ilegais do que para criar
uma nova forma de gestão social. De igual modo, em janeiro de 1987 o país se
abriu novamente ao investimento estrangeiro, fenômeno que não havia estado
presente desde os anos da NEP e que teve um frio acolhimento no exterior, pois
no final do ano só haviam sido investidos 89,3 milhões de dólares sob esse
conceito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Uma transformação
de enorme transcendência no âmbito da propriedade estatal foi a aprovação de
uma nova lei da empresa estatal em junho de 1987 sob os princípios da
autonomia, a autogestão e o autofinanciamento que abria um espaço maior ao
mercado reduzindo o papel da planificação e a direção central das empresas.
Nessa legislação se percebia uma clara influência da reforma econômica que
sobre o tema havia se desenvolvido desde o início dos anos 1980 na Hungria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Finalmente, o
Pleno do Comitê Central em junho de 1987 aprovou o que se denominou como
Programa para a Reforma Econômica Radical, que – em síntese – assentaria as
bases para ingressar no socialismo de mercado na URSS. Ao longo desse processo
pode se apreciar como durante o período que vai de 1985 a 1987 se vai operando
uma transformação da política econômica que rompe com as premissas das reformas
econômicas anteriores e começam a aparecer sinais claros de mudanças que se
distanciam das premissas essenciais adotadas para aperfeiçoar o socialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse ponto deve
ser destacado que houve dois conceitos cujo conteúdo presidiria as
transformações a serem empreendidas, mas que iriam se transformando com o
tempo. O primeiro era a perestroika, que pode ser traduzido como reconstrução
ou reestruturação e o segundo foi a glasnost, ou transparência. <b>Em
ambos os casos, inicialmente o alcance das mudanças a serem introduzidas se
enquadravam nos marcos do socialismo, unindo-se às exigências pela
democratização dos processos de direção social com esse mesmo referente.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, <b>já
a partir dos acordos do Pleno do Comitê Central do PCUS de janeiro de 1987 se
introduz um conceito de democratização com referentes liberais próprios da
sociedade burguesa e se vão desfazendo os aspectos socialistas de atuação da
perestroika e da glasnost como instrumentos para aperfeiçoar o socialismo,
transformando-se gradualmente em elementos para seu questionamento.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Simultaneamente –
no âmbito dos meios de comunicação – a exigência de maior transparência na
governabilidade social se focaliza em uma revisão histórica do desenvolvimento
da URSS e – particularmente – a uma avaliação crítica do fenômeno do
stalinismo. <b>Nesse processo abriu-se caminho a inimigos declarados do
socialismo e nunca foi realizada uma análise ponderada da complexa história do
país, o que fez com que tudo isso conduzisse a uma campanha que terminaria
questionando as indiscutíveis conquistas do socialismo na sociedade soviética e
a criar uma enorme confusão na sociedade.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ao terminarem
esses dois primeiros anos, os resultados econômicos mostraram uma tendência ao
retrocesso com o crescimento da renda nacional que baixou de 2,3% em 1986 para
1,6% em 1987; a produção industrial decresceu de 4,4% para 3,8% e a produção
agropecuária de 5,3% se contraiu 0,6%.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A partir desse
momento o debate oscilaria em torno da aplicação das reformas, por um lado, e
da adoção de medidas imediatas de estabilização econômica, por outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">VI<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como foi destacado
anteriormente, o debate em torno da necessidade de estabilizar a economia para
poder levar adiante as reformas se agudizou notavelmente entre 1988 e 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A partir dos
resultados econômicos de 1987, era evidente que o país se enfiava em uma crise
derivada do desequilíbrio financeiro interno unido ao vazio que começava a se
manifestar na direção da economia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Além disso, as
contradições no seio da direção do país se manifestaram com força na esfera
política. Surgiram dois cenários de intenso debate interconectados: por um
lado, se desenvolvia uma intensa campanha que questionava o papel do PCUS na
sociedade soviética e, por outro, se criticava com força a ineficiência da
reforma econômica aplicada até esse momento. Neste processo cabe destacar o
enfrentamento de Gorbatchov com Yeltsin em novembro de 1987, que levou à
separação deste último de seus cargos no PCUS, embora ocuparia um cargo
ministerial de segunda ordem posteriormente, até ressurgir como líder da
oposição em 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O enfrentamento e
a divisão no seio do Partido seriam conhecidos publicamente no Pleno do CC
celebrado em janeiro de 1988, quando a direção dos chamados reformistas
radicais acusou o próprio Partido de se opor à perestroika, tendência que
acabaria por se impor na XIX Conferência do PCUS celebrada em junho desse ano,
em que – também – se aprovou liquidar o papel do Partido na direção da gestão
econômica do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Se produziu assim
uma reformulação da linha política aprovada no XXVII Congresso e se consagrou a
necessidade de uma mudança no sistema político soviético para transformá-lo em
um regime presidencialista, com um parlamento no melhor estilo das democracias
burguesas. Isso se materializou durante o primeiro semestre de 1989 ao se
eleger em maio o novo Congresso de Deputados Populares e o Soviete Supremo da
URSS. O Congresso teria 1.500 deputados eleitos para um período de cinco anos,
deles 750 assentos seriam reservados para o Partido e as organizações afins.
Dentre os deputados se elegeria uma espécie de Soviete Supremo bicameral como
órgão permanente que deveria prestar contas ao Congresso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em meio a essas
polêmicas, o debate econômico enfrentou duas tendências: por um lado, aqueles
que defendiam uma rápida implementação das reformas e por outro os que
expressavam a necessidade urgente de estabilizar a economia previamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nessas discussões
venceu o critério de ir em busca da estabilidade mediante uma maior
liberalização da economia. De tal modo, em maio de 1988 se aprova uma nova lei
de cooperativas não agropecuárias, que – a partir das consequências que gera o
crescimento da especulação – seria modificada em outubro de 1989; no mês de
julho de 1988 se limita a participação estatal nas empresas, restringindo assim
seriamente a capacidade do planejamento estatal para dispor de produções e
serviços com a intenção de serem utilizados de acordo com os interesses
sociais; e no verão do mesmo ano se aprova pela primeira vez o arrendamento de
terras de propriedade estatal para serem exploradas por trabalhadores
individuais ou cooperativas, processo que aponta cada vez mais para a
privatização da propriedade pública.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No ano seguinte,
diante das enormes dificuldades no mercado interno, os produtos de primeira
necessidade são racionados e é estabelecida uma regulação dos preços em
novembro de 1989, mas ambas as medidas não cumprem os objetivos previstos a
partir do enfraquecimento do Estado para sua implementação frente às medidas
que fortalecem cada vez mais os mecanismos de mercado. Essa tendência se
fortalece adicionalmente pela aprovação que se produz de arrendar bens ou
empresas estatais por entidades privadas ou cooperativas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, o
elemento que marcou formalmente o início do fim da economia socialista foi a
aprovação em novembro de 1989 da primeira proposta integral de transição a uma
economia de mercado regulada.</span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;"> Nessa
proposta se incluía uma denúncia inequívoca da planificação central e uma
defesa do mercado; defende-se o pluralismo nas formas de propriedade; e se
exigia uma mudança radical no sistema econômico, por meio de um processo
gradual de introdução da economia de mercado a partir de 1991.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Conjuntamente no
âmbito político se produziu uma transferência do poder real do Partido e do
Estado para o Congresso de Deputados Populares e para o novo Soviete Supremo
eleitos em maio de 1989, iniciando-se assim a reconfiguração do aparato estatal
de acordo com o modelo do Ocidente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Não de menor
gravidade era o incremento dos conflitos interétnicos, como o desencadeado no
Cazaquistão em 1986 e o enfrentamento armado em 1988 entre Armênia e Azerbaijão
pelo enclave de Nagorno-Karabakh. Ao mesmo tempo era iniciado um processo
secessionista de Letônia, Lituânia e Estônia – que declaram sua soberania entre
maio de julho de 1989 – ao qual seguiria a insubordinação frente ao poder
central do resto das repúblicas da União.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A evolução dos
indicadores socioeconômicos desses anos marcou o último período de crescimento
da URSS. Assim, a renda nacional aumentou 4,4% em 1988 e desacelerou 2,4% em
1989; a indústria cresceu respectivamente 3,9% e 1,7%; o setor agropecuário
aumentou 1,7% e diminuiu em seu avanço para somente 1% em 1989; enquanto que a
dívida externa se elevou de 43 bilhões para 54 bilhões de dólares. Já em 1989 a
pobreza afetava 15% da população soviética.</span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa situação
crítica não passou inadvertida por uma parte da classe operária que – pela
primeira vez – em julho de 1989 desencadeou extensas greves no setor da
mineração que estalaram na Ucrânia, Rússia e Cazaquistão, encabeçadas por
grupos independentes a margem dos sindicatos oficiais, dando início a uma série
de protestos sociais que já não desapareceria até o fim da URSS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Por outro lado,
durante esses anos na esfera das relações internacionais a posição soviética
sofreria um deterioramento marcado já visível no fracasso da cúpula
Gorbatchov-Reagan em Reykjavik celebrada em outubro de 1986, ao que seguiria o
início de um processo de desarmamento unilateral da URSS frente à resistência e
beligerância ocidental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como parte desse
processo se produziria simultaneamente a retirada das tropas soviéticas do
Afeganistão, tornada pública em fevereiro de 1988; o anúncio em dezembro de
1988 da redução unilateral de 500 mil efetivos militares no exército soviético
e a retirada de seis divisões de tanques da Europa Oriental; assim como a
declaração de julho de 1989 de que as nações membros do Pacto de Varsóvia
estavam livres para escolher seu próprio caminho ao socialismo, o que
significou na prática o princípio do fim da aliança política com as chamadas
democracias populares europeias e seus governos. Este último se expressaria
dramaticamente nas posições de Gorbatchov em relação ao governo de Erich
Honecker na RDA [7].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A desconexão
soviética do que começou a ocorrer na Europa Oriental a partir da derrubada do
socialismo na Polônia, onde as eleições do verão de 1989 levaram ao poder o
Sindicato Solidariedade em detrimento do POUP [o Partido Comunista] e até a
reunificação alemã em outubro de 1990, foi um processo negativo em todos os
aspectos para a direção da URSS, a que – no entanto – não fez outra coisa senão
se retrair diante desses acontecimentos, sem reagir ao que essa enorme
transformação na correlação de forças na Europa significava para a política
internacional do PCUS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">VII<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Os anos de 1990 e
1991 mostraram uma União Soviética em uma crise política terminal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Uma rápida
sucessão de acontecimentos em 1990 marcou – com toda clareza – o rumo
definitivo para a destruição do Partido e do Estado multinacional. De tal modo,
o Pleno do CC do PCUS de fevereiro – dominado pelas forças de direita – aprovou
a renúncia do Partido de ser a força dirigente da sociedade soviética;
Gorbatchov foi eleito presidente em março, tratando de concentrar todo o poder
possível em suas mãos e governando por decreto, ao tempo que Yeltsin ressurgia
como presidente da Rússia em maio, encabeçando o bando dos “democratas” e
iniciando uma confrontação em todos os níveis com o governo central. Em meio a
esses acontecimentos, em julho de celebrou o XXVIII Congresso do PCUS, que
confirmou a capitulação de seus dirigentes e revelou o surgimento de diferentes
facções no Partido [8], enquanto o centro da discussão foi como transitar para
uma economia de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Durante o ano de
1990 os debates econômicos no aparato estatal se concentraram em como acelerar
a passagem para o capitalismo. Surgem assim o “Plano dos 400 dias” em
fevereiro, o “Plano dos 500 dias” em julho e o chamado “Plano do Governo” em
setembro. Depois de um intenso debate parlamentar no outono desse ano, se
adotou o plano apresentado por Gorbatchov, conhecido como o “Plano
Presidencial”, resultado de múltiplos compromissos políticos e onde se
recolhiam os postulados fundamentais do “Plano dos 500 dias”. Previamente havia
sido outorgada total legalização à propriedade privada em março e em outubro
havia sido liberalizado totalmente o investimento estrangeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Também cabe
apontar que essas transformações não envolviam somente a URSS. Assim, em junho
de 1990, o governo soviético decidiu unilateralmente que a partir de 1991 as
trocas comerciais nos marcos do CAME [ou Comecon – Conselho para Assistência
Econômica Mútua] seriam realizadas a preços do mercado mundial e em divisas
livremente convertíveis, terminando assim de um só golpe todo o esquema de
colaboração que vinha funcionando durante mais de 40 anos, ao acabar com os
preços preferenciais e o pagamento em rublos transferíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa decisão teria
uma forte incidência em nosso país e – após infrutíferas comunicações [9] com a
direção soviética – Cuba se viu obrigada a proclamar o início do Período
Especial em 29 de agosto de 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Os resultados
econômicos de 1990 foram desastrosos: a renda nacional caiu 4%, a indústria
1,2%, o setor agropecuário 2,3% e a pobreza golpeou 27,6% da população.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">As medidas
econômicas e as decisões políticas adotadas em 1991 revelavam um estado de
desespero na direção do governo. Desse modo, diante do crescente separatismo
das repúblicas soviéticas, foi realizado um plebiscito em março de 1991 em que
a população votou majoritariamente por manter a URSS, o que não freou a
tendência de desintegração, ainda que Gorbatchov tenha dedicado todo o seu
esforço infrutífero à assinatura de um novo tratado da União.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No âmbito da
economia, foi implementada em março uma reforma monetária e de preços que
elevou os mesmos sem que se compensasse adequadamente os estratos mais
vulneráveis da sociedade. Tudo isso provocou um forte repúdio da população e
determinou o fracasso das medidas propostas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Em abril o governo
aprovou um pacote de medidas de emergência que avançava no processo de
desestatização e privatização, embora deixasse sua implementação nas mãos das
repúblicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na medida em que o
ano transcorria, se fez cada vez mais evidente a luta do governo para conservar
o poder, ainda a custa de maiores concessões ao Ocidente, partindo da suposição
absurda de que os governos burgueses estariam interessados em ajudar a URSS em
sua transição para o capitalismo mas sob as bandeiras de um socialismo reformado,
ao menos formalmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um exemplo dessas
posições foi a viagem aos Estados Unidos dos economistas Evgueni Primakov e
Gregor Yavlinksy em maio de 1991 para discutir o programa de reformas com
especialistas norte-americanos, incluindo o secretário de Estado James
Baker. <b>O pedido de recursos financeiros com esse propósito foi fixado
entre 150 e 250 bilhões de dólares.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como resultado
dessas consultas e contando com o suposto apoio ocidental, em junho de 1991 se
aprovou um novo plano de transição ao capitalismo conhecido como “Plano
Yavlinsky”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Formando parte
desse plano e diante da ausência de uma resposta clara, Gorbatchov se dirigiu à
Cúpula do Grupo dos Sete que foi celebrada em Londres em julho de 1991.
Contudo, o dirigente soviético não alcançou nenhum dos resultados esperados.
Não foi sequer convidado oficialmente e teve ignorada sua carta de 23 páginas
enviada a cada um dos mandatários ali reunidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O fracasso dessa
missão foi uma grande humilhação para o governo soviético e as contradições no
seio dos distintos grupos de poder presentes na direção do país explodiram em
18 de agosto de 1991, quando um grupo de ministros e membros do Comitê Estatal
para Situações de Emergência [CESE] [10] – encabeçados pelo vice-presidente
Guennadi Yanaev – tentaram reverter a situação por meio de um golpe de Estado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Entretanto, deve
se destacar que esses elementos não estavam contra à transição à economia de
mercado. Melhor dizendo, eles resistiam em aceitar a forma pela qual a
transição vinha transcorrendo, especialmente ao apontar no Chamado que
emitiram, entre outras críticas: “Somente gente irresponsável pode confiar em
certa ajuda do exterior.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa última
tentativa de frear a forma em que estava ocorrendo a transição para o
capitalismo fracassou e não contou nem com o apoio do exército nem da
população.</span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">De fato, tempos
depois foi descoberto que os golpistas haviam consultado Gorbatchov para que se
pusesse à frente do golpe e enfrentasse Yeltsin pela força.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ainda hoje o
significado do ocorrido em agosto de 1991 permanece sem ser esclarecido em
muitos aspectos. No entanto, ficou claro que os líderes do golpe – entre os
quais se encontravam o chefe da KGB [11], Vladimir Kriuchkov, e o ministro da
Defesa, Dimitri Yazov – pensavam que Gorbatchov estaria a seu lado e assim
haviam assegurado a Yeltsin, mas quando Gorbatchov recusou as proposições dos
principais dirigentes do CESE propagou o pânico, posto que não tinham
absolutamente nenhum plano para a tomada do poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Após a tentativa
de golpe de Estado, instalou-se um vazio em que o presidente da URSS perdeu
efetivamente todas as suas faculdades e Boris Yeltsin emergiu como o “defensor
da democracia”, passando a ter o pode real a partir de sua posição como
presidente da Rússia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A partir daí
praticamente todas as repúblicas se declararam independentes. Em setembro o
PCUS foi ilegalizado [12] e se dissolveu o Congresso de Deputados Populares,
criando-se estruturas políticas provisórias que regeriam durante o período de
transição que se abriu até o final do ano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O desastre econômico
do último ano de existência da URSS se refletiu em uma queda de 15% da renda
nacional, diminuiu 7% a produção industrial e a produção agropecuária foi
reduzida em 9%. No final de 1991, 31% da população soviética vivia na pobreza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Sob a direção
efetiva de Yeltsin, em 21 de dezembro seria constituída a Comunidade de Estados
Independentes com 11 das 15 repúblicas federadas [13], em 25 de dezembro
Gorbatchov renunciou e em 31 de dezembro de 1991 a União Soviética desapareceu
oficialmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">- Conclusão. <o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Como foi apontado
nos artigos anteriores, o desaparecimento do socialismo na URSS foi motivado
por múltiplas causas, que se engendraram durante um longo período de tempo e no
qual o papel das diferentes personalidades políticas em seu devir histórico
contribuiu de diversas formas para o desdobramento final.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um primeiro fator
essencial na derrubada foi a ausência de uma verdadeira cultura socialista, o
que não assegurou a motivação ideológica capaz de conseguir com que o homem
identificasse seu projeto de vida pessoal com os interesses mais altos da
sociedade, o que, por sua vez, supunha a participação democrática e consciente
daquele na tomada de decisões apropriadamente consentidas entre todos os seus
membros [14].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Um elemento chave
para entender a complexidade da situação já era destacado por Lenin em seus
últimos escritos quando apontava que o desafio essencial era alcançar mais
eficiência na empresa comunista em relação à capitalista, sobre o que
destacava: “(...) ou passamos essa provação com o capital privado ou
fracassamos por completo. Para nos ajudar a sair bem nesse prova temos o poder
político e uma série de diversos recursos econômicos e de outro tipo; temos
tudo o que queiram, menos capacitação (…) o que nos falta é cultura no setor
dos comunistas que desempenham funções de direção.” [15].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essa cultura – que
pode também ser entendida como o conhecimento indispensável para construir o
socialismo – nunca se conseguiu criar plenamente. Em seu lugar, frente às
inevitáveis contradições desse processo, surgiu a imposição autoritária e a
repressão do dissenso por parte de uma elite dirigente divorciada das massas e
burocratizada até a medula que esqueceu os ensinamentos de Lenin, cegou as
potencialidades do socialismo como sistema e contribuiu para o colapso desse
modelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Após a morte de
Lenin, “Stalin foi o rosto visível e a figura representante da nova camada
dirigente que foi rompendo gradualmente vínculos com a direção genuinamente
revolucionária (com maior ênfase depois da morte de Lenin), e foram se
desfazendo dos mecanismos fraquíssimos de controle político das massas” [16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">“Aos principais
cargos administrativos foram chegando figuras de nível secundário dentro da
revolução, fato motivado, entre outros fatores, porque muitos antigos combatentes
pereceram durante a guerra civil, ou foram se separando das massas com
promoções ou cargos de menor relevância ou porque simplesmente o cansaço dos
duros anos de combate e as circunstâncias hostis em que se vivia esmurecia a
resistência de alguns homens. Essa foi uma das fontes de onde a casta em
gestação se nutriu.” [17]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A isso se somaria
a tradição burocrática do estado czarista, do qual muitos ex-integrantes foram
utilizados como pessoal técnico especializado, mas que também portaram o germe
do processo de burocratização do estado socialista desde o início da Revolução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse contexto, a
imposição de decisões a partir dos níveis superiores de direção, sem gestar o
apoio político indispensável para sua aplicação, conduziu a fenômenos como a
coletivização forçada da terra no início dos anos 30 e a um processo de
industrialização por marchas forçadas, que deixou suas marcas em mais de uma
geração de soviéticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Adicionalmente e
ao contrário do que ocorreu sob a direção de Lenin – que sempre, mesmo nas
circunstâncias mais difíceis, estimulou o debate interno sobre diversos
aspectos da construção socialista –, nos anos 30 Stalin enfrentou a oposição a
suas ideias e para isso desencadeou um processo de expurgos internos dentro do
próprio aparato do partido e do estado soviético que levou à liquidação física
de sua direção histórica, processo que culminaria com o assassinato de Trotsky
no México em 1940.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ainda hoje dá
trabalho avaliar o enorme impacto negativo que esses processos tiveram para a
direção da União Soviética [18], a construção do socialismo e as ideias do
marxismo em geral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Essas tendências
negativas só foram criticamente analisadas de forma parcial pela direção do
PCUS durante um curto período de tempo – de 1956 a 1961 – e os efeitos dos erros
cometidos não foram superados pelos sucessivos governos soviéticos que
existiram até o desaparecimento da URSS em 1991.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Entretanto, embora
os aspectos políticos tenham tido um peso decisivo na evolução do socialismo
soviético, também os erros no âmbito da economia teriam uma significativa
participação nisso. Nesse caso, trata-se especialmente da incorreta
interpretação das relações monetário-mercantis e o papel do mercado no
socialismo, ao assimilá-los como uma simples técnica para a atribuição ótima de
recursos na microeconomia, o que – ao ser generalizado – deu origem ao chamado
socialismo de mercado, que gerou um impulso a tendências economicistas e
tecnocráticas, deixando de lado a necessidade indispensável de compensar os
efeitos sociais negativos da economia mercantil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Outros muitos
erros foram derivados dessas causas essenciais. Entre eles cabe destacar a
subestimação do consumo; o atraso secular da produção agropecuária; a
compartimentação da ciência limitada ao âmbito do complexo militar-industrial,
não aplicando seus resultados à produção e aos serviços da esfera civil; e a
expansão excessivamente onerosa do gasto militar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Os métodos de
direção aplicados e seus efeitos nocivos propiciaram também o aparecimento da
corrupção, o enriquecimento ilícito e a expansão do mercado negro na economia
soviética, especialmente nos últimos 20 anos de sua existência. A isso se
somaria uma consciência social penetrada por práticas consumistas e a ausência
cada vez maior de um compromisso real com a sociedade socialista entre uma
parte crescente da população.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No entanto, apesar
de todos os erros e contradições, a sociedade soviética mostraria avanços
inquestionáveis que elevaram o nível de vida e o fortalecimento do estado
soviético baseado no enorme esforço de seu povo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">O risco da
simplificação na análise de processos históricos tão complexos sempre esteve
presente. Por isso é indispensável nesse ponto assinalar que na interpretação
da história do chamado socialismo real, a maioria das análises contrapõem o
ocorrido com o que teoricamente deveria ter sucedido, ao que se acrescenta a
tendência de muitos autores a não levar em consideração as condições em que
esses processos transcorreram realmente e seu impacto no desenvolvimento dos
povos, ao compará-los com a alternativa que o capitalismo teria oferecido para
seu desenvolvimento.</span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Certamente não se
trata de justificar a posteriori os resultados da experiência socialista
soviética a todo o custo, mas muitas vezes se expressam critérios que só
refletem os ângulos mais obscuros do socialismo e se descarta até o mais
modesto reconhecimento ao que essa experiência pode ter deixado de positivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Nesse sentido,
além de considerar todas as agressões que o povo soviético e seus dirigentes
tiveram que enfrentar, não é possível esquecer que as novas relações sociais a
serem criadas deviam ser conscientemente assumidas pelos trabalhadores, em um
processo de acelerada aquisição de conhecimentos e assimilação crítica da
realidade, que supunha simultaneamente a superação dos hábitos da sociedade
mercantil e a implantação da solidariedade social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Esse processo –
inédito na história – supunha um desenvolvimento político e ideológico de
adaptação às novas condições sociais que não poderia transcorrer sem atravessar
complexas circunstâncias e profundas contradições, especialmente se for levada
em conta a tradição que durante séculos levou o ser humano a se enfrentar com
seus semelhantes para conseguir sobreviver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na medida em que
os fatores subjetivos não se desenvolveram suficientemente para permitir uma
compreensão dessa complexa transição, foi até certo ponto lógica primeiro a
aceitação e depois a assimilação acrítica de todo o arsenal de ideias do
sistema capitalista, cujas armas deterioradas – como havia advertido o Che –
não podiam servir para a construção da nova sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A visão política e
a coragem necessária para transitar para o socialismo em meio às enormes
dificuldades que esse processo apresentava se expressou claramente nas
valorizações de Lenin e os companheiros bolcheviques que seguiram seus passos.
Mas sua genialidade e sacrifício não os eximiu de cometer erros, aos quais se
somaria depois a fraqueza humana dos dirigentes que em nome do socialismo não
puderam ou não quiseram desenvolver suas potencialidades como sociedade
superior na luta entre os dois sistemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Faltaria apenas a
gestão de uma pessoa como Mikhail Gorbatchov que, supostamente combatendo as
deformações do socialismo soviético, terminou alimentando as tendências
anticomunistas e pró-capitalistas presentes na direção do país, contribuindo
assim, decisivamente, para a aceleração do processo de destruição da URSS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Ao se produzir o
desaparecimento oficial da URSS em dezembro de 1991, uma parte dos antigos
dirigentes do PCUS – nos quais se sintetizaram muitas das carências e erros do
socialismo soviético – passou a encabeçar a transição ao capitalismo à frente
dos novos estados que haviam surgido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Foram os casos de
Boris Yeltsin na Rússia, que governou o país entre 1991 e 1999; Islam Karimov,
que preside o Uzbequistão desde 1992 até os dias atuais [N.T.: Karimov faleceu
em setembro de 2016, aos 78 anos]; e Nursultan Nazarbaev, que presidiu o
Cazaquistão nesse mesmo período. Também ocorreu a continuidade de antigos
dirigentes soviéticos nos casos do Azerbaijão com Gueidar Aliyev, que foi
dirigente do país entre 1993 e 2003; no Quirquistão, onde Askar Akayev governou
o país entre 1990 e 2005 e na Geórgia com Eduard Shevardnadze, que foi
presidente entre 1992 e 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">No caso da Rússia,
o governo de Yeltsin não somente se caracterizou pela aplicação de uma terapia
de choque de um enorme custo econômico e social para o povo russo mas também
deu lugar ao que alguns autores denominaram como “capitalismo delinquencial” ou
“capitalismo criminoso”, considerando sua atuação a margem da lei e seu
estreito vínculo com a oligarquia ou a máfia russa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A atividade dos
grupos mafiosos se manifestou claramente através de notórios escândalos durante
os anos 90 e vários de seus principais representantes ocuparam importantes posições
oficiais. Nomes como Boris Berezovski, Mikhail Khodorkovski, Vladimir Potanin,
Roman Abramovich, Vladimir Gussinski e Oleg Deripaska são representativos da
nova oligarquia russa integrada por pessoas que se enriqueceram rapidamente por
meio da corrupção, do suborno e do crime, também ocupando pessoalmente cargos
de importância no aparato estatal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Se alguma prova
fosse necessária para demonstrar o que se perdeu do socialismo nos 74 anos de
existência da URSS, bastaria examinar os resultados da proclamada transição ao
capitalismo real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Na realidade, o
desaparecimento do socialismo como sistema não produziu um avanço no
desenvolvimento da sociedade, mas o contrário. Todas as repúblicas que
integravam a URSS – em diferente medida – passaram para o mais brutal modelo
neoliberal, cujos custos e consequências ainda hoje estão sendo pagos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Basta assinalar
que somente na Rússia durante os anos 90 não se conseguiu recuperar o PIB de
1991 – isso só se alcançaria em 2004, 13 anos depois –, a população reduziu de
148 milhões para 140 milhões de habitantes; a expectativa de vida entre os
homens baixou de 65,5 para 57,3 anos; emigraram mais de 200 mil cientistas para
o Ocidente; o salário real diminuiu 68,3% e a aposentadoria mínima real 67%; o
coeficiente de GINI – que mede a desigualdade na distribuição de renda – subiu
de 0,27 para 0,48; o rublo – que antes de 1991 era cotado acima do dólar – hoje
um dólar equivale a 64.246 rublos daquela época; no final dos anos 90
calculava-se que 50,3% da população estava na pobreza, enquanto que a taxa de
homicídios triplicou e a Rússia estava entre os 20 países mais corruptos do
mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Apesar de ter
ganhado as eleições de 1996 – destacadas como fraudulentas por todos os
observadores – o desgaste político de Yeltsin se acelerou, o que contribuiria a
crise econômica de agosto de 1998, que marcou o ponto mais baixo no desempenho
da economia russa pós-soviética, a qual se somou o deterioramento da própria
saúde do mandatário. De tal modo, em agosto de 1999 Yeltsin nomeou Vladimir
Putin como primeiro-ministro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Putin provinha dos
serviços de inteligência soviéticos, onde alcançou um grau de tenente coronel.
Entre 1991 e 1996 trabalhou na equipe de Anatoli Sobchak, prefeito de São
Petesburgo. Em 1996 foi trabalhar na administração do Kremlin e em julho de
1998 foi nomeado chefe do Serviço Federal de Segurança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">A escolha de Putin
para suceder Yeltsin surpreendeu muitos analistas. Apesar de não ter figurado
no centro da política russa até então, mostrou capacidade de dar continuidade e
– ao mesmo tempo – desenvolver múltiplas iniciativas para recuperar a
indispensável estabilidade do país e começar uma gradual recuperação de sua
economia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Enquanto às
estruturas políticas, em 2001 Putin fundou o partido Rússia Unida, que desde
então tem mantido a maioria dos votos no parlamento russo, permitindo que ele
governe – junto a Dimitri Medvedev – sem grandes dificuldades internas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Durante seu
mandato – e especialmente a partir de 2007 – as posições nacionalistas de Putin
foram se fortalecendo, enfrentando com maior força os interesses hegemônicos do
Ocidente e prestando especial atenção à recomposição do poderio militar do
país. Tudo isso lhe valeu um grande apoio popular, com políticas que também têm
melhorado gradualmente as condições de vida da população.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Atualmente os
indicadores socioeconômicos da Rússia não mostram os desastrosos resultados da
época de Yeltsin, mas a economia ainda não mudou no essencial a sua estrutura
produtiva e as crises impactam nela com maior força em relação a outros países
desenvolvidos. Trata-se assim de uma sociedade capitalista “de segunda ordem” a
qual – além disso – os Estados Unidos buscam destruir no aspecto militar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 7.5pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1;">Notas <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[1] Ver Cien horas con Fidel. Conversaciones con Ignacio Ramonet (Segunda
Edição. Revisada e enriquecida com novos dados). Oficina de Publicaciones del
Consejo de Estado, Havana, 2006, página 206.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[2] A única exceção foi o caso de Lavrenti Beria, que por sua
responsabilidade direta na repressão à frente dos órgãos de segurança do país
desde 1938, foi julgado e executado em dezembro de 1953.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[3] Ver Alec Nove, Historia económica de la Unión Soviética.
Alianza Editorial, Madri, 1973, p. 324.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[4] Esse livro foi publicado em Cuba em 1963.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[5] Suas teses foram conhecidas em Cuba ao se publicar seu
livro Métodos económicos para la elevación de la efectividad de la
produción social. Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 1975.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[6] Em Cuba se publicou sua obra fundamental, La medición de los
gastos y sus resultados en una economía socialista. Editorial de Ciencias
Sociales, Havana, 1975.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[7] Para este trabalho, o autor se apoiou no capítulo I de seu
livro El derrumbe del socialismo em Europa (Ruth Casa Editorial e
Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2014) e no ensaio “La perestroika en la
economía soviética (1985-1991)” incluído no livro de Serguei Glazov, Kara-Murza
e Batchikov El libro blanco de las reformas neoliberales en Rusia.
1991-2004 (Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2007). Também se
recomenda o capítulo I do livro de Ariel Dacal e Francisco Brown, Rusia
Del socialismo real al capitalismo real (Editorial de Ciencias Sociales,
Havana, 2005), assim como os capítulos 4 e 5 do livro de Roger Keeran e Thomas
Kenny Socialismo traicionado. Tras el colapso de la Unión Soviética
1917-1991 (Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2013).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[8] Sobre isso pode se ver o livro de Hans Modrow, La perestroika:
impresiones y confeciones (Cuba Sí Edición Ost, Berlim, 2013, capítulos 4
e 5).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[9] Nessa altura já haviam renunciado ao Partido 250 mil militantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[10] Essa situação deu lugar “(...) a numerosas comunicações,
intercâmbios, cartas minhas ao chefe de governo, cartas minhas ao companheiro
Gorbatchov, presidente da URSS, troca de comunicações, gerenciamentos de todos
os tipos, porque era incerta a situação de 1991: que acordos iríamos fazer, que
mercadorias iríamos receber. E como resultado de todos esses intercâmbios e
conversas se conseguiu um acordo para 1991 (…) Esse acordo significava uma
perda de mais de 1 bilhão de dólares para Cuba (...)”, Discurso pronunciado
pelo Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz na inauguração do IV Congresso do
Partido Comunista de Cuba, em IV Congreso del Partido Comunista de Cuba
Discursos y documentos (Editora Política, Havana, 1992, p. 28).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[11] Segundo diversas interpretações, o CESE havia sido formado no mesmo
ano de 1991 diante da perda de governabilidade da equipe de direção frente à
crescente beligerância de Boris Yeltsin e em seu seio haviam tido lugar várias
polêmicas com Gorbatchov, que iam elevando o tom das discrepâncias com ele.
Contudo, se apontou como eixo das contradições principais fenômenos de perda de
áreas de influência e corrupção, tese que se mantém no campo da polêmica. Ver
Keeran e Kenny, Op. Cit. pp. 269-278. Ver também uma interpretação diferente no
livro citado de Serguei Kara-Murza, capítulo 26.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[12] Siglas em russo do Comitê de Segurança do Estado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[13] Esse processo se iniciou na Rússia. Em outras repúblicas o PCUS foi
extinto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[14] Não integraram a CEI Letônia, Lituânia e Estônia. [A Geórgia só
aderiu à comunidade em dezembro de 1993].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[15] Para este trabalho, o autor se apoiou no capítulo I de seu
livro El derrumbe del socialismo em Europa (Ruth Casa Editorial e
Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2014) e no ensaio “La perestroika en la
economía soviética (1985-1991)” incluído no livro de Serguei Glazov, Kara-Murza
e Batchikov El libro blanco de las reformas neoliberales en Rusia.
1991-2004 (Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2007). Também se recomenda
o capítulo I do livro de Ariel Dacal e Francisco Brown, Rusia Del
socialismo real al capitalismo real (Editorial de Ciencias Sociales,
Havana, 2005), assim como os capítulos 4 e 5 do livro de Roger Keeran e Thomas
Kenny Socialismo traicionado. Tras el colapso de la Unión Soviética
1917-1991 (Editorial de Ciencias Sociales, Havana, 2013).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[16] V.I. Lenin, “Informe político al undécimo congreso del partido”
em La última lucha de Lenin. Discurso y escritos (1922-1923), Editorial de
Ciencias Sociales, Havana, 2011, pp. 55 e 69.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[17] Lenin havia percebido os perigos que carregava a personalidade de
Stalin e desde seu leito de doente se pronunciou ao escrever: “Stalin é muito
rude, e este defeito, ainda que tolerável em nosso meio e nas relações entre
nós, os comunistas, é intolerável no cargo de secretário-geral. Por isso
proponho aos camaradas que pensem em uma maneira de retirar Stalin desse cargo
e designar em seu lugar outra pessoa que em todos os aspectos tenha sobre o
camarada Stalin uma só vantagem: a de ser mais tolerante, mais leal, mais
cortês e tenha mais consideração para com os camaradas, menos caprichoso etc.”
(V.I. Lenin. Carta al congreso del partido, Op. Cit. pp. 232-233. Desde já
nesse documento Lenin se pronunciaria também criticamente sobre outros membros
do burô político, mas alertando especialmente sobre o perigo de ruptura pelo
enfrentamento entre Trotsky e Stalin, coisa que a história se encarregaria de
confirmar pouco tempo depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[18] Dacal e Brown, Op. Cit. pp. 4-5.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: text1;">[19] Basta o seguinte exemplo: “O Comitê Central do Partido Comunista
eleito em 1934 tinha 71 membros. No início de 1939 restavam 21. Três morreram
de morte natural, um (Serguei Kirov) foi assassinado, outro se suicidou, 9
foram tidos como fuzilados e outros 36 desapareceram.” (G.D.H.
Cole. Historia del Pensamiento Socialista. Tomo IV Socialismo y Fascismo
1931-1939. Fondo de Cultura Económica, México, 1963, p. 233.<o:p></o:p></span></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-45288923929133178952018-11-20T07:24:00.000-08:002018-11-20T07:24:02.351-08:00A “Revolução Cultural” de Rosana Pinheiro-Machado: um caso de indigência intelectual<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRydV4fqAY6vi0AuA4mKQz_UdHSvZnufB_mAnqI3z_2oqLhAsywnInW4LPPL1rVXjipoyvJopxbUlsc02qMR16tdZGzkK9lEQzZrVDbzZhDp_hsiYQ3YaJ6jRQgU_Mdj32UA7TEefYqKo/s1600/250713099_25e4ed9346.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="351" data-original-width="500" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRydV4fqAY6vi0AuA4mKQz_UdHSvZnufB_mAnqI3z_2oqLhAsywnInW4LPPL1rVXjipoyvJopxbUlsc02qMR16tdZGzkK9lEQzZrVDbzZhDp_hsiYQ3YaJ6jRQgU_Mdj32UA7TEefYqKo/s320/250713099_25e4ed9346.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cartaz da época da revolução cultural</td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, conhecida, especialmente, por suas produções sobre a China, lançou um escrito no The Intercept, de título “O bolsonarismo repete a revolução cultural da China” [1]. Antes de lançar o escrito, a professora fez uma postagem no Twitter anunciando sua “tese” e, ao ser questionada sobre o caráter vulgar e sem sentido da comparação, afirmou em muitos momentos – seus seguidores fizeram o mesmo – que era apenas um “tweet” e a explicação seria desenvolvida com profundidade na sua coluna. O texto, ao ser publicado, indignou vários militantes comunistas e agradou professores considerados de esquerda, mas com um reprimido tesão pelo o liberalismo, como Pablo Ortellado e Ruy Braga, ambos da USP.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Fui ler a “reflexão” de Rosana com muita expectativa. Especialmente porque, em um debate comigo no Facebook, ela, como é típico de acadêmicos famosos, jogou seu currículo e o fato de ler em Mandarim como um argumento de autoridade. Mesmo considerando a comparação do bolsonarismo com a Revolução Cultural algo sem sentido, esperava um artigo com o mínimo de solidez e capacidade argumentativa. Não é o caso. O texto de Rosana é um caso perfeito de ausência básica dos requisitos fundamentais da honestidade intelectual. Um texto com erros históricos, sem fontes, afirmações não provadas, omissão de informações importantes, etc.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Bem mais do que escrever uma história alternativa da Revolução Cultural Chinesa, pretendo mostrar como a professora que lê em Mandarim produziu um texto que, do ponto de vista da honestidade intelectual, é uma aberração completa e absoluta. Vamos ao escrito.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">A primeira coisa a ser dita é que o Brasil, apenas nos últimos anos começou a demonstrar interesse pela realidade chinesa. Aumentou o número de grupos de estudos, laboratórios de pesquisa, publicações no mercado editorial, monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre a China. Esse movimento de maior interesse da intelectualidade acadêmica e do establishment cultural brasileiro pela realidade chinesa é um reflexo, principalmente, da presença econômica e geopolítica cada vez maior do gigante asiático no Brasil e na América Latina. A despeito disso, nossa formação cultural profundamente marcada pelo colonialismo europeu e estadunidense é resistente e a imensa maioria dos brasileiros, inclusive os estudantes universitários e professores, é total ou parcialmente ignorante quando o assunto é China ou a realidade de qualquer país fora do eixo Europa-EUA-Japão.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Nesse sentido, qualquer reflexão, especialmente uma polêmica, sobre a China tem a função de indicar as fontes das informações proferidas. É um caso de irresponsabilidade intelectual escrever algo sobre a China sem oferecer ao leitor a oportunidade de se aprofundar no tema ou conferir as fontes usadas pelo autor, dando-lhe a oportunidade de fazer seu próprio julgamento histórico sobre o assunto. <b><i>Essa é a primeira grande falha e sintoma de desleixo intelectual do texto de Rosana Pinheiro-Machado</i></b>. A antropóloga não coloca à disposição do leitor qualquer escrito para consulta – sequer os artigos dela são anexados como fonte e recomendação. Em alguns momentos do texto, inclusive, a coisa é tão ridícula que, se um aluno meu do Ensino Médio cometesse o mesmo erro em um trabalho, provavelmente perderia pontuação. Um exemplo é este trecho:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">“Muito antes de o Twitter existir, no quesito “incentivar o ataque ao establishment”, Mao foi um precursor da tática de detonar a imprensa, jornalistas e editores com frases de impacto. Dizia que os intelectuais do país eram ignorantes.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Mao dizia isso onde? Cadê o trecho? Em qual obra posso consultar a fala completa? <i>Meus alunos sabem que, ao citar a posição de um teórico ou personalidade política, é recomendável buscar trechos que não mutilem o sentido original e, em caso de recusa de citação direta, intentando resumir o pensamento da pessoa referenciada, é necessário indicar com precisão a obra, a página e o ano de publicação para o leitor conferir se a interpretação dada ao texto é fidedigna. Isto é básico</i>. O texto de Rosana é lotado de supostas posições políticas e frases que seriam de Mao e da Revolução Chinesa sem nunca fazer uma citação direta ou indicar a fonte. Será que não existem livros de metodologia da pesquisa científica em Mandarim para a nossa antropóloga aprender o que um bom aluno de Ensino Médio sabe? Mas prossigamos.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">A nossa especialista em China também fornece algumas informações erradas sobre a história chinesa. A autora diz o seguinte: “Na China, a Revolução Comunista de 1949 tinha o culto à personalidade como um eixo fundamental, valorizando a simplicidade de Mao Zedong. Isso era fundamental para estancar a polarização entre as guardas brancas e vermelhas, que crescia desde a queda da dinastia Qing na virada do século 19”. O problema é que o Partido Comunista da China foi fundado em 1921 e o Exército Popular de Libertação em 1927. Na virada do século XIX não existiam guardas vermelhos. A informação, simplesmente, está errada. E só deus sabe o que significa essa suposta polarização entre guardas vermelhos e brancos e qual a relação entre o “culto à personalidade” e a “simplicidade” de Mao para estancar essa polarização (existe a possibilidade remota de Rosana estar se referindo aos exércitos particulares de “senhores da guerra”, que se identificavam pela cor das bandeiras, mas é impossível saber se é isto que a antropóloga quer dizer). Entenda quem puder.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Em outro momento do texto, afirma que a Revolução Cultural teve como principal alvo os professores. Isto é falso. O principal alvo desse processo político chinês foram os membros do partido e do Estado (na pequena bibliografia que vou recomendar ao final deste escrito, será possível conferir estas informações). Em seguida, diz que “no total, contabiliza-se que 300 a 700 mil intelectuais foram demitidos por viés ideológico”. Quem contabiliza? O que significaria ser “demitido por viés ideológico? Quem ordenava as supostas demissões? Mais uma vez, entenda quem puder. Ainda acrescento que a autora usou uma linguagem típica de Bolsonaro para facilitar a associação entre os dois fenômenos históricos. Desonestidade pouca é bobagem.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Para cumprir sua missão de igualar o bolsonarismo e o complexo processo da Revolução Cultural, Rosana realiza uma eficiente “arte da tesoura”. Não sabe o que é a arte da tesoura? É bem simples. Consiste em retirar dos fenômenos as “partes” que não se encaixam na explicação e hipervalorizar as que são funcionais. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">A Revolução Cultural, dentre os vários processos que a marcaram, tinha como meta eliminar a desigualdade entre cidade e campo, indústria e agricultura, trabalho intelectual e manual. Foi um movimento com forte impulso democratizador dos ambientes de produção e da autogestão operária. Também foi um processo de valorização do camponês e do trabalhador, em detrimento do burocrata do partido e do intelectual preso a hábitos pequeno-burgueses e antigos costumes. Por exemplo, diz o historiador inglês Perry Anderson sobre um dos momentos fundamentais da Revolução Cultural:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Eram ideias utópicas [a Revolução Cultural] para qualquer sociedade da época, quanto mais para uma tão atrasada como a chinesa. No entanto, não se tratava de medidas cosméticas. A paralisação de atividades de colégios e universidades a fim de possibilitar o envio de 17 milhões de jovens da cidade para a consecução de trabalhos agrícolas ao lado dos camponeses foi um processo mais característico e duradouro que as perseguições no período. Executada sem violência, frequentemente com entusiasmo, atendia a outros objetivos (ANDERSON, 2018, no prelo, p. 34 – grifos nossos).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Para conseguir tornar aparentemente lógica a comparação entre a Revolução Cultural e o bolsonarismo, buscando realizar uma comparação de todo formalista, esse tipo de fenômeno do período chinês tem que ser excluído. Assim como tem que ser excluído o papel das mulheres na luta contra os costumes patriarcais ainda presentes, ou a luta dos camponeses contra uma mentalidade e práticas de mando autocrático herdados da era feudal. Toda dimensão produtiva de autogestão e de democracia direta – “devolver o partido para as massas”, como dizia Mao – tem que ser excluída. Parece que a Revolução Cultural chinesa foi um movimento apenas no “âmbito” da cultura. Mas a arte da tesoura prossegue.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Em vários momentos do texto, para aproximar Mao e Bolsonaro, Rosana diz que “se o culto à personalidade e nacionalismo são características comuns a muitos regimes autoritários, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><a href="https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/01/politica/1541112164_074588.html"><span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif;">é no campo da educação</span></a></span><span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"> que temos visto o Brasil repetir a história chinesa”. Mao e Bolsonaro são nacionalistas. Ponto. A antropóloga poderia explicar que, quando triunfa a Revolução Chinesa, em 1949, mais de 100 anos de colonialismo tinham destruído a China e a transformado na nação mais pobre do mundo. Poderia explicar que a Segunda Guerra Mundial, para a China, foi essencialmente uma guerra de libertação nacional contra o colonialismo japonês. Poderia mencionar os casos de racismo colonial praticados pelas potências imperialistas, como exibir em lugares públicos da China placas avisando que era proibido a entrada de “cães e chineses”. Poderia, especialmente, falar que o nacionalismo revolucionário defendido por Mao e pelo Partido Comunista Chinês não tinha nada de xenofóbico e exaltava a união entre os povos, sendo Mao e o maoísmo olhados como exemplo e com adoração por minorias nacionais oprimidas desde os guetos dos EUA até a África. Mas, para comparar Bolsonaro e Mao, nada disso pode ser dito.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Eu poderia continuar citando indefinidamente vários trechos do texto de Rosana onde ela faz afirmações erradas, sem fontes e sem qualquer tipo de conexão lógica, como esta: “A Revolução Cultural foi genocida: assassinou e estuprou em massa, uniformizou as pessoas e aniquilou o “eu” dos sobreviventes”, mas os exemplos acima, creio, bastam para mostrar como esse escrito é um exemplo de como não escrever um texto minimamente sério. Vamos caminhar para a conclusão.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Um escrito como esse, sobre qualquer tema, que não falar mal de alguma experiência socialista, seria desprezado. Mas, quando a questão é ser anticomunista, todo tipo de absurdo, desleixo e desonestidade intelectual é, não só tolerada, como louvada. Ao compartilhar o artigo da nossa antropóloga, o professor Ruy Braga, por exemplo, quando recebeu um questionamento sobre a comparação absurda que fundamenta o texto, respondeu do alto da arrogância acadêmica que Rosana estuda em Mandarim e citou seu currículo. Pronto. Todo tipo de boçalidade, nesse caso, se torna perdoável. O problema é que, às vezes, ser poliglota nada mais é do que se ter uma língua a mais para escrever coisas inúteis.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">O anticomunismo é uma praga. É, como defendi em vídeo recente no meu canal no YouTube, uma arma da classe dominante para, neste momento de crise política e econômica mundial gerar uma comunistofobia na classe trabalhadora, evitando que ela busque um programa radical de ruptura com a ordem burguesa [2]. Intelectuais acadêmicos, mesmo os ditos marxistas, prestam todo dia sua referência à ideologia dominante, repetindo os mitos anticomunistas porque isso rende muito prestígio, dinheiro, espaço nos monopólios de mídia e convites para formular políticas públicas [3].</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Esse tipo de postura oportunista e cretina é compreensível. Como diriam os Racionais MC’s, “vários patrícios falam merda para todo mundo rir! Haha! Para ver branquinho aplaudir”. Incompreensível e inaceitável é um escrito tão mal feito e desleixado. É possível ser anticomunista com alguma qualidade. Talvez a explicação seja que o bolsista do PIBIC está de férias e não pôde revisar. Estagiário é folgado e só pensa em férias. Mas, ao contrário da China atual, onde se fortalecem os direitos trabalhistas, no Brasil a “mamata” vai acabar. Bolsonaro é presidente. Viva a liberdade, abaixo o maoísmo.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">[1] – https://theintercept.com/2018/11/15/bolsonarismo-repete-revolucao-cultural-china/?fbclid=IwAR3QPmwbSeSQSFXMMj0t8PttERCa5TJs9pX28tTHgIqqgmcSv2WTlqFdf5c</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">[2] – O anticomunismo: como ganhou força e como combater: https://www.youtube.com/watch?v=7be2UFZfFXQ</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">[3] –http://makaveliteorizando.blogspot.com/2018/11/o-anticomunismo-de-esquerda.html</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Dicas de livros.<span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Primeiro, o livro que citei no corpo do texto de Perry Anderson "Duas Revoluções: Russa e Chinesa - Boitempo Editorial, 2018.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Dois clássicos livros do Wladimir Pomar: "O Enigma chinês: capitalismo ou socialismo" - Editora Alfa-Omega, 1987; e "A Revolução Chinesa" da Coleção "As Revoluções" da Unesp, 2004.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O clássico de Giovanni Arrighi "Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI" (Boitempo Editorial, 2008).</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Dois livros igualmente clássicos do Domenico Losurdo "Fuga da história? A Revolução Russa e Chinesa vistas de hoje" - Editora Revan, 2004; e "A luta de classes: uma história política e filosófica" da Boitempo Editorial, 2015.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Por fim, recomendo as publicações da biblioteca do Laboratório de Estudos em Economia Política da China: http://www.ie.ufrj.br/labchina/?page_id=2954</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Lembrando que isso é apenas uma pequena introdução sobre o gigantesco e complexo tema que é estudar a realidade Chinesa.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 27px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; line-height: 24px; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 42.55pt; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
</div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-72703071372946054932018-11-06T15:03:00.000-08:002018-11-06T15:03:02.354-08:00O anticomunismo de esquerda<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>O anticomunismo de esquerda*</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Nos Estados Unidos</span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">, </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">por</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
centenas de anos, os interesses predominantemente incansáveis propagaram o
anticomunismo entre a população, até se tornar algo como uma ortodoxia
religiosa, em vez de uma análise política. Durante a Guerra Fria, a moldura
ideológica anticomunista podia transformar quaisquer dados sobre sociedades
comunistas existentes em evidências hostis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjupJTcrtFQyu56U_brbszQR78A3Ol327B6jsxrDuPrCCihJNTIvdCiXJpHYLWh25Yhapr6tZa2OrSWXo5RQHguks2r1bAkLkz5qUg3zeGa-xDFTaE1PhkQCWpdJpox3SqfMQbY7SAcWCM/s1600/7073824.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="541" data-original-width="1000" height="173" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjupJTcrtFQyu56U_brbszQR78A3Ol327B6jsxrDuPrCCihJNTIvdCiXJpHYLWh25Yhapr6tZa2OrSWXo5RQHguks2r1bAkLkz5qUg3zeGa-xDFTaE1PhkQCWpdJpox3SqfMQbY7SAcWCM/s320/7073824.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Desfile na URSS. </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se
os soviéticos se recusassem a negociar um ponto, eles eram intransigentes e
beligerantes; se eles pareciam fazer concessões, isso era um artifício para
baixarmos a guarda. Se se opunham à limitação das armas, eles estariam
demonstrando seu intuito agressivo; mas quando de fato apoiavam mais tratados
sobre armamentos, então é por que eram espertos e manipuladores. Se as igrejas
na URSS estavam vazias, isso demonstrava que a religião era suprimida; mas se
as igrejas estavam cheias, isso quer dizer que o povo estava rejeitando a
ideologia ateia do regime. Se os trabalhadores entravam em greve (como ocorria
em ocasiões não frequentes), isso era evidência de sua alienação do sistema
coletivista; se eles não faziam greve, isso é por que eles eram intimidados e
não tinham liberdade. A escassez de bens de consumo demonstrava uma falha no
sistema econômico; uma melhora nos suprimentos de consumo significava que os
líderes estavam tentando acalmar uma população inquieta e assim manter firme
controle sobre ela. Se os comunistas nos Estados Unidos desempenhavam papel
importante lutando pelos direitos dos trabalhadores, dos pobres,
afroamericanos, mulheres e outros, isso era apenas uma forma útil de ganhar
apoio entre grupos não representados e ganhar poder para eles mesmos. Como
alguém ganhava poder lutando por direitos de grupos sem poder nunca foi
explicado. O que estamos abordando é uma ortodoxia não-disfarçada, tão
assiduamente distribuída pelos interesses dominantes que afetou o povo ao longo
do total espectro político.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Genuflexão
à ortodoxia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Muitos
na esquerda dos EUA apresentaram ataques contra os soviéticos e contra os
vermelhos comparável à hostilidade e crueza da direita. Ouça Noam Chomsky
pregando sobre os “intelectuais de esquerda” que tentam “erguer o poder nas
costas dos movimentos populares de massa” e “então tornam o povo submisso...
Você começa basicamente como um leninista que será parte da burocracia
vermelha. Você vê depois que o poder não segue aquele caminho, e você
rapidamente torna-se um ideólogo da direita... Nós vemos isso agora na (antiga)
União Soviética. Os mesmos caras que eram capangas comunistas dois anos atrás
estão agora dirigindo bancos e (são) entusiastas do livre mercado que louvam os
americanos” (Z Magazine, 10/95).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
imaginário de Chomsky é altamente devido à mesma cultura política corporativa
que ele critica tão frequentemente em outras questões. Em sua mente, a
revolução foi traída por uma camarilha de “capangas comunistas” que meramente
tem fome de poder em vez de querer o poder para acabar com a fome. De fato, os
comunistas não mudaram “rapidamente” para a direita, mas lutaram em face a um
momento de investida para manter o socialismo soviético vivo por mais de
setenta anos. Precisamente, nos últimos dias da União Soviética alguns, como
Boris Yeltsin, cruzaram as fileiras capitalistas, mas outros continuaram a
resistir às incursões do mercado livre a um grande custo para eles mesmos,
muitos conhecendo a morte durante a violenta repressão de Yeltsin contra o
parlamento russo em 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Alguns
de esquerda e outros caem no velho estereótipo de vermelhos sedentos de poder
que tomam o poder pelo poder sem qualquer preocupação com verdadeiras metas
sociais. Se é verdade, alguém se impressionaria com o fato de que, em país após
país, esses vermelhos colocam-se ao lado dos pobres e impotentes,
frequentemente sob o grande risco de sacrificar a si próprios, em vez de buscar
recompensas que vem a servir os de boa posição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
décadas, muitos autores de esquerda e porta-vozes nos Estados Unidos
sentiram-se obrigados a estabelecer sua credibilidade com indulgências à
genuflexão anticomunista e antissoviética, parecendo ser incapazes de fazer um
discurso ou escrever um artigo ou livro revendo qualquer tema político sem
injetar alguma dose antivermelha. O intento era e ainda é, distanciar-se eles
mesmos da esquerda marxista-leninista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Adam
Hochschild: Mantendo sua distância da “esquerda stalinista” e recomendando a
mesma postura para progressistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Adam
Hochshild, um escritor liberal e editor, alertou aqueles indiferentes à
condenação das sociedades comunistas existentes, dizendo que eles “enfraquecem
sua credibilidade” (Guardian, 23/5/84). Em outras palavras, para ser oponentes
da guerra fria de credibilidade, tínhamos que primeiro juntar-se à Guerra Fria
na condenação de sociedades comunistas. Ronald Radosh alertou que o movimento
pela paz expurga a si mesmo de comunistas, então eles não podem ser acusados de
serem comunistas (Guardian, 16/03/83). Se eu entendo Radosh: para salvar a nós
mesmos da caça às bruxas anticomunistas, nós mesmos devemos nos tornar
caçadores de bruxas. Expurgar a esquerda de comunistas tornou-se uma prática de
longa data, tendo efeitos injuriosos em várias causas progressivas. For
exemplo, em 1949, umas dúzias de sindicatos foram retirados do CIO (Congresso
das Organizações Industriais) por que tinham vermelhos em sua liderança. O expurgo
reduziu o número de membros da CIO em cerca de 1.7 milhões e seriamente
enfraqueceu seus mecanismos de recrutamento e foco político. Em meados dos anos
40, para evitar ficar “queimados” como vermelhos, os Americanos pela Ação
Democrática (ADA), grupo supostamente progressista, tornou-se uma das mais
vocais organizações anticomunistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
estratégia não funcionou. A ADA e outros à esquerda ainda foram atacados por
serem comunistas ou brandos com o comunismo por aqueles à direita. Então e
agora, muitos à esquerda falharam em perceber que aqueles que lutam por
mudanças sociais em prol dos elementos menos privilegiados da sociedade serão
atacados pelas elites conservadoras como vermelhos, sejam eles comunistas ou
não. Para os interesses dominantes, há pouca diferença se sua riqueza e poder é
desafiada por “subversivos comunistas” ou “leais liberais americanos”. Todos
são compilados como mais ou menos repugnantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
prototípico espanca-vermelhos que pretendia estar na esquerda foi George
Orwell. Em meio à II Guerra Mundial, enquanto a União Soviética lutava por sua
vida contra os invasores nazistas em Stalingrado, Orwell anunciou que uma “uma
vontade de criticar a Rússia e Stalin são testes de honestidade intelectual.
São as únicas coisas que do ponto de vista de um intelectual literário são
realmente perigosas” Monthly Review, 5/83. Seguramente abrigado dentro de uma
sociedade virulentamente anticomunista, Orwell (com seu pensamento dúbio
orweliano) caracterizou a condenação do comunismo como um ato de desafio
solitário. Hoje, sua progenitura ideológica ainda persiste, oferecendo uma
crítica intrépida de esquerda da esquerda, promovendo uma valente luta contra
imaginárias hordas marxistas-leninistas-stalinistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Está
em falta na esquerda dos EUA uma avaliação racional da União Soviética, uma
nação que enfrentou uma dura guerra civil e uma invasão estrangeira
multinacional nos seus primeiros anos de existência, e duas décadas depois
expulsou e destruiu as bestas nazistas com um enorme custo para ela mesma. Três
décadas após a revolução bolchevique, os soviéticos conseguiram avanços
industriais como aqueles que no capitalismo levaram um século para alcançar –
enquanto alimentava e dava escolas às suas crianças em vez de fazê-las
trabalhar quatorze horas por dia como fizeram os industrialistas capitalistas e
ainda fazem em várias partes do mundo. E na União Soviética, bem como na
Bulgária, República Democrática Alemã e Cuba foi oferecida assistência vital
aos movimentos de libertação nacional nos países ao redor do mundo, incluindo o
Congresso Nacional Africano de Nelson Mandela, na África do Sul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
anticomunistas de esquerda não ficaram nenhum pouco impressionados pelos
dramáticos ganhos das massas populares, previamente empobrecidas, sob o
comunismo. Alguns mesmo menosprezaram tais realizações. Eu me recordo como em
Burlington Vermont, em 1971, o notável anticomunista anarquista, Murray
Bookchin, desdenhosamente se referia às minhas preocupações pelas “pobres crianças
que eram alimentadas sob o comunismo” (palavras dele).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Pregando
as etiquetas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Aqueles
que se recusaram a se juntar aos ataques contra os soviéticos eram taxados
pelos anticomunistas de esquerda como “apologistas de soviéticos” e
“stalinistas”, mesmo que desaprovássemos Stalin e seu sistema autocrático de
governo e acreditássemos que havia coisas seriamente erradas dentro da
sociedade soviética existente. Nosso verdadeiro pecado é que diferentemente de
muitos na esquerda, nós nos recusávamos a engolir de forma acrítica a
propaganda da mídia dos EUA sobre as sociedades comunistas. Em vez disso, nós
sustentávamos que, à parte algumas deficiências e injustiças bem conhecidas,
havia características positivas no sistema comunista dignas de preservação, que
melhoraram as vidas de centenas de milhões de pessoas de modo significativo e
humanitário. Este clamor tinha um efeito desconcertante para os anticomunistas
de esquerda, que não podiam dizer uma só palavra positiva sobre qualquer
sociedade comunista (exceto Cuba, possivelmente) e não podiam ter ouvidos
tolerantes ou mesmo corteses para qualquer um que o fizesse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Saturados
pela ortodoxia anticomunista, a maioria dos esquerdistas dos EUA tem praticado
um mccarthismo de esquerda contra pessoas que tinham algo de positivo para
dizer sobre o comunismo existente, excluindo-os da participação em
conferências, conselhos consultivos, endossos políticos e publicações de
esquerda. Tal como os conservadores, os anticomunistas de esquerda toleram
apenas uma condenação vazia da União Soviética como uma monstruosidade
stalinista e como uma aberração moral leninista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
fato de muitos esquerdistas dos EUA terem pouca familiaridade com os escritos
de Lenin e seu trabalho político não os impede de serem taxados de
“leninistas”. Noam Chomsky, que é um apreciador incansável de caricaturas
anticomunistas, oferece este comentários sobre o leninismo: “os intelectuais
ocidentais e do Terceiro Mundo eram atraídos pela contrarrevolução bolchevique (sic)
por que o leninismo é, depois de tudo, uma doutrina que diz que a
intelligentsia radical tem o direito de tomar o poder do Estado para dirigir os
países pela força e isso torna essa ideia atraente para os intelectuais”. Aqui
Chomsky reproduz a imagem de intelectuais sedentos de poder junto com a sua
caricatura de leninistas sedentos de poder, vilões buscando não meios
revolucionários de combater a injustiça, mas poder pela sede de poder. Quando
se trata de espancar os vermelhos, alguns dos melhores e mais brilhantes na
esquerda não soam melhor do que os piores na direita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando
em 1996 houve um atentado a bomba na cidade Oklahoma, eu ouvi um comentarista
de rádio anunciar: “Lenin disse que o propósito do terror é aterrorizar”. Os
comentaristas da mídia dos EUA repetidamente citaram Lenin de forma errônea. De
fato, sua declaração desaprovava o terrorismo. Ele polemizou contra atos
isolados de terrorismo que nada fazem senão criar o terror entre a população,
convidar a repressão e isolar o movimento revolucionário das massas. Longe de
ser um conspirador totalitário, conspirador de curtos círculos, Lenin urgia
pela construção de largas coalizões e organizações de massa, congregando
pessoas de diferentes níveis de desenvolvimento político. Ele advogou diversos
meios necessários para avançar a luta de classes, incluindo a participação nas
eleições parlamentares e nos sindicatos existentes. Para ser exato, a classe
trabalhadora, como qualquer grupo de massa, necessitava de organização e
liderança para levar adiante a luta revolucionária, que era o partido de
vanguarda, mas isso não significava que a revolução proletária podia ser
promovida e vencida por golpistas ou terroristas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lenin
constantemente lidava com o problema de evitar dois extremos, o oportunismo
burguês liberal e o aventureirismo de ultraesquerda. Ainda, ele próprio era
identificado como um golpista de ultraesquerda pelos jornalistas do mainstream e
por alguns da esquerda. Se a postura de Lenin quanto à revolução é desejável ou
mesmo relevante hoje é uma questão que exige uma análise crítica. Mas uma
avaliação útil não pode vir de pessoas que distorcem a sua teoria e prática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
anticomunistas de esquerda encontram qualquer associação com organizações
comunistas como moralmente inaceitável por causa dos “crimes do comunismo”.
Ainda, muitos deles encontram-se associados com o Partido Democrático em seu
país, seja como eleitores ou membros, parecendo ser indiferentes aos crimes
políticos inaceitáveis cometido pelos líderes daquela organização. Sob uma ou
outra administração democrata, 120 mil nipo-americanos foram retirados de suas
casas e habitações e lançados em campos de detenção; bombas atômicas foram
lançadas em Hiroshima e Nagasaki com uma enorme perda de vidas inocentes; ao
FBI foi dada a autoridade para se infiltrar em grupos políticos; o Ato Smith
foi usado para prender líderes do Partido Socialista dos Trabalhadores
trotskista e depois os do Partido Comunista por suas crenças políticas; campos
de detenção foram estabelecidos para receber dissidentes políticos em evento de
“emergência nacional”; durante os anos 40 e 50, oito mil trabalhadores federais
foram expurgados do governo por causa de suas associações políticas e visões,
com centenas dele tendo carreiras arruinadas com a caça às bruxas; o Ato de
Neutralidade foi usado para impor um embargo à República Espanhola, agindo em
favor das legiões fascistas de Franco; programas de contra-insurgência homicida
foram iniciados em vários países do Terceiro Mundo; e a guerra do Vietnã foi
intensificada e continuada. E para a melhor parte do século, a Liderança
Congressional do Partido Democrata protegeu a segregação racial e vetaram todas
as emendas contra o linchamento e de pleno emprego. Mesmo assim, todos esses
crimes, trazendo a ruína e morte de muitos, não tem comovido os liberais, os
sociais-democratas, e os “socialistas democráticos” anticomunistas para
insistir repetidamente que se trata de condenações vagas do Partido Democrata
ou do sistema político que o produziu, certamente não com o fervor intolerante
que tem sido dirigido contra o comunismo existente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Socialismo
puro vs. Socialismo de cerco<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
eventos na Europa Oriental não constituem uma derrota para o socialismo por que
o socialismo nunca existiu naqueles países, de acordo com alguns esquerdistas
dos EUA. Eles dizem que os Estados comunistas ofereceram nada mais do que um
sistema burocrático, “capitalismo de Estado” unipartidário e algo do tipo.
Chamarmos os antigos países comunistas de “socialistas” é uma questão de
definição. Suficiente para dizer, eles constituíram algo diferente do que
existiu no sistema capitalista movido pelo lucro que os capitalistas não
tardaram a reconhecer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Primeiro,
nos países comunistas, havia menos desigualdade econômica do que sob o
capitalismo. Os benefícios desfrutados pelas elites do partido e do governo
eram modestas em comparação com os padrões de um diretor executivo de uma
grande empresa no ocidente (mesmo quando comparados com as compensações
grotescas para as elites financeiras e executivas – edição), bem como para com
sua renda pessoal e estilo de vida. Líderes soviéticos como Yuri Andropov e
Leonid Brejnyev não viviam em mansões reservadas como na Casa Branca, mas em
apartamentos relativamente largos em projetos habitacionais próximos ao
Kremlin, designado para líderes governamentais. Eles tinham limusines à sua
disposição (como a maioria dos chefes de Estado) e acesso a largas dachas onde
eles recebiam visitantes dignatários. Mas eles não tinham essa imensa riqueza
pessoal que a maioria dos líderes dos EUA possuem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
“vida luxuosa” desfrutada pelos líderes partidários da Alemanha Oriental, como
bem publicado na imprensa dos EUA, incluía um subsídio de 725 dólares em
divisas, e direito a um assentamento exclusivo nos arredores de Berlim que
incluíam uma sauna, uma piscina coberta e um centro de fitness compartilhado
por outros residentes. Eles também podiam comprar em lojas abastecidas com bens
ocidentais como bananas, jeans e eletrônicos japoneses. A imprensa dos EUA
nunca apontou que os cidadãos alemães orientais comuns tinham acesso a piscinas
públicas e ginásios e mesmo podiam comprar jeans e eletrônicos(embora não a
variedade importada). Nem era o “luxuoso” consumo desfrutado pelos líderes
alemães contrastados como o verdadeiramente opulento estilo de vida da
plutocracia ocidental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Segundo,
nos países comunistas, as forças produtivas não eram organizados para ganho de
capital e enriquecimento privado; a propriedade pública dos meios de produção
suplantaram a propriedade privada. Indivíduos não podiam contratar outras
pessoas e acumular grandes riquezas pessoais de seu trabalho. Novamente,
comparado com os padrões ocidentais, a diferença nos ganhos e economias entre a
população eram geralmente modestos. A renda entre os maiores e menores
assalariados na União Soviética era de cinco para uma. Nos Estados Unidos, a
renda média entre os maiores multibilionários e os pobres trabalhadores é de
10.000 para 1.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Terceiro,
a prioridade era colocada sobre os serviços humanos. Embora a vida sob o
comunismo deixou muito a desejar e os serviços eram raramente os melhores, os
países comunistas garantiram aos seus cidadãos o mínimo padrão de sobrevivência
e seguridade econômica, incluindo educação garantida, emprego, habitação e
assistência médica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">Quarto,
os países comunistas não visavam a penetração do capital de outros países.
Carecendo de uma motivação de lucro como sua força motor e assim não tendo a
constante necessidade de encontrar novas oportunidades de investimentos, eles
não expropriaram as terras, o trabalho, os mercados e recursos naturais de
nações mais fracas, isto é, não praticaram o imperialismo econômico. A União
Soviética conduziu o comércio e relações de ajuda em termos geralmente
favoráveis às nações do Leste Europeu e Mongólia, Cuba e Índia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tudo
acima fez parte dos princípios organizacionais de cada sistema comunista num ou
outro degrau. Nenhum deles se aplica a países de livre mercado como Honduras,
Guatemala, Tailândia, Coréia do Sul, Chile, Indonésia, Zaire, Alemanha ou
Estados Unidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
um verdadeiro socialismo, argumenta-se, seria controlado pelos próprios
operários através de participação direta, em vez de ser dirigido por
leninistas, estalinistas, castristas, ou outros patologicamente sedentos de
poder, burocráticos, homens cabalmente maus que traem revoluções. Infelizmente,
esse “socialismo puro” é uma figura não-histórica e não-falsificada; ela não
pode ser posta a prova contra as atualidades da história. Ela compara um ideal
com uma realidade imperfeita, e a realidade vem num mísero segundo. Ela imagina
o que o socialismo poderia ter sido num mundo bem melhor do que este, onde não
há fortes estruturas de Estado ou força de segurança é requerida, onde nenhum
dos valores produzidos pelos trabalhadores precisa ser expropriado para
reconstruir a sociedade e defendê-la da invasão externa e sabotagem interna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As
antecipações ideológicas dos socialistas puros tão intangíveis na prática. Elas
não explicam como desdobramentos de uma sociedade revolucionária seriam
organizadas, como ataques externos e sabotagem interna seria combatida, como a
burocracia seria evitada, recursos escassos alocados, diferenças políticas
abordadas, prioridades estabelecidas, e produção e distribuição conduzidas. Em
vez disso, eles oferecem vagas declarações sobre como os trabalhadores iriam
diretamente possuir e controlar os meios de produção e chegariam em suas
próprias soluções através de uma luta criativa. Não é nenhuma surpresa que os
socialistas puros apoiam cada revolução, exceto as que tiveram sucesso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
socialistas puros tem uma visão de uma nova sociedade que criaria e seria criada
por novas pessoas, uma sociedade tão transformada em seus fundamentos que
deixaria pouco espaço para erros, corrupção e abusos criminosos do poder do
Estado. Não haveria burocracia ou oportunistas interesseiros, nenhum conflito
rude ou decisões dolorosas. Quando a realidade prova ser diferente e mais
difícil, alguns na esquerda procedem em sua condenação do real e anunciam que
“sentem-se traídos” por esta ou aquela revolução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
socialistas puros veem o socialismo como um ideal que foi manchado pela
venalidade, duplicidade e sede de poder dos comunistas. Os socialistas puros
opõem-se ao modelo soviético, mas oferecem poucas evidências para demonstrar
que outros caminhos poderiam ter sido adotados, que outros modelos de
socialismo – não o criado pela imaginação de alguém, mas desenvolvido sob a
experiência histórica – poderia ter se firmado e funcionado melhor. Era
possível um socialismo aberto, plural e democrático possível sob esta
conjuntura histórica? A evidência histórica sugere que não. Como sustentou o
filósofo político Carl Shames:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Como (os críticos de
esquerda) sabem que o problema fundamental era a “natureza” dos partidos (revolucionários)
governantes em vez de dizer que a concentração global do capital está
destruindo todas as economias independentes e colocam um fim à soberania
nacional em todo lugar? E nesse plano, de onde veio essa “natureza”? Essa
“natureza” estava desconcertada, desconectada da própria sociedade em si, das
relações sociais impactantes? (…) Centenas de exemplos nos quais a
centralização do poder foi uma escolha necessária podem ser encontrados para
proteger e assegurar as relações socialistas. Em minha observação (das
sociedades comunistas existentes), o lado positivo do “socialismo” e a negação
da “burocracia, autoritarismo e tirania” faziam parte de cada esfera da vida”
(Carl Shames, correspondência a mim, 15/01/92)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
socialistas puros regularmente acusam a própria esquerda da derrota que sofrem.
Os seus achismos são infindáveis. Então ouvimos dizer que lutas revolucionárias
falham por que seus líderes esperam demais para agir ou agem cedo demais, são
tímidos demais ou impulsivos demais, muito teimosos ou facilmente
influenciáveis. Ouvimos dizer que líderes revolucionários são comprometedores
ou aventureiros, burocráticos ou oportunistas, rigidamente organizados ou
insuficientemente organizados, não democráticos ou falham para oferecer forte
liderança. Mas sempre os líderes falham por que eles não aceleram as “ações
diretas” dos trabalhadores, que aparentemente iriam contornar e resolver cada
adversidade se lhes fosse dado algum tipo de liderança disponível nos grupelhos
dos críticos de esquerda. Infelizmente, os críticos parecem inaptos para
aplicar seu próprio gênio de liderança para produzir um movimento revolucionário
de sucesso em seu próprio país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Tony
Febbo questiona essa síndrome de “culpar a liderança” dos socialistas puros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“Parece-me
que quando pessoas tão inteligentes, diferentes, dedicadas e heroicas como
Lenin, Mao, Fidel castro, Daniel Ortega, Ho Chi Minh e Robert Mugabe – e
milhões de pessoas heroicas que os seguiram e com eles lutaram – tudo termina
mais ou menos no mesmo lugar, então algo maior está funcionando do que quem
toma as decisões ou em qual encontro. Ou mesmo do que o tamanho das casas para
as quais eles vão após o encontro...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esses
líderes não estavam no vácuo. Eles estavam em um tornado. E tal sucção, a
força, o poder que girava em torno deles deixou esse mundo mutilado por mais de
900 anos. E culpar esta ou aquela teoria, ou este ou aquele líder é um
substituto simplista para o tipo de análise que os marxistas(deveriam fazer).”
(Guardian, 13/11/91)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">Para
ser exato, os socialistas puros não são inteiramente diferentes sem agendas
específicas para construir a revolução. Depois que os sandinistas derrubaram a
ditadura de Somoza na Nicarágua, um grupo de ultra-esquerda no país clamava por
uma propriedade das fábricas feita diretamente pelos trabalhadores. Os
operários armados tomariam o controle da produção sem benefício de diretores, planejadores
estatais, burocratas ou forças armadas formais. Enquanto inegavelmente
atraente, esse sindicalismo operário nega as necessidades de um poder estatal.
Sob tal organização, a revolução nicaraguense não teria durado sequer dois
meses ante a contrarrevolução patrocinada pelos EUA que devastou o país. Ela
estaria inapta para mobilizar recursos necessários para manter um exército,
tomar medidas de segurança, ou construir e coordenar programas econômicos e
serviços humanos em escala nacional.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Descentralização
vs. Sobrevivência<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para
uma revolução popular sobreviver, ela deve conquistar o poder de Estado e
usá-lo para quebrar o domínio exercito pela classe dominante sobre as
instituições e recursos da sociedade, e resistir ao contra-ataque reacionário que
certamente virá. Os perigos internos e externos que uma revolução enfrenta
necessitam de um poder centralizado que não satisfaz aos gostos de muitos, nem
na Rússia Soviética de 1917, nem na Nicarágua sandinista de 1980.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Engels
oferece uma avaliação pertinente de uma revolta na Espanha em 1872-73 na qual
os anarquistas alcançaram o poder ao longo do país. Primeiramente, a situação
prometia. O rei abdicou e o governo burguês mal contava com algumas centenas de
tropas mal treinadas. Todavia, essa força triunfou por ter enfrentado uma
rebelião paroquiada. “Cada cidade proclamou-se com um cantão soberano e
estabeleceu um comitê revolucionário(junta)”, Engels escreve. “Cada cidade agiu
por conta própria, declarando que o importante seria não a cooperação com
outras cidades, mas a separação delas, assim precluindo qualquer possibilidade
de um ataque combinado(contra as forças burguesas)”. Foi a fragmentação e
isolamento das forças revolucionárias que possibilitaram as tropas do governo
esmagar uma revolta após a outra”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">A
autonomia paroquiada descentralizada é o cemitério da insurgência – o que pode
ser a razão pela qual jamais houve uma rebelião anarco-sindicalista de sucesso.
Idealmente, seria bom ter apenas uma participação local, autogestionada, dos
trabalhadores, com a mínima burocracia, polícia e forças armadas. Esse seria
provavelmente o desenvolvimento do socialismo, se fosse permitido a ele se
desenvolver sem problemas com a contrarrevolução subversiva e ataques. Alguns
talvez se lembrem como em 1918-20, quatorze países capitalistas, incluindo os
Estados Unidos, invadiram a Rússia Soviética em uma sangrenta, mas afracassada
tentativa de derrubar o governo revolucionário bolchevique. Os anos da invasão
estrangeira e guerra civil contribuíram para reforçar a psicologia de cerco
bolchevique em seu compromisso com a sincronia de unidade do partido e um
aparato de segurança repressivo. Assim, em maio de 1921, o mesmo Lenin que
encorajou a prática de democracia partidária interna e lutou contra Trotsky
para garantir aos sindicatos maior autonomia, agora clamava pelo fim da
Oposição Operária e outros grupos dentro do partido. “A hora chegou”, ele disse
entusiasticamente no X Congresso do Partido, “de por um fim à oposição, de
fazê-la cessar: nós temos oposição demais”. Disputas abertas e tendências
conflitantes dentro e fora do partido, os comunistas concluíram, criaram uma
aparência de divisão e fraqueza que convidava o ataque de formidáveis inimigos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
mês antes, em abril de 1921, Lenin clamara por mais representação operária no
Comitê Central do partido. Em poucas palavras, ele não se tornara
anti-operário, mas anti-oposição. Havia aqui uma revolução social – como
qualquer outra – que não teve a permissão de desenvolver sua vida política e
material sem óbices.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Durante
os anos 20, os soviéticos enfrentaram a escolha de se mover numa direção
centralizada com uma economia dirigida e coletivização agrária forçada e uma
industrialização a toda velocidade sob um partido dirigente e autocrático, a
estrada adotada por Stalin, ou mover-se numa direção liberalizada, permitindo
mais diversidade política, mais autonomia para os sindicatos e outras
organizações, mais debate aberto e críticas, maior autonomia entre as várias
repúblicas soviéticas, um setor de pequenos negócios privados, desenvolvimento
agrícola independente pelo campesinato, grande ênfase nos bens de consumo e
menos esforços na acumulação de capital necessário para construir uma forte
base militar-industrial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
último tipo, acredito, teria produzido uma sociedade mais confortável, mais
humana e com melhores serviços. O socialismo de cerco teria dado lugar ao
caminho para o socialismo de consumo operário. O problema é que o país teria
arriscado ser incapaz de resistir à ofensiva nazista. Em vez disso, a União
Soviética embarcou numa rigorosa e forçada industrialização. Esta política tem
sido frequentemente mencionada como um dos erros perpetrados por Stalin sobre
seu povo. Consistia mais em construir, dentro de uma década, uma base
industrial inteiramente nova no Leste, nos Urais, em meio às estepes agrestes,
o maior complexo de aço da Europa, em antecipação à invasão do Ocidente. “O
dinheiro foi gasto como água, homens congelaram, tiveram fome e sofreram, mas a
construção se deu com o desrespeito por indivíduos e um heroísmo de massas sem
paralelo na história”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
profecia de Stalin de que a União Soviética tinha apenas dez anos para fazer o
que os britânicos fizeram em um século provou-se correta. Quando os nazistas
invadiram em 1941, a mesma base industrial, seguramente distanciada em milhas
do fronte, produziram as armas da guerra que eventualmente mudaram o rumo da
maré. O custo dessa sobrevivência incluiu 22 milhões de soviéticos que
pereceram na guerra e incomensurável devastação e sofrimento, os efeitos
distorceriam a sociedade soviética por décadas depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tudo
isso não quer dizer que tudo que Stalin fez foi uma necessidade histórica. As
exigências da sobrevivência revolucionária não “tornam inevitáveis” a execução
sem coração de centenas de velhos líderes bolcheviques, o culto da
personalidade de um líder supremo que clamava cada ganho revolucionário como
sua própria conquista, a supressão da vida política do partido através do
terror, o eventual silenciamento do debate referente ao ritmo da
industrialização e coletivização, a regulação ideológica de toda a vida
intelectual e cultural, as deportações em massa de nacionalidades “suspeitas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
efeitos transformadores do ataque contrarrevolucionário tem sido sentido em
outros países. Uma oficial sandinista que eu conheci em Viena, em 1986, notou
que os nicaraguenses não eram um “povo guerreiro”, mas eles tiveram que
aprender a lutar por que estavam face a uma guerra destrutiva, mercenária,
patrocinada pelos EUA. Ela enfatizou o fato de que a guerra e o embargo
forçaram seu país a protelar sua agenda socioeconômica. Tal como com a
Nicarágua, tal como Moçambique, Angola e numerosos outros países nos quais
forças mercenárias dos EUA destruíram fazendas, vilas, centros de saúde e
estações de energia, ao passo que matavam ou traziam a fome para centenas de
milhões – o bebê revolucionário foi estrangulado em seu berço ou impiedosamente
sangrado antes de seu reconhecimento. Essa realidade deve ganhar tanto reconhecimento
quanto a supressão de dissidentes nesta ou naquela sociedade revolucionária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
derrubada dos governos comunistas soviético e do Leste Europeu foi aplaudida
por muitos intelectuais de esquerda. Agora a democracia teria seu dia. O povo
estaria livre do julgo do comunismo e a esquerda dos EUA estaria livre do
albatroz de tal comunismo existente, como Richard Lichtman colocou, “liberada
do íncubo da União Soviética e da súcubo da China comunista”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na
verdade, a restauração capitalista na Europa Oriental enfraqueceu seriamente as
numerosas lutas de libertação do Terceiro Mundo que recebiam ajuda da União
Soviética e trouxe uma nova onda de governos de direita, os que agora funcionam
lado a lado com as contrarrevoluções globais dos EUA ao longo do globo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
adição, a derrubada do comunismo deu luz verde para os impulsos exploratórios
descontrolados dos interesses corporativos ocidentais. Não há mais a
necessidade de convencer aos trabalhadores que eles vivem melhor que seus
colegas na Rússia, não estão num sistema concorrente, a classe corporativa está
retirando as principais conquistas que o povo trabalhador conseguiu ao longo
dos anos. “Capitalismo com face humana” está sendo substituído por “capitalismo
na sua face”. Como Richar Levisn coloca, “então na nova agressividade
exuberante do capitalismo mundial nós vemos do que haviam se distanciado os
comunistas e seus aliados” (Monthly review, 9/96).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tendo
jamais entendido o papel dos poderes comunistas existentes desempenhado no
temperamento dos piores impulsos do capitalismo ocidental, e tendo percebido o
comunismo como nada além de um mal não mitigado, os anticomunistas de esquerda
não fizeram nada para antecipar as perdas que estavam por vir. Alguns deles
ainda não entendem isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
*<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Escrito de</span> <span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Michael Parenti - cientista político,
jornalista, escritor, historiador e crítico cultural. <o:p></o:p></span></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-90994945045090324102018-06-29T16:26:00.000-07:002018-06-29T16:26:06.271-07:00O professor liberal (Pablo Ortellado) e sua apologia indireta do nazismo<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvYV_m66VrmkGCnKqic2-O3jA8w3J-LY0qastQe8yYB53JBMPrFh5JXdPl1OEe2lk-5eN4Mkrp89VLabXpTRrlx_GxQoeM8x6FRXmMML_cfV8w3x5k5Y2l_5Y0zlf0yiSYNtmOeezn7Ug/s1600/bandeira-URSS-no-reichstag.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvYV_m66VrmkGCnKqic2-O3jA8w3J-LY0qastQe8yYB53JBMPrFh5JXdPl1OEe2lk-5eN4Mkrp89VLabXpTRrlx_GxQoeM8x6FRXmMML_cfV8w3x5k5Y2l_5Y0zlf0yiSYNtmOeezn7Ug/s320/bandeira-URSS-no-reichstag.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto símbolo da vitória soviética sobre o nazismo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">É de notório conhecimento de
quem estuda um pouco de histórica - não precisa ser muito - que existe uma
operação política-ideológica de proporções mundiais atuando há mais de 70 anos
que visa apagar da consciência histórica dos povos que o verdadeiro responsável
pela derrota do nazifascismo foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
- URSS. Em países letrados com zero de analfabetismo e admirados por sua
tradição intelectual, como a França, a propaganda foi tão eficiente que a
maioria dos franceses acham que foram os EUA, e não a URSS, o principal
responsável por derrotar o nazifascismo. Essa operação de apagamento do maior
feito da história do movimento comunista no século XX é coroada com a ideologia
do totalitarismo: construção teórica completamente desonesta, sem sustentação
histórica e de base liberal que visa equiparar nazismo, fascismo e comunismo
soviético. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">A Copa do Mundo na Rússia,
dentre outras coisas, está servindo para lembrar para vários povos que quem
destruiu a besta nazista foi a União Soviética. Incrivelmente, até
comentaristas da Globo já falaram durante a transmissão dos jogos que essa
conquista é do povo soviético dirigido pelo Partido Comunista da União
Soviética (PCUS) e seu líder político na época, Josef Stálin. Esse efeito é muito
positivo pois nos ajuda a defender um legado que é nosso. A lamentável campanha
futebolística da Alemanha na Rússia teve como efeito, a partir de piadas,
lembrar que foi na pátria de Lênin, e não no "Dia D", que Hitler e
sua horda de bestas tombaram. As piadas e memes, nesse caso, por incrível que
pareça, têm função pedagógica! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">Não sem surpresa aparece algum
liberal sofrendo com esse "resgate" da história. O professor Pablo
Ortellado publica um texto raivoso em seu Facebook onde os que estão fazendo
piadas sobre a vitória soviética - a nossa vitória – frente ao nazismo são
seres "sem consciência histórica", apoiadores da "tortura,
genocídio, assassinatos, perseguição aos desistentes" etc. Para coroar o
festival de anticomunismo, na cabeça do professor, lembrar a conquista
soviética significa que vivemos "tempos perigosos". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">Como eu sempre digo: nada para
incomodar mais um liberal do que o combate - na prática ou na teoria - ao
fascismo. Segundo, e mais importante, agindo como um completo desonesto [na
teoria, não falo aqui no âmbito de comportamento pessoal] o Professor cria um
verdadeiro espantalho: é possível reivindicar todo o legado positivo da URSS
(fim da miséria, desemprego, analfabetismo, fome, combate ao racismo, apoio na
luta anticolonial, avanço na emancipação da mulher etc. etc. etc.) e ser
totalmente crítico aos erros e tragédias do processo soviético e de sua maior
liderança: Josef Stálin. Reivindicar Stálin como um grande nome do movimento
comunista, como eu faço, não significa de forma alguma não ter duras e severas
críticas aos seus erros (erros historicamente localizáveis e não meramente
individualizados) ou fazer apologia da morte de grandes revolucionários ou
achar os campos de trabalho soviético, o famoso Gulag, um parque de diversões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">Só na cabeça de ignorantes - o
que não é o caso do professor - ou canalhas se orgulhar do nosso passado
significa ser um imbecil acrítico que diz amém para tudo que aconteceu em bloco
como se o mundo fosse dividido entre 8 ou 80 (como falamos em Pernambuco). Não,
caro professor, o mundo não é binário e no balanço do nosso passado, defender
nosso legado, não significa ausência de autocrítica, reflexão e assumir erros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">O curioso é que o anticomunista
que faz isso com a história soviética reivindica sem qualquer problemas o
liberalismo. O mesmo liberalismo que apoiou a escravidão, o colonialismo, o
extermínio de povos originários, a ausência de direitos políticos para
trabalhadores, mulheres e imigrantes, jornadas de trabalho de 16h, o darwinismo
social etc. etc. etc. Será o nosso professor liberal, por exemplo, um defensor
da escravidão? É claro que não. Contundo, é incrível não só a falta de
honestidade intelectual de seus argumentos, como esse tipo de figura gozar de
prestígio no seio da esquerda brasileira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="color: #1d2129; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">Parto do princípio que todo
anticomunista é, por definição, um inimigo de classe. O que não nega,
evidentemente, algumas colaborações táticas ou até aprender com o sujeito, mas
nunca esquecendo que estamos em trincheiras diferentes. O chilique
anticomunista do professor prova que para o liberal, mesmo o autodeclarado de
"esquerda", é possível dormir tranquilo negando todas as atrocidades
do liberalismo e ajudando - direta ou indiretamente - a sancionar a barbárie
nazista, mas nunca, sob hipótese alguma, reconhecer que foi o povo soviético
através da sua economia planificada, Exército Vermelho, PCUS e liderança de
Stálin que derrotou a máxima expressão da barbárie. <o:p></o:p></span></div>
<br />jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-21007076704320910112017-12-12T14:27:00.002-08:002017-12-12T14:27:41.118-08:00O preço do republicanismo ingênuo - o caso da Polícia Federal <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCWkxIAHxwmJ04EYJZvx3u8epjEdmfwtCovbtX2KqaQjg2ECn7fCPN8iYPJHlV_7jviba1C7srTn9GEXEDaDe0p0UafkRb8BAZ3NUKl0lb6yoYWKwfmZvyrqhg4xQ9jDU9rJgfa6fU08I/s1600/pf-abr-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="888" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCWkxIAHxwmJ04EYJZvx3u8epjEdmfwtCovbtX2KqaQjg2ECn7fCPN8iYPJHlV_7jviba1C7srTn9GEXEDaDe0p0UafkRb8BAZ3NUKl0lb6yoYWKwfmZvyrqhg4xQ9jDU9rJgfa6fU08I/s320/pf-abr-1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">símbolo da PF</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nos
últimos anos da política brasileira, a Polícia Federal (PF) está no centro dos
holofotes. Protagonista de grandes operações policiais de ampla cobertura
midiática e ator político central desde o golpe jurídico-parlamentar que
destituiu a presidenta Dilma, as ações da PF ganham novos ares de controvérsia
com sua ofensiva contra as universidades públicas. Primeiro, na Universidade
Federal de Santa Catarina, realizou uma operação policial extravagante com base
em provas duvidosas que teve como resultado o suicídio do ex-reitor
desmoralizado publicamente (o ex-reitor sofreu o mesmo tratamento que as
milhares de vítimas diárias do aparato repressivo do Estado burguês). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Recentemente
foi a vez da Universidade Federal de Minas Gerais ser alvo de uma operação
igualmente espetaculosa com ares de operação de guerra e com base em provas
também frágeis para dizer o mínimo (isso considerando, é claro, as provas até
agora apresentadas). O sentido político das ações da PF é bastante evidente:
desmoralizar as universidades públicas taxando-as como antros de corrupção num
momento de brutal ofensiva contra essas instituições por parte do Governo
Federal com intento de realizar privatizações em benefício dos grandes
monopólios da educação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Se o
sentido político das iniciativas da PF é bastante evidentemente, o processo
histórico e político de sua subida ao primeiro plano do aparato do Estado, ao
ponto de ter um papel central no golpe de 2016, é bem menos conhecido. Aliás, a
partir de 2016, como que um despertar de um sono profundo, as organizações do
campo democrático-popular, especialmente o PT e a Consulta Popular, passam a
relembrar a existência do... imperialismo. Como durante anos o termo/conceito
imperialismo era proibido, preferindo ideologias como “cenário internacional”
ou “atores globais”, o processo de transformação da PF num aparelho com amplas
ramificações com o Estados Unidos simplesmente não foi debatido como um
problema e combatido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nosso
objetivo nesse texto não é traçar um amplo histórico da estruturação da PF e
buscar explicar, ainda que minimamente, como e por que ela tomou esse papel no
aparato do Estado na atual cena política. Buscamos algo bem menos ousado:
queremos tão somente lembrar dos sinais gritantes de interferência/controle do
imperialismo estadunidense sobre a PF nos anos dos governos petistas e como
esse processo foi ignorado a partir da ideologia do republicanismo ingênuo que
dominou os setores majoritários da esquerda brasileira nos últimos anos – e que
mostra uma incrível persistência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O PT,
ainda antes de chegar ao governo, embora esse processo tenha se acelerado com a
primeira vitória de Lula, abandonou o marxismo e o socialismo como referência
estratégica e concepção de mundo. Luta de classe, imperialismo, relações de
produção, superexploração da força de trabalho, Estado burguês e outros
conceitos críticos foram trocados pelas ideologias da moda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">As
mudanças que se verificam não se operam aleatoriamente, mas no sentido de
recolocar a consciência que se emancipava de volta nos trilhos da ideologia.
Não é, em absoluto, certas palavras-chaves vão substituindo, pouco a pouco,
alguns dos termos centrais das formulações: ruptura revolucionária por
rupturas, depois por democratização radical, depois por democratização e
finalmente chegamos aos “alargamento das esferas de consenso”; socialismo por
socialismo democrático, depois por democracia sem socialismo; socialização dos
meios de produção por um controle social do mercado; classe trabalhadora, por
trabalhadores, por povo, por cidadãos; e eis que palavras como revolução,
socialismo, capitalismo, classes, vão dando lugar cada vez mais marcante para
democracia, liberdade, igualdade, justiça, cidadania, desenvolvimento com
distribuição de renda. A consciência só expressa em sua reacomodação no
universo ideológico burguês, nas relações sociais dominantes convertidas em
ideias, a acomodação de fato que se operava no ser mesmo da classe no interior
destas relações por meio da reestruturação produtiva e o momento geral de
defensiva na dinâmica da luta de classe [1]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nesse
processo o PT adotou o republicanismo ingênuo como mote ideológico de ação e
prática. O republicanismo ingênuo é a ideologia que afirma existir o
funcionamento de um Estado pautado nos interesses públicos sem contaminações
privatistas onde as instituições desse Estado atuam em equilibro na divisão de
poderes e competências baseadas em critérios técnicos e legais e que os
agentes, isto é, os sujeitos dessas instituições, devem pautar-se pela isonomia
e neutralidade político-ideológica – normalmente os países centrais do
capitalismo, como os EUA, são apontados como o exemplo de republicanismo, e o
Brasil, pobre diabo, sofre porque ainda não conseguiu chegar lá por culpa do
patrimonialismo, populismo, nacionalismo ou qualquer outra invenção da
ideologia dominante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nos
anos do petismo, enquanto projeto de conciliação de classe e gestão da ordem,
todas as medidas de aprofundamento da dependência e da dominação imperialista
legadas pelos governos anteriores foram mantidas e/ou aprofundadas. Na questão
da PF a tônica não foi diferente. Segundo reportagem do Jornal Folha de São
Paulo, aparelho ideológico insuspeito de “esquerdismo”, em 2004 (primeiro
Governo Lula) a CIA participou da Operação Vampiro da PF que “desmantelou uma
quadrilha que atuava em fraudes contra o Ministério da Saúde na compra de
medicamentos” [2]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
participação da CIA junto a PF nessa operação não foi um raio em céu azul.
Mantendo a tradição legada por FHC, a CIA, DEA e FBI, continuaram podendo atuar
livremente no Brasil nos anos do PT e estabelecer várias “parcerias” com a PF.
Em 7 de janeiro de 2003, segundo o jornal Estadão, causava polêmica entre os
policiais federais o valor de 10 milhões de reais vindos dos EUA para a PF,
metade repassado pela DEA (o único critério seria usar esse dinheiro no combate
às drogas que teriam os EUA como destino). O presidente na época da Federação
Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Francisco Garisto, afirmou ao Estadão
que é “um dinheiro maldito que causa muita discórdia na PF” [3]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Aparentemente,
a “discórdia” não impediu a continuidade das parcerias. Em 2010 (primeiro
governo Dilma) foi formalizado um acordo entre PF e Embaixada dos EUA no
Brasil. O “acordo”, na época, foi duramente criticado por Walter Maierovitch
(jurista e ex-secretário nacional antidrogas). Segundo Maierovitch –
personalidade insuspeita de falta de simpatia com o petismo -, “Opinei pela não
oficialização do convênio, em relação às drogas, porque era um acobertamento
para a espionagem desenfreada, sem limites” [4]. Ainda em 2010, Alexandre
Ferreira, presidente da Fenapef, afirmou “O que mais tem é americano travestido
de diplomata fazendo investigação no Brasil”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ainda
segundo a reportagem da Folha de São Paulo que estamos citando, cinco bases da
PF funcionam no combate ao terrorismo (uma ameaça iminente ao Brasil, não é
mesmo?!): Rio, São Paulo, Foz do Iguaçu e São Gabriel da Cachoeira. Todas
contam com tecnologia e equipamentos da CIA e há “agentes americanos atuando em
parceria com os brasileiros” – uma pesquisa rápida no google mostra que era
tema de conhecimento nacional divulgado em praticamente todos os jornais da
grande mídia que agentes da CIA atuavam livremente e sem qualquer controle no
Brasil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">As
denúncias reveladas por Edward Snowden não foram suficientes para a presidente
Dilma tomar uma postura concreta contra a livre ações dos órgãos do
imperialismo. Além de um discurso firme, nenhuma medida concreta, muito menos
revogar todas as parcerias da embaixada dos EUA com a PF, foi tomada. O Governo
brasileiro aceitou a espionagem da CIA e NSA como um fato e parecia lamentar,
apenas, a descoberta pública. Foram mais de 13 anos de petismo e absolutamente
nenhum combate à interferência dos EUA em aparelhos repressivos estratégicos
como a PF. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Durante
todos esses anos o petismo sustentou um discurso ingênuo baseado num
republicanismo vira-lata de que agora a PF tinha autonomia para atuar e a
política não interferia nas suas operações. Citando sempre as ações do Governo
FHC para impedir investigações (denúncia verdadeira), o petismo orgulhava-se da
finalmente conquistada “autonomia profissional” da PF. A situação ficou
constrangedora quando a PF, aquela finalmente profissionalizada, passou a ser
um claro instrumento de derrubada do PT do governo: nesse momento, e só nesse,
as vozes petistas lembraram-se de indagar sobre as forças políticas presentes
no seio da PF – era tarde. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Se essa conjuntura valer de algo, creio que a
primeira coisa deve ser destruir de vez todas as ilusões do republicanismo
ingênuo. Nenhuma instituição é neutra e técnica destituída de sentido político
e de disputas políticas em seu seio. Na política não existe espaço vazio.
Resta, nesse momento, além de combater as ações policialescas da PF, tentar o
mais rápido possível entender no que a instituição se transformou nesses
últimos anos e a quais interesses [e como] responde. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[1] - <span style="background: white;">Mauro Luis Iasi. As metamorfose da consciência de classe – o
PT entre a negação e o consentimento. Expressão Popular.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[1] – http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/09/1342289-agentes-da-cia-conseguem-atuar-livremente-no-brasil.shtml<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[2] –
http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,policial-confirma-que-pf-recebe-dinheiro-da-cia-e-fbi,20040413p12606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[4] - http://www.apn.org.br/w3/index.php/america-latina-brasil/5828-policia-federal-da-cobertura-espioes-da-cia-no-brasil<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-12784572217802449242017-10-20T06:51:00.003-07:002017-10-20T06:51:28.757-07:00A organização leninista e a Revolução Brasileira: apontamentos contra um senso comum<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz6fCbl5IFlSu2dcDq49z8af3Qb7G1BcAs_g_3JScPP8UEduhTtr6ckRVYrfbErLCbXmyYoEx_hicebZ6G_E6GnOTeViImcv5LO_0jcx8YmuKd3h1guOHy7kqU56HO6XXODCTRXuczgiM/s1600/29ago2013---manifestantes-ligados-a-partidos-comunistas-fazem-protesto-em-frente-a-embaixada-dos-estados-unidos-em-atenas-na-grecia-nesta-quinta-feira-29-contra-qualquer-potencial-acao-militar-por-1377811281485_956x500.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="956" height="167" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz6fCbl5IFlSu2dcDq49z8af3Qb7G1BcAs_g_3JScPP8UEduhTtr6ckRVYrfbErLCbXmyYoEx_hicebZ6G_E6GnOTeViImcv5LO_0jcx8YmuKd3h1guOHy7kqU56HO6XXODCTRXuczgiM/s320/29ago2013---manifestantes-ligados-a-partidos-comunistas-fazem-protesto-em-frente-a-embaixada-dos-estados-unidos-em-atenas-na-grecia-nesta-quinta-feira-29-contra-qualquer-potencial-acao-militar-por-1377811281485_956x500.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">protesto do KKE</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Recentemente, assisti todos os vídeos do
seminário da Boitempo sobre os 100 anos da Revolução Russa. Nos vídeos, alguns
bons e outros horríveis, um dos elementos bastante presente, foi a crítica a
concepção leninista de partido. Adjetivos como “ultrapassado”, “mecânico”,
“superado” etc. foram muito evocados nessas críticas. No mais das vezes, a
concepção leninista de partido era resumido à questão do
centralismo-democrático – sempre dito como essencialmente autoritário. Em
nenhuma das “críticas” foi minimamente debatido algo central: o que é a
concepção leninista de partido que se pretende superada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Nos próximos meses, se o tempo não me faltar,
pretendo escrever uma série de reflexões sobre a questão organizativa e a luta
política nas condições concretas da realidade brasileira. Como uma espécie de
introdução, e uma exposição mais geral de algumas ideias, buscarei nessas
linhas mostrar, ainda que basicamente, o que é a concepção leninista de partido
e porque ela é atual como forma-organizativa do operador político da Revolução
Brasileira. Esse texto, como uma introdução geral e na forma de ensaio, não
recorrerá a referências, citações e confrontações com outros autores; isso será
feito nos próximos escritos. Tomem essas linhas como um início de um debate mais
amplo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Ano passado, no acampamento de formação política
da UJC, tive a responsabilidade de falar sobre a estratégia socialista
defendida pelo PCB. Nas perguntas um camarada me questionou se a concepção
leninista de partido, formulada nas condições específicas e históricas da
Rússia, era atual para o Brasil de 2016. A minha resposta assim se delineou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Primeiro, o partido político em Lênin é um
produto histórico, organizativo e político de uma compreensão da dinâmica da
sociedade capitalista em cada realidade nacional – sem nunca perder de vista o
processo mundial de acumulação capitalista – visando a conquista do poder.
Logo, a primeira coisa a ser dita, é que antes de escrever sobre a teoria do
partido, Lênin analisou o capitalismo russo (seu famoso livro “O
desenvolvimento do capitalismo na Rússia) e as condições da luta de classe
naquela situação histórica. Ao compreender a dinâmica das classes em luta em
seus aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais e organizativos, é que
a forma-partido expressa no clássico “Que Fazer?” foi materializada. O
pressuposto de toda reflexão é que essa forma-partido tem como objetivo último,
estratégico, tomar o poder político para realizar a transição socialista. O
partido não substitui a classe, ele é a classe (isso não significa, em
absoluto, unipartidarismo, o plural aqui pode ser usado sem problemas) em sua
ação revolucionária. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Analisar concretamente a situação política e
formar uma organização que consiga dentro dessa situação concreta atuar como
operador político revolucionário dos explorados e oprimidos. Em poucas
palavras, essa é a concepção leninista de partido! Não é preciso dizer que essa
“definição” opera numa altíssimo nível de abstração e que a concretização das
formas organizativas, em cada realidade e momento histórico, é variada, mas, ao
mesmo tempo, há elementos de universalidade na obra de Lênin que se mantém
atuais até hoje e enquanto existir capitalismo, assim vão se manter. Nesse
ponto, me parece, é necessário uma explicação teórico-metodológica melhor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Marx, ao escrever o Capital, procurou apreender
a dinâmica da sociedade capitalista. O fundador do materialismo-histórico não
analisou o capitalismo inglês, mas tomou essa formação social como concreção
histórica da universalidade da acumulação capitalista. A partir de O Capital
temos uma crítica da economia política que desnuda os meandros da lógica do
capital. Contudo, só com a obra de Marx não é possível, por exemplo,
compreender em sua riqueza de determinações a acumulação capitalista na América
Latina. É necessário percorrer um nível de abstração menor saturando de
determinações o objetivo de estudo até reconstruir o concreto como um todo
pensado. Em poucas palavras: só com Marx não se entende a América Latina, mas
sem ele muito menos. Nesse sentido, a Teoria Marxista da Dependência, é a
crítica da economia política da acumulação capitalista dependente que não nega
O Capital de Marx, mas, é a continuidade da análise em níveis de abstração
menor dentro de um processo de concretização histórica maior. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Voltando à concepção leninista de partido. A
despeito da gigantesca variedade de dinâmicas de classe, correlação de forças,
formas-políticas e processos organizativos das classes em luta, há na reflexão
leninista sobre o partido elementos de universalidades sempre atuais, mas essas
universalidades, ao tomar a forma organizativa particular, isto é, concreção
histórica, não são engessadas ou mecânicas. Vamos começar com os exemplos que,
a partir da ilustração, as ideias devem ficar de mais fácil compreensão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Um dos elementos de universalidade da concepção
leninista de Partido é que a institucionalidade burguesa, a despeito de seu
nível maior ou menor de democratização, tem como essência a conservação da
ordem burguesa. O Estado burguês e seu sistema político são sempre a
materialização das relações de produção dominantes. Isso significa que o
partido que busca se constituir enquanto operador político revolucionário não
deve ser nunca um gestor da ordem burguesa, mas ser o instrumento de destruição
dessas estruturas de poder buscando a criação do poder popular ou Estado
proletário. Como isso se expressará em cada conjuntura? Tal questão não é um
dado a priori. Se o partido revolucionário irá ou não participar das eleições,
que peso jogará, sua prioridade de atuação tática será o legislativo ou o
executivo etc. é uma questão de conjuntura política e não de estratégia. O que
é estratégico, e universal, é que o Partido revolucionário, para ser
revolucionário, não será um gestor da ordem, mas seu antagonista por essência –
Lênin, no seu clássico “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, explicou de
maneira suficientemente clara, que o partido revolucionário não nega por
princípio a atuação parlamentar, mas nega ser um partido parlamentar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Não ser um partido da ordem, isto é, atuar no
sistema político não sendo orgânico ao sistema político, pressupõe a
organização revolucionária desenvolver a capacidade de atuar dentro e fora da
institucionalidade. Como latino-americanos, me parece, não é preciso lembrar o quanto
na história do movimento operário as nossas organizações foram perseguidas e
postas na ilegalidade nos momentos mais acirrados da luta de classe. Quebrar os
limites da legalidade ou avançar no Estado de Exceção dentro da legalidade é um
princípio básico da ação burguesa em momentos de acirramento de classe
confirmado por todas as experiências históricas até hoje conhecidas. Garantir,
portanto, essa dupla capacidade, atuação legal e ilegal, é outro elemento de
universalidade da concepção leninista de organização. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">A organização revolucionária, para garantir não
ser um gestor da ordem e conseguir atuar mesmo estando marginal ou fora da
legalidade, precisa garantir sua independência de classe nos aspectos
organizativos: finanças, comunicação, estrutura etc. Ou seja, a organização
revolucionária não pode depender financeira e organizativamente do Estado e
muito menos da classe dominante. É um partido onde seu funcionamento orgânico é
garantido por sua militância através de meios que historicamente são muito variados.
O partido revolucionário pode receber financiamento do fundo partidário, por
exemplo, mas esse fundo nunca, sob hipótese alguma, pode ser seu núcleo de
estruturação. A questão, nesse aspecto, é bem clara: a independência política
exige um correlato (para ser real) organizativo. Quem paga a banda escolhe a
música – a organização que depende do Estado burguês ou de “doações” privadas
nunca poderá operar uma real política proletária. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Garantir a independência de classe em seus
aspectos materiais impõe um nível de profissionalização altíssimo da atividade
política. Não é possível, por exemplo, nas condições do Brasil, um país
continental, manter um partido de âmbito nacional funcionando com “ativistas” –
pessoas que tomam a ação política como uma dimensão secundária ou complementar
de suas vidas. O partido revolucionário, para funcionar como tal, exige
militantes profissionais e semiprofissionais. O revolucionário profissional é
uma exigência universal da prática política revolucionária. Qual será a forma
de profissionalização? Em que ramos de atuação? Qual a forma de seleção e
controle da atuação dos militantes profissionais? Essas questões, como já disse
em outro exemplo, dependem de situações históricas específicas e assumem as
mais diversas formas organizativas, contudo, a forma, não muda o conteúdo: a
profissionalização de revolucionários é uma necessidade intransponível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Esse partido revolucionário negador da ordem com
capacidade de atuar legal e ilegalmente sempre em busca de sua independência de
classe e profissionalização da atuação política, precisa, para ser um operador
político nacional, atuar como um sujeito coletivo, um estado-maior do
proletariado. Sem negar as especificidades regionais, para o processo
revolucionário, é necessário que o partido (aqui, de novo, o plural pode ser
usado sem problemas!) consiga congregar todas as particularidades num programa
político revolucionário que vai ser a expressão do universal: desde o
trabalhador precarizado do centro de São Paulo, até o ambulante de Recife e o
trabalhador agrícola do Rio Grande do Sul, todos, sem nunca esquecer as
mediações, vão atuar e defender o mesmo programa (sem falar das categorias
sociais oprimidas, como as LGBTs). Em suma, sem unidade na ação, especialmente
nos momentos de acirramento da luta de classes, é impossível a revolução. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Historicamente, a forma de garantir a unidade na
ação, a constituição de um sujeito político coletivo e coeso, foi a forma do
centralismo-democrático. Nesse ponto, o cuidado com as caricaturas deve ser bem
maior. A nossa memória histórica esqueceu que a forma do
centralismo-democrático é infinitamente mais variada que se imagina. O
centralismo no PCUS nunca foi o mesmo que no Partido Comunista Cubano, no
Partido Comunista Chinês ou no Partido do Trabalho da Coreia. Aliás, o Partido
Comunista Italiano, o PCI, no auge do eurocomunismo e sua consequente negação
do leninismo, manteve o centralismo-democrático! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Outro ponto importante, qualquer conhecedor
mínimo do movimento comunista sabe que a concepção de centralismo-democrático
do Partido Comunista Grego (KKE), Partido Comunista Sírio e do Partido
Comunista Brasileiro não é a mesma, por exemplo. Só o reducionismo
anticomunista pode tratar o centralismo-democrático como “tudo a mesma coisa”.
O objetivo da atuação coesa e unitária na ação pode ser conseguida fora da
estrutura do centralismo-democrático a despeito da própria variedade de formas
desse último? <b>Nunca neguei que sim! </b>A
questão, e indo direto ao ponto, é que até hoje a única forma eficiente encontrada
para essa tarefa é o centralismo-democrático – o que não impede de daqui há
algum tempo encontrarmos outra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Para se contrapor aos aparelhos ideológicos da
burguesia, afinal, a classe que detém o poder material controla o poder
espiritual [cultural], a organização revolucionária deve manter um robusto
aparato de agitação e propaganda do seu programa político. Esse aparato de
agitação e propaganda é o que vai viabilizar que em cada luta particular,
imediata, limitada, o ponto de vista geral, revolucionário, seja colocado,
garantindo que a prática política será pedagógica no avanço da consciência de
classe. Ou seja, o partido revolucionário é o formulador e divulgador do
projeto revolucionário e o vetor de propagação de uma nova cultura, negando os
valores e a ideologia dominante. A comunicação é um ponto nodal, crítico, no
partido revolucionário: ela precisa garantir capacidade de agitação e
propaganda para e com a classe e ao mesmo tempo garantir o funcionamento
orgânico de todas as instâncias do partido, desde as bases nos rincões mais
afastados do país até o comitê central. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Como garantir, por exemplo, uma atuação ilegal
sem uma eficiente comunicação externa e interna? E como garantir essa
comunicação sem revolucionários que se especializem nisso e capacidade
financeira própria para montar essa aparato de agitação, propaganda e
comunicação? No sistema político burguês, por mais democrático que seja, a
contestação aberta da ordem, isto é, o debate sobre o programa revolucionário,
nunca será feito! Cabe ao partido, em sua atuação concreta, criar as condições
materiais para tornar esse debate – sempre em condições históricas particulares
– um movimento de massa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Podemos resumir tudo que falamos na seguinte
questão: o Estado burguês, a despeito de sua múltipla variabilidade
institucional, é um instrumento de conservação da ordem; a burguesia, nos
processos de luta de classe, nunca abrirá mão de quebrar a legalidade ou
potencializar a repressão dentro da legalidade quando necessário; o sistema
político e sua lógica de financiamento são estruturados de tal forma para que
os partidos organicamente integrados como defensores da ordem, sendo de
esquerda ou direita; a sociedade burguesa, em sua reprodução, conta com
complexos e ramificados aparelhos repressivos, ideológicos e de controle que
para serem enfrentados necessitam de estruturas igualmente complexas e sólidas;
os meios de comunicação e produção cultural são monopólios da classe dominante
e as classes dominadas, para fazer política, precisam buscar quebrar esse
monopólio desenvolvendo seus próprios instrumentos hegemônicos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_gjdgxs"></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">O parágrafo acima
resume alguns dos principais desafios que todo revolucionário tem de enfrentar
na sua realidade nacional. A concepção leninista de organização, em seus
elementos de universalidade, é uma resposta política a esses desafios. Por isso
que no título desse texto eu afirmei que é um senso comum essa ideia amplamente
difundida que a concepção leninista de organização está superada. Façam o
teste: busque aprofundar o debate com os que defendem isso apontando os
elementos acima tratados. Garanto por experiência própria que a maioria ficará
sem resposta. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Nos próximos escritos vamos desenvolver de forma
mais aprofundada apontamentos realizados de maneira telegráfica nesse escrito. Mas
antes disso, não podemos terminar sem apontar uma importante provocação: nos
últimos 40 anos a concepção leninista de organização foi expurgada da maioria
das organizações de esquerda do mundo; o senso comum do “novo”, “novidade”, “a
nova coisa” tomou a esquerda. Desconheço nesse período qualquer experiência
exitosa de revolução conduzida por essas “novas concepções” organizativas. As
ideias sobre as formas de ativismo em rede e integração horizontal de
organização tem como principal mérito vender muitos livros na Livraria
Cultura. <o:p></o:p></span></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-24094397216911391362017-08-04T18:05:00.000-07:002017-08-04T18:05:04.834-07:00Neoliberalismo com características chinesas? Notas sobre a estratégia de desenvolvimento chinês<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Jones Manoel da Silva<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Victória
Hissa Hirosue Sonnenberg</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Introdução<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCZXTDDosL8V7hQHTHtb1DHghRaG2F163oWk1_7Wb71S0uJYARPxx_APuUAmDqeDkUU1G6kyVuxKltRjyXhELqnL8RJH3BCPRTjN4q2StxV_P40ASIaNblKt_G9B6GZ7N1dpmbv4u7qjk/s1600/pra%25C3%25A7a-de-tiananmen-porta-da-paz-celestial-com-retrato-de-mao-e-protetor-pequim-china-33396727.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCZXTDDosL8V7hQHTHtb1DHghRaG2F163oWk1_7Wb71S0uJYARPxx_APuUAmDqeDkUU1G6kyVuxKltRjyXhELqnL8RJH3BCPRTjN4q2StxV_P40ASIaNblKt_G9B6GZ7N1dpmbv4u7qjk/s320/pra%25C3%25A7a-de-tiananmen-porta-da-paz-celestial-com-retrato-de-mao-e-protetor-pequim-china-33396727.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praça De Tiananmen</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A ascensão da China à hegemonia
global é hoje um quase-consenso entre acadêmicos, políticos e jornalistas de
todo mundo. A retórica do, aparentemente, inevitável século chinês é admitida
inclusive por lideranças norte-americanas<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. O
fenômeno do crescimento econômico chinês já foi chamado de o mais
impressionante da história moderna<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>,
mesmo essa afirmação sendo equivocada, afinal o período soviético entre os anos
30 e o início da Segunda Grande Guerra continua sendo o maior e mais impressionante
exemplo de desenvolvimento econômico em um curto período de tempo, partindo de
uma base precária e sem práticas colonialistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">De toda forma, depois da derrubada
da União Soviética e superada a histeria com o crescimento do Japão, a expectativa
dos anos 90 era de uma hegemonia inconteste por longo tempo dos EUA. Poucos
anos depois, entretanto, essa certeza simplesmente desapareceu. A China está
hoje entre os países que mais cresce no mundo, provoca um forte e intenso
“realimento” do comércio mundial (especialmente na Ásia), e está próxima de se
tornar a maior detentora de ciência e tecnologia do mundo, afinal, já forma
mais técnicos e engenheiros que os EUA; é uma investidora mundial que, em
poucas décadas, pode ser a maior exportadora de capital do mundo; promove uma
readequação das instituições de governança global e promete, nos próximos vinte
ou trinta anos, ser o maior mercado consumidor do mundo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">É evidente, porém, que a ascensão
chinesa não acontecerá sem resistência e luta. No campo da luta ideológica, a
peleja contra a ascensão chinesa se combina com o combate ao comunismo e, num
só cavalo de batalha, temos a articulação de sinofobia, anticomunismo e
orientalismo. A produção do conhecimento, que nunca foi neutra, não escapa a
essa gigantesca batalha ideológica<span style="color: red;">,</span> e as
produções ocidentais (produções acadêmicas, filmes, documentários, músicas
etc.) sobre a China apresentam viés de mitologias políticas, que buscam evitar
um deslumbre pelo desenvolvimento chinês. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O objetivo deste ensaio, sem
qualquer pretensão de originalidade, é mostrar como a ideologia de um
neoliberalismo com características chinesas é algo que não se sustenta, a
partir de um estudo sério do processo histórico chinês e dos dados disponíveis,
procurando explanar as análises que consideramos corretas, e demonstrar que a
ascensão chinesa tem como principal pressuposto e explicação a conquista da
soberania nacional, através da grande Revolução de 1949, e uma estratégia de
desenvolvimento balizada na planificação econômica, na propriedade pública dos
meios de produção em setores estratégicos da economia, na aquisição e
desenvolvimento prioritário da ciência e tecnologia e no controle e coordenação
dos fluxos de capital, e que a construção da imagem da China como neoliberal corresponde
a uma grande guerra ideológica que visa encobrir esses elementos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">China: entre o mito e a verdade.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Quando o tema é a China, é comum a
afirmação de que todos os trabalhadores estão em condição de semi-escravidão,
numa situação de trabalho despida de quaisquer direitos trabalhistas e
regulação estatal, e com média de tempo de trabalho de 16h<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Essa suposta situação laboral é associada ao chamado neoliberalismo chinês: à
ideia de que, com as reformas de Deng, a China aderiu ao neoliberalismo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>;
comprovado pela participação predominante do capital estrangeiro no
desenvolvimento chinês<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[6]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
E esse neoliberalismo, associado ao domínio do capital estrangeiro, são provas
de que a China só conseguiu alcançar seu crescimento com o abandono da
Revolução Chinesa e do Maoísmo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>;
e o abandono deste último levaria o país à categoria de capitalista, como
qualquer outro <a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Na maioria das vezes em que é citado
nas análises correntes, esse “neoliberalismo” não é rigorosamente definido, mas
tomado como auto evidente, a partir da expansão das relações mercantis na
China, exibição de dados sobre privatizações e o elogio, repetido como mantra,
de que, na China, não existem níveis mínimos de regulação das relações
trabalhistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Fica na penumbra o fato de que a
China é um país de dimensões continentais, que possui mais de um bilhão de
habitantes, e que comporta em sua estrutura produtiva diversos processos de
trabalho e relações de produção. Os trabalhadores chineses migrantes que estão
ocupados nas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), estão realmente sujeitos à
níveis de exploração odiosos e condições de trabalho especialmente degradantes.
Mesmo com todo o sensacionalismo dos monopólios de mídia, não são uma distorção
total as reportagens que mostram as condições de vida horríveis nas ZEEs. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As condições de trabalho e níveis de
exploração chamam à mente um processo de acumulação originária, com a conversão
de ex-camponeses em trabalhadores assalariados-urbanos. Contudo, é de uma extrema
ingenuidade atribuir as taxas de crescimento chinesas e as conquistas do seu
desenvolvimento econômico e científico tecnológico a esse padrão de exploração,
afinal, como bem lembrou Trotsky acerca da URSS, a exploração em níveis
brutalizados existe em diversos países capitalistas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-highlight: white;">O
mundo burguês começou por fingir que não via os êxitos econômicos do regime dos
sovietes, que são a prova experimental da viabilidade dos métodos socialistas.
Perante a marcha, sem precedentes na História, do desenvolvimento industrial,
os sábios economistas a serviço do capital ainda tentam muitas vezes manter
profundo silêncio, ou então se limitam a relembrar “a excessiva exploração” dos
camponeses. Perdem assim uma excelente ocasião de nos explicar por que razão a
exploração desenfreada dos camponeses, na China, no Japão e na Índia, nunca
provocou um desenvolvimento industrial acelerado, nem mesmo em grau diminuto,
comparado ao da U.R.S.S. (TROTSKY, 1980, p.5).</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">E <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Ao contrário do que se acredita, a
característica mais atraente da RPC [República Popular da China] para o capital
estrangeiro não foi apenas sua imensa reserva de mão de obra barata; há mais
reservas como essa pelo mundo afora, mas em nenhum lugar atraíram tanto capital
quanto na China. A característica mais atraente, como argumentaremos, foi a
elevada qualidade dessa reserva em termos de saúde, educação e capacidade de
autogerenciamento, combinada à expansão rápida das condições de oferta e
demanda para a mobilização produtiva dessa reserva dentro da própria China (ARRIGHI,
2008, p. 357). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Mas essa não é a questão central.
Através de uma cuidadosa operação de encobrimento da realidade chinesa, a
ideologia dominante procura ocultar a diversidade de processos de trabalho e
relações de produção no país, transformando-as em um exemplo de “liberdade de
contrato” (no sentido de ausência de legislação trabalhista), e, em exemplo
neoliberal, um dos países com maior controle estatal da atividade produtiva no
mundo. Vejamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: .45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.1. Papel do Estado chinês na atividade produtiva.</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Nos últimos trinta anos, os salários
na China têm tido ganhos reais e uma tendência quase ininterrupta de aumento.
Isso é mais significativo ainda se considerarmos que, no mundo todo, a
tendência é que ocorra o processo inverso: perda do poder de compra e
desvalorização dos salários. O número de empregos pouco qualificados, de
simples manufaturas, também vem reduzindo, com a crescente ampliação do domínio
tecnológico da China e sua estrutura produtiva industrial cada vez mais
complexa<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[9]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O padrão de empregos nas zonas
especiais, com vigência da superexploração da força de trabalho, também vem
reduzindo, como resultado de uma série de ações do Estado. A primeira delas é o
gigante e ambicioso projeto do Partido Comunista Chinês de redução das
desigualdades regionais, com a interiorização do desenvolvimento para o Oeste e
a supressão do antagonismo campo/cidade, com a ampliação da urbanização e do
acesso aos modernos equipamentos de consumo coletivo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[10]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Esse processo de urbanização têm reduzido, em ritmo acelerado, o número de
trabalhadores migrantes que precisavam sair de suas aldeias para trabalhar e
garantir sua subsistência, se submetendo a baixos salários e péssimas condições
de trabalho.O segundo elemento é que a China passa por uma mudança de padrão de
desenvolvimento, até então extensivo, ou seja, com foco em um grande volume de
exportações com o ciclo de capital fechando predominantemente fora, para
intensivo, com o papel preponderante do mercado interno e do consumo doméstico<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[11]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Aumento contínuo dos salários, facilitação do crédito para o consumo popular,
ampliação dos direitos sociais, como a instituição de um sistema de seguridade
social universal<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[12]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>
(também na contramão da tendência mundial, que é a destruição de direitos
sociais e econômicos), e o maior rigor do Estado com as condições de trabalho
são parte desse processo de fortalecimento de um mercado interno capaz de
sustentar longos ciclos de acumulação e expansão econômica<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[13]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Além disso, há na China complexas
relações de propriedade que são difíceis de categorizar pela tradição
marxista.. Arrighi (2008) nos fala dos trabalhadores das Empresas de Aldeias e
Municípios (EAMs), onde a propriedade é coletiva, pois pertence aos trabalhadores
das aldeias ou municípios , mas é administrada pelo PCCh, estabelecendo uma
relação de controle do processo produtivo apartado dos produtores diretos.
Percentuais dos seus lucros devem ser reinvestidos na produção e no
melhoramento técnico e produtivo; outra porcentagem aplicada no custeio de
direitos sociais como educação, aposentadorias etc., numa política de consumo
coletivo da riqueza socialmente produzida; e, por fim, outra porcentagem dos
lucros é redistribuída entre os trabalhadores da empresa como forma de salário.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A propriedade não é privada, é
coletiva, mas o controle dos processos de trabalho não está nas mãos do
produtor direto, apesar de parte significativa da riqueza produzida ser
socialmente consumida. Ao mesmo tempo, essas empresas operam num ambiente de
mercado competitivo. Definir essas relações como “capitalistas” ou
“socialistas” seriam, em última instância, simplificá-las em sua complexidade.
Diz o autor:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O resultado foi o crescimento
explosivo da força de trabalho rural envolvida em atividades não agrícolas: de
28 milhões de pessoas em 1978 para 176 milhões em 2003, tendo grande parte
desse aumento ocorrido nas EAMs. Entre 1980 e 2004, as EAMs criaram quatro
vezes mais empregos do que se perdeu em emprego público e urbano coletivo.
Embora entre 1995 e 2004 o aumento do emprego nas EAMs tenha sido bem menor que
a redução do emprego público e urbano coletivo, no fim do período as EAMs ainda
empregavam duas vezes mais trabalhadores do que todas as empresas urbanas
estrangeiras, privadas e de propriedade conjunta somadas (...) Em 1990, a
propriedade coletiva das EAMs foi atribuída a todos os habitantes da cidade ou
aldeia. Entretanto, cabia aos governos locais nomear e demitir administradores
ou delegar essa responsabilidade a algum órgão governamental. A alocação dos
lucros das EAMs também foi regulamentado, tornando obrigatório que mais da
metade deles fosse reinvestido na própria empresa, a fim de modernizar e
expandir a produção e</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">aumentar as verbas destinadas à
assistência social e aos prêmios, e a maior parte do que sobrasse fosse
empregado em infraestrutura agrícola, prestação de serviços tecnológicos,
previdência e assistência social públicas e investimentos em novas empresas
(...) boa parte do crescimento econômico chinês pode ser atribuído à
contribuição das EAMs para o reinvestimento e a redistribuição dos lucros
industriais nos circuitos locais e para seu uso em escolas, clínicas e outras
formas de consumo coletivo (ARRIGHI, 2008, p. 367-369).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Além disso, as generalizações sobre
a situação da força de trabalho nas zonas especiais escondem as condições
diferenciais nas empresas estatais – evidentemente que o mito do neoliberalismo
chinês precisa ocultar o papel estratégico das empresas estatais. É amplamente
conhecido o maior nível salarial e as melhores condições de trabalho nas
empresas estatais e como, historicamente, a seguridade social no modelo de
transição socialista chinês deixou sob responsabilidade das empresas a política
social com seus trabalhadores. A força de trabalho empregada nas empresas
estatais acaba gozando de uma política social diferenciada e de níveis de
participação nas decisões políticas de organização dos processos de trabalho
muito maiores<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[14]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Mas o setor estatal chinês não é cada dia menor devido à adesão ao
neoliberalismo? A coisa não é bem assim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A noção de que a China aderiu ao
neoliberalismo abrindo a economia, abandonando a regulamentação estatal,
planificação econômica e a propriedade pública dos meios de produção, e
confiando ao capital estrangeiro o controle da dinâmica de acumulação não
corresponde à realidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: .45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">2. As reformas chinesas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As reformas de Deng tiveram, como
principal objetivo, aumentar em ritmo acelerado a competitividade na economia
chinesa (consequentemente, a exploração dos trabalhadores), procurando fazer
uma seleção: acabando com as empresas não competitivas e forçando processos de
reestruturação das que queriam sobreviver. As reformas do PCCh acabaram com o
subsídio para empresas deficitárias, forçaram uma redução de custos, aumentaram
os investimentos em tecnologia e ganhos de produtividade, e induziram processos
de fusão e monopolização em diversos setores da economia (ARRIGHI, 2008, p.
362-64). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A abertura econômica foi,
primordialmente, uma maneira de expor as empresas chinesas estatais e nacionais
privadas à concorrência dos grandes monopólios estrangeiros, visando absorver
os maiores níveis tecnológicos dessas empresas e conseguir alcançar os
patamares de competitividade necessários para disputar “mercados” pelo mundo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[15]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Mas o Estado não foi demitido da produção, como reza a cartilha neoliberal,
muito menos se eximiu de regulação, nem o planejamento central foi encerrado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Os dados disponíveis afirmam que os
setores estratégicos para direcionar a acumulação de capital – energia,
minérios, setor bancário e financeiro, indústrias estratégicas como produtoras
de bens de capital, construção civil, P&H etc. – estão, ou totalmente, ou
parcialmente, nas mãos do Estado<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[16]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
O Estado chinês controla os ritmos e direciona o processo de acumulação através
de mecanismo indiretos – como o Estado controla o custo da energia e o crédito,
por exemplo, ele pode direcionar o crescimento de determinado setor através de
planejamento indicativo – e diretos através do investimento estatal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Há ainda pesquisas recentes que
afirmam que o peso da economia pública na sociedade chinesa vem crescendo
devido à crise de 2008. O setor mais ligado ao capital privado está centrado na
exportação e, com a crise capitalista que explode com o estouro da bolha
imobiliária dos EUA, a demanda pelas exportações chinesas vem sendo reduzida e
existe uma fuga de capitais da China para outros países da Ásia com menos regulamentação
e custos da força de trabalho (o aumento constante dos salários e a pressão por
melhores condições de trabalho estaria afugentando empresas da China); nesse
cenário, o PCCh aposta em um amplo programa de investimento e expansão do setor
público, para compensar a redução da economia privada na dinâmica de acumulação
chinesa. O XIX Congresso do PCCh, que acontecerá no segundo semestre de 2017,
terá uma forte disputa entre a tendência do Partido que defende mais mecanismos
de mercado, ou até mesmo uma total liberalização, e os setores do PCCh que
querem fortalecer, ainda mais, o planejamento econômico e o setor público da
economia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: .45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">3. O Estado chinês e o capital estrangeiro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">É comum que órgãos como o Fundo
Monetário Internacional, Banco Mundial, Agências de Risco e grandes monopólios
critiquem o “controle excessivo” do Estado chinês nos empreendimentos privados.
Ao contrário do padrão de penetração do capital estrangeiro em países
dependentes como o Brasil, onde o capital estrangeiro recebe “incentivos fiscais”
(leia-se isenção de impostos por décadas), o terreno, obras de readequação do
fluxo de mercadorias e pessoas de acordo com seus interesses, subsídios em
custos de produção (como energia e água) e outras benesses sem qualquer
contrapartida, como lei de remessa de lucros ou transferência de tecnologia, o
padrão de relação do Estado chinês com o capital estrangeiro é outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A imensa maioria das indústrias
estrangeiras que chegam ao Brasil e à América Latina, no geral, são de baixa
tecnologia e compõem as fases inferiores, mais simples, das cadeias produtivas
mundiais dos monopólios. No caso chinês, o Estado recusa setores de baixa
produtividade e domínio tecnológico: há um conjunto de leis que limitam a
apropriação privada do lucro, obrigando os capitais a reinvestirem partes de
suas receitas na própria China, especialmente em pesquisa científica, limitando
o processo de transferência de valor e potencializando a acumulação em solo
chinês. Existe também uma obrigatoriedade de transferência de tecnologia, e o
PCCh tem, obrigatoriamente, seções em todas as empresas da China, onde os
membros do Partido exercem a fiscalização e o controle da execução das leis do
país<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[17]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Longe de um neoliberalismo que
derruba ao máximo as barreiras institucionais para a livre movimentação do
capital, a China é um dos países com maior regulamentação estatal do mundo. Mesmo
assim o capital estrangeiro continua tendo interesse em se deslocar para o
gigante asiático. Por quê? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Há a ideia equivocada de que foi o
grande afluxo de capital estrangeiro o responsável pelo boom do crescimento
chinês. Arrighi mostra que o boom está associado às reformas de Deng e ao
afluxo de capital da diáspora chinesa. A proximidade cultural, o domínio da
língua e as relações de parentesco entre os burgueses da diáspora e as
autoridades chinesas facilitaram essa rota de investimentos e potencializaram
uma ampliação da escala na acumulação de capital. Diante desse quadro,
tardiamente, os capitais dos EUA, Japão e Europa Ocidental passaram a fluir
para China em grandes levas a partir dos anos 90. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em 1990, quando o investimento
japonês decolou, o investimento conjunto de 12 bilhões de dólares de Hong Kong
e Taiwan constituíam 75% de todo o investimento estrangeiro na China, quase 35
vezes a parte japonesa. E por mais que o investimento japonês tenha crescido a
partir daí, ele mais seguiu do que liderou o boom dos investimentos
estrangeiros na China. Quando a ascensão chinesa ganhou ímpeto próprio na
década de 1990, o capital japonês, norte-americano e europeu fluiu para a China
com mais intensidade ainda (...) em outras palavras, o capital estrangeiro
aproveitou o bonde de expansão econômica, que não foi ele que iniciou nem
liderou (ARRIGHI, 2008, p. 359)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-indent: -112.95pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">4. O papel da revolução chinesa e do
maoísmo na ascensão econômica chinesa.</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O mito de que foi o capital
estrangeiro o principal responsável pelo boom econômico na China caminha lado a
lado com a ideia de que foi o abandono total do que representou a revolução
chinesa e o maoísmo que permitiu a ascensão da China à condição de
superpotência mundial. A questão colocada dessa forma simplista está
equivocada, e a relação de continuidades e rupturas do maoísmo com a China
pós-Deng deve ser colocada num plano histórico de longa duração. Vejamos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A China foi um dos países vítimas da
expansão colonial-imperialista das potências europeias no final do século XIX.
De país mais rico do mundo e liderança em termos de desenvolvimento cultural e
tecnológico, nos séculos XVII e XVIII, a China foi transformada no país mais
pobre do mundo, destruída, humilhada, e teve sua cultura nacional segregada a
tal ponto que existiam lugares na china colonizada onde eram proibidos a
entrada de “cães e chineses” – para o colonialismo-imperialista o “nativo” era
um ser inumano (LOSURDO, 2010). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A divisão imperialista do mundo e
sua consequente hierarquia racial passou a ser questionada com a Revolução de
Outubro. A Revolução Russa lançou um requisitório mundial para os povos dos
países coloniais e semicoloniais quebrarem suas correntes e lutarem,
decididamente, pela liberdade. Além do comprometimento do movimento comunista,
dirigido pela Terceira Internacional, no combate ao colonialismo e ao racismo,
o exemplo do desenvolvimento econômico soviético encantou o mundo. O país saiu
de uma situação de extrema miséria e atraso máximo (contando com relações de
servidão no campo) para ser a segunda superpotência do mundo, derrotar a
máquina de guerra nazista, vencer a corrida espacial contra os EUA e garantir
aos seus habitantes um dos melhores padrões de bem-estar social do mundo (HOBSBAWM,
1995; BRAZ, 2011). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">De um ponto de vista ideológico e
prático, o movimento comunista oferecia uma teoria e estratégia de
desenvolvimento para os países colonizados que buscavam sua libertação, e para
os já libertos, que precisavam construir
os elementos de um Estado nacional e economias modernas, para garantir sua
emancipação econômica-política. Essa conjuntura provocou uma tendência vigente
durante grande parte do século XX de os movimentos anticoloniais e
nacionalistas manterem boas relações com os comunistas, ou serem dirigidos por
eles. Não é uma coincidência histórica que as maiores revoluções socialistas do
século XX tenham acontecido em países dependentes ou coloniais, onde a questão
da emancipação nacional tinha a primazia e o socialismo assumia a função de
garantir a soberania nacional – a revolução era realizada em nome da pátria e
do socialismo, e o socialismo era visto como a única forma de manter a soberania
e a integridade da pátria (VISENTINI, 2007). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O processo revolucionário chinês não
foi diferente. O nacionalismo, a noção de resgatar a soberania, a integridade e
a dignidade dessa milenar nação foi algo que acompanhou Mao Tse-Tung e os
revolucionários do PCCh desde o começo. O maoísmo nunca negou, inclusive, a
participação da burguesia nacional patriótica no esforço pelo renascimento da
China. O processo de revolução cultural é que foi uma exceção na história,
iniciada com a vitória da Revolução chinesa em 1949: a trajetória da revolução
chinesa é de um processo de emancipação nacional com forte conteúdo
socializante, dentro de uma frente policlassista, com suposta hegemonia dos
camponeses e proletários, materializados no domínio do poder político pelo
PCCh; a Revolução cultural chinesa, evento traumático e flagrantemente
derrotado, mas amado de maneira acrítica pelos intelectuais de esquerda
europeus – com destaque para os franceses –, representou a tentativa de romper
essa frente policlassista e transitar diretamente ao regime totalmente
socializante, retirando a centralidade da questão nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As reformas de Deng e a continuidade
da estratégia do PCCh representavam a volta à centralidade da questão nacional
como norte de atuação, a redução brutal dos conteúdos socializantes do processo
revolucionário e um crescimento do papel da burguesia dita nacional no comando
político do país<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[18]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
A perda de centralidade dos conteúdos socializantes é explicada pela dinâmica
interna da luta de classe do país e, principalmente, pela situação
internacional <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No plano das relações
internacionais, não há dúvidas sobre o significado reacionário da virada que
ocorreu entre 1989 e 1991. E, exatamente em 1991, ano do colapso da URSS e da
primeira Guerra do Golfo, uma prestigiosa revista inglesa (<i>International Affairs</i>) publica no número de julho um artigo de
Barry G. Buzan que se concluía anunciando com entusiasmo a boa nova: “O
Ocidente triunfou tanto no comunismo como no terceiro-mundismo”. A segunda
vitória não era menos importante que o primeiro: “hoje o centro tem uma posição
mais dominante e a periferia uma posição mais subordinada desde o início da
descolonização”; podia-se considerar felizmente arquivado o capítulo da
história das revoluções anticoloniais (LOSURDO, 2015, p. 280). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Não há como negar a existência de perspectivas socializantes –
tendências essas que devem ser alvo de polêmica no próximo congresso do Partido
e, cada vez mais, se localizam na esfera da distribuição de riquezas, e não na
produção. É inegável também a desconfiança fundamental e, até mesmo, a repulsa
em deixar o desenvolvimento nacional nas mãos dos mecanismos de mercado –
leia-se monopólios do imperialismo e suas instituições de organização e
hegemonia, como o FMI e Banco Mundial –, que se manifesta através da manutenção
da planificação econômica, propriedade pública ainda proeminente dos meios de
produção, controle rígido dos “aparelhos privados de hegemonia” e do monopólio
do poder político pelo PCCh. Todos esses elementos são, sem dúvida,
continuidades das formas de transição socialista no século XX<span style="color: red;">. </span>O que é
central no caso chinês é o papel subordinado do conteúdo socializante e
o esvaziamento significativo das formas de poder popular, ou democracia
operária, dentro dessa estrutura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A revolução chinesa garantiu a
soberania nacional e um patamar de base em termos de desenvolvimento econômico,
científico e social, de onde arrancou o boom chinês, a partir das reformas de
Deng. A China não está galgando o papel de superpotência dominante no mundo
porque renegou a revolução, mas sim porque fez a sua revolução<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Remove-se, assim, o essencial: “as
conquistas sociais da era de Mao” consideradas num todo foram
“extraordinárias”: elas implicaram a nítida melhora das condições econômicas,
sociais, culturais e uma forte elevação da “expectativa de vida” do povo
chinês. Sem esses pressupostos, não se pode compreender o prodigioso
desenvolvimento econômico que sucessivamente libertou centenas de milhões de
pessoas da fome e até mesmo da morte por inanição (LOSURDO, 2015, p. 337). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">E Arrighi (2008), citando um
relatório do Banco Mundial (instituição insuspeita de simpatias maoístas) diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A realização mais notável da China
durante as últimas três décadas [dos anos 50 até os 80] foi a melhora das
condições de vida dos grupos de baixa renda em termos de necessidades básicas,
muito mais do que se deu com os grupos correspondentes da maioria dos outros
países pobres. Todos têm trabalho; o fornecimento de alimentos é assegurado por
meio de uma mistura de racionamento estatal com auto-seguro coletivo; as
crianças não só estão quase todas na escola como também são comparativamente
mais bem instruídas; e a grande maioria tem acesso a assistência médica básica
e serviços de planejamento familiar (ARRIGHI, 2008, p. 375).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: .45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: .45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">5. As operações ideológicas ocidentais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Toda
informação emanada dos aparelhos ideológicos dos EUA procura ocultar
esses elemento</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">s do desenvolvimento chinês e combater o “consenso de Pequim”. As
operações ideológicas conseguem, inclusive, encobrir os elementos mais
gritantes da realidade. Vamos pegar um exemplo. O processo de privatização das
comunicações e telefonias pela periferia do capitalismo e o fim da URSS dotaram
o imperialismo estadunidense de uma capacidade única no mundo: controle e
vigilância. As redes sociais, elementos característicos do cotidiano no século
XXI, são, em sua quase totalidade, controlados por empresas dos EUA, e atuam em
associação orgânica com NSA, CIA e departamento de Estado dos EUA.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">É mais que documentado,
especialmente depois das denúncias do ex-técnico da NSA, Edward Snowden, o
papel que esse controle das comunicações tem na atuação do imperialismo e na
derrubada de governos hostis a qualquer interesse dos EUA<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[19]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. A
China desenvolve um sistema de comunicação – internet, redes sociais,
telefonia, comunicação por satélite etc. – próprio e mantém as transnacionais
dos EUA fora do controle desse setor da economia. Qualquer análise minimamente
séria deveria concluir que isso é uma grande conquista para a soberania
nacional chinesa, impede a ingerência dos EUA e é um objetivo a ser perseguido
por qualquer país que não queira ter sua segurança nacional ameaçada, mas a
propaganda massiva transforma esse ganho político fundamental em simples
censura e cerceamento da “liberdade de expressão” por parte do totalitário
Partido Comunista<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[20]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A propaganda imperialista ataca, sem
meias palavras, todos os elementos fundamentais da soberania nacional chinesa,
e transforma sua estratégia de desenvolvimento no seu contrário: o que
possibilitou a ascensão chinesa foi a negação total dos ditames neocoloniais do
“consenso de Washington” e da ideologia do livre-mercado; mas a China é mostrada
como o principal exemplo de ação descontrolada do capital sem regulação do
Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O fato incontornável, porém, é que,
a despeito da ação imperialista, a estratégia do PCCh vem sendo vitoriosa em
todos os seus objetivos fundamentais. A Nova Rota da Seda, lançada pelo
presidente <span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Xi Jinping,<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: windowtext; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[21]</span></sup><!--[endif]--></sup></a> obtendo
sucesso, irá reconfigurar de forma radical todo comércio e fluxo de capital
mundial e transformar a China no maior centro coordenador da acumulação de
capital do mundo, destruindo o que Losurdo (2015) chama de “era colombiana”: a
primazia da Europa e, posteriormente, dos EUA na economia mundial, com a
subjugação da Ásia, África e América Latina. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quais
serão as consequências para a luta socialista e anti colonial dessa ascensão
chinesa? Há dificuldades em ver a ascensão chinesa como parte de uma estratégia
de transição socialista de longo prazo, e também não é crível a concepção da
sociedade chinesa como capitalista igual aos EUA ou Inglaterra. Contudo, uma
questão é certa e incontornável: depois do “fim da história”, assistimos ao que
promete ser um dos acontecimentos históricos de maior proporção no século XXI,
e, depois de séculos de humilhação colonial, o “dragão chinês” poderá voltar a
liderar o mundo. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: .45pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Conclusão<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Esperamos ter demonstrado, a partir
dessas linhas, que é impossível compreender a ascensão chinesa sem procurar
superar os mitos em que a propaganda imperialista envolve a história, a
política e a economia do país. Tal como na Guerra Fria, onde fatos históricos
manipulados, que beiravam o absurdo reinavam como verdades científicas inquestionáveis
– à exemplo da associação da União Soviética ao nazismo, ou de Hitler à Stálin,
através da categoria do totalitarismo –, com a China de hoje acontece o mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Existe um ditado que diz que “na
guerra, a primeira vítima é a verdade”. A guerra econômica, política e
ideológica (e possivelmente militar) contra a ascensão chinesa procura encobrir
que estamos diante de um país que, há menos de cem anos, era subdesenvolvido e
colonizado, e estava submetido ao mais bárbaro colonialismo. Esse país conseguiu
realizar sua revolução e consolidação como uma nação soberana, independente e
livre, conquistando melhorias incríveis nas condições socioeconômicas do seu
povo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Esse mesmo país, numa era de
contrarrevolução mundial, com a derrota devastadora do movimento comunista e
anti colonial, conseguiu retirar mais de 700 milhões de pessoas da pobreza,
romper com o monopólio capitalista-ocidental da ciência e tecnologia de ponta e
tornar-se uma superpotência, abalando a divisão norte-sul. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A ideologia dominante, através dos
seus signos anti-China – como as já refutadas ideias do trabalho semi-escravo
universal ou o neoliberalismo chinês – conseguiu lograr um consenso na esquerda
Ocidental de que a China é um exemplo de triunfo do capitalismo mais bárbaro e
um exemplo da vitória do neoliberalismo adotado até por um “partido comunista”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_wk3s0044wz29"></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Não
é preciso crer na China como exemplo de transição socialista – coisa que não
endossamos – para perceber os erros desse tipo de análise. A China, quer se
revele plenamente capitalista no futuro, ou leve a cabo todos as promessas do
comunismo (o que duvidamos), deveria ser observada de forma mais complexa e
cautelosa. A história chinesa não cabe nos jargões prontos da propaganda
ideológica ocidental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Referências</span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ARRIGHI, Giovanni. <b>Adam Smith em Pequim – origens e
fundamentos do século XXI</b>. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ANDRÉANI, Tony; HERRERA, Rémy. <b>Qual modelo econômico para a China?</b>.
Rio de Janeiro: Revista Niep-Marx, 2016. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">AMIN, Samir. <b>China 2013</b>. Disponível em:
<</span><a href="https://www.novacultura.info/single-post/2015/08/11/China-2013"><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">https://www.novacultura.info/single-post/2015/08/11/China-2013</span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">>.Acesso em 19 jan, 2017.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">BRAZ, Marcelo. <b>Partido e Revolução 1848-1989</b>. São Paulo: Expressão Popular, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">HOBSBAWM, Eric. <b>Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991</b>. São Paulo: Cia das
letras, 1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">LOSURDO, Domenico. <b>A luta de classes: uma história política e
filosófica</b>. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">_________________ <b>Fuga da história? A revolução russa e
chinesa vistas de hoje</b>. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">__________________ <b>Stálin – história crítica de uma lenda
negra</b>. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">NAVES, Márcio Bilharinho. <b>Mao – o processo da revolução</b>. São
Paulo: Editora Brasiliense, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">TROTSKY, Leon<b>. A revolução traída</b>. São Paulo: Global Editora, 1980. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">MOTTA, Luiz Eduardo. <b>A favor de Althusser: revolução e ruptura
na Teoria Marxista</b>. Rio de Janeiro: Editora Gramma, 2014. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VISENTINI, Paulo Fagundes. <b>A revolução vietnamita</b>. São Paulo: Editora Unesp, 2007</span>
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> O papel da China na campanha presidencial
estadunidense de 2016 deixa explícita a histeria sinofóbica que existe no <i>establishment</i> político dos EUA.
Consultar matéria da BBC de Londres sobre o tema (acessado em 20/01/2017):
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38649836<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> “Economia Chinesa abala o mundo”, Carta
Capital, acessado em 21/01/2017: http://www.cartacapital.com.br/revista/864/o-tropeco-de-godzilla-4333.html<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> China terá o maior mercado consumidor do mundo,
Folha de São Paulo. Disponível em <</span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/2/26/brasil/3.html"><span style="color: #1155cc; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/2/26/brasil/3.html</span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">>. Acesso em 20 jan, 2017.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> A internet está inundada com artigos, matérias
jornalísticas, documentários etc. sobre o trabalho escravo na China. É mais
fácil, inclusive, achar material jornalístico em português sobre trabalho
escravo no dragão asiático que no Brasil. Segue alguns exemplos: Escândalo de
trabalho escravo estoura na China, World Socialist, Acessado em 20/01/2017: </span><a href="https://www.wsws.org/pt/2007/jun2007/chpo-j28.shtml%20/"><span style="color: windowtext; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">https://www.wsws.org/pt/2007/jun2007/chpo-j28.shtml
/</span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> O trabalho escravo na China, Jornal GGN,
acessado em 20/01/2017: </span><a href="http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-trabalho-escravo-na-china%20/"><span style="color: windowtext; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-trabalho-escravo-na-china
/</span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> Câmera escondida revela abuso contra empregados
em fabricante da Apple na China, BBC, Acessado em 20/01/2017:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141219_apple_fabrica_china_pai<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> David Harvey, em seu Brief History Of
Neoliberalism, fala em “neoliberalismo com características chinesas”, e na
edição inglesa coloca na capa Deng Xiaoping ao lado de Reagan, Pinochet e
Thatcher; Peter Kwong também fala em neoliberalismo chinês, e afirma que Reagan
e Deng tinham Milton Friedman como gurus. Outros exemplos dessas análises do
“neoliberalismo chinês” podem ser vistos em (ARRIGHI, 2008, p. 359-60).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> “Na outra ponta do espectro ideológico, os
promotores institucionais do consenso de Washington – o Banco Mundial, o FMI, o
Tesouro dos Estados Unidos e do Reino Unido, apoiados pela mídia formadora de
opinião, como o Financial Times e o Economist – proclamaram que a redução da
pobreza e desigualdade de renda no mundo, que acompanhou o crescimento
econômica da China desde 1980, pode ser atribuída ao fato de os chineses terem
adotado a política que eles receitavam” (ARRIGHI, 2008, p. 360). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> O debate sobre a ascensão chinesa e o maoísmo
pode ser encontrado em (LOSURDO, 2015; 2004) e (NAVES, 2005). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> Como defende o polêmico livro francês de Mylène
Gaulard, </span><a href="http://www.librairie-renaissance.fr/9782354570606-karl-marx-a-pekin-mylene-gaulard/"><span style="color: windowtext; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-decoration-line: none;">Karl Marx à Pekin – Les Racines de la Crise en Chine Capitaliste, </span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Editions Demopolis, Paris, 2014.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">“The
Economist em 4 de Março: “Desde 2001, o pagamento pela hora trabalhada nas fábricas
aumentou na média de 12 por cento ao ano.” Imagine se os trabalhadores daqui
[Estados Unidos] estivessem ganhando aumento de 12% todo ano nos últimos 15
anos! Mesmo com contratos negociados através dos sindicatos, o aumento de
salários nos Estados Unidos quase não acompanhou o ritmo da inflação.Na seção
de tecnologia da revista New York Times de 24 de Abril: “Ondas de trabalhadores
que migraram do campo tem preenchido as fábricas chinesas pelas últimas três
décadas e a ajudaram a tornar a maior nação produtora do mundo, Mas muitas
empresas agora se encontram na luta para contratar um número suficiente de
trabalhadores. E para os poucos trabalhadores que encontram, a remuneração mais
do que quintuplicou na última década, para mais de $500 por mês em províncias
costeiras.”” – China, aumento de salário e militância operária, Revista Nova
Cultura, acessado em 19/01/2017.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> “</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Entre
a tomada do poder, em 1949, e a chegada de Deng Xiaoping, em 1978, foram
construídas umas 100 cidades. Esse ritmo se acelerou com a reforma econômica
dos Anos 80, e alcançou seu ritmo atual com a urbanização nacional do começo
deste século, o que já resultou numa mudança demográfica sem precedentes: pela
primeira vez, em sua história milenária, existem mais chineses morando nos
centros urbanos que no campo.O último plano de urbanização nacional, que foi
iniciado em 2014 e deveria ser concluído em 2020, foi anunciado em março do ano
passado, com um custo de 7 trilhões de dólares – quase a metade do PIB dos
Estados Unidos. O plano forma parte da transição chinesa, de uma economia
baseada nas exportações a outra mais centrada no consumo, e que constitui uma
fonte de demanda para a economia global, devido às necessidades de
matérias-primas e produtos elaborados implícitas em qualquer programa
urbanizador” – O mito das cidades fantasmas chinesas, Carta Maior, acessado em
19/01/2017.</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: Arial;">Michael Roberts, em seu China
a weird beast, debate essa mudança na economia chinesa: acessado em 10/01/2017:
https://thenextrecession.wordpress.com/2015/09/17/china-a-weird-beast/</span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[12]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: Arial;">China melhora sistema de
previdência social, Vermelho.org, acessado em 20/01/2017:
http://www.vermelho.org.br/noticia/256003-1</span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[13]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Cumpre
destacar um elemento curioso desse modelo de transição chinês para um
crescimento com centralidade no mercado interno e consumo. Os modelos de
desenvolvimento intenso tendem a ter taxas de crescimento maiores que as fases
de desenvolvimento extensivos. A redução das taxas de crescimento chinês nos
últimos anos, que oscilaram de uma média de 10% para 7%, estavam totalmente
previstas nos planos quinquenais do PCCh, porém, para muitos intelectuais,
esses taxas menores são a prova da lei marxista da queda tendencial da taxa de
lucro e, há anos, é profetizada uma eminente crise capitalista de
superacumulação na China. A análise das contratendências que até agora evitaram
o estouro dessa crise sempre imanente nunca comparecem com destaque. Esse
catastrofismo economicista pode ser criticado com a mesma lógica que Gramsci
utilizou para criticar a teoria da revolução permanente de Trotsky: “Bronstein
[Trotsky] recorda nas suas memórias terem-lhe dito que sua teoria [da revolução
permanente] se revelaria boa em quinze anos... depois, e responde ao epigrama
com outro epigrama. Na realidade, a sua teoria, como tal, não era boa nem
quinze anos antes, nem quinze anos depois: como sucede com os obstinados, dos
quais fala Guiacciardini, ele adivinhou em grosso, teve razão na previsão
prática mais geral; da mesma forma que se prevê que uma menina de quatro anos
se tornará mãe, e quando isso ocorre, vinte anos depois, se diz ‘adivinhei’, esquecendo
porém que quando a menina tinha quatro anos tentara estuprá-la, certo de que se
tornaria mãe” (GRAMSCI apud MOTTA, 2014, p. 36). </span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[14]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> “Além disso, a separação capital/trabalho pode
ser, e é frequentemente, muito relativo no contexto chinês. Veremos como ela é
limitada no curso das empresas públicas – o que impede de considerá-las
simplesmente como uma forma de capitalismo de Estado – e que ela é o ainda mais
na economia “coletiva”, onde os trabalhadores participavam na propriedade do
capital, ou têm propriedade plena – como as cooperativas (por ações ou não) ou
nas comunas populares mantidas. Claro está que, nos últimos casos, a
propriedade fica mais ou menos ‘separada’ da gestão (...) A ‘superioridade’ das
empresas públicas chinesas é a participação (limitada, mas real) do pessoal
[força de trabalho] na gestão das unidades, via representantes no Conselho de
Supervisão e no Congresso de trabalhadores” (ANDRÉANI e HERRERA, 2016,
p.15-25).</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[15]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Um
exemplo significativo de como o Estado chinês atua frente ao capital
estrangeiro na absorção de tecnologia: “assim, no início da década de 1990,
informou sem muita cerimônia à Toshiba e a outras grandes empresas japonesas
que, a menos que levassem consigo os fabricantes de peças, não precisavam nem
se incomodar em mudar para seu país. Mais recentemente, as empresas
automobilísticas chinesas conseguiram a proeza de realizar joint ventures
simultâneas com empresas estrangeiras rivais, como, por exemplo, a Guangzhou
Automotive com a Honda e a Toyota, algo que esta última sempre se recusou a
fazer. Esse acordo permitiu ao parceiro chinês aprender as melhoras práticas de
ambos os concorrentes e ser o único, na rede tripartite, a ter acesso aos
outros dois” (ARRIGHI, 2008, p. 361).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[16]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> “É difícil precisar quanto da economia é
estatal. Zhinwu Chen, professor de Yale, avalia que 75% da riqueza está nas
mãos do Estado [1], e o Banco Central Europeu diz que a economia hoje é
mais estatizada que no começo da crise de 2007/2008” – Uma viagem instrutiva à
China: reflexões de um filósofo, Diário.Info, acessado em 18/01/2017; “O Estado
mantém a Comissão de Administração e Supervisão do Patrimônio Estatal,
responsável por fiscalizar e manter controle políticos sobre as empresas” –
China’s economic growth and rebalancing, acessado em 18/01/2017.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[17]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">O
filósofo e estudioso da China Domenico Losurdo (2015) chega a afirmar que o
domínio do PCCh na vida econômica chinesa é algo “evidente” e “incontestável”
na realidade do país (p.324).</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[18]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Os
três autores que usamos como referência para nosso estudo: Giovanni Arrighi,
Samir Amin e Domenico Losurdo não conseguem explicar de forma satisfatória a
relação atual da burguesia chinesa com o poder político. Losurdo e Arrighi, nas
obras já citadas, afirmam que a burguesia não é classe dominante, embora seja
permitida sua adesão ao PCCh e seu crescimento qualitativo seja evidente, e
Amin, em seu artigo “China 2013”, não entra diretamente na questão, mas,
implicitamente, parece compartilhar da visão dos dois pensadores italianos. A
questão central que nos parece faltar é explicar, em detalhes, os mecanismos
que o PCCh usa para anular a transformação do poder econômico da burguesia em
poder político e ideológico (se a burguesia realmente não for a classe
dominante) e a que classe, classes e/ou fração de classes o PCCh responde hoje.</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[19]</span></sup><!--[endif]--></sup></a> <span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">Moniz
Bandeira: "Os EUA aspiram a uma ditadura mundial do capital financeiro”,
Carta Capital, acessado em 19/01/2017:
http://www.cartacapital.com.br/revista/933/moniz-bandeira-os-eua-aspiram-uma-ditadura-mundial-do-capital-financeiro.</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[20]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> Domenico Losurdo sintetiza esses elementos do
ataque da ideologia dominante à China no seu artigo de 2007, onde debate a
proposta de boicote às Olimpíadas de Pequim (acessado em 18/01/2017):
http://www.vermelho.org.br/noticia/28556-1<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/Neoliberalismo-com-caracter%C3%ADsticas-chinesas_Notas-sobre-as-estrat%C3%A9gias-de-desenvolvimento-chin%C3%AAs.docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: windowtext; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR;">[21]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"> “A Iniciativa OBOR (One Belt, One Road), também
conhecida como Nova Rota da Seda, foi divulgada no segundo semestre de 2013
pelo presidente chinês Xi Jinping. Trata-se do mais ambicioso projeto chinês
para alavancar sua inserção internacional. Como destaca Yiwei (2016), este
projeto oferece alternativas ao estilo de globalização conduzida pelos EUA
considerada por ele insustentável" – O papel da África na nova rota da
seda marítima, Resistência, acessado em 18/01/2017: http://www.resistencia.cc/o-papel-da-africa-na-nova-rota-da-seda-maritima/</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-19475560107778999782017-07-26T14:30:00.000-07:002017-07-26T14:30:09.633-07:00Especial Revoluções: russa, coreana e cubana. <div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">- <b><i>A revolução russa<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuW2SLE9M0d4EmJg7dDPNPGJ21QZCcJfOJru7IMqMXjtpsMJB7147zRFGN4ncbX2FjUea00Afgdl9-NP168JmPHRWCSK9WRscudkFWU0h2UsJMzgoDxjcaC95GZUxCfNzsZiLnG3z1h3E/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="163" data-original-width="309" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuW2SLE9M0d4EmJg7dDPNPGJ21QZCcJfOJru7IMqMXjtpsMJB7147zRFGN4ncbX2FjUea00Afgdl9-NP168JmPHRWCSK9WRscudkFWU0h2UsJMzgoDxjcaC95GZUxCfNzsZiLnG3z1h3E/s1600/download.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Operários na Revolução Russa</td></tr>
</tbody></table>
</i></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ser negro na União Soviética e nos Estados
Unidos: uma comparação histórica: </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2014/11/ser-negro-na-uniao-sovietica-e-nos.html" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2014/11/ser-negro-na-uniao-sovietica-e-nos.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Por que a União Soviética tem imagem positiva na
Rússia atual?: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fmakaveliteorizando.blogspot.com.br%2F2015%2F01%2Fporque-uniao-sovietica-tem-imagem.html&h=ATNEtgm-hdRxF74kjKmFGnN72jCYhkogLCGPos09EryYTwF4BMpxypEX8PiTF70vb3fymkA-oLF7RXayx7ber3Q7D25YOwT1c5dAxjRRp60GYXeg-sMFkf3CJPraUR29A08p8gwxE49xRQ&enc=AZOLFCIKxda_Jv70Hfn7LR6YK9nRyLZ8U38SlY3Rcy6uygBjsdPbhcITqo3bXWIo-WZ_koz6Y-UUTPYBh1zKw6LGloKpV3_MukX9l3Q0T5t2j5whcUnhkMF5_fLhayuaVP7mx2hk4cuEwUq0xFVVXMMK&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/01/porque-uniao-sovietica-tem-imagem.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Gulag soviético: uma análise histórica fora do
mito:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fmakaveliteorizando.blogspot.com.br%2F2015%2F02%2Fgulagsovietico-uma-analise-historica.html&h=ATN1PQkkALmGoynWzHTi8FvOHzofKrfJw6kIjZ_9FBe58Vq0BCCQ_w1hoGxcdf1TaI5TSqFOB570JdmfIo5KGbXnyEtLs3WY3IA00Bm-VYb9VLv-RmoKdoK5kb5EOV_QHPeBdl7qSJI0wg&enc=AZMxyGV9ip-ZGu9LuQK5cqa_6AGktavhmkW8yzhjbG7ywt0zB4cmGW7e_qsPo1hV9ys7AVCKtqaXtcef9Ke1zEFY8rtayMqj7TwBdKAYKoI-xeEZGW4Ne3hHJTKt_zwU30BcxkmrU_LPUSpuLPiBUJAG&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/02/gulagsovietico-uma-analise-historica.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">70 anos da derrota do nazifascismo: o papel
esquecido da União Soviética e os sentidos da Segunda Guerra: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fmakaveliteorizando.blogspot.com.br%2F2015%2F05%2F70-anos-da-derrota-do-nazifascismo-o.html&h=ATNCpGtTHzfVW8tH-HYsSxNt6VAk1Z_nmUUaT3HM-ZmOz9hA4ASU-5kMOY9OMd7ODALGQ7ZkMx9Qxl4WpU9bZz5H-Wj5XQxNWsCiF5XdJlJ66itRdcO-nVqwi551jMuS9MJn9oMyd6hk7g&enc=AZOl9M237oA6tYnQi0ow9x7GtVuz2JkcENR3oyvW-Fj2XQYXKowk9VDGcn3Xd89IePpyBmJn6XGrHbY0Ws72cyKeCNNF8sRPnfvEdTWU-FNHREhkIAgx4IW-tqE5IZ8XK6HKmKuxh6S9dAUpw6NNSETg&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/05/70-anos-da-derrota-do-nazifascismo-o.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Socialismo balanços e perspectivas:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpcb.org.br%2Fportal%2Fdocs1%2Ftexto7.pdf&h=ATPAbmpaQLJTGCR9YckveudzJCm9jiF3hh3QrrjenR6-HuoGkVLx-aTSWPN-kszSamnGERwl1hsbcZAu00lMDeMnWQQVfpjyt_RUPvCVYkenXgPXyQr-ksPkau-l6am6Nqw2QE8xXEY-pw&enc=AZNu9APbqj2v3IkcLBBXTNZlnjh1SHRjZTrv2GalybNk8Qeu5smBLm4L3TibmgqZEaK7iMbUjwQEjSG69C3pzDukGCHiWFTimuiibCYOEc-D7Jon1yartdnZg-RPdNDqRD78qBD8VSt0WOB68wvY1Mvh&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/portal/docs1/texto7.pdf</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Marx, Cristóvão Colombo e a revolução de
Outubro:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Ffmauriciograbois.org.br%2Fportal%2Frevista.int.php%3Fid_sessao%3D50%26id_publicacao%3D208%26id_indice%3D1741&h=ATOBcLF-16GbLNxzJI1mlGWSJM7wmJQEYwbSA0TIVCvgJ1GvJYixY3WLjoyCQNLjiKZX1lNJO27m1ziPungppGfafIKZl7SBumA0vAGAHueGjkr2h7iJCVOr7yTlmgkdjvU1Pr9Makyhyw&enc=AZPGgwpUAVt7FQPRpK7y9CyLKN9iGFDLY5DNu1jYsITnl7yN549KbQFcr22MS1JE1o2aSMqPV4h3YhxaSOeJivLV0dvLsScYrHcQGiyksliqrAOaQfCKhEtLC2PqoKMBpCBIlKMixibzV3bpeXsmBo2C&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://fmauriciograbois.org.br/portal/revista.int.php?id_sessao=50&id_publicacao=208&id_indice=1741</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Dimitrov e a dissolução da III Internacional:</span><a href="http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=193%3Adimitrov-e-a-dissolucao-da-iii-internacional&catid=8%3Abiblioteca-comunista" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=193%3Adimitrov-e-a-dissolucao-da-iii-internacional&catid=8%3Abiblioteca-comunista</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A restauração do capitalismo nos países do
socialismo real pela ótica dos "nativos": </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fblogdomonjn.blogspot.com.br%2F2010%2F12%2Frestauracao-do-capitalismo-nos-paises.html&h=ATN21w7dmgISGpBg6Gp4Id_pDnDSUJKDhkjjAhFMHUMc0Degt38YOZARemVA6OaDUpad5raTv2AhxOgrtjtN1EISy92DhSl3GhFmSw01kvgezMaXYhW_E-RmcFuOjgpiMhffPOqDVck1Cw&enc=AZMsIBuqZyQLsPUsekkdZeBDepEq08WkKrt_XO7NbtUtMm56qoVERAFTsmR0rNCaQtMutAKyLa9WFhZcG4Nm-0j_6L1PnC0FfUBJQqGtmKINIX3hzzH8OE4pM0Y45K_B0u5DxAecs9o0HJo8S2MmM7qR&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://blogdomonjn.blogspot.com.br/2010/12/restauracao-do-capitalismo-nos-paises.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O Significado Histórico da Revolução de Outubro:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.ifch.unicamp.br%2Fcriticamarxista%2Farquivos_biblioteca%2F4_Losurdo.pdf&h=ATMGAcK3DHj6XmPMPUrBmaReJDRI5Ik6-TSq1jRRtryo0Evd-ioylzzOLbc0PYMMVLRegxQMZtr_KEpdJvh05p54Jm7ICtZcpA_k2ZHidsTcS50zT4iRyy4Lc3NyE62JanbNdWuk9GZydw&enc=AZPsMCKFZNrjk7zhKIkCbkqE_vMVl8OmBhtV89L9mZy2YggNgOwY5pOLchj0krlR7kXekEmqmcxSRHNsfV_tsV6zREQbpiK-zkcHoUU6f70kNjWpoSwHUOy_J3QboStbrmKLJ01YahVPULdjX4KmpVGZ&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/4_Losurdo.pdf</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Lenin e a Revolução: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpcb.org.br%2Ffdr%2Findex.php%3Foption%3Dcom_content%26view%3Darticle%26id%3D554%253Alenin-e-a-revolucao-entrevista-de-jean-salem-ao-avante%26catid%3D5%253Aentrevistas-com-a-historia&h=ATOLp77LFQQm1cMZxDTSHc56TMVaF01dioU4as7n18Nb5NHrmlRmUO-Gr780HaeuVk2m3N9XWgRwvaGhiCIkWyd46i7Hc7MDZ14Nl5rY8B6tVzVO4yiaA6CmUV6BsxYjWF80uN4Lv5TU_g&enc=AZPMupn7D24cZv0LlKqnSO-_Ua4Za2etbnzJEPMaUgTs8lPBxed-lNHE9lyZbgL7-dVTX2PxdAcT0mERmSBEfKA7RcnVKv6VK5tgGUwaJBuAkxLqqVvVnt-bKksOzBlesHMPwstvMHHJ-KXZVKtHDHGz&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=554%3Alenin-e-a-revolucao-entrevista-de-jean-salem-ao-avante&catid=5%3Aentrevistas-com-a-historia</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O Significado Histórico da Revolução de Outubro
II:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpcb.org.br%2Ffdr%2Findex.php%3Foption%3Dcom_content%26view%3Darticle%26id%3D317%253Alosurdo-e-o-significado-de-outubro-parte-ii%26catid%3D2%253Aartigos&h=ATO6LzyhPYJY7w_VEFW0UgmwpJD9NQ0DXAIVCK-7A1IeuaJgHqJgYxU-2W49ye5OWXjOM9oQUVp_rRkCNo_4_Pom-qu8dl8zZsbGClxqtteRIdQj8-_WV2-LoDR4h35agFaeW-OXqd_IDg&enc=AZNCkZ7o_lYL4t-lWXo1UtU3nTTiplGUwV9CwIuIhotDfvKrpODnlhz7Uhhcz_LRA88S7bF7tvaRJqga5xD9fCNUYzwgRJ3EcVR6FzA25h49X6Ky4JVv-adZs4Dfvoq8hsCljiM8xuTRaL9xSd7tSgMg&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=317%3Alosurdo-e-o-significado-de-outubro-parte-ii&catid=2%3Aartigos</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O Significado Histórico da Revolução de Outubro
III:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fdrive.google.com%2Ffile%2Fd%2F0B4lCzeBu2ocTMGEyODQ2YTQtOGU1Ni00MWUxLWJmMzMtNWFlNWY3YmJmMjgy%2Fview%3Fddrp%3D1%26pli%3D1%26hl%3Dpt_BR&h=ATNq4VfjOroQ8-QmSpSBvecmpggTzJWp_TU5C7F9j2cx4N6MjKb3fz6UlmCy_rZTwUYjSxEtyy7saDxknKP0W4Hku_g2ak6x7Fr1wyRwa4YH4AZlC3euEVZKdVp_lRZPov_cFFwQ-xYaqA&enc=AZP6z4WKKv-JWOnO9teX_DpTlNed3LFWUtiEpr-hEi2ueCJgCnLex1wSfqFOVzGDzHmD7QuYETfUNeO7Q5iyLJpl1AVPVkz9eZxfOlkEzGnArRxtIpd2BTzPxAGmJO49HjlEzBOZV8Vcoz7Il25EnYxo&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://drive.google.com/file/d/0B4lCzeBu2ocTMGEyODQ2YTQtOGU1Ni00MWUxLWJmMzMtNWFlNWY3YmJmMjgy/view?ddrp=1&pli=1&hl=pt_BR</span></a><span style="background: white;">#</span><br />
<br />
<span style="background: white;">O Significado da Revolução Socialista de Outubro
nos Destinos Históricos da URSS:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.marxists.org%2Fportugues%2Ftematica%2Frev_prob%2F04%2Fsignificado.htm&h=ATM6lZKS-ueBXmbt4UIXUortBNiDkz2wuSQMrCTSdNieJ1ZrKIlrHTSQPoZv7EpgIOkXYLVIisfNRSIAIpZVnbS6VVbOkCUruvWvhpX21aY2F0EvnpqriAunBDDX8H0SOp_OLQiHoD0d8Q&enc=AZPQZX_7SQp7ZPcJfWuorstE8wad5gQqvVsqCDUc2h0Yz9WhMWHCqgSsHOcTbSF_JHRjrKksQA-c1Mf9TRMhObVmBxJi0a54Wpw00NltbUyEuKcKrSJOMw6vOMW68LcjmL22fLt015AzS1SgFjDu0HeH&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/04/significado.htm</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Para a crítica da categoria de totalitarismo:</span><a href="https://drive.google.com/file/d/0B4lCzeBu2ocTZWQxZTBlMGQtNTBkZC00YjNhLWE4YzItYTJhOWMzZmE5ZWVi/view?ddrp=1&hl=pt_BR" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://drive.google.com/file/d/0B4lCzeBu2ocTZWQxZTBlMGQtNTBkZC00YjNhLWE4YzItYTJhOWMzZmE5ZWVi/view?ddrp=1&hl=pt_BR</span></a><span style="background: white;">#</span><br />
<br />
<span style="background: white;">O socialismo foi traído:</span><a href="http://www.hist-socialismo.com/docs/OSocialismofoitraido.pdf" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.hist-socialismo.com/docs/OSocialismofoitraido.pdf</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">As mulheres no socialismo: avanços e impasses:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.vermelho.org.br%2Fcoluna.php%3Fid_coluna_texto%3D676%26id_coluna%3D10&h=ATPfbWsHp4yK6zWc7UqT8292mRoA27pJ4lDalCGZo7lngrOWOTlluabA12OSeJRfuHZA5xM2r2HJqRMWl9x5Elf_63tXuAz-8pOFy8CBnoEIEuNq1xJ4ZOy-E-GZdb2ud-234UsOHpijOA&enc=AZOTMirIbsE4AUo5CdP6s2PcFrwGXTMbJd5oLKt8-rW0-x9en6j93vCII46AdJwqOajlagCIADlEZPnCdl-8mO_kKTSPoPc-jvWnfryNH_7TYTXCJ8aroo_jQV8fILGMCJ21RQIYMIWzAWka3PMWWeCg&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=676&id_coluna=10</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A Internacional Comunista e a questão racial
(parte I e II): </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fgrabois.org.br%2Fportal%2Frevista.int.php%3Fid_sessao%3D21%26id_publicacao%3D5724%26id_indice%3D4468&h=ATMX91U8JEw3oM4ZdUmX39CdhKi96eXbfRqAsjJexfzxz1lHMot_gQjWaGhEZOEhtb9wkX7I6wauEYwN9PgOgawIgrJIt_ba5gvDMgxCgdLsdZzax-0pNFckyotANTCn3uj145ioK1Jzag&enc=AZOyCSI7b9yiy7GzsdPU6opOSksZRG4kx4hxzxNRq21YFU_mbfkBB_yrWFmIy7VF16M3Z9lMPgLbpsXcqWNgh-taThq6Gj8gMJZLb69o42gI7AvsB4vw5uviVtNzyjrAABfomF4dvwq9UeSA_4th7WPB&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://grabois.org.br/portal/revista.int.php?id_sessao=21&id_publicacao=5724&id_indice=4468</span></a><br />
<a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.pagina13.org.br%2Fhistoria-humanidades%2Fa-internacional-comunista-e-a-questao-racial-2a-parte%2F%23.Vbv0ZrNViko&h=ATPHSR5iOSkTfX4GFkMB9sF3vkYFg_2RubWDlnM5522TEaK2RBjVKYpZWbGdEQh2zsm3g9HV48nK_8Ky69V9H-Rj-gVEpakKfuH3CI96pwRMA2LPbHcFHM4LZd3KMKQ_BPZ6pFdTTUHC1w&enc=AZMaN_LL7U8hvPFg7g-_JXb2wUztoov2wqzaLo60IJeafaD1gzWyQHybd8pLNN9tpylxgb5s0fVaBSy3jtS8QqeV_uI_PnscvrM_WlDVqw69G8MEOuD3FojV9ik1ydc1Py0IazH-y3gVist1TLQwUlc0&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.pagina13.org.br/historia-humanidades/a-internacional-comunista-e-a-questao-racial-2a-parte/#.Vbv0ZrNViko</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Tese Sobre a Questão Negra - 4º Congresso da
Internacional Comunista: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.marxists.org%2Fportugues%2Ftematica%2F1922%2F11%2F30.htm&h=ATO7KktiVXtpObzpKa5L5TLSb5ojg2piohM30WxWDVcYQ5ycLmjTLGZ_Xd9_H1EgGSiCZ8zJUoo4n86Shciup_qehF3r6bgWP5Z0idAF8rHOUadb_qDGyKm3Uft7ozR-6Sp87y79h7cgiQ&enc=AZPegv9ArjAUq66H39hzLyJC5mfOwTOcn-WHZVgKmEFCFXxs9mxsoy80vOU5dSTBjFgXMksWu9mJRQsYA5k4YORo6TGiS_Muu7UnjKNXC-Wn8NfdxmUvO6gPpFgpRHbFKl-nlyaCDJV7J11JEAySpViq&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.marxists.org/portugues/tematica/1922/11/30.htm</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O socialismo funciona?: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fboradiscutir.blogspot.com.br%2F2014%2F12%2Fuma-economia-socialista-funciona.html&h=ATMgflZCCu5q6glwfpHqQlPN9qTLABFzvaZ7YGc5SMJXoWfthj7X_0JGcnuHgEYTt8kCUxUgGYGGwIp77zYtpysHw_sKxPnuPZ3oEwnFj-pp9vFCFx_cSEW_nxEhdA6tH6AcgQSbJDagug&enc=AZOakf2bElNa8PxsiBsEQP5eMqE7piIZeF-e0HkmSRhWvD8WK3Sp69Us51a-epJIDfY2u9Nsi38AYcwZv1XNR8SemZhKAFqGo00BoxRMxiMcRvn52G2YGHDDzOwQld5gekC3_HdGo5gWR_I7hIcFpS4P&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://boradiscutir.blogspot.com.br/2014/12/uma-economia-socialista-funciona.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O verdadeiro terror de Stálin: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fcholdraboldra.blogspot.com.br%2F2001%2F06%2Fo-verdadeiro-terror-de-stalin.html&h=ATP96w_l9VyjIjv9n5PcSSbCd8XFWovf_53xGdv_DbcBLLvVyREhOA99ylUUoWsVE8xOxnSV1St-tBgEw6VkhvC4ezTschkc3_CDBdlI2q9lunUv7inneSt7lsTutxGaPB7d9xSOGWxzYw&enc=AZNEn1x0N40kn-56unPU_X5dOKZs8M3JCBkCJakZTf-CcQUesV-Q4PQCXXMbiu58y58niqlD3qp7ElMnfXLkrV6kO_zM5YHdLeeh_KS5Tsx8GQBPz6RJG-ds6asQ726t59YZxmm3WqEc7iKVtdirLkQV&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://choldraboldra.blogspot.com.br/2001/06/o-verdadeiro-terror-de-stalin.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O colapso da União Soviética
reconsiderado: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fcholdraboldra.blogspot.com.br%2F2014%2F05%2Fo-colapso-da-uniao-sovietica-revisitado.html&h=ATPklKlx_w0uIcQ-jkOgc6IldoASMQpuL8fP8FeYOFle7pTWsNEM8-8FAVPjdTkZAG8PgOuCkaM3k2C2awXXqJcLvcWZiF9Zxq7g3fGeyBjN92Sf4l5iZQBenRYjODs-BmX6EPbNhIDZQg&enc=AZN0pa-AhUYXteXd8w7Tg5ofR3BjgjLO88RHyvr3UlRv5P6509pw8gCnaNoQGJKZeuVm1v-_hHCmN691AScZP1x_texkQuZU5SZZkHlzrXqy04C94a7wpIhas2ino0tmiWOnAiRjfKt0gtDla0s33oT_&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://choldraboldra.blogspot.com.br/2014/05/o-colapso-da-uniao-sovietica-revisitado.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A Revolução Russa e o Movimento Negro
Norte-Americano: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.marxists.org%2Fportugues%2Fcannon%2F1959%2F05%2F08.htm&h=ATNfIDDmzEf3LdZ7IgIYX0MXUa5vBNFt2CYkn9pj-b-DvOoI3RJo-xID-QXwpi04PGbfEjs6QqnRvv9Vu3frHJMLP9qWS2JyVSwDj8WGvbOMDifTJD1-bj_AHyP4_EH47HRwDuiOvv_OQw&enc=AZPbdbHS_g2xLRNg9vPk11YsSThnOh9WVy8fOLdUnu0xhjuh0lNfRb-Sq9kE_QCYhKOxcsQlmcDlafLazqZV_yQuTMMxwBUdRmJZCukj4cwyNXCaN-KKe32PGaz5fr1NSLn7Js9B322SOyLYHVweKTHG&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.marxists.org/portugues/cannon/1959/05/08.htm</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Contra a segunda destruição da URSS: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.ifch.unicamp.br%2Fcriticamarxista%2Farquivos_biblioteca%2Fcomentario50comentario50.pdf&h=ATMuZMIJ2Fd6Bl_HVmKu36wAMvlrhKT0yaJDWeU0GOv3u-PfZQ2QXi193zb7pVKOhNzYYIr6N-bqxz3wS8BW75vCTT3o_iZpr9gI9xzv6fYQYSQA_S6UCVfrXmwNHwP2_32VLxc5z-768w&enc=AZPk4rZrRolor57Q08nI0wDlCXj_-ghb4Sarkfy8x9-Ncl1jsP0D_c1s_Cjea0QEYtSuZ58tfUCKstFEuMfNHqQiea2ntY6_aHzApCZyTASmJbQI0kjULH6fQ2cmhQKZGusUgS2tm3y6E3S0PQVQk5vo&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/comentario50comentario50.pdf</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O Estado de Bem-Estar Ocidental: Ascensão e
Queda do Bloco Soviético: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpcb.org.br%2Fportal%2Findex.php%3Foption%3Dcom_content%26view%3Darticle%26id%3D4504%253Ao-estado-de-bem-estar-ocidental-ascensao-e-queda-do-bloco-sovietico%26catid%3D117%253Aoutras-opinioes&h=ATMCcqcAEpFcGolhJW3gqFj9R8NlMS6OjOG-STjeSuV2qIh5OMfg0zmvu-kL8HUqt1Rx7Lejoj-1yzZyicnoT-zo1aqCc1oRoqq84G2A7IuUKjuPvURSVE_6hnBX2N3wYV0a9VTTueVfCQ&enc=AZP_XFySz8_LxvNQ3H0Qd2zIRYIJUwMwucb-4ncBDzK-q--HlISDNVJqYzTe2RH5dmiDHbvTFoe6pGURBAtEQ0Kll0kkM7_YvfvipKqRVIcciGnIS5L8AVA6YS1idOzHEScLoFi-swwQesuk5z1_dist&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4504%3Ao-estado-de-bem-estar-ocidental-ascensao-e-queda-do-bloco-sovietico&catid=117%3Aoutras-opinioes</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Nos 70 anos da Vitória de 1945:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpcb.org.br%2Fportal2%2F8195&h=ATNNsJJNLqkK_mxgnxF5hXOkM_H1xwNAxSy6HIjNr4Fx7JCD_XzXzxu8HF8aV75LezKGlwFy_EEgEk5gds0_-B7f6POB78C1mZ0Z9wkZaI5v6MUtfuxQOBvnvEfxMG9yo-b4z6qDszT6zg&enc=AZOwN9TaB4jYK12FYzF3hL00n7ufosEn5rMlQEBFm_9cQwcEcgVjrU0qsgsiGw4JKWVsKnROgj9TUPXOITJEggT6uT0EP-cQgwQSqPhTYSAhRWVJBLzbFAEWinDTG_g7XcPqREM9KZWEpyEAVgbxiJqK&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/portal2/8195</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O pacto de não agressão germano-soviético: a
história fora do mito: </span><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;"><a href="http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2016/02/o-pacto-de-nao-agressao-germano.html" target="_blank">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2016/02/o-pacto-de-nao-agressao-germano.html</a></span></span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> - <i><b>A revolução coreana </b></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
<span style="background: white; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sobre a questão da fome na Coréia do
Norte: </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/02/sobre-questao-da-fome-na-coreia-do-norte.html" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/02/sobre-questao-da-fome-na-coreia-do-norte.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A Coréia do Norte, as notícias sobre o país e o
racismo: </span><a href="http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/05/a-coreia-do-norte-as-noticias-sobre-o.html" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/05/a-coreia-do-norte-as-noticias-sobre-o.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Sobre a polêmica em torno do filme "A
Entrevista":</span><a href="http://www.diarioliberdade.org/mundo/batalha-de-ideias/53364-sobre-a-pol%C3%AAmica-em-torno-do-filme-a-entrevista.html" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.diarioliberdade.org/mundo/batalha-de-ideias/53364-sobre-a-polêmica-em-torno-do-filme-a-entrevista.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Luciana Genro e a Coréia do Norte: reprodução do
senso comum e eleitoralismo de "esquerda": </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fmakaveliteorizando.blogspot.com.br%2F2015%2F05%2Fluciana-genro-e-coreia-do-norte.html&h=ATNxHXw1m1YcTrPPLbA8n0hcFSx1upQ9Umk9Zg4y4T1qoQQz7DO6rhFnIDFlK-1BNw2q5FSx5tHEU6FgV6n6v3umaI40ISRaMquavBlH4bdGp2zRhxNIHxatrPMcg2eHmStJqOZ8CZIlMw&enc=AZOLhBD4uMa0spubPpu7-GGL54KB1rBq2aAB3llxQKR1Vo26dXwHhpYsznHEbg1kR_nbfAgSeOEbmfrV946_sexPtxsCzGeXZgmxR6pIlE3-wxVwsYZH2kO1lX0a1atpU6P_-pIu2V3N8scHP7OobgWg&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2015/05/luciana-genro-e-coreia-do-norte.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Que vi quando visitei a Coreia do Norte: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.pragmatismopolitico.com.br%2F2014%2F05%2Fminha-viagem-coreia-do-norte.html&h=ATMPXeNPSfF8DzvuPtjQ11reY17f29lZSsAxWzNyWtK5chg8RQsBD25BPj0kn44aAEdkB-XvJYpHN6D0zhkbF2nRI-PLKurxQK0GkXHxM8fudtnsdI0FEQa86NGe7O_oMME__zGqZK55xQ&enc=AZOVQvUO0ua8atp-2pd-6-SG6E-XzjaA7j2HcPSfzexIpVfdArkXD_L6SuMKuXaBzfj-l6r0Os0uH4ffl66peHzkkokbnrvVbLZ0gZ-veH4ib-e3ACxyNMETeQOq6jVHOMYln6UUSA0p0AtkPuwragmk&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/minha-viagem-coreia-do-norte.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Kim Jong-un: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fblogdaboitempo.com.br%2F2013%2F04%2F17%2Fkim-jong-un%2F&h=ATM9ma4mWS8wa05NKUaP1QDlvxBruIoJnHgmyyG8Cc-lE-UKQ-EJjDyM2GlUmVcJkADl6DgXT64KOPzlOMXherGu6qBii28LW8lj5Zb8Payj9bq-bm_exMdgXB97R2be_7hOq4M2zif-yg&enc=AZPAiNP0A4qmiaDTLP6EzApBsz3FgPZx4BlK6jBcSPF44JxsaP1eR9rV-fU_znlx9Pta7sVXM18KvN0FwnNPpRGC8Co4xw2K5quXKMmycmMykTYpFm8-SdObFNvArmszeqbLkdVMFPup2xKwU8Wlcuhy&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://blogdaboitempo.com.br/2013/04/17/kim-jong-un/</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">a discreta transição da Coreia do norte -
diplomacia de risco e modernização sem reforma:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fscielo.br%2Fpdf%2Frbpi%2Fv57n2%2F0034-7329-rbpi-57-02-00176.pdf&h=ATPF4PvfiVynPxJth5qlMa1AZs273bex_CwdQbMXxcbGn25DKtjtYh4FvekCPLvlzoNZJ99JjxIKi0MpihMbd6M2Qo89hgADIUKAOzrTzLruVvCh9J6C71-Klop9OXqG835qQmO4XGEDOg&enc=AZOc98xRHzmKVVtYbmJz3BC2KIUTBoAQYgg6HC7kF_fcxFrD8IPhhCdF8Smw_7nJilx3HvItvTpp_vcZ9ovw9rE0RYkEZXUlKl9ioFznR60tO2tCdxXlbX0Y7aLR7DtGgoZu_0Ili3hxFF007dyuRRzh&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://scielo.br/pdf/rbpi/v57n2/0034-7329-rbpi-57-02-00176.pdf</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Realismo socialista na Coréia do Norte:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foutraspalavras.net%2Foutrasmidias%2Fdestaque-outras-midias%2Frealismo-socialista-contemporaneo-na-coreia-do-norte%2F&h=ATPvubT3vvYSuC3Nez18TEnQTSsxODTJjyWs5POOTIrPVkZecHxO8pZ7MS7QLiZed-cfqM78rjxuNMqiwzDhcWCxXgLt4gNP0Pp5BjqQTYTCucsQgM8hXzsHg9IxWbuR2QdUZSGCLX7ljw&enc=AZNm4ctzHXvZu44HRRD1wnPfBpr9MPFS9notl4JKLpYxMJ5KbEDewCoizaMfBYOjDOlJt-hPqwaaCReDYXycrWq-Yt5IjsCFxLAg-6krRmw6smcQTerEB5PanYGz3UOfxvtt9M6d1RZ0PplYKXkooHal&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/realismo-socialista-contemporaneo-na-coreia-do-norte/</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">O que, finalmente, quer a Coreia do
Norte?: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.pragmatismopolitico.com.br%2F2013%2F04%2Fo-que-quer-a-coreia-do-norte.html&h=ATPhvBx0JWucmGZmpEcaNegjZFGwCkg-y9UDHst5bnQLSvEpaPfizbPViB1rAsyoVlrbLjHSfURtkDjYOn6V1nOgDMPP6_2xRHg_w_YB8eQCG-nYWkTAyrwgpE4BtjJ5NXOmDdq_HLsp8g&enc=AZPyb5pIRso2vxh82uWwy0Zq3vsQ0_Vp5U6u4Q--sedVcbQQA2Ap4vX6av1xYsAnpLyIOCMXAUvaZ0G3KiAG3ZI_0f98vWUSyqqcEwG8etl2A9GAX-v0-FC2rbVK7Eh67QAeG6B9SU7g_dtcYRfTtYPt&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/o-que-quer-a-coreia-do-norte.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">El enigma de Corea del Norte:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D12rB7k8iA3A&h=ATN_0wuEcbBOP4xDqo54k9K78tEbfrXUywGTlskwKpCO6iwWu7H8FNu0QbHfGFLs9Vd_ScYjvk6wXwx1g66MeeSjvFbvdW35WgQOaroV2lzxnJeYBpoQ8oISgV0Za3GI8OJl5FYaryRUkQ&enc=AZOCBF7IJtLoRz14JUMTthb287gTxJ0mvUmUuVGXhTcAJsK_vhWrL_KlbZM0dnNT6q2PhKTHYmzP4oP-kUFV0M4NTzpO0jzvtl9nUAsD3P4sDl8dmlLyLf_A7cOebB694_W9Ho0OjyAIdjj77eBLXQA7&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=12rB7k8iA3A</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Dez Dias na Coreia do Norte:</span><a href="https://www.youtube.com/watch?v=f_oLFoYvYQY" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=f_oLFoYvYQY</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Videoentrevista: Ex-embaixador do Brasil na
Coréia do Norte: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DOK2_JvZhFj4&h=ATPA33nNx5MvMjBXMOc5zgUn5syKTq99zc46wTXcLPEeC3sN1rWJxLIX3poPPGZg9otb9CJaRKg0cb8CN_2cc7_BIqmEMOHICofEvMkFyk6NhUyvmTeDmZUDCEnu2MYa71a63Tp9UA7-mA&enc=AZOLDSntViQJlsRifQiiMc65v3Z9-QctJJ_wlJbj_1oQPAPyh-5lj47TVgjuDmqmNgsKm80TX5djtN7buM4oJyxQSy0tu3KLZv8WMAOL3LDPzUzCmYc1F85hYA2ulbeLzzTD_t87IakmwH4jOM60Uo9B&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=OK2_JvZhFj4</span></a><br />
<a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D9OZ48Bj6kRI&h=ATOrnlIuY1JlsL1bErAMUUkaka8G-VcDUzY4JsotU8HE3ysTZk8vLNdtEdvlsaFZVn1M9U9VpHfeI5WtG9GVzCvmt-o7PEopFpV7c1aURDIHP4Jq3qEWnDS5aRbI4NAWhoqNXFoDouFzaQ&enc=AZOozl0JbnyOoQpr7-D2KsF-04h_E9ZdXnUJtm88m54zhu3AiMyGudOVf5GPLXKd-W9qnbjJpp5_bGo3sR8KFK23wCCNS92a6gptqv3hZM_snDlTqKpdTYrSVA46NUJwAHGbmKHmiRkycusK4M-jDJGI&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=9OZ48Bj6kRI</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">La democracia popular de Coreia del Norte: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fdepyongyangalahabana.blogspot.com.br%2F2014%2F05%2Fla-democracia-popular-de-corea-del-norte.html&h=ATO3x9oSgsC9-Cx3wPLdXUTKKGfAuPVLLMDvZYeQPKc6wDe2MBjK7g4_d5c9KkB3pdCDohUXS4wLWTVOBe2TSVOj4t7J0juhb5uUXHmRUB_fwCRAK-mnbPYKXbVh3Ah-tDy9g7JjUtJ6Wg&enc=AZMQuKHmjPBuKmv_u8kq40lxJqDV6Ui4vuzPujgNYKFJwKE7VY5iyBTmoGEsUwaXfGRzFHXaYLQSgvq9Ko81afMhWwVeLmpHY3GYhAaUcliPNWMl7QQ-0JRU1g36bBMpgSBNPgMQ_TnGRBd5HRFYdAp_&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://depyongyangalahabana.blogspot.com.br/2014/05/la-democracia-popular-de-corea-del-norte.html</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A Revolução Coreana - Paulo Visentini:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D5gg6BN8Ngrg&h=ATNGXtDrFa5YllPKmBKj0Kcqjg6pXTTJCvgwrtEpVREbKyNp62n64hlcVSSu9zNosL_QFNluhCBHVE-erZCJyaYl-ESZF-RfScxu7IhzeGvxKsVCc69o__NQi_CyEtvrkBCGv0Bf3tx5yg&enc=AZPEm4oZgrB9-9bGRzlyN4cgB9hnZ-ZPS7FcS-E0Tgczg70oI555KT9aBvdeYqQpO6wGt2mNA_dmErRan7K8Z1dC0zT73H5fqSH0ef3OwfR1RYCeQ9vHvXNjMyFEtuMxS0ieL4kaCpQjaRqLF7PbC1A5&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=5gg6BN8Ngrg</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Coréia do Norte: entre a guerra, a paz e o
futuro:</span><a href="http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5878%3Acoreia-do-norte-entre-a-guerra-a-paz-e-o-futuro&catid=25%3Anotas-politicas-do-pcb" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5878%3Acoreia-do-norte-entre-a-guerra-a-paz-e-o-futuro&catid=25%3Anotas-politicas-do-pcb</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">revela los 'trucos' económicos de Corea del
Norte para resistir las sanciones: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Factualidad.rt.com%2Factualidad%2F164716-exclusivo-rt-corea-norte-economia-sanciones&h=ATMZ7-ltX6TRDstYxLEMfyeWJJzFDbDxq2eV5RKTuqLvU6kGcMG8yQ-dqn8C2VzO2ZBYKoEAsNr_4lKk5BirirSmRLsEol_P7Lxjuh4aIlE_OV7egIifPQiGD_ya6ZFAsPp5dUDWb1GWIw&enc=AZMxmbBA3km1Vf62NpWOIdmnXaHvj8frmLN8r62Gl85h440dfkFik69tpYHxvlj8GSqA2oi6yc9Jqzom-1tmw5l7Jeotv2OQaEYINct5YkMX_qhsgknFV2xvxJr1sxftWMOLifBzYVOaO26FOIRE1MXe&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://actualidad.rt.com/actualidad/164716-exclusivo-rt-corea-norte-economia-sanciones</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Coreia Popular: O que é a Política
Songun?: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.novacultura.info%2F%23%21Coreia-Popular-O-que-%25C3%25A9-a-Pol%25C3%25ADtica-Songun%2Fc216e%2F5570ea5c0cf2e4994fb033d1&h=ATOUHvNmBOWkIXqVXi8jy4CDs7gm60mmidA68lD9jjSPEm2XGctlN-0pqvA83L0JIKQbMWuAF3I_xURP9ka5dMsEYJDZPbFwBYee-b1g_wPJjPWYNe1ropWiUShmCicXb40u6ZzcbrRdDA&enc=AZOa0BPvhMA1br6_m4G9J6HAN5GTm3swvCt8pboQb0u60wmoCPYPbmy7fv05OHdxJRkYKNJE1YYEPglaKaUqyWNsCbZsh4j7U9qJOImEej5RTqmr90i8blCpxB0lSGjhepIXeeA2Nm0naWvRpBWGNFOZ&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.novacultura.info/#!Coreia-Popular-O-que-é-a-Política-Songun/c216e/5570ea5c0cf2e4994fb033d1</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Coreia Popular inaugura novas instalações de
cooperativa agrícola: </span><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;"><a href="http://solidariedadecoreiapopular.blogspot.com.br/2015/07/coreia-popular-inaugura-novas-instalacoes-cooperativa-agricola.html" target="_blank">http://solidariedadecoreiapopular.blogspot.com.br/2015/07/coreia-popular-inaugura-novas-instalacoes-cooperativa-agricola.html</a></span></span></span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><i>- Revolução cubana </i></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Cuba, a ilha da saúde: </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/23324/cuba+a+ilha+da+saude.shtml" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/23324/cuba+a+ilha+da+saude.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Cuba é o melhor país da América Latina para ser
mãe, diz estudo: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fnoticias%2F28769%2Fcuba%2Be%2Bo%2Bmelhor%2Bpais%2Bda%2Bamerica%2Blatina%2Bpara%2Bser%2Bmae%2Bdiz%2Bestudo%2B.shtml&h=ATNurUTxW_7H8vXv_ZcSev2bYomEjpgJshD92c0eVTwP4uZgJyDqhPYpw2G-4dxwOEoukLKKltORuaznlQ3yr4mFRSOi_RtrDNw0mbkaMXpFaRXW5GI8wVHhWrMhVkCZXoNMjvaW_x5oiQ&enc=AZO2VwMLsUFOizLKHxkggyvJIBoHawlXgfVWUM-GELUJ4aDpTKDlbVb3h3ZZqafFn_L_oJWLPlhmlAKGGPc0wYAmAQKaYXGqIBglWeU2PhmbA3K_puiiquDDcOsvpklPkw2dynOMGLgO_6BC0cuD5aTg&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/28769/cuba+e+o+melhor+pais+da+america+latina+para+ser+mae+diz+estudo+.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Banco Mundial diz que Cuba tem o melhor sistema
educativo da América Latina e do Caribe: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fopiniao%2F37709%2Fbanco%2Bmundial%2Bdiz%2Bque%2Bcuba%2Btem%2Bo%2Bmelhor%2Bsistema%2Beducativo%2Bda%2Bamerica%2Blatina%2Be%2Bdo%2Bcaribe.shtml&h=ATN7fy_ir9OEyqph3CZyLT2HvjCu4MdEtdqEq6E9mBm09ZGg32SlkP5kJWY4LPFGSm7ltNd9DQ9NiWnp9xvBaaqmMCt54dE1stiG2Qus0ce1PORunuPULFqh6og-6S7XeMChzM0UaZPBkA&enc=AZO643Bg50GkUcT2ZQzHVViKF1majUWg8oGynG5LaUeInG10kRa9RvHhKSACRqoMZ6IRAanxQSbDDFhyhsZY7g1zMHf3QC2wAaA8QsdX8N_abe_6__eNeHKDrcYlcs0HeHsIOXw7oHdixrkrvP2pDZF_&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/37709/banco+mundial+diz+que+cuba+tem+o+melhor+sistema+educativo+da+america+latina+e+do+caribe.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">UNICEF confirma: Cuba tem 0% de desnutrição
infantil: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cartamaior.com.br%2F%3F%252FEditoria%252FInternacional%252FUNICEF-confirma-Cuba-tem-0-de-desnutricao-infantil%250D%250A%252F6%252F15433&h=ATP8ReicOtQZPS-yJhhty6F08Zg5YDPiY9sJY_12GH-r7eYG-V6RK7TlN37wqauKvxsTEGD0Wb8jRwMB6wlMxmn8junIGwnpUCzrzQVgQtq339THVvczpYmMJRdQH3eaV67wwAShbasjVg&enc=AZP3xpOgQGB_UjPSpFWfEu-o86GpDtJ0XwippzbpH7gx-riD52cF_Xh2VhJGIuvFZ2ELf3tmfPcw6PGNMkVCWOL7r2PSByWbf_mchjjzr_IycfEUhg3qj_VqHwyogDpBCaGIGntcf9yKloX_iY51EP_V&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FUNICEF-confirma-Cuba-tem-0-de-desnutricao-infantil%0D%0A%2F6%2F15433</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Pela primeira vez em Cuba, transexual é eleito
para cargo público: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fnoticias%2F25497%2Fpela%2Bprimeira%2Bvez%2Bem%2Bcuba%2Btransexual%2Be%2Beleito%2Bpara%2Bcargo%2Bpublico.shtml&h=ATOiKhsdeRdPE9cPtJIb7bY3RBujWEP4eYCMyALBGrrmYGUkIvAyXI5gXZ6O2P_9FsY1WFZBJJfnkJXdj14iXzCGu_G3yjAtWjyUcszJ_CHrK3t7AceM1SvH-kn1DBsqvYWUlEDEuodQ-g&enc=AZMAAAB-NrYs-nhH16J7S5awi-Mn_NgTRC-G3oZoF1c9kay4gc70MT8CagJdO-yqJoyMV3jqS6YPULA1NfRLgqAiBtUsQ2U5Vnri9hFgRWbEDlqe3ze1FS0wKpJYoNQgGz86dsuiYmlMQs9VlJ1SUxj4&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25497/pela+primeira+vez+em+cuba+transexual+e+eleito+para+cargo+publico.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Sobre homofobia, Fidel sempre assumiu
responsabilidades, diz Mariela Castro: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fentrevistas%2F26925%2Fsobre%2Bhomofobia%2Bfidel%2Bsempre%2Bassumiu%2Bresponsabilidades%2Bdiz%2Bmariela%2Bcastro.shtml&h=ATP5xQb-2fD2wv-F-uz3HYXsZfyqqEcH9my4TFzN1wIPF8LAitK4eAmDoZDXP3FQnYPjMos5BYlc6A9oWdu-nLU30trs3TyVJJ_2j5Oj9ngxSao-lkQEpbLSpFpGkQeFHqv6hFwsYyQCGQ&enc=AZMYbrSc31poa_C8bMa9vxSfOkz2-7-yk8fXhigd6ZP7GuTHt5p1ioViPUze_Mg6Oynqqb-rU9dbMUY3j00FE5CqjmhkQlrrK-_mchkHlQKvk876bSwYqyrxNsTuYrfRGCKk3OyBVxtwtTvYos3_JdDl&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/entrevistas/26925/sobre+homofobia+fidel+sempre+assumiu+responsabilidades+diz+mariela+castro.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">"PC era reflexo da sociedade cubana:
machista e homofóbico", diz filha de Raúl: </span><a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/entrevistas/26926/pc+era+reflexo+da+sociedade+cubana+machista+e+homofobico+diz+filha+de+raul.shtml" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/entrevistas/26926/pc+era+reflexo+da+sociedade+cubana+machista+e+homofobico+diz+filha+de+raul.shtml</span></a><br />
<span style="background: white;">Governo cubano diz que impacto de embargo
econômico superou US$ 1,1 trilhão: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fnoticias%2F37788%2Fgoverno%2Bcubano%2Bdiz%2Bque%2Bimpacto%2Bde%2Bembargo%2Beconomico%2Bsuperou%2Bus%24%2B11%2Btrilhao.shtm&h=ATMUrvjiEFJs7wmDa32JZbea5ieFAsx79R3BrmW-MJsN_Qe2YgQRggbStmWZDAANCqjFDYKSGXYSx0bKoEuJNUIjkiTjkAdqtWlzjtpQtaCp5Un5A3h1P8I8KPgwsO8zcOVzMrX-Q0YjYQ&enc=AZMFEYX6lVoRkys5bsEqLSwcJ0T05O9-Hm-_lg0lMcORP6gbPaYXRZKgp6RqmhAIS1P6Lz9_3AmEJYutyr2oiv61WwTqrTwoWQVyq1AJc0kKXuwq_SburUYMK-3UHC0xqfyeCcAunjsY7Y0EEMcuxzip&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/37788/governo+cubano+diz+que+impacto+de+embargo+economico+superou+us$+11+trilhao.shtm</span></a><span style="background: white;">#</span><br />
<br />
<span style="background: white;">Democracia e sistema político em Cuba: </span><br />
<span style="background: white;">Fatos, não. Palavras! Os Direitos Humanos em
Cuba: </span><a href="https://www.youtube.com/watch?v=eiWXhanvyY0" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=eiWXhanvyY0</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">50 verdades sobre a morte de dois dissidentes
cubanos: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fopiniao%2F30904%2F50%2Bverdades%2Bsobre%2Ba%2Bmorte%2Bde%2Bdois%2Bdissidentes%2Bcubanos.shtml&h=ATOHbVsZ2nkHVVVkZ0OYhJHKfh1068qlRKqi401Ka_a56rCGtADwn00_BBGus399dRWZW_a5STw31y7bLVVpHL0Rgv7HjShjvvDYohRoo41qsdlk1fGh6y2oKQNMGOGRxFMKWPJnJm1Rjw&enc=AZMgm4LSVuBKRtl5tIZU6Ap9-Sc9J8JGTfZdCJzbEQnF20tQTixImhn2tDaZkLF4YA8IFTthR3_td5ALcvD4Yu0SDLfrwFws5my2AuVr-REyLexIVFMXrAlLx2ckWddGdttovLWMA1t_Xxw7IK3zRlwS&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/30904/50+verdades+sobre+a+morte+de+dois+dissidentes+cubanos.shtml</span></a><br />
<span style="background: white;">O sistema político em Cuba: uma democracia
autêntica: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.brasildefato.com.br%2Fnode%2F12087&h=ATOuIvZ0rm2tffupriwz8m5_f3t98w7C7FbhajDi__G5FSyO2QRIzWv3_h0n03ZjXyOIVItHZuMYIhj2WbVOAmCbC0xUou2ohdpYouL-JE9oO_mxsGrbJq5FRTZsjuvzrtryVUeKmG-piQ&enc=AZMyyviA0p5lP158vuALXwH1Dr63IEjcmCF_zfNoPxx_TQ96z9Av6dz-l5Uu1ulZ2f1eEIiwiA6LqQr6o_n7vMwgb9YR6MecPjR8vnv2Go2Muonuz8uVHCGpwbEvrkJAwli8J7gFuwgdTEXZL1PL4p7u&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.brasildefato.com.br/node/12087</span></a><br />
<span style="background: white;">O PODER DA COMUNIDADE:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3Drr70FVoAXBo&h=ATORMynDxg8UFD3Sxx3sBlzFuYvoWNfPTYe-e_OAJzRWih_gxhcJ8v0io0GEn2VrjWYCmpUbnL-bduWHoVzxMKcnDqDKHiymOYAjhZ20rNAcqBPYIZwrUCOuisFJ_z4P2_VVAdueJyCR5Q&enc=AZOJsmyB7vEBqlgZNskLaoQEjbUQNA51PBNc-b7zB6PY1TDQGBf5pK7DN-8DZGIjaaYKmP9k9HW7vF7OmRjKqhcmrsQWZso50E9MExL_TNvOAeFjzZyIzaCxHbEyrg2AcoD4SCzjpky42-zaNTcYV-tH&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.youtube.com/watch?v=rr70FVoAXBo</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Ex-agente duplo conta como a CIA promove
‘guerras não violentas’ para implodir governos:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.sul21.com.br%2Fjornal%2Fex-agente-duplo-conta-como-a-cia-promove-guerras-nao-violentas-para-implodir-governos%2F&h=ATPErsr5RzgGeSa4WxHybPzeW-cLrL2ci4UO_i7VfdFgXQ8Qmd-feE-UZAVMROd8ti7aRe5R9A0pIun3bmE_Scyu0GHrgslapsx5THTp1SMhBYAsAnovFDY0TkvH8c0sdb3vOgf3X9M-0w&enc=AZMgT49R-g-Nl1PqQXzuuWbN1musxtX916TYR1uzoVh43v7XWv17HKVW47ZsFjvYlH6_y_lUWOPhD7k7IBRt6TM3-sVfobI26cDEYPxeuZIedd_CKstYh8pf-sVxBi6CGgaIbEurGNekgg7m5Mo7kdDe&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.sul21.com.br/jornal/ex-agente-duplo-conta-como-a-cia-promove-guerras-nao-violentas-para-implodir-governos/</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">50 verdades sobre a Revolução Cubana: </span><a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/31216/50+verdades+sobre+a+revolucao+cubana.shtml" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/31216/50+verdades+sobre+a+revolucao+cubana.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Cuba é uma ditadura?: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cartamaior.com.br%2F%3F%252FOpiniao%252FCuba-e-uma-ditadura-%252F22553&h=ATNeiZLXud_70Mr0l9JDmZjwEoKtin5oLHJ88JHvX_G5CBLumfBHPg9-5x3Oo7ug1DH7pk9HIuZ10DQO-GC15klBTNEJ-P_r4ht-j3_q3bIBb6JSVUIBGyHOccfh_wicYzkJnQ5uT5iutg&enc=AZMNk2DubHfuV6if1P09YseQrapLxrVdLqt7sYTWLE8HfQfGPVLJK5Cou_KAnvkX3bxAseWuOBJ1J5ZpvhV4KcMgl2LtNy9GEzF04EXyeuHWAsTK9KTUAwLdnMhTe0qUotQRuMJvXrTNNKUrj6VmY7Hs&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cartamaior.com.br/?%2FOpiniao%2FCuba-e-uma-ditadura-%2F22553</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A democracia em Cuba: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.scielo.br%2Fscielo.php%3Fpid%3DS0103-40142011000200003%26script%3Dsci_arttext&h=ATNBkGw8c3c78pp6Ru6cAo2X9HUlWsJ5hO8ljL73tgx2lThiGAlQRnDdddJ8LmeGr5LltHKmvsix5SOCW5PG02816hKWJvc2VElwAgIgF_e1Baj6qVTYNaCeeLxgijV8whWWPNeeMVl2DQ&enc=AZPSKQ5WQOxtBgu0TE-9_Jd1eAKjQ0CQXqe8_9HIQsCyBHc7OFD9hvyDCZ3qgRDGiJdV9MTgH8N4qVVRI5tTufbC3ufBqODMRzZCRXRn_0N_Z6CSRs6sEQiMnp1w-BUHAlkR8-y1cSyqw3Y61lvuKDsN&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142011000200003&script=sci_arttext</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">A economia cubana: experiências e perspectivas
(1989-2010): </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.scielo.br%2Fscielo.php%3Fscript%3Dsci_arttext%26pid%3DS0103-40142011000200004&h=ATM70B6-v2j7Oa3KpufLzlJIWcoL8vI2VWApuDvKEtg_fEkHLBz-nMsL9DI7qhpfGhBk5SyLVQVy-zbnJWej-wGhqHn128sdB5bpjVraQ92z9m2S9dUf2BQezUd8rNiHySOgIOf0PrbkyA&enc=AZOcDLHbPm-N8VamGkSCWKJ-oOD6l418fMNd5x6JR1pnYhE_vhMmHLnmTCBIiOaraREBrAsCpL8u6BwdPESEXgZe0REVcrJOAI2NMnmdj9TtliEgeJonV219FX4CaR28lN6xoPGJn7d4CKmQjAaO5dWq&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142011000200004</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Mudanças na economia de Cuba e a atualização do
modelo socialista: </span><br />
<span style="background: white;">O novo modelo cubano continua sendo socialista:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fconteudo%2Fopiniao%2F31483%2Fo%2Bnovo%2Bmodelo%2Bcubano%2Bcontinua%2Bsendo%2Bsocialista.shtml&h=ATMTrLC-NPu3yDz3sVWuju4TGk4W1viBpOja8k_t7X_98bC5Lo1KaVPjYXasl-UkT6yExI9zg1E6RBipecps51hfRkaYdgfU83HM8X_XgPW7RftjwCeUxGjPzJGEyHJrRzKRS0E1FE2e5Q&enc=AZOHrrnNBJKJENZvX-x9A94xZbPp8UqAh5GKM0fh6GZ3ZZUrqv7sTuaPFyhTiYKXHNgsS4V_MfYsdNSmUg9AK48xrfAlLw7aRAtFCJToy2TPI0Oe5IJPNipi9oNQrettggZEDR15UauzOdckxmeoM9KJ&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/31483/o+novo+modelo+cubano+continua+sendo+socialista.shtml</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Proyecto de Lineamientos de la política
económica y social: </span><a href="http://www.cubadebate.cu/noticias/2010/11/09/descargue-en-cubadebate-el-proyecto-de-lineamientos-de-la-politica-economica-y-social-del-pcc/#.Vm3fC9IrLIU" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2010/11/09/descargue-en-cubadebate-el-proyecto-de-lineamientos-de-la-politica-economica-y-social-del-pcc/#.Vm3fC9IrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Más de 400 compañías han manifestado su interés
en invertir en la Zona Especial de Desarrollo Mariel:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F12%2F12%2Fmas-de-400-companias-han-manifestado-su-interes-en-invertir-en-la-zona-especial-de-desarrollo-mariel-fotos-y-videos%2F%23.Vm3f0dIrLIU&h=ATPGttCWTXdOA6iF1g_Hq42HW1QQMT1xD1i5X8-arPbLrkdaHiGov6Ye-Pw64UdWpOp1hpLIkHDRsehB2EFsRWrjaOWGbLK1pYYQDKup7O_jtsppnlSfNvxqO8FMiN37ghmvHAep03XrxA&enc=AZMm4YzQiiUw5pMFhRhmr65a3gZZirERHe33cMVjJE_TO8ZKb7f3403kNXtX2cF4nBpzFLZqZDIS2yfvpQjipGOsrfAxsQPVZLhaNXhdBWLpPcSdy79WJ8vNimzawDJWd1DjoycRvS4lQUSeBQcsPrH3&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/12/12/mas-de-400-companias-han-manifestado-su-interes-en-invertir-en-la-zona-especial-de-desarrollo-mariel-fotos-y-videos/#.Vm3f0dIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">El socialismo es ahora: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fopinion%2F2015%2F10%2F05%2Fel-socialismo-es-ahora%2F%23.Vm3f3NIrLIU&h=ATP5xOHi85SWYIaO5hF9XEUW7UZ4dhCjaBibAmRxf-X9Wp7gEB1o0Gf4g0h0hzAkJKTaw7wzKWmudbmvSDpMGD-xHwsV5dx0NQMo0iBGpXwfaOX4B4k7q4ihC_hnDVTRcnqn6VaaNSSMKw&enc=AZNBc-jyHQJCT9t5HNqyeSQwoktU-h7z-UNSlubkl1VWRI4LtcWJlzBBO8kIagZdfy21hQ8v_NgALUcIqDG4fe0nniFRh5vwpnvvVQhweUbiY3j89FtHI4qHDyZQ8oEbD77WGflu_zSmC0zI7Mx9Dbt6&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/opinion/2015/10/05/el-socialismo-es-ahora/#.Vm3f3NIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Mariel: Umbral del Futuro:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F09%2F30%2Fmariel-umbral-del-futuro%2F%23.Vm3f6NIrLIU&h=ATMrXCQzUs7B2e91IQthtF72KqfD_8E3VK2yosu-HkJ2RJlwNHjZmKYKoD7ha0IPS3e4BL4X85geMQJ34azRQegEiNmEQj45b-j_8nXH3IbQ6s_lP23MlQjphRjVgmiOTqp8hfWW3BIiRg&enc=AZPCKjSttR7NvqWgpSFzN7-UE7mu74JVveX16H6BIgIhve6gb-nbPEHBndS05msi3LxUAQ68Jm11NwxfUHKsMRVdb76CeJTVpPkQblBRWwShcYUoAC9GquDN8md8JH0GLNEu2cqcLRsh8wW3SQsSY1FC&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/09/30/mariel-umbral-del-futuro/#.Vm3f6NIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">¿Viviendas por cuenta propia?:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F09%2F10%2Fviviendas-por-cuenta-propia%2F%23.Vm3f5tIrLIU&h=ATNqXG9A7lstngqO0nXvJVSjN33CuBcVUt9Kb1B1jMQNdnSQInDTL61xfpn0dl6L-ylPd79-kZdscZ6BGaxz0ZbWsB_efH0NACFKg83uIwQZY8Tya3AYT08GQTOfkeV-_xjRQtZ3pKkzXg&enc=AZOeYfc8-wfa-Re8NCehoCR-yRT0WI-AU5wN5VdSDupBe4K1kaAcZ5mVpMZ_Uoxumo85FEmsCNzKyOHdoMBtsrSNqpatMeZ7TKl0EjAjz-hAsg8-9jzIScaM2nDMWivLJY7dwwMZ94r90C4PQQEEbszz&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/09/10/viviendas-por-cuenta-propia/#.Vm3f5tIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Raúl Castro: Se ha revertido la tendencia a la
desaceleración de la economía cubana:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F07%2F15%2Fraul-castro-se-ha-revertido-la-tendencia-a-la-desaceleracion-de-la-economia-cubana-fotos-y-video%2F%23.Vm3f6tIrLIU&h=ATOudsLPacZkAeRXYOglGzZXyRsW1U-YtNbqYlSgYQ6R0iYH8yk94IypyHMDXd_PXu30w6DqYu_PixIIDZB68kjIjLYAn1EeUUsBwbZ_9VtFnDSR9XOnG9XBTlqGKG2AlSGeUmp7Yuu9Mw&enc=AZMJVTDTSfcRuU7MkXIA-ehBxhDCh0aSpKQEUC0tE3N47Wkr7sR9MafDFs5E36d4q4HeilPv_Uv2K9DUKSA63PnCCrPLOVrrZcZWz2Y9QGXxWOnRW3McgaW76b9Cc3rimmOc-3UIhGfteu3yq2gwMhgu&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/07/15/raul-castro-se-ha-revertido-la-tendencia-a-la-desaceleracion-de-la-economia-cubana-fotos-y-video/#.Vm3f6tIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Cuba y los primeros pasos de las reformas
estructurales: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fopinion%2F2015%2F06%2F27%2Fcuba-y-los-primeros-pasos-de-las-reformas-estructurales%2F%23.Vm3gKtIrLIU&h=ATN7gSXMYGEPyfvq5yo1m3FjQ5fzmN-r7a5FEa3FIXJkFBGlh3jEtom_8WV2uZHgL7JqRVhMPU9GUPaJ-Ls1ErAyLSVOq5OQHuXt32QCDBihGq99IP9VlJnXNzzcwlxTgaOGgc2YOkz_aA&enc=AZNG7lvd-F78gqkC4cboA3n6xBLXzDcC7bi33staohSwGrULzfnwxmfh7FcMQHRDNxqdTpuDAqKL24Tkns2K25DSy3-u42II7cMpHWiFRxp_Ynbcv9EqUy8sFjK2Xks_ADewM_OVfCNPiVrV_1bQMnRw&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/opinion/2015/06/27/cuba-y-los-primeros-pasos-de-las-reformas-estructurales/#.Vm3gKtIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Solo el 5 por ciento de los trabajadores del
sector no estatal han recibido créditos:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F06%2F15%2Fsolo-el-5-por-ciento-de-los-trabajadores-del-sector-no-estatal-han-recibido-creditos%2F%23.Vm3gJdIrLIU&h=ATNcYgGPYQh5jP5ENboj0GkcFqnZS2JHtUroldCvn7pwOuCiHUW6zNAYzTZdrv6omWu27l_r50Hlxf_BHVsYW0yRI3nWd_8HhD_AMMDxmgbn6b0y86lSxoAh_Uj815K0JTCRuVJav8EUYA&enc=AZM18NN6whiW8wpyuAPOoArBSHs2EajNY9-W7sT36lC3e4j6dPy6TBtWebh5J55JT53yJ1zNcBhHqKR6gV4NmeXGwOzev5mYB7-_JgSfZISa5MYiXrIAIzb9Eayp4aQW6yzm9GuKlPwmrBLrIp08wrwT&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/06/15/solo-el-5-por-ciento-de-los-trabajadores-del-sector-no-estatal-han-recibido-creditos/#.Vm3gJdIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Cuba: Ley de empresas entraría en vigor en 2017:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F06%2F09%2Fcuba-ley-de-empresas-entraria-en-escena-en-2017%2F%23.Vm3gKtIrLIU&h=ATOz746nr-6MIDw2bTmqG0A7xUUEgcfQ8ypPdnWm55wbNrouUqmG8IEaeM1DPwBFZeff0vTcjw08TTSXQPRiBkXHPBuDp4SXM_JRViQjvwk9-cgWKWrcSzzH59hMzIhH7WTKrApZh3xNuw&enc=AZMfDe6FDyIVihhNA261YftxTg999Jp4BbF0IE9CXiy9HD5qtT5mwx-KhpqU6XeK8TmUQLyMvUgup55q5Y7G79lprmNg6l8bkwBTIcI7rrSNihbndm64AlmXd8Kay-wTReAc5ZF9IrXjMBfDy9ElxMzh&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/06/09/cuba-ley-de-empresas-entraria-en-escena-en-2017/#.Vm3gKtIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Más de medio millón de trabajadores están
vinculados al sector no estatal cubano:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F06%2F14%2Fmas-de-medio-millon-de-trabajadores-estan-vinculados-al-sector-no-estatal-cubano%2F%23.Vm3ggtIrLIU&h=ATMut9NNf-1drJWooS6DXCEwgwy6O6fpoZNDL4O9K1p4GJYlYV-PaEwRamOjUeImjWRft8z2CddfoIiQhW9SUWATZY4tYiI0DAl2L811r7k56gaySOGyPm3BEou84rob_VZwvPcHhm3e5w&enc=AZOxWk8SZhXbBFxH5JHcExswz1Lv5UP04C9ojjC0I7THvmYbWUmqkYDtL1Y82smPE7T9XZHo_eHur5f6qnETboT67G1yz-Bg4M8upLXDz2HARduWsbDWfAyOk8CXX0SdJYbHNG15iqd_zQNTtp0Kbk66&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/06/14/mas-de-medio-millon-de-trabajadores-estan-vinculados-al-sector-no-estatal-cubano/#.Vm3ggtIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">¿Despega la industria manufacturera en Cuba?:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F04%2F27%2Fdespega-la-industria-manofacturera-en-cuba%2F%23.Vm3jN9IrLIU&h=ATPQTeqfbV-vZ0-zQ2idEdxTe2lAZhqiHhq3YkEYZ5XXMIRIdSiHCXO8Ud0EMUvgKe5-SxFV9-vSZj4mvfD_YIknrRtPRArvP9PcWelEjmXp80QKPUXo-LC1ly_fA6xJDEZ9P7j7c2WNBA&enc=AZOZ4CQD0NOYLENR3b9MxWekF2IVa4ymfQsd51DTZhcZTbkk7k1vUEqbCosI5YR6YjDRAau-b2LdutmlfERrcjKEbtNcwaZG_WJ6xyJzAr9JI5B0Bq0zzlBxPBBRVLhjjoPPWPb2lslg4hEImKzZgJNm&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/04/27/despega-la-industria-manofacturera-en-cuba/#.Vm3jN9IrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Subraya Díaz-Canel importancia de Empresa
Estatal Socialista: </span><a href="http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/05/09/subraya-diaz-canel-importancia-de-empresa-estatal-socialista/#.Vm3jN9IrLIU" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">www.cubadebate.cu/noticias/2015/05/09/subraya-diaz-canel-importancia-de-empresa-estatal-socialista/#.Vm3jN9IrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Banca en Cuba: Créditos sin demanda:</span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fespeciales%2F2015%2F05%2F13%2Fbanca-en-cuba-creditos-sin-demanda%2F%23.Vm3jNtIrLIU&h=ATMqvYgvcb60GCcqfK1iD78Jo5_bvpzBpJ6-c_jBSLQl9r_xI5X9RmLjZYD5ogUvTnzfREByDQoeHVQswGYpekbzLSCdJ2NEmvoTWx99a--UIpfEEVwUXdsliV-zqKFStao-b-S-tIcQJw&enc=AZPM7OlRNfmz_1PsdNNN1jsJNs-q9zXWmmbi313wHdJ0we1iwA9I15NA9E4laLqkryoVu5pY-MSGVgBq9qUP9myoDHshYo7fP8iRZTw8-6EGl_r0QqtW9XXtgdcGWkBV_iWK4Ry0nwxqcEUpM6t8x-qY&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/especiales/2015/05/13/banca-en-cuba-creditos-sin-demanda/#.Vm3jNtIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Nuevas políticas para la vivienda: elementos
principales: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2015%2F01%2F22%2Fnuevas-politicas-para-la-vivienda-elementos-principales%2F%23.Vm3jWdIrLIU&h=ATPLnroIpwbqgo0qRxQ6LkTJ7MdLqWR-bp41V_qJxLlOtIu-Hf-1Nt-R9kE1jAsmDcRIdiMAmfBXn10qqwlOAXqGiLb-JS4SX_U2aQVcy2LBmBFku1YN8dcVldPRlNBjCWqNreAFtCnrUg&enc=AZPQPAvZV65ZPcY1hA8atMTWi7yIFXUEE_ckHtEX4lFpf2LYmLFsENOV6iTB2wFDyAPL-_sB4edguPJxeKDX6dz9Cf9oc1mHg6wFMCOAt0xULqD4I53TrZ5CRk8mwu0xZQrZUoCMHUzPR9lTCsplU-sc&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/01/22/nuevas-politicas-para-la-vivienda-elementos-principales/#.Vm3jWdIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">Emily Morris: Cuba ha demostrado que la economía
socialista es posible: </span><a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.cubadebate.cu%2Fnoticias%2F2014%2F11%2F24%2Femily-morris%2F%23.Vm3jhtIrLIU&h=ATOq5YwjaNLl3S41bBJBbq9fbCwPZ2OTyCIDqx6yPhbmJf0JiHB9mOzFxbXsxCgnQ-R607R3t9yblPMunxJnbYO3_9_psCngBdr0xMBjMuwSxTrYjxIEnk2f7dyt3bpo2xcApW33ZtJu_w&enc=AZPPwBd0z82qWvB7br7o0SkrDgLh5TVXEcQMvq4u2AgsKLyjQo1hJpbYjkj3-n4PWSh0R-A_7ZbeuDtS6_ZYPq9FZKCClF2AoEraYJQ3l3Irzaqxn1h-zyOtJmFvrBOaYXO-otf8MmBvlUaqgMSyKWar&s=1" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2014/11/24/emily-morris/#.Vm3jhtIrLIU</span></a><br />
<br />
<span style="background: white;">José Luis Rodríguez: “Cuba no se está
proponiendo un socialismo de mercado”:</span><a href="http://www.cubadebate.cu/noticias/2014/11/22/jose-luis-rodriguez-cuba-no-se-esta-proponiendo-un-socialismo-de-mercado/#.Vm3jl9IrLIU" target="_blank"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.cubadebate.cu/noticias/2014/11/22/jose-luis-rodriguez-cuba-no-se-esta-proponiendo-un-socialismo-de-mercado/#.Vm3jl9IrLIU</span></a><o:p></o:p></span></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-29348796708950330212017-02-01T07:48:00.002-08:002017-02-01T07:48:47.413-08:00A luta contra o “consenso de Pequim” : ensaio de interpretação histórica.<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsIrT-er_45ayytgNfGp2gVpGqThgV5N0pu5dM-bbftgncFxPaK-6sM7ArAh1EgYNOp910oObql6GchSEi3vD5skQqN5DDcMZIHOQCTDGvNTuajkswt8I06e_Zof0rIniNiRTyYQSUz80/s1600/foto_mat_38777.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsIrT-er_45ayytgNfGp2gVpGqThgV5N0pu5dM-bbftgncFxPaK-6sM7ArAh1EgYNOp910oObql6GchSEi3vD5skQqN5DDcMZIHOQCTDGvNTuajkswt8I06e_Zof0rIniNiRTyYQSUz80/s320/foto_mat_38777.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto do último congresso do PCCh</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
ascensão da China à hegemonia global é hoje um quase consenso entre acadêmicos,
políticos e jornalistas de todo mundo. A retórica do aparentemente inevitável
século chinês é admitida inclusive por lideranças norte-americanas<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>. O fenômeno do crescimento
econômico chinês já foi chamado de o mais impressionante da história moderna<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a><span style="color: red;">,</span>
mesmo isso sendo equivocado, afinal o desenvolvimento soviético entre os anos
30 e o início da Segunda Grande Guerra continua sendo o maior e mais
impressionante exemplo de desenvolvimento econômico num curto tempo partindo de
uma base precária e sem praticar colonialismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
toda forma, depois da derrubada da União Soviética e superada a histeria com o
crescimento do Japão, a expectativa dos anos 90 era uma hegemonia inconteste
por longo tempo dos EUA. Poucos anos depois essa certeza simplesmente sumiu. A
China está entre os países que mais cresce no mundo, provoca um forte e intenso
realimento do comércio mundial (especialmente na Ásia), está próxima de tornar-se a maior detentora
de ciência e tecnologia do mundo, já forma mais técnicos e engenheiros que os
EUA, é uma investidora global que em poucas décadas pode ser a maior exportadora
de capital do mundo, promove uma readequação das instituições de
governança global e promete nos próximos vinte ou trinta anos ser o maior
mercado consumidor do mundo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É
evidente, porém, que a ascensão chinesa não vai acontecer sem resistência e
luta. No campo da luta ideológica,
a peleja contra a ascensão chinesa se combina com o combate ao comunismo
e num só cavalo de batalha temos a articulação de sinofobia, anticomunismo e
orientalismo. A produção do conhecimento, que nunca foi neutra, não escapa a essa
gigantesca batalha ideológica<span style="color: red;">,</span> e as produções
ocidentais (produções acadêmicas, filmes, documentários, músicas etc.) sobre a
China estão enviesadas de mitologias políticas que buscam evitar um deslumbre
pelo desenvolvimento chinês. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
objetivo desse ensaio, sem qualquer pretensão de originalidade, é apresentar
alguns mitos e simplificações sobre a estratégia de desenvolvimento chinesa, procurando explanar as
análises que consideramos corretas e demonstrar que a ascensão chinesa tem como
principal pressuposto e explicação a conquista da soberania nacional através da
grande Revolução de 1949 e uma estratégia de desenvolvimento balizada na
planificação econômica, na propriedade pública dos meios de produção em setores
estratégicos da economia, na aquisição e desenvolvimento prioritário da ciência
e tecnologia e no controle e coordenação dos fluxos de capital, e que a imagem
da China como neoliberal corresponde a uma grande guerra ideológica que visa
encobrir esses elementos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<b><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
China entre o mito e a verdade</span></i></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando o tema é a china é comum afirmar que
todos os trabalhadores estão em condição de semi-escravidão, numa situação de
trabalho despida de quaisquer direitos trabalhistas e regulação estatal e com
média de tempo de trabalho de 16h<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Essa </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">suposta
situação laboral é associada ao chamado neoliberalismo chinês: a ideia de que
com as reformas de Deng a China aderiu ao neoliberalismo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>; esse neoliberalismo é
comprovado pela participação predominante do capital estrangeiro no
desenvolvimento chinês<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>; o neoliberalismo e o
domínio do capital estrangeiro prova que a China só pôde crescer depois de
abandonar a revolução chinesa e o maoísmo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>; essa abandono do maoísmo
significa que a China é hoje um país capitalista como qualquer outro<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nas análises correntes fica na penumbra o
fato de que a China é um país de dimensões continentais que possui mais de um
bilhão de habitantes e comporta em sua estrutura produtiva diversos processos
de trabalho e relações de produção heterogêneas</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. Os trabalhadores
chineses migrantes que estão ocupados nas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs)
estão realmente sujeitos à níveis de exploração odiosos e condições de
trabalhado especialmente degradantes. Mesmo com todo sensacionalismo dos
monopólios de mídia, não é uma distorção total as reportagens que mostram as
condições de vida horríveis nas ZEEs. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As
condições de trabalho e níveis de exploração chamam a mente um processo de
acumulação originária com a conversão de ex-camponeses em trabalhadores
assalariados-urbanos. Contudo, é de uma extrema ingenuidade atribuir as taxas
de crescimento chinesas e as conquistas do seu desenvolvimento econômico e
científico tecnológico a esse padrão de exploração, afinal, como bem lembrou
Trotsky falando da URSS, exploração em níveis brutalizantes existe em diversos
países capitalistas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O mundo burguês começou por
fingir que não via os êxitos econômicos do regime dos sovietes, que são a prova
experimental da viabilidade dos métodos socialistas. Perante a marcha, sem
precedentes na História, do desenvolvimento industrial, os sábios economistas a
serviço do capital ainda tentam muitas vezes manter profundo silêncio, ou então
se limitam a relembrar “a excessiva exploração” dos camponeses. Perdem assim
uma excelente ocasião de nos explicar por que razão a exploração desenfreada
dos camponeses, na China, no Japão e na Índia, nunca provocou um
desenvolvimento industrial acelerado, nem mesmo em grau diminuto, comparado ao
da U.R.S.S. (TROTSKY, 1980, p.5).</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">E <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Ao contrário do que se acredita, a
característica mais atraente da RPC [República Popular da China] para o capital
estrangeiro não foi apenas sua imensa reserva de mão de obra barata; há mais
reservas como essa pelo mundo afora, mas em nenhum lugar atraíram tanto capital
quanto na China. A característica mais atraente, como argumentaremos, foi a
elevada qualidade dessa reserva em termos de saúde, educação e capacidade de
autogerenciamento, combinada à expansão rápida das condições de oferta e
demanda para a mobilização produtiva dessa reserva dentro da própria China
(ARRIGHI, 2008, p. 357). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
essa não é a questão central. Através de uma cuidadosa operação ideológica de
encobrimento da realidade chinesa, a ideologia dominante procura ocultar a
diversidade de processos de trabalho e relações de produção no país e
transformar em um exemplo de “liberdade de contrato” (no sentindo de não haver
legislação trabalhista) um dos países com maior controle estatal da atividade
produtiva no mundo. vejamos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nos últimos trinta anos os salários na China
têm tido ganhos reais e uma tendência quase ininterrupta de aumento. Isso é
mais significativo ainda se consideramos que no mundo todo a tendência é o
reverso: perda do poder de compra e desvalorização dos salários. O número de
empregos pouco qualificados, de simples manufaturas, também vem reduzindo-se
com a crescente ampliação do domínio </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">tecnológico da China e sua
estrutura produtiva industrial cada vez mais moderna<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O padrão de empregos nas zonas especiais com
vigência da superexploração da força de trabalho também vem reduzindo-se. Isso
por uma série de motivos. O primeiro deles é que o Partido Comunista Chinês
realiza um gigante e ambicioso projeto de redução das desigualdades regionais
na China com a interiorização do desenvolvimento para o oeste e a supressão do
antagonismo campo/cidade, a ampliação da urbanização e o acesso aos modernos
equipamentos de consumo coletivo</span><a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. Esse
processo de urbanização está reduzindo em ritmo acelerado o número de
trabalhadores migrantes que precisavam sair da sua aldeia para tentar ganhar a
vida na cidade e se submeter aos baixos salários e horríveis condições de
trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
segundo elemento é que a China passa por uma mudança de estratégia de
desenvolvimento de extensivo, focado em grande volume de exportações com o
ciclo do capital fechando predominantemente fora, para um intensivo<span style="color: red;">,</span> com papel preponderante do mercado interno e do
consumo doméstico<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Aumento contínuo dos salários, facilitação do
crédito para o consumo popular, ampliação dos direitos sociais como a
instituição de um sistema de seguridade social universal<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a> (também na contramão da
tendência mundial que é a destruição de direitos sociais e econômicos) e o
maior rigor do Estado com as condições de trabalho são parte desse processo de
fortalecimento de um mercado interno capaz de sustentar logos ciclos de
acumulação e expansão econômica<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Junte a isso às complexas </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">relações
de propriedade que existem na China e que são bem difíceis de categorizar pela
tradição marxista. Arrighi (2008) nos fala dos trabalhadores das Empresas de Aldeias e Municipios (EAMs), onde
a propriedade pertence aos trabalhadores das aldeias ou municípios (propriedade
coletiva), mas é administrada pelo PCCh (controle do processo produtivo apartado
dos produtores diretos). Percentuais dos seus lucros devem ser reinvestidos na
produção e no melhoramento técnico e produtivo; outra porcentagem aplicada no
custeio de direitos sociais como educação, aposentadorias etc. (consumo
coletivo da riqueza socialmente produzida); e outra porcentagem dos lucros é
redistribuída entre os trabalhadores da empresa como forma de salário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
propriedade não é privada, é coletiva, mas o controle dos processos de trabalho
não está nas mãos do produtor
direto, apesar de parte significativa da riqueza produzida ser socialmente
consumida. Ao mesmo tempo, essas empresas operam num ambiente de mercado
competitivo. Definir essas relações como “capitalistas” ou “socialistas” seriam,
em última instância, simplificá-las em sua complexidade. Diz o autor:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">O
resultado foi o crescimento explosivo da força de trabalho rural envolvida em
atividades não agrícolas: de 28 milhões de pessoas em 1978 para 176 milhões em
2003, tendo grande parte desse aumento ocorrido nas EAMs. Entre 1980 e 2004, as
EAMs criaram quatro vezes mais empregos do que se perdeu em emprego público e
urbano coletivo. Embora entre 1995 e 2004 o aumento do emprego nas EAMs tenha
sido bem menor que a redução do emprego público e urbano coletivo, no fim do
período as EAMs ainda empregavam duas vezes mais trabalhadores do que todas as
empresas urbanas estrangeiras, privadas e de propriedade conjunta somadas (...)
Em 1990, a propriedade coletiva das EAMs foi atribuída a todos os habitantes da
cidade ou aldeia. Entretanto, cabia aos governos locais nomear e demitir
administradores ou delegar essa responsabilidade a algum órgão governamental. A
alocação dos lucros das EAMs também foi regulamentado, tornando obrigatório que
mais da metade deles fosse reinvestido na própria empresa, a fim de modernizar
e expandir a produção e aumentar as verbas destinadas à assistência social e
aos prêmios, e a maior parte do que sobrasse fosse empregado em infraestrutura
agrícola, prestação de serviços tecnológicos, previdência e assistência social
públicas e investimentos em novas empresas (...) boa parte do crescimento
econômico chinês pode ser atribuído à contribuição das EAMs para o
reinvestimento e a redistribuição dos lucros industriais nos circuitos locais e
para seu uso em escolas, clínicas e outras formas de consumo coletivo (ARRIGHI,
2008, p. 367-369)</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Além
disso, as generalizações sobre a situação da força de trabalho nas zonas
especiais escondem as condições diferencias nas empresas estatais. É amplamente
conhecido o maior nível salarial e as melhores condições de trabalho nas
empresas estatais e como historicamente a seguridade social no modelo de
transição socialista chinês deixou sob responsabilidade das empresas a política
social com seus trabalhadores. A força de trabalho empregada nas empresas
estatais acaba gozando de uma política social diferenciada e de níveis de
participação nas decisões políticas de organização dos processos de trabalho
muito maiores<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas o setor estatal chinês não é
cada dia menor devido à adesão ao neoliberalismo? A coisa não é bem assim.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
noção de que a China aderiu ao neoliberalismo abrindo a economia, abandonado a
regulamentação estatal, planificação econômica e da propriedade pública dos
meios de produção e confiando ao capital estrangeiro o controle da dinâmica de
acumulação não corresponde à realidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As reformas de Deng tiveram como principal
objetivo aumentar em ritmo acelerado a competitividade na economia chinesa,
procurando fazer uma seleção: acabando com as empresas não competitivas e
forçando processos de reestruturação das que queriam sobreviver</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. As reformas do PCCh acabaram com o
subsídio para empresas deficitárias, forçaram uma redução de custos, aumentaram
a preocupação e investimento em tecnologia e ganhos de produtividade e
induziram processos de fusão e monopolização em diversos setores da economia
(ARRIGHI, 2008, p. 362-64). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
abertura econômica foi primordialmente uma maneira de expor as empresas
chinesas estatais e nacionais
privadas à concorrência dos grandes monopólios estrangeiros, visando absorver
os maiores níveis tecnológicos dessas empresas e conseguir os patamares de
competividade necessários para disputar mercados pelo mundo<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas o Estado não foi demitido da produção, como reza a cartilha neoliberal,
muito menos se eximiu de regulação, nem o planejamento central foi encerrado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
dados disponíveis afirmam que os setores estratégicos para direcionar a
acumulação de capital – energia, minérios, setor bancário e financeiro,
industrias estratégicas como produtoras de bens de capital, construção civil,
P&H etc. – estão ou totalmente ou parcialmente nas mãos do Estado<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></a>. O Estado chinês controla
os ritmos e direciona o processo de acumulação através de mecanismo indiretos –
como o Estado controla o custo da energia e o crédito, por exemplo, ele pode
direcionar o crescimento de determinado setor através de planejamento
indicativo – e diretos através do investimento estatal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pesquisas
recentes ainda afirmam que o peso da economia pública na sociedade chinesa vem
crescendo devido à crise de 2008. O setor mais ligado ao capital privado está
centrado na exportação e com a crise capitalista que explode com o estouro da
bolha imobiliária dos EUA a demanda pelas exportações chinesas vem sendo
reduzida e existe uma fuga de capitais da China para outros países da Ásia com
menos regulamentação e custos da força de trabalho (o aumento constante dos
salários e a pressão por melhores condições de trabalho está afugentando
empresas da China); nesse cenário o PCCh está apostando em amplo programa de
investimento e expansão do setor público para compensar a redução da economia
privada na dinâmica de acumulação chinesa. O XIX Congresso do PCCh que acontecerá no segundo semestre de 2017 terá
como uma das fortes disputas a tendência do Partido que defende mais mecanismos
de mercado ou até uma total liberalização e os setores do PCCh que querem
fortalecer ainda mais o planejamento econômico e o setor público da economia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Também
é comum órgãos como o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Agências de
Risco e grandes monopólios
criticarem o “controle excessivo” do Estado chinês nos empreendimentos
privados. Ao contrário do padrão de penetração do capital estrangeiro em países
dependentes como o Brasil, onde o capital estrangeiro recebe “incentivos
fiscais” (leia-se isenção de impostos por décadas), o terreno, obras de
readequação do fluxo de mercadorias e pessoas de acordo com seus interesses,
subsídios em custos de produção (como energia e água) e outras benesses sem
qualquer contrapartida como lei de remessa de lucros ou transferência de
tecnologia, o padrão de relação do Estado chinês com o capital estrangeiro é
outro – não custa lembrar que a imensa maioria das industrias estrangeiras que chegam ao Brasil e à
América Latina no geral são de baixa tecnologia e compõem as fases inferiores,
mais simples, das cadeias produtivas mundiais dos monopólios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No caso chinês, o Estado recusa setores de
baixa produtividade e domínio tecnológico, existe um conjunto de leis que
limitam a apropriação privada do lucro, obrigando os capitais a reinvestir
partes de suas receitas na própria China, especialmente em pesquisa científica
(limitando o processo de transferência de valor e potencializando a acumulação
em solo chinês), existe uma obrigatoriedade de transferência de tecnologia e o
PCCh tem obrigatoriamente seções em todas as empresas da China onde os membros
do Partido exercem a fiscalização e o controle da execução das leis do país</span><a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Longe
de um neoliberalismo que derruba ao máximo as barreiras institucionais para a
livre movimentação do capital, a China é um dos países com maior regulamentação
estatal do mundo. Mesmo assim o
capital estrangeiro continua tendo interesse em se deslocar para o gigante
asiático. Por quê? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Aqui cabe atacar outro mito: a ideia
equivocada de que foi o grande afluxo de capital estrangeiro o responsável pelo
boom do crescimento chinês. Arrighi mostra que o boom está associado com as
reformas de Deng e o afluxo de capital da diáspora chinesa</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. A proximidade
cultural, o domínio da língua e as relações de parentesco entre os burgueses da
diáspora e as autoridades chineses facilitaram essa rota de investimentos e
potencializaram uma ampliação da escala na acumulação de capital. Diante desse
quadro, tardiamente, os capitais dos EUA, Japão e Europa Ocidental passaram a
fluir para China em grandes levas a partir dos anos 90. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Em
1990, quando o investimento japonês decolou, o investimento conjunto de 12
bilhões de dólares de Hong Kong e Taiwan constituíam 75% de todo o investimento
estrangeiro na China, quase 35 vezes a parte japonesa. E por mais que o
investimento japonês tenha crescido a partir daí, ele mais seguiu do que
liderou o boom dos investimentos estrangeiros na China. Quando a ascensão
chinesa ganhou ímpeto próprio na década de 1990, o capital japonês,
norte-americano e europeu fluiu para a China com mais intensidade ainda (...)
em outras palavras, o capital estrangeiro aproveitou o bonde de expansão
econômica, que não foi ele que iniciou nem liderou (ARRIGHI, 2008, p. 359)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O mito de que foi o capital estrangeiro o
principal responsável pelo boom econômico na China caminha lado a lado da ideia
de que foi o abandono total do que representou a revolução chinesa e o maoísmo
que permitiu a ascensão da China à condição de superpotência mundial. De novo,
a questão colocada dessa forma simplista está equivocada e a relação de
continuidades e rupturas do maoísmo com a China pós-Deng devem ser colocado num
plano histórico de longa duração. Vejamo</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A China foi um dos países vítimas da expansão
colonial-imperialista das potências europeias no final do século XIX. De país
mais rico do mundo e liderança </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">em termos de desenvolvimento cultural e
tecnológico nos séculos XVII e XVIII, a China foi transformada no país mais
pobre do mundo, destruída, humilhada e teve sua cultura nacional segregada a
tal ponto que existiam lugares na china colonizada onde eram proibidos a
entrada de “cães e chineses” – para o colonialismo-imperialista o “nativo” era
um ser inumano (LOSURDO, 2010). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
divisão imperialista do mundo e sua consequente hierarquia racial passou a ser
questionada com a Revolução de Outubro. A Revolução Russa lançou um
requisitório mundial para os povos dos países coloniais e semicoloniais
quebrarem suas correntes e lutar decididamente pela liberdade. Além do
comprometimento do movimento comunista dirigido pela Terceira Internacional no
combate ao colonialismo e ao racismo, o exemplo do desenvolvimento econômico
soviético encantou o mundo. O país saiu de uma situação de extrema miséria e atraso máximo (contando com relações
de servidão no campo) para ser a segunda superpotência do mundo, derrotar a
máquina de guerra nazista, vencer a corrida espacial contra os EUA e garantir
aos seus habitantes um dos melhores padrões de bem-estar social do mundo (HOBSBAWM,
1995; BRAZ, 2011). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
um ponto de vista ideológico e prático, o movimento comunista oferecia uma
teoria e uma estratégia de desenvolvimento para os países colonizados que
buscavam sua libertação e para os já libertos que precisavam construir os elementos de um Estado
nacional e economias modernas para garantir sua emancipação econômica-política.
Essa conjuntura provocou uma tendência vigente durante grande parte do século
XX de os movimentos anticoloniais e nacionalistas manterem boas relações ou
serem dirigidos pelos comunistas. Não é uma coincidência histórica que as
maiores revoluções socialistas do século XX tenham acontecido em países
dependentes ou coloniais onde a questão da emancipação nacional tinha a
primazia e o socialismo assumia a função de garantir a soberania nacional – a
revolução era realizada em nome da pátria e do socialismo e o socialismo era
visto como a única forma de manter a soberania e a integridade da pátria
(VISENTINI, 2007). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
processo revolucionário chinês não foi diferente. O nacionalismo, a noção de resgatar
a soberania, a integridade e a dignidade dessa milenar nação foi algo que
acompanhou Mao Tse-Tung e os revolucionários do PCCh desde o começo. O maoísmo
nunca negou, inclusive, a participação da burguesia nacional patriótica no
esforça pelo renascimento da China. O processo de revolução cultural é que foi
uma exceção na história iniciada com a vitória da Revolução chinesa em 1949: a
trajetória da revolução chinesa é de um processo de emancipação nacional com
forte conteúdo socializante dentro de uma frente policlassista com suposta
hegemonia dos camponeses e proletários materializados no domínio do poder
político pelo PCCh; a Revolução cultural chinesa, evento traumático e flagrantemente derrotado mas amado de
maneira acrítica pelos intelectuais de esquerda europeus – com destaque para os
franceses –, representou a tentativa de romper essa frente policlassista e
transitar diretamente ao regime totalmente socializante retirando a
centralizada da questão nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As reformas de Deng e a continuidade da
estratégia do PCCh representavam a volta à centralidade da questão nacional
como norte de atuação, a redução dos conteúdos socializantes do processo
revolucionário e um crescimento do papel da burguesia dita nacional no comando
político do país<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></a>. A
perda de centralidade dos </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">conteúdos socializantes é explicada pela dinâmica interna
da luta de classe do país e principalmente pela situação internacional <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">No
plano das relações internacionais, não há dúvidas sobre o significado
reacionário da virada que ocorreu entre 1989 e 1991. E, exatamente em 1991, ano
do colapso da URSS e da primeira Guerra do Golfo, uma prestigiosa revista
inglesa (<i>Internacional Affairs</i>)
publica no número de julho um artigo de Barry G. Buzan que se concluía
anunciando com entusiasmo a boa nova: “O Ocidente triunfou tanto no comunismo
como no terceiro-mundismo”. A segunda vitória não era menos importante que o
primeiro: “hoje o centro tem uma posição mais dominante e a periferia uma
posição mais subordinada desde o início da descolonização”; podia-se considerar
felizmente arquivado o capítulo da história das revoluções anticoloniais
(LOSURDO, 2015, p. 280). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não
estou entre os que creem na estratégia do PCCh como um rumo certo ao
socialismo, porém, é inegável a existência de perspectivas socializantes –
tendências essas que devem ser alvo de polêmica no próximo congresso do Partido. É inegável também a
desconfiança fundamental e até a repulsa em deixar o desenvolvimento nacional
nas mãos dos mecanismos de mercado – leia-se monopólios do imperialismo e suas
instituições de organização e hegemonia, como o FMI e Banco Mundial –, que se
manifesta através da manutenção da planificação econômica, propriedade pública
ainda proeminente dos meios de produção, controle rígido dos “aparelhos
privados de hegemonia” e do monopólio do poder político pelo PCCh. Todos esses
elementos são, sem dúvida, continuidades das formas de transição socialista no
século XX<span style="color: red;">. </span>O que me parece central no caso chinês é o papel subordinado do
conteúdo socializante e o esvaziamento significativo das formas de poder
popular ou democracia operária dentro dessa estrutura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixK5qGROiUsugL8hU0G85bDvh9EDxI48Uqe1QJ8M8YG1I7efhxzKgkP2hZDt4mK2bGX21mgBrrPS9vpbIxAlhUHuMhW1QI66Df6R20KHLx3aDL3eO1_J8f8Uh2yKx7PEBZPOs8x0-sP5w/s1600/olimpiadas90.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixK5qGROiUsugL8hU0G85bDvh9EDxI48Uqe1QJ8M8YG1I7efhxzKgkP2hZDt4mK2bGX21mgBrrPS9vpbIxAlhUHuMhW1QI66Df6R20KHLx3aDL3eO1_J8f8Uh2yKx7PEBZPOs8x0-sP5w/s320/olimpiadas90.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O impressionante Estádio nacional de Pequim</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
revolução chinesa garantiu a soberania nacional e um patamar de base em termos
de desenvolvimento econômico, científico e social de onde arrancou o boom
chineses a partir das reformas de Deng. A China não está galgando o papel de
superpotência dominante no mundo porque renegou a revolução, mas sim porque fez
a sua revolução<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Remove-se,
assim, o essencial: “as conquistas sociais da era de Mao” consideradas num todo
foram “extraordinárias”: elas implicaram a nítida melhora das condições
econômicas, sociais, culturais e uma forte elevação da “expectativa de vida” do
povo chinês. Sem esses pressupostos, não se pode compreender o prodigioso
desenvolvimento econômico que sucessivamente libertou centenas de milhões de
pessoas da fome e até mesmo da morte por inanição (LOSURDO, 2015, p. 337)</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E
Arrighi (2008), citando um relatório do Banco Mundial (instituição insuspeita
de simpatias maoístas) diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A
realização mais notável da China durante as últimas três décadas [dos anos 50
até os 80] foi a melhora das condições de vida dos grupos de baixa renda em
termos de necessidades básicas, muito mais do que se deu com os grupos
correspondentes da maioria dos outros países pobres. Todos têm trabalho; o
fornecimento de alimentos é assegurado por meio de uma mistura de racionamento
estatal com auto-seguro coletivo; as crianças não só estão quase todas na
escola como também são comparativamente mais bem instruídas; e a grande maioria
tem acesso a assistência médica básica e serviços de planejamento familiar
(ARRIGHI, 2008, p. 375)</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Toda
ideologia emanada dos aparelhos ideológicos dos EUA procura ocultar esses
elementos do desenvolvimento chinês e combater o “consenso de Pequim”. As
operações ideológicas conseguem, inclusive, encobrir os elementos mais
gritantes da realidade. Vamos pegar um exemplo. O processo de privatização das
comunicações e telefonias pela periferia do capitalismo e o fim da URSS dotou o
imperialismo estadunidense de uma capacidade única no mundo de controle e
vigilância. As redes sociais, elementos característicos do cotidiano no século
XXI, são em sua quase totalidade controlados por empresas dos EUA e atuam em
associação orgânica com NSA, CIA e departamento de Estado dos EUA. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É
mais que documentado, especialmente depois das denúncias do ex-técnico da NSA,
Edward Snowden, o papel que esse controle das comunicações tem na atuação do
imperialismo e na derrubada de governos hostis a qualquer interesse dos EUA<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></a>. A China desenvolve um
sistema de comunicação – internet, redes sociais, telefonia, comunicação por
satélite etc. – próprio e mantém as transnacionais dos EUA fora do controle
desse setor da economia. Qualquer análise minimamente séria deveria concluir
que isso é uma grande conquista para a soberania nacional chinesa, impede a
ingerência dos EUA e é um objetivo a ser perseguido por qualquer país que não
queira ter sua segurança nacional ameaçada, mas a propaganda massiva transforma
esse ganho político fundamental em simples censura e cerceamento da “liberdade
de expressão” por parte do totalitário
Partido Comunista<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
propaganda imperialista ataca sem meias palavras todos os elementos
fundamentais da soberania nacional chinesa e transforma sua estratégia de
desenvolvimento no seu contrário: o que possibilitou a ascensão chinesa foi a
negação total dos ditames neocoloniais do “consenso de Washington” e da
ideologia do livre-mercado; mas a China é mostrada como o principal exemplo de ação descontrolada do capital sem
regulação do Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O fato incontornável, porém, é que a despeito
da ação imperialista, a estratégia do PCCh vem sendo vitoriosa em todos os seus
objetivos fundamentais. A Nova Rota da Seda</span><span style="color: red; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">,</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> lançada pelo presidente <span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Xi Jinping,<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></a>
obtendo sucesso</span></span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: red; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">,</span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> irá reconfigurar de forma
radical todo comércio e fluxo de capital mundial e transformar a China no maior
centro coordenador da acumulação de capital do mundo, destruindo o que Losurdo (2015)
chama de “era colombiana”: a primazia da Europa e posteriormente dos EUA na
economia-mundo com a subjugação da Ásia, África e América Latina”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quais serão as consequências
para a luta socialista e anticolonial dessa ascensão chinesa? Temos
dificuldades em ver a ascensão chinesa como parte de uma estratégia de
transição socialista de longo prazo e também não nos é crível conceber a
sociedade chinesa como capitalista igual aos EUA ou Inglaterra. Contudo, uma
questão é certa e incontornável: depois do “fim da história”, assistimos ao que
promete ser um dos acontecimentos históricos de maior proporção no século XXI,
e depois de séculos de humilhação colonial, o dragão chinês pode voltar a
liderar o mundo. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<b><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Conclusão<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esperamos
ter demonstrando com essas linhas que é impossível compreender a ascensão
chinesa sem procurar superar os
mitos que a propaganda imperialista envolve a história, a política e a economia
do país. Tal como na Guerra Fria, onde os maiores absurdos históricos reinavam
como verdades científicas inquestionáveis – à exemplo da associação da
União Soviética ao nazismo ou de Hitler à Stálin através da maior peça de
cretinice sociológica do século XX: a categoria de totalitarismo –, com a China
de hoje acontece o mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Existe
um ditado que diz que na guerra a primeira vítima é a verdade. A guerra
econômica, política e ideológica (quem sabe em breve militar) contra a ascensão
chinesa procura encobrir que estamos diante de um país que há menos de cem anos
era subdesenvolvido e colonizado e estava submetido ao mais bárbaro
colonialismo. Esse país conseguiu realizar sua revolução e consolidar-se como uma
nação soberana, independente e
livre, conquistando melhoras incríveis nas condições socioeconômicas do seu
povo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esse
mesmo país, numa era de contrarrevolução mundial com a derrota devastadora do
movimento comunista e anticolonial, conseguiu retirar mais de 700 milhões de
pessoas da pobreza, romper com o monopólio capitalista-ocidental da ciência e
tecnologia de ponta e tornar-se uma superpotência, abalando a divisão
norte-sul. Curiosamente, porém, essa gigantesca façanha histórica não é vista
como uma conquista emancipatória, ainda que contraditória e limitada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
ideologia dominante através dos seus signos anti-China – como as já refutadas
ideias do trabalho semi-escravo universal ou o neoliberalismo chinês –
conseguiu lograr um consenso na esquerda Ocidental de que a China é um exemplo
de triunfo do capitalismo mais bárbaro e não da luta anticolonial e
anti-imperialista numa época de contrarrevolução e derrota do movimento
comunista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não
é preciso crer na China como exemplo de transição socialista – coisa que não
endossamos – para perceber os erros desse tipo de análise. A China, quer se revele plenamente
capitalista no futuro ou leve a cabo todos as promessas do comunismo (o que
duvido), deveria ser motivo de orgulho. O seu desenvolvimento não é uma vitória
do capitalismo, mas nossa, dos comunistas que sempre lutaram e continuam
lutando pela autodeterminação dos povos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Referências</span></i></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">ARRIGHI, Giovanni. <b>Adam Smith em Pequim – origens e fundamentos do século XXI</b>. São
Paulo: Boitempo Editorial, 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">ANDRÉANI, Tony; HERRERA, Rémy. <b>Qual modelo econômico para a China?</b>.
Rio de Janeiro: Revista Niep-Marx, 2016. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">AMIN, Samir. <b>China 2013</b>. Revista Nova Cultura, acessado em 19/01/2017: <a href="https://www.novacultura.info/single-post/2015/08/11/China-2013"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.novacultura.info/single-post/2015/08/11/China-2013</span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">BRAZ, Marcelo. <b>Partido e Revolução 1848-1989</b>. São Paulo: Expressão Popular, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">HOBSBAWM, Eric. <b>Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991</b>. São Paulo: Cia das
letras, 1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">LOSURDO, Domenico. <b>A luta de classes: uma história política e filosófica</b>. São Paulo:
Boitempo Editorial, 2015. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">_________________ <b>Fuga da história? A revolução russa e chinesa vistas de hoje</b>. Rio
de Janeiro: Editora Revan, 2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">__________________ <b>Stálin – história crítica de uma lenda negra</b>. Rio de Janeiro: Editora
Revan, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">NAVES, Márcio Bilharinho. <b>Mao – o processo da revolução</b>. São
Paulo: Editora Brasiliense, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">TROTSKY, Leon<b>. A revolução traída</b>. São Paulo: Global Editora, 1980. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">MOTTA, Luiz Eduardo. <b>A favor de Althusser: revolução e ruptura na Teoria Marxista</b>. Rio
de Janeiro: Editora Gramma, 2014. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">VISENTINI, Paulo Fagundes. <b>A revolução vietnamita</b>. São Paulo:
Editora Unesp, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"> O papel da China na campanha
presidencial estadunidense de 2016 deixa explícito a histeria sinofóbica que
existe no estabelechiment político dos EUA. Consultar matéria da BBC de Londres
sobre o tema (acessado em 20/01/2017):
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38649836<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"> “Economia Chinesa abala o mundo”, Carta
Capital, acessado em 21/01/2017:
http://www.cartacapital.com.br/revista/864/o-tropeco-de-godzilla-4333.html<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"> China terá o maior mercado consumidor
do mundo, Folha de São Paulo, acessado em 20/01/2017:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/2/26/brasil/3.html<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 7.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-size: 7pt; line-height: 107%;">[4]</span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> A internet está inundada com artigos,
matérias jornalísticas, documentários etc. sobre o trabalho escravo na China. É
mais fácil, inclusive, achar material jornalístico em português sobre trabalho
escravo no dragão asiático que no Brasil. Segue alguns exemplos: Escândalo de
trabalho escravo estoura na China, World Socialist, Acessado em 20/01/2017: <a href="https://www.wsws.org/pt/2007/jun2007/chpo-j28.shtml%20/"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">https://www.wsws.org/pt/2007/jun2007/chpo-j28.shtml
/</span></a> O trabalho escravo na China, Jornal GGN, acessado em 20/01/2017: <a href="http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-trabalho-escravo-na-china%20/"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-trabalho-escravo-na-china
/</span></a> Câmera escondida revela abuso contra empregados em fabricante da
Apple na China, BBC, Acessado em 20/01/2017:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141219_apple_fabrica_china_pai<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> David
Harvey, em seu Brief History Of Neoliberalism fala em “neoliberalismo com
características chinesas” e na edição inglesa coloca na capa Deng Xiaoping ao
lado de Reagan, Pinochet e Thatcher; Peter Kwong também fala em neoliberalismo
chinês e afirmam que Reagan e Deng tinham Milton Friedman como gurus. Outros
exemplos dessas análises do “neoliberalismo chinês” podem ser vistos em (ARRIGHI,
2008, p. 359-60).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> “Na
outra ponta do espectro ideológico, os promotores institucionais do consenso de
Washington – o Banco Mundial, o FMI, o Tesouro dos Estados Unidos e do Reino
Unido, apoiados pela mídia formadora de opinião, como o Financial Times e o
Economist – proclamaram que a redução da pobreza e desigualdade de renda no
mundo que acompanhou o crescimento econômica da China desde 1980 pode ser
atribuída ao fato de os chineses terem adotado a política que eles receitavam”
(ARRIGHI, 2008, p. 360). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> O
debate sobre a ascensão chinesa e o maoísmo pode ser encontrado em (LOSURDO,
2015; 2004) e (NAVES, 2005). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Como
defende o polêmico livro francês de Mylène Gaulard, <a href="http://www.librairie-renaissance.fr/9782354570606-karl-marx-a-pekin-mylene-gaulard/"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Karl Marx à Pekin – Les Racines de la
Crise en Chine Capitaliste, </span></a>Editions Demopolis, Paris, 2014.</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="font8" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">“<span style="border: 1pt none windowtext; padding: 0cm;">The Economist em 4 de Março: “Desde 2001, o pagamento pela hora
trabalhada nas fabricas aumentou na média de 12 por cento ao ano.” Imagine se
os trabalhadores daqui [Estados Unidos] estivessem ganhando aumento de 12% todo
ano nos últimos 15 anos! Mesmo com contratos negociados através dos sindicatos,
o aumento de salários nos Estados Unidos quase não acompanhou o ritmo da
inflação.</span><br />
<span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Na seção de tecnologia da revista New York Times de 24 de Abril:
“Ondas de trabalhadores que migraram do campo tem preenchido as fábricas
chinesas pelas últimas três décadas e a ajudaram a tornar a maior nação
produtora do mund, Mas muitas empresas agora se encontram na luta para
contratar um número suficiente de trabalhadores. E para os poucos trabalhadores
que encontram, a remuneração mais do que quintuplicou na última década, para mais
de $500 por mês em províncias costeiras.”” – China, aumento de salário e
militância operária, Revista Nova Cultura, acessado em 19/01/2017.</span><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a>
“<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Entre
a tomada do poder, em 1949, e a chegada de Deng Xiaoping, em 1978, foram
construídas umas 100 cidades. Esse ritmo se acelerou com a reforma econômica
dos Anos 80, e alcançou seu ritmo atual com a urbanização nacional do começo
deste século, o que já resultou numa mudança demográfica sem precedentes: pela
primeira vez, em sua história milenária, existem mais chineses morando nos
centros urbanos que no campo.<br />
O último plano de urbanização nacional, que foi iniciado em 2014 e deveria ser
concluído em 2020, foi anunciado em março do ano passado, com um custo de 7
trilhões de dólares – quase a metade do PIB dos Estados Unidos. O plano forma
parte da transição chinesa, de uma economia baseada nas exportações a outra
mais centrada no consumo, e que constitui uma fonte de demanda para a economia
global, devido às necessidades de matérias-primas e produtos elaborados
implícitas em qualquer programa urbanizador” – O mito das cidades fantasmas
chinesas, Carta Maior, acessado em 19/01/2017.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Michael Roberts, em seu China a weird
beast, debate essa mudança na economia chinesa: acessado em 10/01/2017:
https://thenextrecession.wordpress.com/2015/09/17/china-a-weird-beast/</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-family: "Arial",sans-serif;">China melhora sistema de previdência
social, Vermelho.org, acessado em 20/01/2017:
http://www.vermelho.org.br/noticia/256003-1</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Cumpre destacar um elemento
curioso desse modelo de transição chinês para um crescimento com centralidade
no mercado interno e consumo. Os modelos de desenvolvimento intenso tende a ter
taxas de crescimento maiores que as fases de desenvolvimento extensivos. A
redução das taxas de crescimento chinês nos últimos anos, que oscilaram de uma
média de 10% para 7%, estavam totalmente previstas nos planos quinquenais do
PCCh, porém, para muitos intelectuais esses taxas menores são a prova da lei
marxista da cada tendencial da taxa de lucro e há anos é profetizado uma
eminente crise capitalista de superacumulação na China. A análise das
contratendências que até agora evitaram o estouro dessa crise sempre imanente
nunca comparecem com destaque. Esse catastrofismo economicista pode ser
criticado com a mesma lógica que Gramsci criticou a teoria da revolução
permanente de Trotsky: “Bronstein [Trotsky] recorda nas suas memórias terem-lhe
dito que sua teoria [da revolução permanente] se revelara boa em quinze anos...
depois, e responde ao epigrama com outro epigrama. Na realidade, a sua teoria,
como tal, não era boa nem quinze anos antes, nem quinze anos depois: como
sucede com os obstinados, dos quais fala Guiacciardini, ele adivinhou em
grosso, teve razão na previsão prática mais geral; da mesma forma que se prevê
que uma menina de quatro anos se tornará mãe, e quando isso ocorre, vinte anos
depois, se diz ‘adivinhei’, esquecendo porém que quando a menina tinha quadro
anos tentara estupra-la, certo de que se tornaria mãe” (GRAMSCI apud MOTTA,
2014, p. 36). </span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"> “Além disso, a separação capital/trabalho pode ser, e é frequentemente,
muito relativo no contexto chinês. Veremos como ela é limitada no curso das
empresas públicas – o que impede de considera-las simplesmente como uma forma
de capitalismo de Estado – e que ela é o ainda mais na economia “coletiva”,
onde os trabalhadores participavam na propriedade do capital, ou têm
propriedade plena – como as cooperativas (por ações ou não) ou nas comunas
populares mantidas. Claro está que, nos últimos casos, a propriedade fica mais
ou menos ‘separada’ da gestão (...) A ‘superioridade’ das empresas públicas
chinesas é a participação (limitada, mas real) do pessoal [força de trabalho]
na gestão das unidades, via representantes no Conselho de Supervisão e no
Congresso de trabalhadores” (ANDRÉANI e HERRERA, 2016, p.15-25).</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn15">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Um
exemplo significativo de como o Estado chinês atua frente ao capital
estrangeiro na absorção de tecnologia: “assim, no início da década de 1990,
informou sem muita cerimônia à Toshiba e a outras grandes empresas japonesas
que, a menos que levassem consigo os fabricantes de peças, não precisavam nem
se incomodar em mudar para seu país. Mais recentemente, as empresas
automobilísticas chinesas conseguiram a proeza de realizar joint ventures
simultâneas com empresas estrangeiras rivais, como, por exemplo, a Guangzhou
Automotive com a Honda e a Toyota, algo que esta última sempre se recusou a
fazer. Esse acordo permitiu ao parceiro chinês aprender as melhoras práticas de
ambos os concorrentes e ser o único, na rede tripartite, a ter acesso aos
outros dois” (ARRIGHI, 2008, p. 361).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[16]</span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> “É difícil precisar quanto da economia é
estatal. Zhinwu Chen, professor de Yale, avalia que 75% da riqueza está nas
mãos do Estado [1], e o Banco Central Europeu diz que a economia hoje é
mais estatizada que no começo da crise de 2007/2008” – Uma viagem instrutiva à
China: reflexões de um filósofo, Diário.Info, acessado em 18/01/2017; “O Estado
mantém a Comissão de Administração e Supervisão do Patrimônio Estatal,
responsável por fiscalizar e manter controle políticos sobre as empresas” –
China’s economic growth and rebelancing, acessado em 18/01/2017.</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif;">O filosofo e estudioso da China
Domenico Losurdo (2015) chega a afirmar que o domínio do PCCh na vida econômica
chinesa é algo “evidente” e “incontestável” na realidade chinesa (p.324).</span>
<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn18">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Os três autores que usamos como
referência para nosso estudo: Giovanni Arrighi, Samir Amin e Domenico Losurdo
não conseguem explicar de forma satisfatória a relação atual da burguesia
chinesa com o poder político. Losurdo e Arrighi, nas obras já citadas, afirmam
que a burguesia não é classe dominante embora seja permitida sua adesão ao PCCh
e seu crescimento qualitativo seja evidente e Amin, em seu artigo “China 2013”,
não entra diretamente na questão, mas, implicitamente, parece compartilhar da
visão dos dois pensadores italianos. A questão central que nos parece faltar é explicar
em detalhes os mecanismos que o PCCh usa para anular a transformação do poder
econômico da burguesia em poder político e ideológico (se a burguesia realmente
não for a classe dominante) e a que classe, classes e/ou fração de classes o
PCCh responde hoje.</span> <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn19">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Moniz
Bandeira: "Os EUA aspiram a uma ditadura mundial do capital financeiro”,
Carta Capital, acessado em 19/01/2017:
http://www.cartacapital.com.br/revista/933/moniz-bandeira-os-eua-aspiram-uma-ditadura-mundial-do-capital-financeiro.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Domenico
Losurdo sintetiza esses elementos do ataque da ideologia dominante a China no
seu artigo de 2007 onde debate a proposta de boicote às Olimpíadas de Pequim
(acessado em 18/01/2017): http://www.vermelho.org.br/noticia/28556-1<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21">
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jones/Desktop/china%20-%20corrigido..docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> “A
Iniciativa OBOR (One Belt, One Road), também conhecida como Nova Rota da Seda,
foi divulgada no segundo semestre de 2013 pelo presidente chinês Xi Jinping.
Trata-se do mais ambicioso projeto chinês para alavancar sua inserção internacional.
Como destaca Yiwei (2016), </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">este projeto oferece alternativas ao estilo de globalização
conduzida pelos EUA considerada por ele insustentável" – O papel da África
na nova rota da seda marítima, Resistência, acessado em 18/01/2017: http://www.resistencia.cc/o-papel-da-africa-na-nova-rota-da-seda-maritima/</span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-64134949063835500242016-07-12T05:37:00.001-07:002018-07-15T13:21:10.222-07:00Contra a “pós-modernização” do Partido dos Panteras Negras<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Vamos começar esse texto com uma longa
citação de Lênin do clássico “O Estado e a Revolução”: <br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Dá-se com a doutrina de </span><a href="https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/m/marx.htm" target="_blank"><span style="color: black; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Marx</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">, neste momento, aquilo que, muitas vezes, através da História, tem
acontecido com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos dirigentes do
movimento libertador das classes oprimidas. Os grandes revolucionários foram
sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais
feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das
classes dominantes. <b><i>Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos,
canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para
"consolo" das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se
castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume</i></b>,
aviltando-o [1]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Xz0dTzDgG8SmwOcT4geNVsSvEl6zk__brPlSg1gUQDuwsUQwrPl9Jz4SouGINdivbXRGNZldr2H7aV1R5GR9dD1YsmxFy_KMxmW4I_-PjEh4kxi154zzlPARfxQOZNl7jgjJsNT2PtY/s1600/NABPPPC_Mao_Malcolm.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Xz0dTzDgG8SmwOcT4geNVsSvEl6zk__brPlSg1gUQDuwsUQwrPl9Jz4SouGINdivbXRGNZldr2H7aV1R5GR9dD1YsmxFy_KMxmW4I_-PjEh4kxi154zzlPARfxQOZNl7jgjJsNT2PtY/s320/NABPPPC_Mao_Malcolm.jpg" width="244" /></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O fenômeno que Lênin descreveu com Marx e os
demais revolucionários acontece nesse exato momento, sobre nossos olhos, com o
Partido dos Panteras Negras. Perseguidos, massacrados, tidos como radicais,
espiões soviéticos, considerados pelo FBI o maior inimigo do capitalismo
estadunidense no século XX, hoje os Panteras sofrem uma ampla operação
teórico-política de “pacificação” e “pós-modernização” da organização. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A atual consciência média dos movimentos
sociais de combate ao racismo, com forte inspiração de uma ação bem sucedida de
ONG’s imperialistas (como a Fundação Ford [2]), nega os partidos, ama os
coletivos, não é anticapitalista, defende formas de “empreendedorismo negro”,
não é materialista, está presa em formas teóricas culturalistas, repudia o
marxismo, porém adora “representatividade” como Obama na presidência do EUA, não
é internacionalista, defende comunidades exclusivamente negras não raro fala
ainda de “volta à África” etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Esse “espírito do tempo” projeta sua atual
forma nos Panteras Negras reescrevendo a história de acordo com as “exigências”
do presente. Não precisamos de Michel Foucault para saber que a produção de
conhecimento está organicamente ligada as disputas políticas constitutivas da
sociedade. Marx, Engels, Lênin, Gramsci, Rosa Luxemburgo etc. já nos
esclareceram isso antes do filosofo francês. Uma coisa é certa: na atual
correlação de forças, dentro da vasta diversidade do movimento negro, as
tendências marxistas ou ligadas às diversas variantes do socialismo são
minorias e o que podemos chamar de maneira genérica de culturalismo
antimarxista (sabemos da impressão do termo, mas ele é útil para demarcar um
campo não-marxista) é hegemônico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A hegemonia desse campo se expressa num
antimarxismo que procura negar qualquer papel positivo jogado pelo movimento
comunista na luta contra o racismo, o colonialismo e o apartheid, provocando
uma das operações mais desonestas de apagamento da história já vista. Não
coincidentemente, em muitos momentos há uma aliança tácita entre setores do
movimento negro e a direita mais raivosa (e racista) na difamação do comunismo
[3]. A coisa é tão grave que chegam a negar a convicção socialista de figuras
como Thomas Sankara, Angela Davis ou Samora Machel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O objetivo desse texto é oferecer alguns
elementos para desfazer essa “reescrita” da história dos Panteras. Não iremos
trazer nada muito revolucionário no estudo do Partido, mas selecionaremos temas
do momento – como “capitalismo negro”, forma organizativa, relação com o socialismo
etc. – e partir disso traremos documentos e trechos de discursos dos líderes
(homens e mulheres) que mostrem na prática, com documentos primários, a real posição
do Partido dos Panteras Negras sobre determinado tema (não estamos pressupondo,
de forma alguma, que os Panteras tinham posição única internamente sobre tudo;
longe disso, mas procuraremos tratar de questões mais ou menos consensuais
dentro da organização). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sabemos que essa forma de escrita deixará o
texto longo e um pouco maçante de ler lido, mas consideramos que o recurso a
documentos primários é algo indispensável no meio de tanta distorção. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Empreendedorismo e capitalismo negro<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 19.85pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 19.85pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na
atualidade é bem comum a ideia de que a transformação nas condições de vida do
povo trabalhador negro passa pela ascensão social no capitalismo: a criação de
uma classe média e uma burguesia negra. A cantora Beyonce, em sua música
Formation, associa a estética típica dos Panteras Negras com o ideal de que o
ápice da emancipação é tornar-se um “Bill Gates negro”. Veremos o que duas
grandes lideranças dos Panteras acham disso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 19.85pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 19.85pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Assata
Shakur, um dos maiores nomes femininos do Partido, até hoje refugiada em Cuba
porque é proibida de entrar nos EUA sob ameaça de prisão (coisa que Obama não
fez nada para mudar [4]), diz sobre a questão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 19.85pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eu entrei em acaloradas discussões com irmãos
e irmãs que falavam que a opressão do povo Preto seria apenas uma questão de raça.
É por isso que você tem Pretos apoiando Nixon ou Reagan ou outros
conservadores. “Pessoas Pretas com dinheiro sempre tenderam a apoiar candidatos
os quais eles acreditavam que iriam proteger seus interesses financeiros. Na
minha opinião, não precisou de muita inteligência para perceberem que o povo
Preto é oprimido por causa da classe, assim como da raça, porque somos pobres e
Pretos. Sempre me incomodava quando alguém falava sobre uma pessoa Preta
subindo a escada do sucesso. Sempre que você fala sobre uma escada, você está
falando sobre o topo e o fundo, uma classe superior e uma classe inferior, uma
classe rica e uma classe pobre” [5]<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Constatamos o que pensa sobre a questão um
dos fundadores e maior líder da história do Partido, o grande Bobby Seale: <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 4.6pt; margin-left: 3.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 4.6pt; margin-left: 3.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.6pt; text-align: justify;">
Nacionalistas culturais e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="highlightnode">Panteras
Negras</span><span class="apple-converted-space"> </span>estão em conflito
em muitas áreas. <b><i>Basicamente, nacionalismo cultural vê o homem branco como opressor e
não faz nenhuma distinção entre brancos racistas e não-racistas, como os
Panteras fazem</i></b>. Os nacionalistas culturais dizem que um homem negro não
pode ser um inimigo do povo negro, enquanto os <span class="highlightnode">Panteras
<b><i>Negras</i></b></span><span class="apple-converted-space"><b><i> </i></b></span><b><i>acreditam que capitalistas negros
são exploradores e opressores</i></b>. Embora o Partido dos<span class="apple-converted-space"> </span><span class="highlightnode">Panteras
Negras</span><span class="apple-converted-space"> </span>acreditem no
nacionalismo negro e na cultura negra, ele não acredita que nenhum desses vai
lidar a liberação do povo negro ou acabar com o capitalismo e são, dessa forma,
inefetivos [6]<o:p></o:p></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 4.6pt; margin-left: 3.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Notem que Bobby fala diretamente de
“capitalismo negro”, como Assata, e coloca a impossibilidade da libertação
negra no capitalismo</span><span style="color: red; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">e ainda afirma, com todas as negras, que o
negro explorador, isto é, capitalista, é um inimigo. Formas de ascensão social
capitalistas não são nem cogitadas – um dos motivos disso é que o Partido tinha
base negra TRABALHADORA e não nas camadas média negras do Sul dos EUA. <br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O Partido dos Panteras e o Empoderamento</span></i></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Segundo a camarada
Juliana Magalhães, ““Parece que o "Empowerment" surge dentro das
teorias de administração de empresas, no sentido de descentralização de poder, na
perspectiva das novas gestões surgidas a partir das teorias de um cara chamado
Elton Mayo e sua teoria das relações humanas. A ideia, dentro do contexto de
reorganização do capitalismo e em linhas gerais, era a de superar o sistema
fordista de produção e "emponderar" os trabalhadores dentro da lógica
empresarial, na medida em que o trabalho em equipe (colaboradores) era muito
mais eficiente para o bom funcionamento da empresa do que a verticalização da
organização fordista. Em outras palavras, emponderar significava trabalhador
flexível””. A despeito de sua origem, hoje, “empoderamento” surge como objetivo
de muitos grupos de “combate” ao racismo. Esse termo confuso significa muitas
coisas, porém, com certeza, nenhuma delas é a conquista do poder político.
É comum pegar imagens de membros do
Partido e mostrá-los como “empoderados”. Mas vamos ver como o Partido, através
de seu maior líder e principal fundador, Huey Newton, tratava a questão: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: rgb(246 , 247 , 248); font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Existem dois tipos de nacionalismo, o
nacionalismo revolucionário e nacionalismo reacionário. O Nacionalismo
revolucionário primeiro depende de uma revolução popular, o objetivo final é o
povo no poder. Portanto, para ser um nacionalista revolucionário você por
necessidade tem que ser socialista. Se você é um nacionalista reacionário você
não é socialista e seu objetivo é a opressão do povo." [7]<span style="background: #F6F7F8;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 5.65pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Além de
se afirmar claramente como socialista, Huey Newton coloca a meta do Partido
como a conquista do Poder! Newton não só declarava que o objetivo do Partido
era a conquista do Poder através de uma perspectiva socialista, como depois de
conhecer a República Popular da China, se convenceu que aquele era um exemplo
de emancipação social a ser seguido pelo povo trabalhador negro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tudo o que eu vi na China demonstrou que a
República Popular é um território livre e liberto, com um governo socialista… </span><span style="color: red; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ver uma sociedade
sem classes em pleno funcionamento é inesquecível.” Assim Huey Newton descreveu
sua experiência na República Popular da China. Ele fez contrastes com suas
experiências em territórios capitalistas e na República Popular. Descreveu
costumes das “nações imperialistas” como “desumanizadores”, enquanto chamou os
costumes da República Popular de “território livre.” Também comparou a polícia
dos dois sistemas, elogiando a polícia chinesa por “servir ao povo”, enquanto
criticou a polícia americana como “um enorme grupo armada que se opõe à vontade
do povo.” [8]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></i></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Relação com o campo socialista</span></i></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">É comum se afirmar
hoje que os países socialistas não só não avançaram no combate do racismo, como
negar o papel fundamental do movimento comunista na luta anticolonial. Não era
essa a visão do Partido. Se percebendo como uma comunidade colonizada –
trataremos desse ponto mais à frente – e explorada, o Partido não só mantinha
ótimas relações com as experiências socialistas como se colocava dentro do
movimento terceiro-mundista numa perspectiva anticolonial e anticapitalista
(socialista). Observemos com atenção o que Eldridge Cleaver, um dos membros
mais famosos do Partido e responsável pelas relações internacionais, diz sobre a
Coreia Popular (isso mesmo: a demonizada Coreia do Norte): <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A atual visita de nossa Delegação
Anti-imperialista dos Povos dos Estados Unidos marca a inauguração pelo povo
dos Estados Unidos deste programa de Diplomacia do Povo. Acreditamos ser
adequado para nós lançar nosso programa com esta visita de solidariedade à
República Popular Democrática da Coréia, dado que foi aqui na gloriosa e
heroica RPDC a primeira vez que o imperialismo norte americano sofreu uma
derrota. Acreditamos que quando o imperialismo norte americano finalmente for
derrotado e o livro de sua história sem glórias for encerrado para sempre, se
escreverão que foi no sagrado solo do corajoso povo coreano onde foi programada
a morte e total destruição do imperialismo ianque. Nossa delegação se sente
honrada por ser recebida pelo povo coreano e que nosso programa de DIPLOMACIA
DO POVO tenha recebido apoio tão poderoso e significativo. Se todos os povos
oprimidos e revolucionários do mundo seguissem o exemplo do povo coreano,
liderados pelo perspicaz Comandante-Genial Kim Il Sung, o sempre vitorioso
Camarada Kim Il Sung, então nosso programa de DIPLOMACIA DO POVO terá enorme
sucesso, e o imperialismo estadunidense receberá um pungente e significativo
golpe [9]<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Vejamos ainda sobre o tema o que disse o membro
mundialmente conhecido do Partido, <span class="textexposedshow"><span style="background: white;">Mumia Abu Jamal:<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<span style="background: white;">[...] Gritos de 'Nos ajudem a libertar Huey!' se
misturavam com 'Salaam Aleikum, irmão!' enquanto lutávamos para vender nosso
jornal.</span><br />
<br />
<span style="background: white;">— Irmão descubra o que está acontecendo que a
estrutura da supremacia branca não irá lhe contar! Confira o The Black Panther
- apenas 25 centavos!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— Irmão, você tem que se juntar ao Honorável
Elijah Muhammad e parar de seguir estes diabos como Marx e Lenin e afins.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Bom, e você deveria se juntar ao Ministro da
Defesa, Huey P. Newton e o Black Panther Party.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— Vocês deveriam seguir um homem negro,
irmão, e não estes judeus Marx e Lenin!</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— Nós somos revolucionários, irmão, e
estudamos os revolucionários do mundo. Não importa para nós de qual etnia eles
sejam.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Posso ver isso, irmão - olhando para uma cópia de
The Black Panther, apontando para uma foto da capa de um homem asiático. Quem é
esse, irmão?</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— Esse é Kim Il Sung, líder da Coreia do
Norte, e um revolucionário.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Entende o que estou falando, irmão? Mais uma vez
vocês falando sobre outro cara! Ele não tem nada a dizer para o povo negro,
irmão!</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Bom, se é assim, irmão, por que ele está no seu
jornal Muhammad Speaks?'</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Do que você está falando, irmão? - ele perguntou,
aparentemente atordoados com a questão.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eu li e estudei o jornal dele com
bastante regularidade, pelo seu layout, notícias e comentários, mas eu duvidei
que ele já tinha lido algum dos nossos. Isto parecia óbvio para alguém
designado ao Ministério de Informação da Costa Leste, e me lembrei de ter lido
a edição desta semana do Muhammad Speaks.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— Veja aí, irmão, na seção de notícias internacionais.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a><br />
<span class="textexposedshow">Desacreditado, ele revirou as páginas até que
apareceu um artigo com a foto do Kim Il Sung. Ele olhou para ela, e virou pra
mim, sorrindo.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">— Sim, senhor, irmão. uhum.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">— E o que aprendemos dele foi a ideia
Juche, uma palavra coreana que significa autoconfiança!</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span class="textexposedshow"><b><i><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Para um Pantera comum, ainda que trabalhássemos
diariamente nos guetos negros dos Estados Unidos, seu pensamento normalmente
estava em algo maior do que si mesmo. Significava ser parte de um movimento
mundial contra o Imperialismo norte-americano, a supremacia branca,
colonialismo, e o capitalismo. Sentíamos como se fôssemos parte do exército
camponês do Vietnã, dos mineiros negros da África do Sul, os Fedayin
palestinos, a efervescência estudantil em Paris, e os sem-terra da América
Latina</span></i></b></span><span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">.</span></span><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
</span><span class="textexposedshow"><span lang="EN-US" style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">[10]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Resta ainda sobre esse tema um ponto
fundamental. A Internacional Comunista (ou Terceira Internacional) ao começar a
sua formulação sobre a questão negra considerou a opressão racial em termos de
opressão nacional colonialista. Nos EUA a comunidade negra seria uma minoria
nacional oprimida por uma potência imperialista e racista, e uma das bandeiras
principais da luta do povo negro deveria ser sua emancipação nacional, isto é,
formar um Estado-nação a parte [11]. Em que pese os problemas dessa visão da
questão racial, é mais que interessante notar como ela influenciou o Partido
dos Panteras na organização política da
comunidade negra como uma minoria nacional colonizada. Diz um dos panfletos
distribuídos nos guetos: <br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">'DEFENDA
O GUETO’<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">EM
NOSSA LUTA POR LIBERTAÇÃO NACIONAL, estamos agora no estágio de libertação das
comunidades. Para libertar nossas comunidades negras do controle imperialista
exercido sobre elas pelos grupos racistas e exploradores no interior das
comunidades brancas, para libertar nosso povo, trancado nas Masmorras Urbanas,
do imperialismo dos bairros brancos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A NOSSA
LUTA É contra o Imperialismo nas Comunidades. Nossas comunidades negras são
colonizadas e controladas por fora, e é este controle que necessita ser
esmagado, quebrado, despedaçado, por quaisquer meios necessários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
POLÍTICA NAS NOSSAS COMUNIDADES é controlada por fora, a economia nas nossas
comunidades é controlada por fora, e nós mesmos somos controlados pela polícia
racista que vem de fora às nossas comunidades e as ocupa, patrulha, aterroriza,
e brutaliza nosso povo como um exército estrangeiro numa terra conquistada.<br />
<br />
O PARTIDO DOS PANTERAS NEGRAS É A ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONÁRIA QUE LUTA PARA
LIBERTAR NOSSO POVO DA OPRESSÃO, POR MEIOS POLÍTICOS E FÍSICOS. NÓS PRECISAMOS
NOS ORGANIZAR, E PRECISAMOS NOS DEFENDER. --- JUNTE-SE AO PARTIDO DOS PANTERAS
NEGRAS[12].<br />
<br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O famoso “Programa dos Dez pontos”, um dos
documentos políticos mais conhecidos do século XX, o ethos de comunidade
nacional oprimida pelo imperialismo aparece do começo ao fim: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">10 PONTOS DO PROGRAMA DO PARTIDO PANTERA
NEGRA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O que nós queremos.<br />
O que nós acreditamos.<br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1- Queremos liberdade. Queremos o poder para determinar o
destino de nossa Comunidade Negra.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nós acreditamos que o povo preto não será livre até que nós
sejamos capazes de determinar nosso destino.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2- Queremos emprego para nosso povo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nós acreditamos que o governo federal é responsável e
obrigado a dar a cada homem emprego e renda garantida. Nós acreditamos que se o
homem de negócios americano branco não nos dá emprego, então os meios de
produção devem ser tomados dos homens de negócios e ser colocados na comunidade
de modo que o povo da comunidade possa organizar e empregar todas as pessoas e
dar-lhes um padrão elevado de vida.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3- Precisamos acabar com a exploração do homem branco na
Comunidade Negra.<br />
<br />
Nós acreditamos que este governo racista tem nos explorado e agora nós estamos
demandando a quitação do débito de quarenta acres de terra e duas mulas.
Quarenta acres e duas mulas foram prometidos 100 anos atrás em restituição pelo
trabalho escravo e assassinato em massa do povo preto. Nós aceitaremos o
pagamento em moeda corrente, que será distribuída às nossas muitas comunidades.
Os Alemães estão agora reparando os Judeus em Israel pelo genocídio do povo
Judeu. Os Alemães assassinaram seis milhões de Judeus. O Racista Americano
tomou parte no massacre de mais de vinte milhões de pessoas pretas;
conseqüentemente, nós sentimos que esta é uma demanda modesta que nós fazemos.<br />
<br />
<br />
4- Nós queremos moradia, queremos um teto que seja adequado para abrigar seres
humanos.<br />
<br />
<br />
Nós acreditamos que se os senhores de terra brancos não dão moradia descente
para a nossa comunidade negra, então a moradia e a terra devem ser
transformadas em cooperativas de maneira que nossa comunidade, com auxílio
governamental, possa construir e fazer casas descentes para as pessoas.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
5- Nós queremos uma educação para nosso povo que exponha a verdadeira natureza
da decadente sociedade Americana. Queremos uma educação que nos mostre a
verdadeira história e a nossa importância e papel na atual sociedade americana.<br />
<br />
<br />
Nós acreditamos em um sistema educacional que dê a nossos povos um conhecimento
de si mesmo. Se um homem não tiver o conhecimento de si mesmo e de sua posição
na sociedade e no mundo, então tem pouca possibilidade relacionar-se com
qualquer outra coisa.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">6. Nós queremos que todos os homens negros sejam isentos do
serviço militar.<br />
<br />
<br />
Nós acreditamos que o povo preto não deve ser forçado a lutar no serviço
militar para defender um governo racista que não nos protege. Nós não lutaremos
e mataremos os povos de cor no mundo que, como o povo preto, estão sendo
vitimizados pelo governo racista branco da América. Nós nos protegeremos da
força e da violência da polícia racista e das forças armadas racista, por todos
os meios necessários.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">7. Nós queremos o fim imediato da brutalidade policial e
assassinato do povo preto.<br />
<br />
<br />
<br />
Nós acreditamos que nós podemos terminar a brutalidade da polícia em nossa
comunidade preta organizando grupos pretos de autodefesa que são dedicados a
defender nossa comunidade preta da opressão e da brutalidade racista da
polícia. A segunda emenda da Constituição dos Estados Unidos dá o direito de
portar armas. Nós acreditamos conseqüentemente que todo o povo preto deve se
armar para a autodefesa.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">8. Nós queremos a liberdade para todos os homens pretos
mantidos em prisões e cadeias federais, estaduais e municipais.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nós acreditamos que todas as pessoas pretas devem ser
liberadas das muitas cadeias e prisões porque não receberam um julgamento justo
e imparcial.<br />
<br />
<br />
9. Nós queremos que todas as pessoas pretas quando trazidos a julgamento sejam
julgadas na corte por um júri de pares do seu grupo ou por pessoas de suas
comunidades pretas, como definido pela Constituição dos Estados Unidos.<br />
<br />
<br />
Nós acreditamos que as cortes devem seguir a Constituição dos Estados Unidos de
modo que as pessoas pretas recebam julgamentos justos. A 14ª emenda da
Constituição dos ESTADOS UNIDOS dá a um homem o direito de ser julgado por
pares de seu grupo. Um par é uma pessoa com um acumulo econômico, social,
religioso, geográfico, ambiental, histórico e racial similar. Para fazer isto a
corte será forçada a selecionar um júri da comunidade preta de que o réu preto
veio. Nós fomos, e estamos sendo julgados por júris todo-brancos que não têm
nenhuma compreensão "do raciocínio do homem médio" da comunidade
preta.<br />
<br />
10. Nós queremos terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz. E como
nosso objetivo político principal, um plebiscito supervisionado pelas
Nações-Unidas a ser realizado em toda a colônia preta no qual só serão
permitidos aos pretos, vítimas do projeto colonial, participar, com a
finalidade de determinar a vontade do povo preto a respeito de seu destino
nacional [13</span></b><span style="color: #0f243e; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">] <br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Amor ao coletivo, ódio ao Partido<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 60.55pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O “espírito do tempo” nutre um ódio visceral
à organização na forma-partido. Só um cego não percebe que parte de ódio é
fruto de experiências concretas ruins com as organizações do campo
“democrático-popular”. Anos de aparelhismo, cooptação, práticas quase de
gangsterismo, rebaixamento de pautas, direcionamento das lutas para fins
eleitorais pelo PT, PCdoB, PSB etc. deixam sequelas inegáveis, além de todo o
amplo espectro ideológico pós-moderno que nega a forma-partido e louva o
movimento social e o coletivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Então, ao mesmo tempo em que existe uma
grande tarefa histórica dos partidos comunistas em mostrar que as experiências
negativas com o campo “democrático-popular” não nos devem fazer negar a
forma-partido em si, temos que explicitar todos os limites das concepções
pós-modernas de organização política. Pouco tempo atrás escrevi um texto sobre
liberdade e democracia interna numa organização político-partidária combatendo,
justamente, a lenda de que o centralismo-democrático é essencialmente
autoritário [14]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Pois bem, o Partido dos Panteras Negras era
regido pelo centralismo-democrático. Centralismo entendido como unidade na
ação, isto é, internamente existe a mais firme disciplina aliado ao mais amplo
debate democrático combinado com a ação política unitária, coesa, e organizada.
No documento sobre as regras do Partido que postaremos abaixo, o sentido
fortemente disciplinar, centralista e democrático faz-se evidente: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As regras são</span><span style="background: white;">:</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">1. Nenhum membro pode ter narcóticos ou maconha
em sua posse enquanto realiza trabalho do partido. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">2. Qualquer membro flagrado usando narcóticos
será expulso do partido.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<span style="background: white;">3. Nenhum membro pode estar bêbado quando
realizar trabalho diário do partido.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">4. Nenhum membro violará regras sobre trabalhos
do diretório, reuniões gerais do Partido dos Panteras Negras e encontros do
Partido em qualquer lugar.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">5. Nenhum membro do partido irá usar, apontar ou
disparar uma arma de qualquer tipo desnecessária ou acidentalmente em qualquer
um.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">6. Nenhum membro do partido pode ingressar em
qualquer outra força militar além do Exército de Libertação Negra.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">7. Nenhum membro pode estar sob a posse de uma
arma enquanto bêbado ou após o uso de narcóticos ou maconha.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">8. Nenhum membro do partido cometerá qualquer
crime contra outros membros ou população negra em geral, e não poderá furtar ou
tomar do povo, nem mesmo uma agulha ou pedaço de linha.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">9. Quando presos, membros do Panteras Negras
fornecerão apenas nome, endereço, e assinarão nada. Noções jurídicas básicas
devem ser entendidas por todos do partido.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">10. O Programa dos Dez Pontos e a plataforma do
Partido dos Panteras Negras devem ser conhecidos e entendidos por cada membro.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">11. Comunicações do partido devem ser nacionais e
locais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">12. O programa 10-10-10 deveria ser conhecido e
também entendido por todos os membros.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">13. Todos os secretários de finança operarão sob
a jurisdição do Ministério de Finanças.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">14. Cada pessoa apresentará um relatório sobre o
trabalho diário.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">15. Cada Líder de Subseção, Líder de Seção,
Tenente e Capitão deverá fornecer relatórios diários de trabalho.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">16. Todos os Panteras devem aprender a operar e
realizar a manutenção de armas corretamente.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">17. Todo membro de Liderança que expulsar um
membro deverá submeter esta informação ao Editor do Jornal, para que seja
publicado no periódico e sabido por todas as filiais e células.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">18. Aulas de Educação Política são obrigatórias
para filiação no geral.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">19. Apenas membros de diretório designados para
suas respectivas unidades a cada dia devem estar lá. Todos os outros devem
vender jornais nas brigadas ou realizar trabalho de base na comunidade,
incluindo Capitães, Líderes de Seções etc.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">20. COMUNICAÇÕES - Todas as filiais devem
fornecer relatórios semanais por escrito à Sede Nacional.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">21. Todas as unidades devem implementar Primeiros
Socorros e/ou Auxílio Médico.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">22. Todas as filiais, unidades e componentes do
Partido dos Panteras Negras devem apresentar Relatório Financeiro mensal para o
Ministério de Finanças, e também ao Comitê Central.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">23. Todos em posição de liderança devem ler um
mínimo de duas horas por dia para se manter a par da conjuntura política atual.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">24. Nenhuma filial ou unidade deve aceitar
doações, fundos de pobreza, dinheiro ou qualquer outra ajuda de qualquer
agência governamental sem consultar a Sede Nacional.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">25. Todas as filiais devem aderir à política e
ideologia estabelecidas pelo Comitê Central do Partido dos Panteras Negras.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">26. Todas as unidades devem fornecer relatórios
semanais por escrito às suas respectivas filiais.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: center;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">3 regras principais de
disciplina:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">1. Obedeça ordens em todas as suas ações.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
<span style="background: white;">2. Não tome uma única agulha ou pedaço de linha
das massas pobres e oprimidas.</span><br />
<span style="background: white;">3. Entregue tudo capturado do inimigo em
confronto [15]</span></span><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Enfim,
concluindo o texto, esperamos muito que com tudo que escrevemos e a partir
desses documentários primários e mais alguns que vamos deixar nas referências
[16] um pequeno passo seja dado no combate a “pós-modernização” do Partido dos
Panteras Negras. A defesa do legado socialista, anticolonial e
internacionalista dos Panteras é tarefa teórica e política indispensável de
todo comunista! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[1] –</span> <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">https://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/08/estadoerevolucao/cap1.htm<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[2] -</span> <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://resistir.info/chossudovsky/comunicacao_serpa.html<br />
[3] – O site Portal Conservador divulga com orgulho o livro de Carlos Moore,
por exemplo: http://portalconservador.com/livros/Carlos-Moore-Marxismo-e-a-Questao-Racial.pdf<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[4] –</span> <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/38946/eua+cuba+e+o+problema+do+perdao+a+assata+shakur.shtml<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[5] –</span><a href="https://assatashakurpor.wordpress.com/2016/06/17/texto-assata-shakur-sobre-socialismo-e-comunismo/"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">https://assatashakurpor.wordpress.com/2016/06/17/texto-assata-shakur-sobre-socialismo-e-comunismo/</span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[6] –</span><a href="https://www.prisoncensorship.info/archive/etext/bpp/">https://www.prisoncensorship.info/archive/etext/bpp/</a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[7] - </span><a href="http://www.freedomarchives.org/Documents/Finder/Black%20Liberation%20Disk/Black%20Power!/SugahData/Books/Newton.S.pdf">http://www.freedomarchives.org/Documents/Finder/Black%20Liberation%20Disk/Black%20Power!/SugahData/Books/Newton.S.pdf</a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[8] – Newton Reader (New
York: Seven Sories Press, 2002, 51). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[9] – </span><a href="http://www.novacultura.info/#!Declara%C3%A7%C3%A3o-sobre-a-viagem-do-Partido-dos-Panteras-Negras-%C3%A0-Coreia-Popular/c216e/5736035e0cf2d5f002c0b918"><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">http://www.novacultura.info/#!Declaração-sobre-a-viagem-do-Partido-dos-Panteras-Negras-à-Coreia-Popular/c216e/5736035e0cf2d5f002c0b918</span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[10] – <span class="textexposedshow"><span style="background: white;">Excerto de "We Want Freedom: A Life in the Black
Panther Party", autobiografia de Mumia Abu Jamal. </span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[11] – Sobre a
interpretação da IC da questão racial: http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo249artigo139artigo212artigo5.pdf<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[12] – Panfleto
original em inglês. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiHDnTTGBLydCHdEvFIzWik5RG5mnZ2XxuvWulNV_kW9jdMcFjkmxGbyObfw1iBmnVg4uXQKqR5e1fvuU3C7r2E3bL95IadBwLvcagJ_MmaWg-tjXoSHO0vCTroy49ecLNU9T2pf0LcWE/s1600/13606800_920002078108151_2663188022021370089_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiHDnTTGBLydCHdEvFIzWik5RG5mnZ2XxuvWulNV_kW9jdMcFjkmxGbyObfw1iBmnVg4uXQKqR5e1fvuU3C7r2E3bL95IadBwLvcagJ_MmaWg-tjXoSHO0vCTroy49ecLNU9T2pf0LcWE/s320/13606800_920002078108151_2663188022021370089_n.jpg" width="246" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[13] – <span style="color: #0f243e; mso-themecolor: text2; mso-themeshade: 128;">http://conscienciarevolucionaria-kassan.blogspot.com.br/2009/06/10-pontos-da-plataforma-e-programa-dos.html</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[14] – http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2016/01/o-autoritarismo-e-sua-outra-face.html<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[15] – </span><a href="http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2016/02/regras-do-partido-dos-panteras-negras.html"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2016/02/regras-do-partido-dos-panteras-negras.html</span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[16] – Arquivo com
vários documentos dos Panteras (em inglês): </span><a href="https://www.prisoncensorship.info/archive/etext/bpp/"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">https://www.prisoncensorship.info/archive/etext/bpp/</span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-55349990576677212532015-07-28T18:47:00.001-07:002015-08-02T19:57:24.718-07:00Viagem à União Soviética - Parte IIPublicamos agora o segundo texto da série que relata a viagem do bancário Asdrubal Assis à URSS. Assim como no texto anterior, está mantida a linguagem da época e a formatação do próprio Jornal do Bancário.<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: #0016;">Jornal
do Bancario, ano 3, Nº 4, 1962.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">NA CAPITAL SOVIÉTICA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Asdrubal A. de Assis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Ao saltarmos do avião um grupo de sindicalistas sovié-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ticos nos dá as boas vindas e noz conduz à sala de es-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">pera do aeroporto, enquanto desembarcam nossa ba-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">gagem. A comissão de recepção inclúe intérpretes de
portu-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">guês, que se põem à nossa disposição para os
entendimentos <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">com os companheiros locais. Nosso grupo, composto de
dife-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">rentes categorias profissionais, será conduzido ao
hotel por co-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">merciários de Moscou que estão ali para nos acolher.
Como <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">não temos "visto" soviético, deixamos nossos
passaportes para<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">regularização e devolução posterior. Não passamos,
porém, por<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">insepeção alfandegária.</span><br />
<a name='more'></a><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
No trajeto para a cidade, conversamos com os
soviéticos</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">que nos acompanham no ônibus. O jornalista carioca que
via-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">jou conosco desde o Rio expõe à intérprete Ana seu
plano de<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">uma série de reportagens focalizando aspectos da vida
sovié-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">tica. O papel da mulher na sociedade socialista, por
exemplo, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">lhe parece um tema fascinante. Confessa, em seguida,
que jul-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ga a mulher soviética pouco feminina. Perguntam-lhe
qual a <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">participação da mulher brasileira no movimento
sindical e a <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">razão da ausência de mulheres na nossa delegação.
Admite que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">a mulher tem participação pouco ativa na política e no
movi-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">mento sindical, explicando que os encargos domésticos
absor-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vem todo o seu tempo. As soviéticas presentes acham
que isto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">implica em reduzir a mulher a uma posição subalterna
na<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">sociedade. A soviética é dona de casa e ao mesmo tempo
cida-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">dã interessada, tanto quanto o homem, nos problemas da
atualidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Estamos agora entrando na cidade. As edificações se
aden-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">sam e ao longo da extensa avenida erguem-se grandes
blocos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">de apartamentos residenciais, com lojas no térreo. Os
letreiros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">em caracteres cirílicos passam velozes diante da
vidraça do<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ônibus fechado: Farmácia, Cabeleireiro; Mercearia;
Calçados;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Moda Feminina, etc. As vitrines são bonitas, bem
iluminadas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">e há uma profusão de anúncios a gás néon. Cruzamos
agora <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">uma ponte e entramos na zona urbana propriamente dita.
Lo-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">go estamos no centro e nos apeando diante do
"Hotel Moscou"<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">em cujo "hall" funciona o comité de
credenciais do V<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Congresso Sindical Mundial, conclave que nos trouxe a
Moscou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Dentro de meia hora, já munidos de cartão de
identidade, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">pasta de congressista, etc. seguimos para o
"Hotal Budapest",<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">também no centro da cidade, não muito distante do
"Teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Bolshoi", segundo verifico depois. Lá já nos
espera nossa ba-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">gagem e distribuimo-nos pelos aposentos que nos foram
reser-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vados. A ordem é descer dentro de poucos minutos para
jantar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Desço portualmente e me encaminho para a sala de re-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">feições, grande, com colunas decoradas com dourados e
lustres<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">de cristal pendentes do teto. Uma orquestra toca música
de <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">dança. Garçons circulam entre as mesas. A delegação
brasilei-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ra ocupa varias, juntas, formando uma única mesa
comprida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">O jantar, servido "à table d'hôte", inclue
vários pratos: anti-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">paspo, sopa, paixe, assados e sobremesa. Sôbre as
mesas, fru-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">teiras de pé, em vidro colorido, cheias de maçãs e
tangerinas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ambas pequenas. Pão branco, manteiga, água mineral,
gasosas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">de frutas, vinho branco da Georgia, tinto da Criméia,
e vodka<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">em pequenos cálices completam o cardápio com que somos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">recebidos em nossa primeira noite em Moscou. Noto que
a<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vodka não é servida na garrafa original, nem
diretamente tra-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">zida nos cálices, mas numa garrafinha de vidro
lapidado, como<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">um licoreiro, contendo uma dose avantajada de bebida,
que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">custa caro para desenrorajar os abusos. País de clima
frio, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">a URSS não pde aboliar o consumo de bebidas
alcoólicas. Resta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">às autoridades o recurso da elevação do preço como
maneira<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">de coibir excessos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">O café é geralmente servido à moda turca: água quente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">adicionada ao pó, sem coar. A bebida é turva, sendo
preciso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">deixá-la sentar no fundo para nãose beber o pó. A
xícara fica<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">com um depósito de um dedo, o que para o nosso paladar
é<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">intragável. Mas tudo é questão de gôsto, pois vi um
soviético<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">degustar o seu café turco e em seguida saborear o
pasinho com<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">a colher...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">O café expresso, tipo italiano, também é consumido na<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">URSS. Passei de ônibus diante de um local onde era
servido<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">e fiquei de volta para experimentar um cafesinho
curto, mas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">outros compromissos me impediram de fazê-lo. A propósito,
is-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ti de ensinar o soviético a tomar café me parece um
troço meio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">cretino, pois cada povo toma seu café de maneira que
melhor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">lhe parece. Nos EE.UU. o café é tão fraco que ao ser
despejado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">na xíraca dá a impressão de chá, entretanto é como os
ameri-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">canos o apreciam e ingerem em larga escala, para
imensa sa-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">tisfação nossa. Depois de quatro mêses tomando êsse
café, ter-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">minei por me habituar ao seu paladar a ponto de ao
voltar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">para o Brasil achar o nosso demasiado forte e amargo.
Não sei<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">se por ser o café nos EE.UU. mais fraco é que tanta
gente lá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">tem o hábito de toma-lo sem açúcar, o que também para
o <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">meu gôsto é insuportável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Creio que temos um grande mercado consumidor para o<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">café brasileiro nos 220 milhões de soviéticos,
independente-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">mente do processo utilizado para prepará-lo: à moda
turca, à<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">italiana, à americana, à brasileira, ao paladar enfim
de cada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">um. O importante é beber café e que seja do Brasil.
Aliás, ob-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">servei grande consumo na URSS. Nos restaurantes,
fábricas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">onde quer que chegássemos, sempre nos serviam café.
Como<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">bom patriota, tinha sempre que topar o café, pois
brasileiro<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">que não gosta de café é um negócio difícil de explicar
lá fora. <o:p></o:p></span></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7246130489526042258.post-42954131097216916842015-07-24T07:25:00.002-07:002015-08-02T19:59:08.296-07:00Viagem à União Soviética - Parte I. <div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;">Irei publicar nesse Blog uma série de textos do bancário Asdrubal A. de Assis. O Sr. Asdrubal era militante do Sindicato dos Bancários de Pernambuco nos anos 60 e em 1962 viajou à União Soviética e ao Leste Europeu. Cronista de talento e observador atento, o Sr. Asdrubal relatou suas experiências em uma série de textos no Jornal do Bancário, órgão do sindicato no período. O responsável por esse blog está tendo acesso aos arquivos históricos do Sindicato e começará a socializar alguns textos que considera importantes para as questões da atualidade. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;">Como última questão, é necessário frisar que a linguagem do texto é de acordo com a ortografia da época. Será notada várias diferenças em relação a forma atual como escrevemos, mas nada que inviabilize a leitura. </span><br />
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: #0016;">Jornal
do Bancario, ano 3, Nº 4, 1962.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEFqDV_nVeJZ8-v7Qw1QuucukazYIB0FppNX2ofBIvdkXpWOSq79rcYRW6MFLF1bWNsPRD_pNeXrt08US28zsoqLhCsPCsuaWv9HEOUbd0-cNGefnMABtOkvx2TKqF5yCNMyy6OSUAG8U/s1600/ribotchky+IMG_1740.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEFqDV_nVeJZ8-v7Qw1QuucukazYIB0FppNX2ofBIvdkXpWOSq79rcYRW6MFLF1bWNsPRD_pNeXrt08US28zsoqLhCsPCsuaWv9HEOUbd0-cNGefnMABtOkvx2TKqF5yCNMyy6OSUAG8U/s320/ribotchky+IMG_1740.JPG" width="320" /></a><b><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: #0016;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: #0016;">RUMO A MOSCOU - </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ASDRUBAL A. DE ASSIS</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">A estação de passageiros do aeroporto de Copenha</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">gue preenche os requisitos de confôrto dos passageiros
mais </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">exigentes. Boas poltronas, bares, restaurantes, belas
lojas </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que são uma verdadeira vitrine do país. O sortimento é
mag-</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">nífico, Limito-me porém, a comprar postais e sêlos,
usando </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">a moeda de curso internacional: o dólar. Não há
problema </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">de câmbio. O trôco é dado na mesma moeda da compra. No </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">bar servi-me de suco de laranja enlatado, de
procedência</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">americana, pagando 35 centavos de dólar pela deliciosa
be-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">bida. Uns companheiros pretendem provar a cerveja dina-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">marquesa. Advirto-os de que não devem fazer o cálculo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">da despesa em cruzeiros, sob pena de perdemos o
apetite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;"></span><br />
<a name='more'></a><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Da mesa onde estou sentado contemplo o pátio de <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">manobras do aeroporto, onde está caindo aquela
garôasinha<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">gelada quan tanto me maltratou a cabeça desprotegida
quan-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">do desembarquei. Noto agora que não é mais a chuva.
São<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">flocos muito finos, ou fiapos de algodão. Aproximo-me
da <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vidraça e constato que efetivamente é neve o que está
cain-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">do. O chão já está ficando branco, recoberto de uma
cama-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">da muito fina. Este é o nosso primeiro contacto com o
in-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">verno europeu, que se inicia nesta época do ano.
Estamos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">nos últimos dias do outono, segundo o calendário, mas,
para<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">todos os efeitos, o inverno já começou nestas
latitudes. Co-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">mo nos destinamos a latitudes ainda mais elevadas,
imagino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">o que nos aguardará em Moscou, cidade de clima
continen-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">tal, como calores excessivos no seu curto verão e frio
polar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">no rigor do inverno.Quando olho para o meu capote
leve, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">imagino o que vai ser a chegada em Moscou,
principalmente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">sem chapéu e sem luvas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Por fim somos chamados ao portão de embarque, de<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">onde nos encaminhamos para o IL-18, poderoso
turbo-héli-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ce de fabricação soviética, operado pela AEROFLOT, que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">se acha pousado no pátio de manobras. Corro para o
avião<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Levantando a gola do sobretudo e protegendo-me do frio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">como posso. Penso em apanhar um resfriado e
comprometer o<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">programa da viagem. A bordo do avião, porém, no
ambien-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">te aquecido, sinto-me garantido. Partimos com uma
escla<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">prevista em Estocolmo, mas a rota é alterada durante o<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">voo devido às más condições atmosférias na capital
sueca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">O aparelho voará agora direto a Moscou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">O IL-18 e meu primeiro contacto com as coisas so-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">viéticas. O avião leva poucos passageiros nesta
viagem. Al-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">guns são soviéticos de regresso ao seu país. Uma
senhora na<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">poltrona da frente lê um livro que depois identifico
como<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">uma obra de Checov. Um casal, com um bebé de braço,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">deve estar regressando de Londres ou Nova Ioarque, a
jul-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">gar polos pacotes embrulhados em papel com o nome da <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">loja onde foram adquirir impressos em inglês. Como de <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">praxe, a parte reservada à classe turística tem uma
fila du-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">pla de poltronas de uma lado e uma tripla do outro
lado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Os dizeres em russo - inclusive o clássico aviso sôbre
a <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">porta: "Não fume. Use cintos" - são a
novidade. As aero-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">moças falam inglês com os passageiros estranheiros. Na
de-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">colagem oferecem balas. Usam tailleur azul marinho,
com<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">o destintivo da AEROFLOT bordado, blusa branca, sapato<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">baixo e penteado simples. São jovens, ao contrário do
que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">já lera em alguma parte. Se não me engano, foi um
jornalis-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ta brasileiro que declarou que os aviões soviéticos
eram ser-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vidos por "aerovelhas"...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Depois da distribuição de belas, as aeromoços se re-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">tiraram para descansar nas poltranas da parte
posterior do<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">aparelho e só voltaram a aparecer na hora de servir o
jantar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Nas empresas capitalistas o serviço de bordo é
ininterrupto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">e o passageiro é alvo constante de atenções durante
todo o <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">vôo. Não param de servir comida e bebida. Aliás, no
preço<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">da passagem o serviço de bordo entre como uma parcela<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">ponderável do cálculo das companhias aéreas, que se
dão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">a verdeiros requintes gastronômicos. Numa viagem na<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">linha Nova Iorque-Rio, testemunhei o tratamento
principes-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">co oferecido pela VARIG, com cardápio de restaurante
de <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">alto luxo, incluindo caviar, champagne e licores de
tôdas as<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">procedência. Os soviéticos não se dão a êsses luxos
nas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">viagens aéreas. Aliás, os americanos criaram e os
brasileiros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">estão imitando o chamado "coach-service", ou
seja, viagem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">a sêco, sem refeição incluída na passagem para
barateá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">A AEROFLOT não vai a extremos, preferindo as refeições<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">simples, sem requintes. O pessoal de bordo, embora
cortês,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">não se multiplica em mil atenções ao passageiro, sendo
in-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">compavelmente mais folgado o serviço das comissárias,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">que por sua vez não tem a elegância das ocidentais. A
mu-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">lher não é usada na URSS como atração, não estando a
be-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">leza feminina incluída no preço das coisas que se
compram<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Aproximamos-nos de Moscou. O avião está baixando<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">e podemos apreciar, através da janela, a cidade lá em
baixo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Ao contrário do que esperava, a visibilidade é ótima e
as <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">luzes se destacam na noite, mostrando uma cidade
plana,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">compacta, espalhando-se a perder de vista. Lembra-me
uma <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">chegada a São Paulo, num noite assim. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: #0016;">Por fim aterramos e os passageiros começam a
saltar. <o:p></o:p></span></div>
jonesmakavelihttp://www.blogger.com/profile/09029186455037657141noreply@blogger.com0